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sábado, 4 de julho de 2009

1194) Um debate sobre a educacao

Reproduzo abaixo as quatro etapas de um debate, involuntário, que um leitor de um dos meus artigos provocou recentemente.
O artigo em questão se chama "O afundamento da educação no Brasil", e pode ser lido neste link.

Reproduzo abaixo as quatro etapas do "debate".

1) On Wednesday, June 24, 2009, at 12:42PM, "Victor MP" wrote:

A despeito de minha divergência com a opinião do autor, gostaria de perguntar porque a sociologia afundaria o ensino? sobre o incentivo do "conflito que já deveria estar na lata do lixo", deveria mas não está! ele está só velado e o sr como diplomata deveria saber disso! Quanto a ler ou não Marx, pode até ser que não sejam a maioria, mas existem os que lêem!


2) Minha resposta, na mesma data:

2009/6/24 Paulo R. Almeida:

Grato por escrever-me, mas sinceramente, nao consegui entender a razao de sua pergunta a mim e as demais referencias. Suponho que se refira a algum texto meu, mas nao consigo determinar os parametros dessa discussao. Agradeceria esclarecimentos.
Eu falei do afundamento do ensino no Brasil por uma serie de razoes, nao apenas por isso. Em lugar de se concentrar o foco no ensino da lingua nacional, matematicas e ciencias elementares, ficam inventando coisas que so podem prejudicar a formacao dos jovens.
De fato, sou contra a obrigatoriedade do ensino de filosofia e de sociologia no ensino medio. Acredito que deveria ficar como materias opcionais, como outras. O Brasil tem a mania de fazer tudo obrigatorio, o que simplesmente conforma reservas de mercado injustificaveis.
Cordialmente,
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Paulo Roberto de Almeida


3) Novo comentário de meu correspondente:

On 04/07/2009, at 11:19, Victor MP wrote:

Eu escrevi porque li o texto do Sr. na Revista Espaço acadêmico, não concordo que devam ser priorizadas as "matemáticas" por exemplo, talvez se começassem a ensinar a história como deve ser ensinada desde o princípio (sem falsos heróis por exemplo!), a geografia ensinada de outra forma (aplicada, seria muito mais útil se fosse ensinado por exemplo como é feita a previsão climática), mesmo a matemática poderia ser muito mais interessante. As exigências do mercado não podem ser a única direção para a educação! Do jeito que o Sr. Dr. colocou parece que a entidade "mercado" não deseja formar somente trabalhadores!
As duas visões que o senhor cita, de fato se contrapõem! Pode até ser que possam ser harmonizadas, mas a educação tem um papel importante nisso! A Educação do Brasil se deteriora não pela obrigatoriedade de disciplinas, mas pela forma que são lecionadas as disciplinas. Além disso, programas que pretendiam mudar a educação como a Escola Plural sofrem mais críticas do que recebem o apoio que deveriam receber! Temos vários pedagogos famosos como Paulo Freire, Lauro de Oliveira Lima, dentre outros que são simplesmente ignorados pelos professores, que só pensam no baixo salário (que nem é tão baixo em relação ao resto dos profissionais), dizem que trabalham em casa planejando aulas, corrigindo provas, etc; mas qual profissional pode se gabar de não levar nenhum trabalho pra casa!? A educação se deteriora é pela postura dos profissionais e políticos e não porque existem disciplinas demais! Inclusive pq quem aprende línguas por exemplo é pq faz curso fora da escola (raramente aprende na escola - principalmente se for pública e em um turno só!), então pq não oferecer estas disciplinas nas escolas públicas em um outro turno, mas oferecê-las com a qualidade que é oferecida por cursos de fora!?
Sobre a citada teoria da jabuticaba, queria observar que alguns problemas só aparecem aqui no Brasil! seja qual seja a desculpa ou justificativa que encontrem para tal: políticos corruptos, povo ignorante, coisas do tipo! Inovações às vezes são muito bem vindas, pois se o problema da Educação não foi resolvido é pq ainda exige que algo seja feito ou criado! O problema da Educação é um problema mundial, mesmo nos países onde não existem analfabetos! Porque educação não é só aprender a ler e escrever e fazer contas! Educação é ensinar a pensar principalmente (é claro que isso a pessoa vai aprender ao longo da vida, mas a filosofia e sociologia podem ajudar nisso com certeza!).
Programas como o Bolsa Família e Bolsa escola, mesmo sendo (individualmente) uma quantia muito pequena, permitem que as crianças e adolescentes frequentem as escolas, oferecem cursos profissionalizantes, acompanham a saúde dos bolsistas, dentre outras coisas é uma inovação bem vinda, mesmo tendo um carater assistencialista realmente melhora a vida das pessoas! Concordo que colocar estudos afro-brasileiros é demais! (inclusive pq isso pode estar inserido na disciplina de sociologia). Pq os estudos são Brasileiros (já que somos todos mistura!).Concordo também com o Sr. que uma reserva de mercado para jornalista é bizarra, mas a profissão foi criada em nosso país na época das ditaduras, para que fossem tirados do currículos os conteúdos de filosofia e sociologia por exemplo, ou seja a reserva é resquício desse tempo. Infelizmente os problemas que o Sr. " confrontos classistas e raciais que já deveriam estar na lata de lixo da história", não estão na lata de lixo e a função dos cientistas sociais é justamente alertar para estas questões! Marx não tem uma visão ultrapassada do mundo, inclusive PQ no seu livro mais importante "O Capital" ele analisa o Capitalismo e não prega o socialismo, e as análises feitas por ele das iniquidades do modo de produção capitalista estão tão atuais que chegam a ser assustadoras! E eu não sou um marxista, mas estou longe de ser também um liberal!
Desculpe-me qualquer coisa, não gosto dos problemas, mas gosto da discussão que provoca, pois alimenta o cérebro com idéias que podem ser úteis para uma solução. Um abraço
Victor (Cientista Social)


