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domingo, 24 de janeiro de 2010

1752) Gastos publicos e crescimento na América Latina - estudo do IPEA

Minha atenção foi chamada para um estudo do IPEA por uma nota no portal (e também blog-newsletter) do economista José Roberto Affonso, neste link.
O título "latrinos" é dele, e não corresponde ao título real do estudo:

Impactos dos Gastos Públicos Latrinos (Silva e Cândido)
Transcrevo primeiro o resumo que ele faz, depois vou ao texto original:

Texto para Discussão do IPEA n.1434, de Alexandre Manoel A. da Silva e José Oswaldo Cândido Jr. ,mensura os impactos macroeconômicos dos gastos públicos nas principais economias da América Latina onde se observa, de maneira geral, que no longo prazo os investimentos públicos tendem a afetar positivamente o produto e consumo das famílias. No curto prazo, os multiplicadores do consumo do governo com relação ao produto, consumo e investimento privado são positivos e significativos. (PDF em português; Data: 30/11/2009)

Vou agora ao trabalho original, que pode ser encontrado neste link.


Transcrevo agora a sinopse e as conclusões (se algum leigo não entender, eu posso colocar em linguagem simples, que redundaria apenas nisto: gastos públicos podem ser um expediente útil, em determinadas circunstâncias e por um tempo limitados, nas no longo prazo são negativos para o crescimento. Os autores, trabalhando no Ipea, para chefes comprometidos com os gastos públicos, tentam conciliar as duas posições).

TEXTO PARA DISCUSSÃO No 1434
IMPACTOS MACROECONÔMICOS DOS GASTOS PÚBLICOS NA AMÉRICA LATINA *
Alexandre Manoel Angelo da Silva ** José Oswaldo Cândido Júnior ***
Rio de Janeiro, novembro de 2009

* As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, o pensamento dos órgãos onde os autores trabalham.
Destaque-se nosso agradecimento ao economista Carlos Mussi por disponibilizar os Anuários Estatísticos da Comissão Econômica
para a América Latina e o Caribe (Cepal), fundamentais nesta pesquisa.
** Técnico de Planejamento e Pesquisa da Diretoria de Estudos e Políticas Regionais, Urbanas e Ambientais – DIRUR/Ipea.
*** Técnico de Planejamento e Pesquisa da DIRUR/Ipea cedido ao Senado Federal.

SINOPSE
Este artigo mensura os impactos macroeconômicos dos gastos públicos (consumo e investimento das administrações públicas) nas principais economias da América Latina por meio do modelo cointegrado dos vetores autorregressivos. No longo prazo, de maneira geral, os investimentos públicos tendem a afetar positivamente o produto e o onsumo das famílias, embora tenha apresentado uma relação de substitutibilidade com o investimento privado. No curto prazo, na maioria dos casos, os multiplicadores do consumo do governo com relação ao produto, consumo e investimento privados são positivos e significativos, embora de pequena magnitude. Já os multiplicadores do investimento público para a maioria dos países são estatisticamente não significativos.

5 CONCLUSÕES
Este artigo avalia os impactos macroeconômicos dos principais componentes dos gastos públicos (consumo e investimento) sobre o PIB, consumo das famílias e investimento privado, em uma amostra de seis países da América Latina: Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, México e Venezuela, no período 1970-2002. Esses países são as principais economias da região, representando cerca de 90% do PIB regional.
Para a obtenção dos resultados, utilizou-se a estrutura dos vetores autorregressivos cointegrados. A fim de expor os principais resultados de maneira didática, dividem-se as conclusões em dois contextos: relações de longo prazo e relações no curto prazo.
Relações de longo prazo: em geral, o investimento público afeta positivamente o produto e o consumo das famílias, embora tenha mantido uma relação de substituição com os investimentos privados. O consumo governamental afeta negativamente o produto e o consumo das famílias para a maioria dos países. No que diz respeito ao impacto do consumo do governo sobre o investimento privado, o resultado é de complementaridade para Colômbia, México e Venezuela e de substitutibilidade para Argentina, Brasil e Venezuela.
Esses resultados sugerem que o impacto do consumo do governo sobre o investimento privado depende do nível relativo desse consumo na comparação com o investimento público. De fato, nos países em que esse nível é relativamente mais baixo ou a sua evolução ao longo do tempo é de estabilidade ou queda, é possível encontrar relações positivas entre o consumo do governo e o investimento privado. A ideia é que gasto público considerado produtivo (improdutivo) possa vir a se tornar improdutivo (produtivo), quando seu montante se torna excessivo (escasso).
Relações de curto prazo: em linhas gerais, os resultados de uma política de estabilização baseada em uma política keynesiana ativa de estabilização se mostram limitados em termos de magnitude e duração ao longo do tempo. De fato, com exceção do caso chileno, os multiplicadores quando significativos são geralmente abaixo de 1 e os efeitos dos choques perduram no máximo por dois períodos (anos), desaparecendo completamente no período (ano) subsequente.
Ademais, os resultados sugerem que para a maioria dos países latino-americanos investigados existe um pequeno espaço para aumento do consumo do governo no estímulo à demanda agregada. Em geral, esse efeito positivo depende do nível e da margem do consumo governamental, ou seja, o espaço fiscal permitido depende da relação nível de consumo governamental vis-à-vis ao de investimento público. Nos países em que essa relação é alta, o espaço fiscal é menor, e vice-versa.
Por fim, cabe destacar, ainda, os prováveis efeitos expectacionais do aumento do investimento público. Este estudo infere que, no longo prazo, existe uma relação positiva entre investimento público e produto, embora o investimento público apresente uma relação de substitutibilidade com o investimento privado. Assim, para que o investimento público não ocupe o espaço do investimento privado, é importante se estimular a parceria público-privada, focalizando em investimentos públicos com elevado grau de complementaridade de investimentos privados.

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