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quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

1777) A piada do ano de 2009 (demorou mas saiu...)

Bem, eu estava com dificuldades para selecionar a piada do ano de 2009, para encerrar o ano com um toque de humor (ou talvez de desespero). Passei semanas tentando selecionar algum evento, processo, discurso que simbolizasse, da melhor forma possível, a coisa mais engraçada que possa ter acontecido em 2009. Foi realmente duro, não porque faltassem exemplos, mas porque, consoante o espírito deste blog, eu precisava encontrar algo que se situasse no âmbito de minhas preocupações cidadãs e intelectuais. Então, tinha de ser uma piada política e relativa às relações internacionais.

Ok, todo mundo sabe, que comemoramos, em 2009, os 20 anos da queda do muro de Berlim. Eu aliás escrevi um trabalho (neste link), no qual recuso o substantivo queda, preferindo em seu lugar o de derrubada. Pois bem, encontrei a minha piada do ano de 2009. Está aqui"

Queda do Muro de Berlim: a piada de 2009 por um jornalista brasileiro (órfão do socialismo, viuvo do marxismo, por sinal)


"Nunca houve socialismo na Alemanha, nem na URSS", diz jornalista que cobriu a queda do muro
Guilherme Balza
Do UOL Notícias
Em São Paulo, 05/11/2009 - 07h00

Transcrevo o início e alguns trechos selecionados desta matéria, onde estão os trechos que considero uma piada (do contrário eu seria obrigado a gozar da cara desse jornalista, o que ainda posso fazer). Quem desejar ler a matéria completa, clique no link acima indicado, na data.
Aliás, o jornalista saudoso do socialismo, e que continua marxista, hoje é professor, contribuindo, portanto, para deformar um pouco mais seus jovens alunos.

"O jornalista José Arbex Jr, 52, era o único brasileiro dentre os mais de 300 correspondentes internacionais que acompanhavam a entrevista coletiva dada por Günter Schabowski, porta-voz do Partido Comunista Alemão, no dia 9 de novembro de 1989, após um congresso que reuniu PCs de toda a Europa."

"Vinte anos após o evento, na avaliação do jornalista, hoje docente no departamento de jornalismo da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica), a queda do muro representou o fim do stalinismo, e não do socialismo. Aliás, para Arbex, nunca houve socialismo na Alemanha Oriental, nem na URSS."

"Sempre houve um investimento em transformar Berlim Ocidental em uma vitrine. De um lado [o oriental] havia os Trabant, um carro minúsculo, feio. Do outro lado, várias Mercedes, centros culturais, entre outros. O capitalismo transformou o lado ocidental em uma vitrine, o que despertou uma ilusão na juventude. Vou fazer uma analogia: quando estava em Moscou, em janeiro de 1990, foi inaugurada uma loja do McDonald's em plena praça Vermelha. Milhares de pessoas ficaram uma hora e meia na fila, sob uma temperatura de -20ºC, para comer um lanche. Aquilo era um símbolo."

"A pior contribuição da queda do muro foi desmoralizar uma ideia, uma proposta, que é o socialismo. As pessoas, em geral, ficaram com a ideia que o socialismo fracassou, mas o que elas não sabem é que nunca houve socialismo na Alemanha, nem na URSS. O que havia era um regime autoritário, controlado pelo Estado, com um retórica marxista, socialista, mas sustentado por ditaduras corruptas, partidos únicos, algo que talvez pudéssemos chamar de "capitalismo de Estado"."

"As pessoas acreditaram no capitalismo, mas hoje são um bilhão de famintos. Existe um desejo de o mundo ser transformado, mas a queda do muro e a frustração posterior com os rumos do capitalismo deixaram um legado de desilusão. E isso é a pior coisa que poderia ter acontecido."

"Eu não acho que a esquerda deveria ter defendido o regime da Alemanha Oriental, corrupto, truculento... Eu jamais defenderia um regime desses, mas, por outro lado, querendo ou não, a derrota desse regime acabou sendo a derrota da perspectiva socialista. A imensa maioria da população mundial acha que o socialismo é uma grande porcaria, e isso é uma derrota. Por outro lado, 20 anos depois, está provado que o capitalismo não oferece mais saída. É um sistema que não é capaz de alimentar os seres humanos, que está falido. Nesse sentido a tarefa hoje está mais fácil. O capitalismo conduz à miséria, fome, degradação ambiental, desemprego, recessão... Uma série de dados nos mostram que o capitalismo está num impasse."

PRA: Bem, ao ler estes dois trechos finais da matéria com esse jornalista detrator do capitalismo e saudoso, ou desejoso de um socialismo "verdadeiro", eu só tenho duas atitudes possíveis:
1) Considerá-lo um energúnemo completo, um exemplo de cidadão que, mesmo tendo tido uma experiência direta e conhecido os socialismos reais, não aprendeu absolutamente nada, ou melhor pretende ignorar o mundo real, e continuar a viver de fantasias; nesse sentido, ele pode ser considerado um energúnemo, pois nem ignorante ele é;
2) Considerar que suas colocações constituem a piada do ano de 2009.

Como não pretendo ofender um colega hoje acadêmico -- mas acho que já ofendi -- prefiro a segunda hipótese.

Esta é a minha piada do ano de 2009.

Paulo Roberto de Almeida (28.02.2010)

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