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quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Um gaucho com e pelas baleias: Jose Truda Palazzo Jr

Tenho orgulho de ser amigo (mais que amigo) do "Junior", hoje menos Junior e mais Senior, um senhor defensor das baleias e da natureza em geral, sem aqueles trejeitos e manias dos ecologistas, com sólida base científica, uma consciência exemplar do que significa ser ambientalista no Brasil e no mundo, atualmente, integrando plenamente a agenda da defesa do meio ambiente com a agenda do desenvolvimento.
Aprecio, também, e muito, seu caráter iconoclástico, sem medo de ninguém, quem quer que seja a autoridade de plantão. Afinal de contas, princípios são princípios, e valores não se vendem na bacia das almas em troca de vantagens políticas passageiras ou conveniências momentâneas.
Pessoas assim nos fazem confiar, um pouco que seja, em que o Brasil tem jeito...
Paulo Roberto de Almeida

Um gaúcho pelas baleias

Correio do Povo (Porto Alegre) 23/10/2010, p. 2


Em maio de 1978, com apenas 15 anos, o gaúcho José Truda Palazzo Jr. iniciou sua dedicação à causa baleeira internacional, graças ao ecologista Augusto Carneiro, parceiro e apoiador de Lutzenberger, que o “atacou” em sua primeira visita à Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural – AGAPAN, apontando-lhe o dedo, vaticinando: “esse jovem vai trabalhar com as baleias”. Carneiro lhe entregou então um monte de abaixo-assinados contra a caça às baleias no Brasil, e isso, mais os ensinamentos que lhe passou nessas décadas de amizade e parceria, construíram sua militância.
De passar abaixo-assinados contra a matança das baleias na Paraíba, que acabou em 1985, a se envolver nas lutas pelos parques e reservas, como Itapuã, Taim e Ilha dos Lobos, foi uma caminhada que culminou com a criação do Parque Nacional de Fernando de Noronha em 1988, e sua posterior declaração como Patrimônio Mundial em 2001. Em sua trajetória, nunca deixou de questionar e criticar a omissão das autoridades, sempre fazendo pressão política pelos resultados, pela criação e manutenção das normas legais pró-conservação, contribuindo para que fossem criadas ainda outras áreas de proteção.
Em 1984, Truda era Conselheiro da AGAPAN, e a Comissão Internacional da Baleia (CIB) realizaria sua reunião anual em Buenos Aires. Seu pai, que era o grande incentivador e financiador de suas “maluquices” (apesar de economista sem vínculo com a área ambiental, ele havia estudado com Balduíno Rambo, Pio Buck e os últimos grandes naturalistas jesuítas do RS e tinha um grande amor pela Natureza), lhe pagou a viagem de ônibus, e lá foi ele como observador credenciado – a primeira participação de uma ONG brasileira na história da CIB. O Brasil era baleeiro, a delegação do governo fugia das ONGs, e estas estavam lá fazendo pressão e denunciando a matança feita por japoneses em águas brasileiras.
Em 1987, com a proibição definitiva da caça à baleia no Brasil, cria-se um vácuo: o Itamaraty não sabia o que fazer na CIB, e Truda, já trabalhando com a Fundação Brasileira para a Conservação da Natureza, foi se aproximando e alimentando os diplomatas com informações conservacionistas, o que, acredita, ajudou a moldar uma nova posição do país. Em 1991, Truda foi trabalhar com Lutzenberger na Secretaria Especial do Meio Ambiente, atual Ministério do Meio Ambiente, e passou a integrar a delegação oficial do Brasil na CIB, onde foi Vice-chefe da Delegação Plenária e posterior Chefe da Delegação Científica, até 2009, quando saiu devido às suas fortes críticas à política ambiental do governo. Hoje voltou a ser observador não-governamental na CIB, ajudando na coordenação política das ONGs latinas que atuam na conservação das baleias.

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