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sexta-feira, 28 de maio de 2010

Como salvar os paises dos mercados irracionais, dos especuladores gananciosos e desse louco mundo capitalista

De como ajudar povos mais infelizes do que o nosso...

O Brasil, como não nos deixa esquecer o presidente, passou incólume (bem, ele não usaria esta palavra) pela crise, e, se ela não foi a marolinha prevista, pelo menos fomos os "últimos a entrar na crise e os primeiros a dela sair" (enfim, tiramos da jogada a China, a India e vários outros mais, que não ouviram falar da crise, e vamos em frente).
Tudo isso graças à nossa preclara (Dicionário, presidente) política econômica (que começou em 2003, como todo mundo sabe), graças, SOBRETUDO (bota TUDO nisso) à ousadia de nossos sábios dirigentes (que investiram pesadamente na manutenção da demanda agregada, contratando um bocado de gente no serviço público, dando aumentos, enfim, colaborando com o consumo e a atividade industrial) e graças, também, não se pode olvidar (dicionário de sinônimos...), àquela que vai suceder o "nuncaantesneste...", pela sua clarividência e antevisão, já fazendo dois PACs de uma vez, com bilhões de reais (dos outros) para vencer a malvada crise.
Nem todo mundo no mundo é assim inteligente, e tem país que entra em crise sem nem saber como e por que (mas só pode ser devido às loucuras cometidas por esses brancos de olhos azuis que ficam especulando em mercados desregulados).
Pois aqui estamos nós, prontos a ajudá-los com nossa tecnologia econômica salvadora, nossos mecanismos inovadores e nosso nou-rau desenvolvimentista absolutamente genial.

Apresento em primeiro lugar a contribuição impagável (isso porque ele não estipulou um preço para sua consultoria brilhante dada graciosamente ao governo de Sua Majestade) do Adolfo Sachsida, um economista da Católica de Brasília comprometido com as boas causas (e como...).

Mas, não apenas os ingleses, pois os gregos também merecem igual ajuda ou talvez ainda maior. Não é porque eles são mediterrâneos, moreninhos, adeptos de um sol e de uma praia, acostumados com emprego público, que eles devem morrer na praia, sem desfrutar das benesses de nossa tecnologia de combate às crises. O pessoal da Trilha Liberal, um blog dedicado à "Liberdade Individual, Liberdade de Mercado e Liberdade de Expressão", se encarrega de mandar uma equipe inteira de especialistas brasileiros para resgatar a Grécia de sua desgraça atual.
Vale ler com atenção esses dois manuais de ajuda emergencial, pois aprendendo a coisa, você também poderá fazer parte de uma dessas operações de salvamento e integrar uma brigada ligeira tupiniquim especializada em resgate de países que se deixaram tentar pelo neoliberalismo e foram para o brejo.
Com inteligências assim, não temos por que nos preocupar.
Ou não???!!!
Paulo Roberto de Almeida

Sachsida Ajuda o Reino Unido
Blog Adolfo Sachsida - Opiniões
segunda-feira, 3 de maio de 2010

O Reino Unido, outrora berço do liberalismo econômico, é hoje um baluarte das regulações, intervenções do governo e impostos. Evidentemente um local como esse não pode prosperar, e logo se vê envolto em problemas econômicos. Essa é exatamente a situação atual dessa outrora majestosa ilha. A recente crise financeira ainda não mostrou o pior de sua face nas terras de sua majestade, mas isso logo logo irá ocorrer. Sabendo desse problema crônico, o parlamento britânico acaba de me pedir ajuda. Abaixo segue, em primeira mão para os meus leitores, o Plano Sachsida para o resgate do Reino Unido.

