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Diante de tantas incertezas em torno da economia brasileira e mundial em 2013, o desempenho atual da balança comercial brasileira pode ser considerado o sinal mais evidente de dificuldades futuras.
Com base nos resultados acumulados até outubro e em números preliminares, analistas vislumbram um saldo positivo nos negócios com o exterior abaixo de US$ 20 bilhões. Trata-se, portanto, de um retorno ao cenário de 10 anos atrás. Em 2002, último ano do governo Fernando Henrique Cardoso, a diferença entre exportações e importações ficou em US$ 13,2 bilhões. A expectativa de consultorias é que 2012 seja ainda pior, menos da metade do superavit do ano passado, de US$ 29,7 bilhões.
A fragilidade da retomada econômica internacional vem castigando o fluxo global de mercadorias nos últimos anos e impondo um terrível alerta para o Brasil, que ficou ainda mais dependente do seu maior parceiro comercial, a China. Desde 2011, a perspectiva negativa gerada pelo recuo da demanda externa, particularmente da Europa, e da fraca reação norte-americana, se confirmou com a desaceleração do mercado chinês, a locomotiva da economia mundial, mais distante de taxas de crescimento em torno de 10%.
Outra vulnerabilidade do Brasil ficou patente nos números da indústria, que apela por protecionismo para não perder mais clientela doméstica e no exterior. O próprio governo admitiu esse calcanhar de aquiles da economia brasileira e colocou na pauta da política econômica o enfrentamento da baixa competitividade dos produtos industrializados nacionais em relação, sobretudo, aos asiáticos, e redobrou sua vigilância sobre a valorização do câmbio.
Nesse último caso, o Planalto reforçou o discurso nos tribunais mundiais contra o chamado tsunami monetário, tratando o fenômeno como prática deliberada dos países industrializados de tornar moedas de emergentes menos favoráveis a exportações. O discurso perde força ao se excluir das críticas a China, segunda maior economia do planeta e mais dinâmico dos países emergentes.
As frustrações na performance brasileira nas trocas globais também revelam falhas na estratégia de promoção comercial e de defesa comercial, refém da estrutura tarifária do Mercosul — com sócios complicados, como a Argentina e, agora, a Venezuela. Pesa, ainda, a resistência ideológica das gestões petistas a uma aproximação maior com o principal mercado consumidor do planeta, os Estados Unidos.
A prioridade máxima dada à diversificação de destinos comerciais se verificou errada, por não conseguir atingir escalas suficientes para diminuir a séria concentração de exportações de commodities agropecuárias, metálicas e minerais para a Ásia. Volumes maiores de produtos com menos valor agregado colocam o país em um campo minado.
Não por acaso, o Ministério do Desenvolvimento desistiu há tempos de fixar metas para o nosso comércio. Se a relação comercial de R$ 80 bilhões com a China tivesse desandado mais em 2012, cairíamos facilmente no vermelho. Enquanto isso, tratados de livre comércio se multiplicam mundo afora e o Brasil avança pouco nas investidas, oferecendo, em contrapartida, mercado interno cobiçado pelos exportadores de fora.