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terça-feira, 9 de abril de 2013

A incrivel historia do tomate viajante, ou porque o Brasil segue quase parado...

(The+Drunkeynesian)

terça-feira, 9 de abril de 2013

O último post sobre tomate (ou: uma anedota do Brasil que não dá certo)

Imagino que, como eu, o leitor não aguenta mais ouvir falar do preço de tomate. Já me desculpo antecipadamente por voltar ao tema, prometo, pela última vez.

O infográfico abaixo está na capa da Folha de hoje, mostrando a viagem de 65 dias que o tomate faz do interior da China até às fábricas que o processam em ketchup e molho, em Goiás:


A história pode ser lida como um imenso jogo de erros, da taxa de câmbio à ridícula ineficiência do produtor e da logística brasileira - de tudo isso já sabemos. Só queria chamar atenção para um detalhe, a cereja do bolo recheado de absurdos: eu já tinha ouvido falar de Urumqi enquanto alimentava minha pequena obsessão por curiosidades geográficas. Da Wikipedia:

Ürümqi has earned a place in the Guinness Book of Records as the most remote city from any sea in the world. It is about 2,500 kilometres (1,600 mi) from the nearest coastline as Ürümqi is the closest major city to the Eurasian pole of inaccessibility.

Em Português claro: o país com a maior área de terras aráveis do mundo está importando tomates cultivados no lugar do mundo mais longe de uma saída para o mar. Para o comprador brasileiro, aparentemente faz mais sentido financeiramente esperar a viagem de 65 dias de Urumqi até Goiás do que confiar em um produtor nacional. Alguém poderia argumentar que o problema é pontual e vai desaparecer quando o preço do tomate no mercado local ceder, mas ninguém monta uma rede de comércio intercontinental pensando apenas na semana que vem. O tomate de Urumqi é o atestado definitivo (se é que faltavam algum) da enorme incapacidade do país em criar vantagens comparativas. Muito deprimente, mas se há algum lado bom é que o espaço para melhoras é imenso - resta saber o que nos tirará da inércia.

P.S. Notem também que o tempo de transporte de Urumqi até Tianjin é menor do que o tempo de desembaraço em Paranaguá.

2 comentários:

Gilrikardo disse...

-Eis minha participação neste post:

http://gilrikardo-blog.blogspot.com/2013/04/tomates.html

John Galt disse...

PRA,

No Xinjiang há também outros legumes e frutas deliciosos, como melão, uva e melancia. Seria o caso de importá-los também...