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quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Desconfiar dos politicos, talvez; mas rejeitar a mentira, sempre...

Todos os que me conhecem, todos os que me lêem, sabem que eu não tenho particular apreço pelos políticos, em geral, aliás, não tenho nenhum apreço, pela tendência que eles têm de fazer demagogia e de mentir um pouquinho, em favor de seu objetivo principal, que é o de ser eleito, reeleito, e reeleito e por aí vai...
Mas tenho menos apreço ainda, na verdade tenho horror, à mentira deliberada, à fraude consciente. Que os políticos mintam um pouco, é de se esperar, mas que eles façam da mentira um instrumento de sua política aí já é insuportável.

Nesta campanha presidencial tenho visto a repetição da tática já empregada em 2006 de demonizar as privatizações, como se elas fosse o mal absoluto. Acho isso deplorável, nojento mesmo.
Por isso vou reproduzir aqui parte de um post do Reinaldo Azevedo que tem a ver exatamente com essa questão. Trata-se do relatório de um deputado petista contra o projeto de um outro deputado -- um energúmeno sincero, pois não chega a ser mafioso como seus antigos colegas -- que pretendia fazer um plebiscito para reestatizar a Vale. O PT rejeitou o projeto, e suas razões foram expostas nesse relatório.
Se isso é verdade, por que o Partido e sua candidata atacam hoje as privatizações?
Só pode ser por deformação de caráter, por compulsão à mentira, algo de que tenho verdadeiro horror.
Aqui vai o trecho:

O QUE O PT ESCONDE? O PARTIDO FEZ A MAIS ENTUSIASMADA DEFESA DA PRIVATIZAÇÃO DA VALE E PROVOU O BEM QUE A DECISÃO DOS TUCANOS FEZ AO PAÍS
Reinaldo Azevedo, 21.10.2010
(...)
Falando em nome do PT, José Guimarães fez uma defesa da “privatização da Vale” que nenhum tucano conseguiu fazer, não com tanta clareza. Publico a íntegra do seu relatório no pé deste post. Vai ficar imenso, mas é bom as coisas circulem jutas. Vocês vão ficar estarrecidos. Seguem alguns destaques. As perguntas são minhas. Extraio as respostas do relatório feito pelo petista.

A privatização fez mal ou bem à Vale?

O petista responde, em nome do seu partido:
De fato, pode-se verificar que a privatização levou a Vale a efetuar investimentos numa escala nunca antes atingida pela empresa, graças à eliminação da necessidade de partilhar recursos com o Orçamento da União, o que, naturalmente, se refletiu em elevação da competitividade da empresa no cenário internacional e permitiu a série de aquisições necessárias para o crescimento do conglomerado minerador a nível internacional.”

O Estado brasileiro mantém poder de interferência na Vale?
O petista responde em nome do seu partido:
Com efeito, o Conselho de Administração da Vale é controlado pela Valepar S.A, que detém 53,3% do capital votante da empresa (33,6% do capital total). Por sua vez a constituição acionária da Valepar é a seguinte: Litel/Litela (fundos de investimentos administrados pela Previ) com 58,1% das ações, Bradespar com 17,4%, Mitsui com 15,0%, BNDESpar com 9,5%, Elétron (Opportunity) com 0,02%.”

A Vale não foi desnacionalizada?
O petista responde em nome do seu partido:
Se forem consideradas as ações da Previ (cuja diretoria é indicada pela União) e do BNDES como de influência direta do governo federal, este gerencia, por posse ou indicação, cerca de 41% do capital votante (incluindo participações externas à Valepar). Incluindo-se, ainda, a participação do Bradesco e dos investidores brasileiros, cerca de 65% do capital votante da empresa se encontram no País.”

O Brasil teve prejuízo com a privatização da Vale?
O petista responde em nome do seu partido:
Após a privatização, e em conseqüência do substancial aumento dos preços do minério de ferro, a Vale fez seu lucro anual subir de cerca de 500 milhões de dólares em 1996 para aproximadamente 12 bilhões de dólares em 2006. (…)De fato, em 2005, a empresa pagou 2 bilhões de reais de impostos no Brasil,cerca de 800 milhões de dólares ao câmbio da época, valor superior em dólares ao próprio lucro da empresa antes da privatização.”

E para o emprego? Foi bom?
O petista responde em nome do seu partido.
O número de empregos gerados pela companhia também aumentou desde a privatização - em 1996, eram 13 mil e, em 2006, já superavam mais de 41 mil. Ademais, a União, além de ser beneficiária desses resultados através do BNDES, de fundos de previdência de suas estatais e de participação direta, ainda viu a arrecadação tributária com a empresa crescer substancialmente.”

Então vamos reestatizar tudo?
O petista responde em nome do seu partido:
Assim, é de difícil sustentação econômica o argumento de que houve perdas para a União. Houve ganhos patrimoniais, dado o extraordinário crescimento do valor da empresa; houve ganhos arrecadatórios significativos, além de ganhos econômicos indiretos com a geração de empregos e com o crescimento expressivo das exportações. A rigor, a União desfez-se do controle da empresa, em favor de uma estrutura de governança mais ágil e moderna, adaptando a empresa à forte concorrência internacional, mantendo expressiva participação tanto nos ganhos econômicos da empresa, como na sua própria administração.
(…)
Pelas razões expostas, votamos pela rejeição do Projeto de Decreto.

Voltei [RA]:
Vocês entendem por que, ao meu desprezo intelectual pelos petistas, junto o desprezo político? Entenderam por que os considero piores e mais perigosos do que a média dos políticos? Porque eles querem um país sem memória. O partido que não quis nem mesmo levar adiante uma possibilidade remota de plebiscito (e fez bem porque era mesmo uma loucura); o partido capaz de exaltar o que se chamou privatização da Vale como nem o PSDB conseguiu fazer; o partido que reconhece que a empresa traz hoje muito mais benefícios ao país e aos trabalhadores do que quando era estatal (e isso é verdade, também, na telefonia, por exemplo, que só faz mal ao jornalismo hoje), esse mesmo partido é capaz de fazer uma campanha vigarista, mentirosa, safada, contra as privatizações.

Eu também voltei [PRA]:
O que faz um partido, seus dirigentes, seus candidatos, mentirem com essa facilidade, tentar enganar a população, manter uma campanha viciada e viciosa contra as privatizações e, na prática, beneficiar-se dessa privatização em todos os setores onde ela ocorreu?
Respondo:
Só pode ser falta de caráter, desonestidade congênita, oportunismo mais deslavado e sem-vergonha, numa palavra: depravação moral e insanidade mental.
Em qualquer hipótese, considero um perigo ser representado por esse tipo de gente...

(Kyoto, 21.10.2010)

Um comentário:

Danilo Belo disse...

A privatização tem efeitos benéficos, a exemplo da China, que saiu da estagnação quando permitiu a privatização e a abertura da economia, e fato que em demasiadas ocasiões, as empresas privadas geram melhores prestações de bens e serviços, e maior fonte tributária para o país.