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sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Enquanto isso, nao muito longe daqui, como vao los hermanos...

Argentina vai reduzir compra de carros brasileiros
O Estado de S. Paulo, 27/12/2013

Representantes do governo argentino anunciaram que o país vai reduzir de 20% a 27,5% as importações de carros do Brasil no primeiro trimestre de 2014. Os importados respondem por 60% do mercado de leves na Argentina, que desembolsou US$ 5 bilhões com importações no segmento em 2013. Pelo novo sistema, o con-
trole por parte do país vizinho se daria individualmente em cada terminal das montadoras. O período previsto para a medida é de 90 dias, com economia estimada em US$ 290 milhões.
O índice de Confiança do Consumidor caiu em dezembro 1,0% foi o recuo passando de 138 pontos em novembro para 136,6 pontos, informou a Fecomércio-SP; o índice varia numa escala de zero (pessimismo total) a 200 pontos (otimismo total)

Argentina tem 'risco muito alto' de protestos
Lígia Mesquita
Folha de S. Paulo, 27/12/2013

'Economist' mapeia distúrbios em 2014

BUENOS AIRES - Três países sul-americanos aparecem na categoria de "muito alto risco" de instabilidade social em 2014, no ranking elaborado pela revista britânica "The Economist": Argentina, Bolívia e Venezuela. Outros 16 países do mundo figuram nessa categoria.
A Unidade de Inteligência da revista analisou a probabilidade de protestos e distúrbios sociais em 150 países. O Brasil está na categoria abaixo da mais grave, a de "alto risco", com outras 45 nações.
Segundo a "Economist", problemas econômicos, como o aumento do nível de desemprego e a diminuição da renda, não são sempre seguidos por instabilidade social.
Na maioria dos casos de protestos, os problemas econômicos são acompanhados por elementos de vulnerabilidade como conflitos étnicos e um governo pobre institucionalmente. "Nos últimos tempos, tem havido uma erosão da confiança em governos e instituições: a crise da democracia", diz a revista.
Há 15 dias, a Argentina viveu uma onda de saques a comércios e residências em 20 dos 23 províncias do país, por causa de greves policiais.
Na última semana, moradores de Buenos Aires saíram às ruas para protestar contra os cortes de luz na cidade. Na segunda, um manifestante foi morto pela polícia durante um dos panelaços.

Evo se opõe a proibição do trabalho infantil na Bolívia
Por Fabio Murakawa | De São Paulo
Valor Econômico, 27/12/2013

No momento em que a Bolívia debate a criação de um estatuto da criança e do adolescente, o presidente Evo Morales disse ser contrário à proibição do trabalho de menores de 14 anos no país.
Na segunda-feira, após reunir-se com uma comissão de menores trabalhadores no palácio presidencial Quemado, Morales declarou sua oposição a um artigo do "Código de Meninos, Meninas e Adolescentes", em discussão no Legislativo, que prevê essa proibição. O presidente disse que o trabalho infantil é, em muitos casos, fruto de necessidade e cria "consciência social" nas crianças. Ele afirmou que recomendará aos parlamentares de sua base que busquem "conciliar a legislação com os pedidos dos menores". Para ele, "os organismos internacionais têm que entender" essa realidade.
A legislação tem sido alvo de protestos em La Paz. Na semana passada, centenas de membros do Sindicato de Meninos e Meninas Trabalhadores da Bolívia (Unatsbo, na sigla em espanhol) foram às ruas em uma manifestação contra o novo código. Eles exigiam reunir-se com os legisladores, mas foram recebidos com bombas de gás lacrimogêneo pela polícia quando tentavam se aproximar da Assembleia Nacional, no centro da capital. A repressão policial gerou duras críticas na imprensa boliviana.
Depois de reunir-se com representantes do Unatsbo na sede do governo, Morales, que trabalhou durante a infância, opinou que o trabalho de menores de 14 anos no país não deve ser proibido. Ele afirmou, entretanto, que devem ser tomados cuidados para proteger as crianças e garantir que elas sigam na escola.
"Minha experiência, minha posição: não deveria ser eliminado o trabalho de meninas, meninos e adolescentes. Nem tampouco se deveria explorar [os menores] ou estimulá-los a trabalhar. Alguns trabalham por necessidade", afirmou, em entrevista coletiva após o encontro. "Eliminar o trabalho de meninos e meninas é como evitar que eles tenham consciência social."
Morales contou que, anos atrás, enviou os filhos Eva Liz, hoje com 19 anos, e Álvaro, um ano mais velho, a Orinoca, sua cidade natal, para aprenderem o pastoreio de lhamas e conhecerem, assim, "como viveu o pai na infância".
Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), há na Bolívia 850 mil crianças e adolescentes que trabalham, o que representa cerca de 28% da população entre 5 e 17 anos no país. Desse total, 87% desempenham ofícios considerados perigosos.
Morales afirmou que alguns dos jovens com quem se reuniu na segunda-feira alegaram ser contra a nova legislação porque muitos são órfãos e precisam trabalhar para sobreviver. Outros, segundo ele, ajudam os pais, cuja renda não é suficiente para sustentar a família.
Além disso, o presidente afirmou que a proibição do trabalho infantil no país pode estimular a "exploração clandestina" de crianças e adolescentes. "Nas áreas rurais, desde o momento em que aprende a andar, você já presta um serviço à família", disse ele. "Não é exploração. É sacrificado, mas isso é uma experiência em si mesmo."
Segundo o jornal "La Razón", a presidente do Senado, Gabriela Montaño, assumiu o compromisso perante os menores de suspender o trâmite da nova legislação. Ela marcou para o próximo dia 8 de janeiro uma nova reunião entre os legisladores e os menores para discutir o assunto.

O Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) vem há meses estimulando a aprovação do novo código. Em documento de junho deste ano, a entidade disse ser "inaceitável" o trabalho de menores de 14 anos no país. "É compreensível que culturalmente o trabalho seja entendido como aprendizado. Mas, quando elas [crianças] são forçadas a trabalhar nas piores formas de trabalho, quando abandonam a escola, quando põem em risco sua saúde e seu bem-estar, isso é totalmente inaceitável", disse Marcoluigi Corsi, representante do Unicef na Bolívia. Para ele, é preciso "evitar um marco legal que permita que crianças e adolescentes possam trabalhar desde uma idade precoce, inclusive antes dos 14 anos".

Um comentário:

Anônimo disse...

Minha família era dona de um bar e restaurante no início da década de setenta, local onde fortaleci minha responsabilidade entre outros valores. Era lá que um garoto de doze anos, ao voltar da escola, pelas doze horas, assumia o dever de lavar a louça, e assim por duas ou mais horas contribuia com ó negócio familiar. Sentia-me orgulhoso, aliás, sinto-me até hoje... quarenta e tantos anos depois... Não consigo entender esta intromição do Estado nas relações de família... e esse negócio de estabelecer "idades limites" é pura ilusão... pois existem crianças com dez anos muito mais responsáveis que quarentões ou cinquentões... a nutureza avança, evolui, teima em se aperfeiçoar... é só a deixarmos livres das amarras estatais...