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quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

1772) Haiti: feliz o pais que tem amigos ricos e poderosos...

Amorim anuncia ajuda do Brasil ao Haiti superior a R$ 375 milhões
Boletim do PT na Câmara, 27.01.2010

O governo brasileiro reiterou na última segunda-feira (25), em reunião internacional realizada no Canadá, a intenção de ajudar o Haiti com mais de R$ 375 milhões em doações, obras e custeio das tropas que mantém naquele país, devastado por um terremoto no dia 12. O anúncio foi feito pelo ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, durante encontro com o primeiro-ministro haitiano, Jean Max Bellerive; a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton; o chanceler francês, Bernard Kouchner, e representantes da Argentina, Chile, Costa Rica, Espanha, Japão, México, Peru e Uruguai.

Amorim disse, em discurso, que o presidente Lula da Silva determinou a doação de US$ 15 milhões ao Haiti, a título de ajuda humanitária emergencial, dos quais US$ 5 milhões foram repassados à ONU e os outros US$ 10 milhões serão repassados nos próximos dias. “Mas isso é apenas uma fração da ajuda que o Brasil está estendendo aos haitianos, em alimentos, água, remédios, equipes de resgate, hospitais de campanha, máquinas para a remoção de entulhos e abertura de vias, entre outros itens”, afirmou o chanceler, para logo informar que o pacote total de ajuda proposto ao Congresso chega a R$ 375 milhões de reais – cerca de US$ 210 milhões.

“Esse valor inclui as doações, os gastos das forças militares com atividades diretamente relacionadas à assistência humanitária no Haiti, e a construção de dez unidades de saúde em território haitiano. Trata-se do maior pacote de ajuda internacional já prestado pelo Brasil, e de um montante muito significativo para um país em desenvolvimento como o nosso.”

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou na semana passada uma medida provisória (MP) em que destina R$ 375 milhões aos ministérios da Defesa, Relações Exteriores e Saúde, para diversas ações de socorro ao Haiti. Dos R$ 375 milhões para o Haiti, R$ 205 milhões serão destinados ao Ministério da Defesa; R$ 135 milhões para a construção de dez unidades de pronto atendimento médico de 24 horas; e R$ 35 milhões para o Ministério das Relações Exteriores, para reforço à embaixada brasileira. O Itamaraty abriu uma conta corrente para o depósito de doações. A conta número 85.000-4, agência Itamaraty (1503-2) do Banco do Brasil (001), em nome do Ministério das Relações Exteriores - Ajud Humanitária ao Haiti.

4 comentários:

Jefferson Tolentino disse...

Ainda bem que nossa balança de pagamentos está super controlada.

Ainda bem que não estamos necessitando de investimentos externos para fomentar a economia.

Ainda bem...

Mais que nobre doar aquilo que é ocioso internamente.

Daniel Gomes Moscoso disse...

Prezado Dr. Paulo Roberto de Almeida,
Em artigo de Patrícia Campos Mello, publicado em um site de política externa, lê-se o que segue abaixo:

Haiti pede que EUA liderem reconstrução
Embaixador do país em Washington quer ”Plano Marshall”, não ”Plano Lula”

Patrícia Campos Mello

Em um artigo no jornal The Wall Street Journal de ontem, o embaixador do Haiti em Washington, Raymond Joseph, defendeu a implementação de um "Plano Marshall" liderado pelos EUA para a reconstrução do seu país. "Eu pedi uma espécie de Plano Marshall para o Haiti, implementado pela comunidade internacional, sob liderança dos EUA", escreveu Joseph. "O presidente americano, Barack Obama, me prometeu que os EUA estarão ao lado do Haiti no longo prazo."

O Plano Marshall foi o plano de reconstrução da Europa após a 2ª Guerra, liderado pelos EUA. A declaração de Joseph contraria uma proposta do chanceler brasileiro, Celso Amorim, que vem se referindo ao plano de recuperação do Haiti como "Plano Lula" e se opõe à liderança dos EUA e à permanência dos americanos no país no longo prazo.

