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sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Teorias conspiratorias: ufa! Estava sentindo falta delas. Ainda bem que o presidente do Ipea nao me deixa carente...

Este blog, como se diz acima, é pelas ideias inteligentes. Mas de vez em quando são bem-vindas, também, algumas ideias idiotas, como forma de contraponto às primeiras, para fazer o contraste, e oferecer, como querem alguns puristas, aquilo que já foi chamado de "outro-ladismo".
Teorias conspiratorias, por exemplo, andavam fazendo falta.
Quando ainda existia o socialismo, era mais fácil: bastava culpar meia dúzia de capitalistas pelos problemas do socialismo -- que eram reais no socialismo real -- e dizer que eles se reuniam à noite, em algum hotel chic da Suíça, para conspirar com esse modo de produção sucessor do capitalismo, que acabou não sucedendo nada, fez tilt, deu dois suspiros e depois morreu, sozinho, triste e macambúzio, como se dizia nos romances de antigamente...
Vai ver que foram aqueles seis capitalistas hiper, super, megapoderosos, que complotaram de forma bem sucedida para criar todos aqueles problemas enfrentados pelos países do socialismo real.
Cuba, por exemplo: quão rica, poderosa, feliz e sobretudo livre ela não seria, se não fosse pelo embargo americano? Ianques desgraçados, vocês estão empobrecendo Cuba apenas para provar suas teorias sinistras e funestas, de que o socialismo não funciona. Só não funciona por causa de vocês, malditos capitalistas. Se vocês não existissem o mundo seria tão mais..., o quê mesmo?: feliz, rico, próspero? Enfim, menos capitalista, e portanto mais socialista. Pelo menos não haveria todos esses países neoliberais para se fazer comparação.

Pois bem, eu estava sentido falta de uma boa teoria conspiratoria, das boas, daquelas capazes de explicar tudo e um pouco mais. Explicar como, por exemplo, nosso planetinha redondo -- sim, se ele fosse quadrado não teríamos problemas de poluição capitalista, pelo menos não em direção ao Sul, que é todo subdesenvolvido e anticapitalista -- não estaria sendo poluído tanto assim, se não fosse por essas malditas companhias transnacionais, que dominam, literalmente, o planeta e a estratosfera. Basta 500 delas -- reunidas em assembleia na Batcaverna -- para decidirem sobre nossas vidas e sobretudo nossas mortes (de poeira, de fumaças tóxicas, de venenos capitalistas e defensivos multinacionais). Uma coisa horrível.
Enfim, nem sempre temos um gênio da economia como esse presidente do Ipea para restabelecer a verdade verdadeira sobre os problemas do planeta.
Estou louco para ouvi-lo na Rio+20... (para ele vão abrir uma exceção, e será Rio+1, o gênio da raça).
Paulo Roberto de Almeida


26/09/2011 10:39
Brasil Econômico (SP): Brasil enxerga a questão ambiental pelo ângulo social

Para Pochman,do Ipea,reduzir emissão de gases é insuficiente e não tem eficácia para emergentes.
A base industrial futura está em novos materiais
Um dos personagens mais ativos na articulação de propostas estruturais para a Rio+20, o economista Marcio Pochmann, presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), acredita que o poder desmedido das multinacionais tem contribuído enormemente para fragilizar os fóruns de governança global.
“Somos cada vez mais governados por 500 corporações, que respondem por 47% do PIB mundial e 4/5 dos investimentos em inovações tecnológicas.
Elas financiam campanhas, partidos, pesquisas e até Ongs e aniquilam o espaço público.
Fazem com que presidentes, governadores e prefeitos se transformem em seus caixeiros-viajantes”, afirma.
Na visão de Pochmann,essa correlação desigual de forças gera um desequilíbrio de poder, que acaba por privilegiar decisões favoráveis à manutenção do atual padrão de produção e consumo.
“As corporações decidem o quê, quando e onde tudo vai ser produzido e também o quê e quem vai ser taxado”, exemplifica.
Por outro lado, elas detêm conhecimento de ponta, materiais e recursos tecnológicos que as credenciam a liderar a transição para um novo modelo de desenvolvimento.
“Trabalham com inovação e não querem ser protagonistas do passado.
Vivem a dialética de mirar o futuro com o olhar focado no lucro, o principal objetivo desse modelo em crise”, analisa.
A questão mais relevante em jogo, no entender de Pochmann, é o esvaziamento de elementos de governabilidade que esse cenário gerou, reduzindo drasticamente o papel do Estado do ponto de vista supranacional: “O mundo atravessa a mais grave crise mundial desde 1929 e a ONU não foi capaz de fazer nenhuma conferência para discutir o assunto.
Estamos vivendo um movimento de decadência dos EUA e de ascensão chinesa, que contrapõe o esgotamento das velhas formas de regulação com a imaturidade das novas.
Não nos faltam modelos de desenvolvimento; faltam atores globais”.
Por isso, o grande desafio da diplomacia brasileira para a Rio+20, na opinião de Pochmann, é ajudar a construir uma governança transnacional, fortalecendo entidades como o G-20 e os Brics.
“Os países desenvolvidos sustentam70% da dinâmica econômica mundial e os 37 mais ricos concentram a maior parte da renda”, disse.
O economista lembra que há mais de três décadas se discutem alternativas a esse modelo responsável pela desigualdade entre as nações.
“Ele só é sustentável se quisermos incluir nele apenas um terço da população mundial”, frisa.
O presidente do Ipea diz que não existe um único caminho para a nova sociedade que buscamos e muito menos convergência em torno de uma das três vias em pauta nas agendas internacionais.
A primeira, que chama de pós-desenvolvimentista, é a mais crítica em relação ao modelo vigente.
Propõe o resgate de valores perdidos, acompanhado de um profundo respeito pela natureza, um retorno à mãe-Pátria.
“Apesar de ter muitos adeptos, esse modelo, rudimentar e agrário, não é viável nos dias de hoje", opina.
A segunda vem ancorada na implantação da economia verde, com a perspectiva de tornar sustentável economicamente um modelo ambiental insustentável.
“Essa alternativa não altera as coisas, apenas reorganiza a indústria para diminuir a emissão de gases e deter o aquecimento global”, avalia.
Bastante confortável para os países ricos, que não precisam mais crescer, a proposta é pouco atraente para a maioria da população.
A terceira via, nem pós-desenvolvimentista nem economicista, propõe uma base industrial e produtiva assentada em novos materiais.
“Essa é a melhor saída, mas sua implantação demanda pesados investimentos, o que parece pouco provável de ocorrer com as restrições impostas pela crise fiscal internacional e num cenário em que os bens financeiros são mais atrativos do que os bens produtivos”, diz, taxativo.
O lado bom é que o Brasil, ao ajudar a construir o conteúdo da Rio+20, está dando outro viés ao debate, garante Pochmann: “O país não está aceitando a visão de fora, que queria um debate sobre a economia verde.
Está defendendo a visão totalizante do desenvolvimento, que considera a questão ambiental, mas do ponto vista social”.
Ele não quis comentar o convite do PT para concorrer à Prefeitura de Campinas (São Paulo).

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