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domingo, 20 de junho de 2010

Contra Saramago

Todos os políticos oportunistas, todos os líderes demagogos, todos os pretensos "intelequituais" de pacotilha se reunem atualmente em Lisboa, para prestar as últimas homenagens ao escritor português José Saramago, prêmio Nobel de Literatura e autor de vasta obra de sucesso editorial.
Não consigo prestar homenagem a um idiota como ele, aliás um cúmplice de ditaduras e de sistemas anacrônicos, que foram diretamente responsáveis pela morte de milhões de pessoas.
A hipocrisia de todos esses políticos oportunistas e literatos de araque não me convence nem um pouco, nem sobre as pretensas qualidades de sua obra - que sempre achei rebarbativa e inutilmente complicada, apenas para épater os ingênuos -- nem sobre suas qualidades -- aliás, falta de -- como homem e cidadão.
Uma pessoa como ele, supostamente bem informado -- e se não era, deveria ser, pois que meios nunca lhe faltaram -- e que escolhe, deliberadamente, apoiar as piores ditaduras do planeta apenas porque estas eram, supostamente, anticapitalistas e anti-imperialistas -- uma farsa total -- deve ser uma pessoa ou muito mal informada, ou supremamente idiota, ou então, um canalha total, dotado de má-fé suficiente para continuar aderindo a velhas crenças -- que nós todos tivemos ao redor dos anos 1950 e 1960 -- até que os crimes terríveis dos regimes totalitários foram revelados.
Quem escolhe, a despeito de todos esses crimes, continuar apoiando regimes celerados e liberticidas é porque não tem nenhum princípio e nenhum valor humanista, é porque continua a ser um idiota total, ou um criminoso como os líderes que ele apoia, entre eles Fidel Castro.
Uma pessoa assim não pode receber sequer um gesto de cortesia de minha parte.
Apenas posso dizer: foi um bom escritor?, talvez, muito bem, passe bem, até logo.
Foi um bom cidadão: NÃO, jamais, pois foi um cúmplice deliberado e voluntário das ditaduras, um idiota assumido, passe bem, adeus.
O mundo das letras pode até sentir falta de seu estilo rebarbativo. Eu não.
O mundo dos direitos humanos está livre de um idiota aliado das ditaduras. Menos um...
Paulo Roberto de Almeida

Addendum: Parece que este post incomodou alguns, que se sentiram pessoalmente ofendidos, e preocupou outros, que me escreveram para dizer que eu poderia ser processado por dano moral.
Aos primeiros eu diria que, em lugar de me ofender, eles são inteiramente livres de escrever algum texto em homenagem ao autor em questão. A internet está cheia de bobagens publicadas, algumas até mesmo divulgadas aqui.
Aos segundos, eu diria que nada do que escrevi é uma mentira: Saramago continuava se apresentando, até o final da vida, como um comunista, e se equivocando de lado nas grandes questões morais dos direitos humanos e das liberdades políticas.

6 comentários:

Anônimo disse...

Prezado PRA,

acompanho seus posts faz algum tempo e confesso que fiquei surpreso com sua crítica a Saramago. Não pela crítica em si mas pela agressividade das palavras escolhidas.
Na qualidade de estudante gostaria de perguntá-lo se o oposto ao comunismo não teria sido também "diretamente responsável pela morte de milhões de pessoas"?
Desde já agradeço pela atenção,

Paulo Roberto de Almeida disse...

Meu caro Anônimo,
Eu sinceramente não sei porque ser anônimo para fazer um comentário aqui, sobre este assunto, ou até para me criticar. Eu não vou morder...
Bem, você tem parcialmente razão: minhas palavras foram fortes, contundentes, crueis e talvez até fortes demais, injustas aos olhos de alguns.
Eu vou lhe dizer uma coisa muito simples.
Esqueça os livros do escritor em questão, e leia suas entrevistas, e são muitas, que ele deu sobre temas politicos e economicos, e até morais. O homem eram um perfeito imbecil, realmente, mas não seja por isso, ele até podia ser um bom escritor, mas isso não tira responsabilidade sobre atitudes públicas.
Se ele fosse apenas escritor, eu estaria me lixando para seu estilo e contribuição à literatura: poderia ser bom ou mau, eu gostar ou não, mas isso não faria nenhuma diferença.
Agora se ele se mete a comentar temas politicos e economicos, ai já entra num terreno em que tenho minhas opiniões. Mas também não é por isso que fui duro com ele.
Se tem uma coisa que eu não suporto é a desonestidade intelectual, sobretudo em relação uma pessoa que tinha tudo para ser bem informado.
Se sabe, pelo menos desde os anos 1930 sobre os crimes do stalinismo, e se isso não fosse suficiente, se sabe desde o Relatório Kruschev, como se sabe, em todo mundo, a miséria economica e moral dos socialismos. Pois uma pessoa que escolha apoiar um sistema que mata, DELIBERADAMENTE, milhoes de pessoas, então se trata de um canalha.

Se você acha que o oposto ao comunismo também matou milhões de pessoas, favor ser mais explícito e apresentar as suas contas.
O que é o oposto do comunismo: o fascismo, o capitalismo. Pois faça as contas dos milhoes de mortos e apresente suas evidências.
Você tem direito de arriscar algum palpite, mesmo anonimamente...
Paulo Roberto de Almeida

Anônimo disse...

Prezado PRA,

Obrigado pela resposta.
Quando me referi ao oposto ao comunismo tinha o capitalismo em mente.

