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terça-feira, 13 de março de 2012

O fascismo em construcao no Brasil (1): o caso da EBC, números e dados

Pretendo iniciar uma série sobre a construção do fascismo no Brasil.
Sim, do fascismo, e repito em maisúsculas: DO FASCISMO.
Muita gente -- ingênua ou desinformada -- pensa que fascismo é um assunto do passado europeu, aquelas coisas histriônicas (camisas negras, marchas de militantes fanatizados ao estilo militar, ditadores de opereta ou megalomaníacos de bigode ridículo, muita gesticulação, machismo espetacular, até um lado folclórico ou carnavalesco de gente paramentada, saudações ao chefe, etc) e, sobretudo, a força bruta, o lado militarista, da mobilização compulsória (e compulsiva) das pessoas, da organização centralizada, do Estado total e outras imagens clássicas do totalitarismo ordinário.
Não, fascismo não é isso, ou não é só isso.
Esse tipo de figuração dos anos 1920 ou 1930 efetivamente já passou, e os fascistas não precisam mais recorrer a essa pirotecnia toda para se implantar e dominar a sociedade.
O fascismo é uma coisa insidiosa: grupos organizados de militantes autoritários, quando não totalitários, que pensam controlar a sociedade, submetendo-a à autoridade de um partido, de uma ideia, de uma vontade, que é justamente a de subordinar todos os indivíduos ao Estado, de fazê-los obedecer sua vontade totalitária de comandar os corações e mentes das pessoas.
Começa por extrair da sociedade todos os recursos vivos que ela possui, a submerger suas organizações cívicas, sociais, nos canais de transmissão do partido totalitário, e a dominar, submeter todos os seus meios de comunicação, para transmitir apenas a doutrina dos chefes, a vontade do déspota, a opinião autorizada, a única possível.
O fascismo é antes de tudo um estado mental, a do Estado que tudo pode e tudo faz.
Por isso, os fascistas, os verdadeiros fascistas -- não a versão ridicularizada pela história, depois de muita guerra e destruição, é verdade -- se apossam dos meio de comunicação, e pretendem que todos rezem pela sua cartilha totalitária.
O fascismo no Brasil está se instalando insidiosamente, e tenho procurado aqui dar notícias de seu desenvolvimento, de sua implantação progressiva, sobretudo na área econômica -- que é a que me interessa intelectualmente -- mas confesso que estava negligenciando o seu lado mais prático, e mais perverso: a submissão das mentes pela propaganda oficial, esse Goebbels de fancaria que tentam nos impingir pela existência de uma "central de comunicações" do governo, um fascismo potencial que pode trazer mais prejuízos ao povo brasileiro que o simples custo orçamentário (e este já é enorme).
Por isso, vou deslocar minha atenção a esse órgão fascista por excelência que é a Empresa Brasileira de Comunicação (talvez fosse mais apropriado "de comunicações", pois eles se pretendem mesmo "plurais" e pervasivos, omnipresentes e oniscientes).
Vou transmitir os dados disponíveis e depois fazer minha análise do que considero ser o fascismo em contrução no Brasil.
É meu direito, e minha liberdade, mesmo ao custo de ataques dos fascistas disfarçados, apresentar dados e discutir suas implicações para todos nós, cidadãos comprometidos com as mais amplas liberdades, que os fascistas querem submeter, esmagar, cercear, impedir.
Não com a minha passividade.
Aguardem mais posts sobre isto.
Paulo Roberto de Almeida

Os números da EBC – orçamento, pessoal e audiência 26.02.2012 - 7:00 

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A EBC (Empresa Brasil de Comunicação) é uma estatal criada em 2007. Tem melhorado seus resultados, mas ainda mais gasta do que ganha dinheiro. É o que mostram dados sobre o orçamento da instituição desde sua fundação. Todos os dados estão em tabelas ao longo deste post.
Em 2008, quando passou a funcionar mais para valer, o déficit foi de R$ 286,5 milhões. Em 2009, R$ 367,7 milhões. Em 2010, R$ 429,6 milhões. No ano passado, 2011, o valor foi de R$ 367,8 milhões –uma queda em relação a 2010.
O diretor-presidente da EBC, Nelson Breve, participou em 24.fev.2012 do Poder e Política, programa de entrevistas do UOL e da Folha. Ele falou sobre a ideia de diversificar a carteira de clientes da EBC para além do governo federal a fim de conseguir receita própria para a estatal.
Breve declarou que já manteve conversas com a TV Cultura, controlada pelo governo de São Paulo (do PSDB) e com a Câmara Municipal de São Paulo (presidida por um político do PSD). Abaixo, trecho em vídeo da entrevista em que Nelson Breve fala sobre o tema. Para assistir em smart phones e tablets clique aqui.
(ver este link)

Estatal do governo federal, a EBC gere uma série de veículos públicos de comunicação, como a TV Brasil e as rádios Nacional e MEC. Ao todo, tem 2.222 funcionários: 339 jornalistas, 668 pessoas no departamento administrativo e 1.215 em áreas operacionais.
A audiência dos veículos da EBC não acompanha a grandiosidade de seu déficit nem do quadro de funcionários. A TV Brasil, que poderia ser o principal veículo da empresa, tem resultados pífios de audiência. Em 2011, segundo o Ibope, teve audiência média de 0,1% em São Paulo, 0,4% no Rio de Janeiro e 0,3% em Brasília.
(A seguir...)

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