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terça-feira, 28 de maio de 2013

Perdendo o bonde? Na verdade andando para tras... - Celso Ming

O problema dos companheiros não é exatamente o fato de serem saudosistas de tempos pregressos, pois sempre podemos ter saudades dos 50 anos em 5 do JK, ou dos tempos de crescimento a taxas fantásticas durante alguns anos do regime militar. O problema deles não está em ser "progressista" e preferir distribuição social em lugar de acumulação capitalista.
O problema está em que eles são regressistas, na verdade reacionários, uma vez que jamais aprenderam outra coisa senão o keynesianismo de botequim aprendido de ouvido com alguns medíocres da Faculdade, o cepalianismo primário que pegaram apenas pela vulgata produzida nas mesmas faculdades, o protecionismo tosco, rústico, elementar que aprenderam nas mesmas fontes, e esse culto do Estado e de suas supostas virtudes desenvolvimentistas que os fazem adotar as soluções erradas num tempo completamente errado.
Não é que eles estejam fazendo o Brasil perder o bonde da História, ou do desenvolvimento. É que eles estão conduzindo o Brasil na direção errada, completamente errada.
Resultado disso tudo: o Brasil vai se atrasar não apenas relativamente, mas absolutamente, e ficar simplesmente mais difícil de governar, uma vez que eles criaram expectativas distributivistas no povinho que lhes serve de curral eleitoral que vai ser praticamente impossível desmantelar depois, uma vez que isso alimenta uma psicologia coletiva do assistencialismo que é simplesmente uma desgraça social.
O Brasil, e todos os brasileiros vão pagar um alto preço por isso.
Paulo Roberto de Almeida

É o bonde passando

28 de maio de 2013 | 2h 05
CELSO MING - O Estado de S.Paulo
 
O Brasil está mesmo perdendo o bonde do desenvolvimento? Esta foi, em síntese, a advertência feita por editorial do dia 19 do Financial Times, um dos mais importantes diários de Economia e Negócios do mundo. Foi, também, o tema central do rico debate que foi ao ar neste fim de semana no Globo News Painel, conduzido pelo antenado âncora William Waack.
O economista Luiz Gonzaga Belluzzo, do Instituto de Economia da Unicamp, observou que o governo brasileiro perdeu a capacidade de coordenar a agenda de crescimento e de investimentos do setor privado.
Para o professor Samuel Pessoa, da Fundação Getúlio Vargas, o problema está no fato de que, uma vez esgotado o modelo nacional desenvolvimentista, em que o Estado tomava a iniciativa de induzir o desenvolvimento, a sociedade decidiu se voltar à formação do Estado do bem-estar social. A prioridade deixou de ser o crescimento e passou a ser a distribuição de renda.
Este é um debate que começou no governo Médici, quando o então poderoso ministro da Fazenda Delfim Netto declarou, para espanto geral, que não se pode comer o bolo antes de produzi-lo. De maneira a justificar a não recondução de Delfim ao comando da economia, o então presidente Geisel disse nos anos 70 que o bolo tem de ser distribuído ao mesmo tempo que é produzido.
Hoje, a administração Dilma está exposta à corrosão. Não consegue entregar um razoável crescimento econômico, enfrenta inflação acima do tolerável e começa a assistir à deterioração das contas externas - como analisou o professor Eduardo Giannetti da Fonseca, do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper).
Consequência da política adotada, de distribuir um bolo maior do que aquele que vai sendo produzido, na medida em que exige crescente importação de poupança, que vai para o consumo. Enquanto isso, o investimento continua parado, à altura dos 18% do PIB, nível de longe insuficiente para garantir um crescimento sustentável, de 3% ou 4% ao ano.
Samuel Pessoa tem razão quando afirma que, ao adotar um modelo distributivista, os governos Lula e Dilma desmontaram o pouco do sistema que buscava institucionalizar mecanismos (sobretudo pelas agências reguladoras) que transferissem para o setor privado a capacidade de investir e de desenvolver o País.
Nos anos 80, a economia mundial iniciou a formação de uma rede global de produção e suprimentos, na qual as indústrias de todo o mundo procuraram se inserir. Mas o Brasil não se empenhou em se incorporar no processo. Continua sendo uma economia fechada, com uma indústria pouco competitiva.
Enquanto isso, a presidente da República se mete em tudo e se dedica a despachar intervenções pontuais destinadas a corrigir distorções que, no entanto, provocam novas, como é o caso das desonerações setoriais iniciadas em 2012.
Uma das maiores esperanças do País, as riquezas do pré-sal, que só podem ser arrancadas do subsolo a altos custos, estão agora ameaçadas pela revolução do gás nos Estados Unidos. É o fato novo, que promete energia e insumos a baixos preços, fator que ameaça alijar boa parte da indústria brasileira do mapa econômico mundial, se uma drástica mudança de rumos não for decidida já.
Quando havia bondes, quem perdia um esperava pelo seguinte. Como não há mais, tudo fica mais complicado.

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