Seria preciso colocar na conta de mortes todo o excedente populacional deslocado do campo para as cidades
onde certamente muitos morreriam de fome ou de males causados por trabalho exaustivo em minas e outros tipos de indústria
onde não havia qualquer preocupação com a vida dos trabalhadores.
Precisamos colocar na conta todas as guerras feitas visando abertura de mercado e por outras questões.
Só este último ítem já é suficientemente espantoso.
É preciso colocar na conta ainda a miséria causada pelo ato de transformar países em
fazendas produtoras para Inglaterra e outros tendo suas estruturas econômicas desestruturadas.

Certamente stalin e seus pares foram responsáveis por perdas humanas que eu sequer posso imaginar ( mesmo
de posse de números pois se trata de sofrimento humano).
Tanto capitalismo como comunismo ou qualquer outro tem como tendão de Aquiles a natureza humana.
Não postei para defender um ou outro.Jamais faria isso.

O que me chamou atenção no seu post não foi ,de modo algum,a crítia a stalin etc, mas foi a aparente
desproporcionalidade entre os outros posts.
Como já mencionei acompanho seus posts e vejo com frequência um tom de sarcasmo em alguns deles dois quais compartilho completamente.
Já tinha notado a sua revolta sobre alguns temas em posts anteriores mas eles, de um modo geral, eram sempre mais sutis porém mais frutíferos( faziam pensar).

O que me chamou a atenção mo seu post foi o conteúdo de agressivo ( na minha opinião) direcionado a uma pessoa (não a um sistema ou instituição).
Uma pessoa que tinha acabado de morrer.
Porém também não estou defendendo Saramago.
Acredito que nada de positivo pode surgir de um ato de agressão (ou condenatório) por isso fiquei realmente surpreso com suas palavras.

Não é meu objetivo neste post tentar provar que o senhor está errado. De modo algum.
Como escrevi no meu post "Na qualidade de estudante".
Há muito muito e muito o que aprender e minha questão sobre a mortalidade "daquilo que não é comunismo" foi realmente visando aprender um pouco mais.
Meu conhecimento sobre história ,política e economia é certamente infinitesimalmente inferior ao seu.
Sigo seus posts como estudante e postei na intenção de declarar minha surpresa em relação a este específicamente.

Um abraço,

Paulo Roberto de Almeida disse...

Anônimo,
Não tenho tempo de elaborar agora, e vou preparar um post sobre isso, pois creio que outras pessoas necessitam dos mesmos esclarecimentos, tendo em vista a mediocridade universitaria no Brasil e a pobreza das explicações a respeito, mas só posso lhe dizer agora que você está completamente errado.
Não só no plano conceitual, da suposta oposição entre comunismo (ou socialismo) e capitalismo, mas sobretudo no plano factual, das supostas mortes a este atribuidas.
Infelizmente, essa mentalidade é a que prima, num país que não se distingue exatamente pela excelência de suas humanidades ou ciências sociais.
Lamento lhe dizer, mas seus equívocos são vastos, enormes e disseminados.
Sei que vou contra a corrente, mas isso não me importa o mínimo. Quando se cultiva a inteligência e o conhecimento, não se deve temer ficar sozinho e afrontar esse tipo de mistificação tão comum em nossas universidades.
Vou lhe recomendar que leia mais História, da boa, não as bobagens que lhe são servidas nas universidades...
Paulo Roberto de Almeida

Anônimo disse...

PRA,

aguarado sua respota.
De todo modo,o senhor pode ser mais específico em relação às suas recomendações? O que considera "História da boa"( publicações/autores)?
Definitivamente não devo ter sido claro o suficiente. Não estou contra o senhor. Não há motivos para ataques ou defensivas.
Vou repetir e espero que fique claro.

1)Na qualidade de leitor de seus posts me senti surpreso com o tom do seu post. Obviamente o senhor pode reponder a isso simplesmente com um "não me importo" como já o fez antes. É um direito seu. Sendo assim conheceremos um pouco mais da sua personalidade

2) Comunismo ou Capitalismo - Para cada um que o senhor resolver crucificar de um lado certamente haverá um número igual do outro.

O senhor está acostumado a receber posts com críticas duras e talvez insultos. Esse não é o objetivo do meu post.

Na qualidade de estudante fiz uma pergunta( acredito que de maneira respeitosa) e esperava uma resposta no mesmo tom, sem extremos ou ataques.

Mais uma vez agradeço pela atenção

Paulo Roberto de Almeida disse...

Anônimo,
Voce continua colocando no mesmo plano comunismo e capitalismo, o que é TOTALMENTE EQUIVOCADO. Capitalismo é uma construcao societal que evoluiu ao longo de séculos, sem qualquer planejamento e sem qualquer direção, apenas obedecendo a forças sociais não controladas por ninguém.
Comunismo é um dos maiores empreendimentos de engenharia social empreendido por cérebros talvez generosos mas totalmente equivocados quanto à natureza dos processos sociais. Só podia dar errado como deu.
Não existe nenhuma equivalência, social, economica, materialmente e culturalmente entre os dois sistemas. Alias, um é um processo não guiado, o outro é uma tentativa de encaixar a sociedade em ideias pré-concebidas e sóo pode sobreviver pela violência e pela escravidão do homem.
Comece por ler Paul Johnson, Tempos Modernos. Voce vai entender um pouco mais, em lugar de ficar com esse bobalhao do Eric Hobsbawm.
Paulo Roberto de Almeida