1ª Parte: Torrar o dinheiro público
O resgate do Reino Unido começa com um maciço pacote de gastos do governo. Se gastar uma libra é bom para estimular a demanda, então gastar 10 bilhões deve ser melhor ainda. O fundamental é gastar muito, mas ao mesmo tempo devemos retirar da contabilidade os gastos emergenciais, os gastos prioritários, os gastos com saúde, os gastos com educação, os gastos militares, os gastos com infra-estrutura, e os gastos com pagamento de juros. Após isso, o Reino Unido (apesar de executar gastos monstruosos) apresentará ao público uma aparência impecável de responsabilidade fiscal.

2ª Parte: Inundar o mercado com crédito barato
Usando a experiência de sucesso do BNDES brasileiro, criaremos no Reino Unido o BNDES inglês. Sua principal tarefa seria captar compulsoriamente recursos dos trabalhadores e destiná-los a projetos gigantescos, que por alguma miopia de mercado não encontra financiadores no setor privado. Ao mesmo tempo o BNDES inglês faria operações de empréstimo junto ao Tesouro britânico (similar ao que já ocorre no Brasil), visando aumentar ainda mais os recursos (com juros subsidiados) postos a disposição de projetos ousados que necessitam de ajuda estatal (afinal os empresários privados não estão preparados para terem lucros apenas no longo prazo).

3ª Parte: Criação da Caixa Econômica Federal da Inglaterra
Para dinamizar o mercado imobiliário iremos criar um banco com o objetivo de usar recursos do Tesouro, e dos trabalhadores, para expandir o crédito subsidiado para a compra de imóveis. Crédito que será usado também para financiar pessoas que não tem condição de pagar tal empréstimo. Campanhas como “Imóvel nunca perde valor” e “Imóvel é 100% seguro” serão vinculadas na mídia para estimular a demanda por imóveis. Bancos privados serão pressionados a extender crédito imobiliário a todos, sob ameaça de processos judiciais.

4ª Parte: A contribuição das Organizações Não-Governamentais
Atenderemos todas as demandas das organizações não-governamentais referentes ao meio ambiente. Isto é, limitaremos ao extremo a quantidade de terrenos livres para a construção. E limitaremos também o tamanho das construções. Essa medida preserva a beleza arquitetônica do Reino, ao custo de aumentar o preço dos imóveis. Tal medida irá requerer ainda mais crédito para a compra de imóveis.

5ª Parte: Banco Central sem medo do desenvolvimento econômico
Não podemos ter um Banco Central com medo do desenvolvimento econômico. Assim, as taxas de juros serão mantidas artificialmente baixas durante todo o período (independentemente das enormes pressões por mais crédito).

Seguindo esse plano simples teremos, em uns 4 ou 5 anos, uma bolha imobiliária gigantesca no Reino Unido, aliada a enormes fragilidades no setor financeiro, e uma situação fiscal insustentável. Assim que o caos se instalar, basta o primeiro ministro fazer o seguinte pronunciamento: “O mercado mostrou sua verdadeira face... confiamos demais no liberalismo econômico e agora estamos arruinados. Isso é culpa dos ganaciosos especuladores. Ou o FMI, o Banco Mundial, os EUA, o Japão, a Alemanha e a Comunidade Européia nos ajudam, ou teremos uma crise financeira de proporções mundiais, com o temível efeito contágio levando todo o mundo civilizado para a ruína”. Após 3 dias de intensos debates, sem ouvir os contribuintes, o resto do mundo decide enviar uma ajuda emergencial de 10 trilhões de euros para o Reino Unido para evitar o colapso financeiro a nível mundial.

Com os 10 trilhões de euros, coletados do resto do mundo, sanearemos as finanças inglesas, daremos casas ao pobres, pagaremos enormes dividendos aos ricos, melhoraremos a infra-estrutura inglesa e diminuiremos os impostos cobrados da classe média. Ai esta o resultado do Plano Sachsida: após 4 anos de farra na Inglaterra o resto do mundo paga pelo ajuste. Claro que em alguns anos outros países irão a bancarrota, mas isso não é problema inglês.... quem mandou não serem fiscalmente responsáveis?

