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sexta-feira, 17 de agosto de 2012

A tragedia educacional brasileira: o gargalo do ensino medio - Comentario recebido

A propósito deste meu post

QUINTA-FEIRA, 16 DE AGOSTO DE 2012


o comentarista Nico apresentou estes argumentos, que me julgo no dever de elevar à condição de postagem, en bonne et due forme, dada sua pertinência e total relevância para o debate atual sobre os problemas da educação brasileira.
Devo dizer que concordo - mas isso é secundário -- com seus argumentos, e acrescentaria mais:
Já saindo de um ensino fundamental que é singularmente ineficiente para alfabetizar convenientemente os alunos -- e que comporta inutilidades demagógicas do tipo "estudos afrobrasileiros" e "espanhol" obrigatórios -- os estudantes do ensino médio são absolutamente massacrados por um currículo avassalador -- com outras inutilidades obrigatórias, que existem apenas para dar emprego aos companheiros desempregados pela sua própria incompetência -- e depois têm de fazer um vestibular que realmente mistura alhos com bugalhos, que obriga candidatos de humanidades a saberem perfeitamente Física e Química, e que obriga os candidatos destas áreas a saberem perfeitamente história e redação.
A inadequação da educação brasileira, e os gargalos do ensino médio e do vestibular levam os "responsáveis" - que são tanto políticos demagogos quanto os "pedagogos" desse Ministério do Atraso Educacional que se chama MEC -- com sua vasta "alcatéia" do que eu chamo de "saúvas freireanas" -- a buscarem "puxadinhos" e improvisações catastróficas, para resolver suas contradições, criando outras em seu lugar.
Devo dizer que sou absolutamente pessimista quanto às possibilidades desses problemas serem corrigidos any time soon, pois ainda devemos contar com as máfias de sindicatos de professores, manipulados por militantes ignaros de causas anacrônicas, que vão continuar contribuindo para o atraso e a tragédia educacional brasileira.
Paulo Roberto de Almeida 


Anônimo deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Cotas antisociais e racistas vao rebaixar a educac...": 

Existe um pequeno detalhe. Não vou entrar no mérito do texto, pois concordo quase que de todo. Mas uma coisa muito me incomoda (embora não me coloque em posição favorável às cotas). Salvo algumas universidades, como a UFRJ, o vestibular é aplicado de maneira grosseiramente tosca. A grade curricular do Ensino Médio brasileiro já é surreal, exigindo dos estudantes conhecimentos técnicos de Química, Física e afins que só deveriam ser conhecidos na graduação. Mas aí o exame de acesso ao ensino superior consegue ser ainda mais bizarro. O sujeito vai prestar o vestibular para História, e tem que responder questões relativamente complexas de Biologia e Química. Pera lá né. Além do adendo, não basta estudar em escola particular para ser aprovado em curso concorrido (Engenharia Civil, Direito, Farmácia, Medicina etc) em uma boa universidade. A imensa maioria dos calouros destes cursos fez cursinhos para a assimilação das técnicas (leia-se decoreba), pelo qual seus pais pagam o olho da cara. Por este motivo, discordo veementemente que quem seja aprovado no vestibular seja melhor preparado para o curso do que quem não o foi (guardadas as devidas proporções, claro, um indivíduo que acerta 20% em Língua Portuguesa e interpretação tem que voltar para os bancos da escola). O vestibular hoje é apenas um filtro, que seleciona quem teve o melhor treino. Um fato interessante é que as notas mais altas na redação dos vestibulares são de estudantes das humanas (Filosofia, Sociologia, História). Seu desempenho nas questões objetivas das ciências naturais não raro não os classificam de forma suficiente para que fossem aprovados, por exemplo, em Direito, um curso muito mais concorrido. Mas será que, porque um indivíduo acertou menos questões de Física, será um advogado, promotor ou juiz inferior ao que acertou mais questões? Por isso creio que reduzir a questão das cotas à "vai baixar o nível" meio que radical. Existe ainda o pequeno grande detalhe de que o indivíduo só será aprovado nas disciplinas da graduação se o professor concordar que ele domina o assunto. Se analfabetos funcionais estão se formando, quem falha são os docentes. Mas o curioso é que, à exemplo do vestibular, as provas na graduação frequentemente são aplicadas naquele esquema "múltipla escolha A, B, C, D ou E choose one and good luck". Assim tenho contato com estudantes na metade do curso que não sabem nem interpretar um texto de maneira satisfatória, e que para escrever dez linhas é um suplício. Porém suas notas apontam que são indivíduos com domínio de 75~85% dos assuntos que tem estudado.
Eu não sou especialista em métodos avaliativos, psicologia da educação e nem qualquer coisa minimamente semelhante. Mas me parece que temos falhado gravemente na formação do nosso povo, já faz gerações, e continuamos insistentemente errando sistematicamente.
Nico

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