"Me dá um pouco de aflição essa história de que as imagens têm sempre que vir do exterior. Isso que está ocorrendo aqui na realidade já faz parte do Plano Lula", disse Amorim, no início da semana, em Montreal, durante uma reunião ministerial preparatória para uma conferência de doadores para a reconstrução do Haiti.

Segundo o chanceler brasileiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi o primeiro a idealizar uma reunião de doadores para o Haiti. Amorim deixou claro que espera uma grande participação brasileira na reconstrução, que, para ele, não deveria ser liderada pelos EUA. "É muito importante que o Haiti e a ONU sejam donas do programa", disse.

Os EUA têm sido criticados por brasileiros, europeus e ONGs por terem tomado conta do aeroporto haitiano logo após o terremoto e por enviarem um contingente de quase 20 mil soldados para o país. Joseph deixou claro que o protagonismo dos EUA é bem-vindo.

"Os militares dos EUA restabeleceram a ordem no aeroporto de Porto Príncipe e facilitaram as comunicações", escreveu o embaixador do Haiti. Ele citou também um navio hospital, helicópteros e outros equipamentos enviados pelos EUA, além dos 225 mil barris de combustível fornecidos pela Venezuela – mas não fez referência ao Brasil."

Dr. Paulo Roberto, será que nossa política externa (PE) está contaminada por um anti-americanismo tão rudimentar que a ajuda norte-americana é vista como "invasão", como aliás já foi dito por alguma figura proeminente de nossa PE?
Parece-me uma "pneumonia ideológica" trazida por ventos bolivarianos!!!
Vale enfatizar que os militares nos EUA não são acionados apenas para intervenções militares, mas também para socorro pós catástrofes, como já ocorreu várias outras vezes, inclusive em solo americano.
Seria de bom tom que os representantes de nossa PE, absorvessem a forma como os militares norte-americanos estão agindo e as transmitisse como modelo ao nosso governo, para que instruam nosso Exército a agir de forma objetiva e efetiva, não só expondo nossos incautos e bravos soldados a toda sorte de riscos, fazendo com que, a exemplo dos nossos militares mortos, percam suas vidas sem ao menos restar o alento de que suas participações e mortes realmente ajudaram os haitianos em suas tragédias e não só à uma pretensão de seus governantes a conseguirem uma vaga no CSNU, pousando de "pavão" perante a comunidade internacional.

Cordialmente,
Daniel Gomes Moscoso.

Paulo Roberto de Almeida disse...

Daniel,
Parece que alguns estao vendo a operacao de ajuda ao Haiti como uma especie de competicao de boas intencoes, para saber quem sai melhor.
O Ministro Jobim, com aquela mania de falar sem pensar que lhe é peculiar, reclamou, logo no começo que os americanos estavam fazendo "assistencialismo unilateral", ou seja, eles mesmos estavam decidindo assistir os haitianos sem consultar os brasileiros, que talvez se julguem "donos do pedaço" e da miséria alheia, algo como" "Espere ai, meu caro, não toque nos 'meus' haitianos, pois a desgraça deles é só minha e só eu que tenho o direito de cuidar".
Tudo isso seria patético se não fosse triste, profundamente triste.
Competição de egos e promoção do Nosso Guia são artigos muito abundantes em certas prateleiras ultimamente...
Paulo Roberto de Almeida

Daniel Gomes Moscoso disse...

Certamente, Dr Paulo Roberto. Acredito que o Brasil, assim como qualquer outro país, deve sim ajudar, mas de intenção desprovida de caprichos e interesses vis e rasteiros, posto que o Haiti com sua desesperança não é palanque. Ao que parece, habitat imutável da mesquinha política brasileira.
Enquanto isso, vejo pelos telejornais a chuva incessante em São Paulo, fazendo desta praticamente uma Veneza inglória e insalubre. Paulistas, portanto cidadãos brasileiros perdendo seus bens e imóveis de IPTU recém ajustados em até 45%. Em vista disso, nossas autoridades competentes...

Boa Semana,
Daniel Gomes Moscoso.