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Pacote de ajuda brasileira para a Grécia
Trilha Liberal
7 de maio de 2010

Está embarcando hoje para Atenas uma delegação de especialistas brasileiros, enviados como cortesia pelo Itamaraty. Economistas do IPEA estão preparando apresentações ao governo Grego provando que o gasto público grego é da mais alta qualidade, e que a produtividade do servidor público grego é mais alta do que a do setor privado, o que garantirá taxas de crescimento do PIB acima da expectativa do mercado, e resolverá supostos problemas fiscais. 'O problema são os juros', concluirá o palestrante.

O adjunto econômico da UNASUL acompará a delegação brasileira e fará uma apresentação expondo as experiências do Instituto Nacional de Estatísticas da Argentina, em sua constante missão de esclarecer alguns numeros mal-entendidos e mal-interpretados pelo mercado, usando estatísticas macroeconômicas socialmente responsáveis e da mais alta qualidade.

Especialistas da FGV irão fazer uma apresentação mostrando que o endividamento grego, embora relativamente alto, é apenas uma consequência do modelo de estado escolhido democraticamente pelos gregos que, afinal, inventaram essa estória toda, logo sabem o que estão fazendo e merecem respeito.

Portando, os especialistas brasileiros mostrarão com seus estudos econométricos precisos que o mercado está redondamente enganado sobre uma suposta deterioração nas contas públicas gregas.

Técnicos do BNDES vão apontar para a Grécia o caminho brasileiro, comprovadamente uma invenção tupiniquim como a palavra saudade e a jabuticaba. A receita brasileira diz que em tempos de crise, é essencial que o estado tome a liderança dos investimentos tanto no setor público quanto privado. E em épocas sem crise, com mais motivos ainda é necessário que o estado faça o mesmo.

Através dos recursos espontaneamente recolhidos dos trabalhadores pelo Fundo de amparo ao trabalhador português, irlandês e grego (FAT PIG) os brasileiros demonstrarão que investimentos estatais em grandes empresas européias garantirão um sólido crescimento para estes países e para a Europa como um todo.

O BNDES também já anunciou o interesse brasileiro em investimentos em parceria no setor de azeite de oliva, desde que a tecnologia seja compartilhada com o Brasil. A Petrobrás anunciou o interesse de investir no azeite de oliva como um combustível alternativo bastante econômico.

Uma delegação da JBS-Friboi acompanhá os representantes brasileiros para conhecer técnicas de preparo do churrasco grego, e sondar um possível investimento em uma unidade de processamento de alimentos, com o aval do banco, para produzir churrasco grego usando picanha 100% brasileira.

A Caixa Econômica Federal mostrará seus planos de habitação no Brasil para os próximos anos, que de acordo com a Caixa e o governo, formam a estratégia ótima para sair da crise. Todos precisam de casas para morar, e é evidente que o sonho da casa própria gera um ciclo virtuoso na economia, gerando empregos e renda. Portanto, é extremamente necessário que o setor de habitação tenha juros mais baixos, para que os gregos deixem para trás suas casinhas brancas nos morros, e passem a morar em habitações de qualidade.

Para não atrair a atenção dos repórteres, que não o deixam em paz um minuto sequer após sua consagração como grande líder internacional, a delegação brasileira transportará o presidente Luís Inácio Lula da Silva dentro do compartimento executivo de um cavalo gigante de madeira.

O presidente explicará, em termos simples, que nunca antes na história da Grécia houve tanto progresso quanto nos últimos anos, e que todos estes problemas não passam de especulação dos mercados e da imprensa européia que não aceitam que os países mais pobres da Europa possam ter direito a ter uma vida digna.

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Se depois dessas, gregos e goianos, ops, ingleses, não se recuperarem, não é por culpa das brigadas de salvamento, e sim do complô neoliberal, que continua a rondar esses países, com espiões do FMI, de Wall Street, até da PUC-Rio...
Atenção aos traidores, moçada, vamos chamar o pessoal do Ipea, da Unicamp e da UFRJ para expulsar os vendilhões do templo...
Paulo Roberto de Almeida

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