4) Minha resposta nesta data (4.06.2009):

Caro Victor,
Grato pelos esclarecimentos e pelos comentarios. Agora sei que voce comentava meu artigo sobre o "afundamento" da educacao no Brasil (que continua, a despeito de esforços do ministro da Educacao).
Se voce nao concorda em que sejam priorizadas as tres areas fundamentais em qualquer ensino de qualquer pais em qualquer epoca -- lingua nacional, matematicas e ciencias elementares -- você está ipso facto concordando nao apenas com o afundamento da educacao no Brasil, como com o afundamento do proprio Brasil.
Nao vou me alongar em argumentos, mas se voce pesquisar historia economica mundial, verá que os povos desfrutando de maior prosperidade material (que costuma vir junto com liberdades, democracia, seguranca, esperanca de vida, etc), sao justamente aqueles mais educados, independentemente dos recursos naturais, localizacao geografica, cor da pele ou religiao.
Prosperidade material se constroi com excelentes recursos humanos, ou seja boa qualidade da educacao e produtividade da mao de obra, refletida na inovacao tecnologica, competitividade, etc.
Nao vou comentar os demais pontos, pois voce parece concordar comigo.
Mas se nao concordar no essencial, lamento por voce, pois voce continuará contribuindo, mesmo involuntariamente, para o afundamento da educacao e do proprio Brasil, ou pelo menos mantendo o pais em ritmo de baixo crescimento, desigualdade, incapacidade inovadora e perspectivas muito lentas de melhorias sociais e materiais.

Quanto a Marx, acho que voce sobredimensiona as qualidades de sua contribuicao, como milhares de outros, alias. Ele foi um filosofo social importante, influente, mas suas analises do capitalismo sao falhas, e suas prescricoes para a superacao do capitalismo foram mais falhas ainda. Se ele tivesse razao, a Uniao Sovietica nao teria desaparecido e todos os paises socialistas que existiram seriam grandes potencias economicas, e nao a miseria material e humana que foram (e por isso mesmo desapareceram).
O melhor teste das teorias é a realidade.
O Brasil nao passa em varios testes, a comecar pela educacao...
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Paulo Roberto de Almeida

(por enquanto é isto...)

2 comentários:

josé martins disse...

Sr. Paulo Roberto de Almeida:

Pesquisava em busca sobre um professor, Pedagogo Joaquim Ferrer, quando me deparei com a manifestação do Cientista Social Victor, com que concordo em muitos pontos. Entretanto, com vossa senhoria discordo totalmente, quando tenta (que coragem!) criticar o pensamento de marx de forma tão grotesca, pela via do anti-comunismo.
Seja razoável ao fazer qualquer alusão a esse pensador. Veja o que ele escreveu e em que tempo e, mesmo assim seu pensamento continua muito atual. Ademais, vossa senhoria escreve sobre ele com toda a oprtunidade para se valer de outros pensadores divergentes de Marx e inclusive de ter tido a oprtunidade de ler alguma coisa de sua obra e, ainda assim fazer uma crítica muito superficial sem entrar no conteúdo marxiano? É muita petulância. Peço desculpas, mas é inaceitável esse tipo de conduta desrespeitosa, frágil, vazia, preconceituosa, anti-comunista, enfim, muito besta.

E, para arrematar, é um censurador, pois só registra aquilo que entender conveniente.

Cruz Alta, RS, "Terra de Erico Veríssimo" - 17 de outubro de 2009

José Martins

Paulo Roberto de Almeida disse...

Meu caro José Martins, de Cruz Alta,
Respeito seus argumentos, tanto que os publico em meu blog, mas lamento dizer que eles nao acrescentam nada de substantivo ao debate, pois se limitam a empregar chavoes ultrapassados -- como anticomunismo -- ou muitos adjetivos -- superficial, fragil, vazia, preconceituosa, enfim besta -- sem que isso traga rigorosamente nada de concreto ao debate.
Se voce está interessado em defender Marx de nao sei quais acusacoes, deveria escrever artigos e ensaios com algo mais do que adjetivos e exclamacoes e tentar publica-los em revistas de maior audiencia, do que este meu pobre blog, que tem uma repercussao muito limitada.
Os espacos sao livres para todo tipo de manifestacao, e considero a sua, particularmente, apenas como um exemplo de intolerancia contra quem nao pensa como voce.
Se voce acha Marx atual, deveria tentar provar isso com argumentos factuais, objetivos, claros, nao atancando um mero escrevinhador ocasional.
Vou ate ser razoavel com voce e com Marx e lhe oferecer este meu espaco para publicar o que pensa a respeito, desde, claro, que liberte-se de adjetivos vazios e ofensivos e escreva algo com comeco, meio e fim.
Cordialmente,
Paulo Roberto de Almeida
18.10.2009