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terça-feira, 24 de dezembro de 2013

O papa Francisco e sua "economia jesuitica", totalmente equivocada, obviamente (Independent Institute)

Três textos, absolutamente críticos, das recentes manifestações "econômicas" do papa Francisco, que eu achei totalmente despropositadas, mais próximas da teologia (equivocada) da libertação do que do mainstream economics. Nem se pode dizer que suas posições sejam keynesianas, pois o keynesianismo -- e sua vertente da "síntese neo-keynesiana", não do keynesianismo de botequim, que vigora entre nós -- é um pouco mais inteligente do que as alegações ingênuas do papa contra o lucro, o consumismo, o egoísmo, enfim, essas bobagens que os padrecos vivem repetindo por pura ignorância da teoria e da história econômicas.
Bem, vejamos simplesmente o resumo e depois basta clicar nos links, para ler os textos por inteiro.
Paulo Roberto de Almeida


Pope Francis Denies Beneficence of Free Markets

What to make of Pope Francis's new economic manifesto, Evangnelli Gaudium, in which His Holiness claims that there's no factual basis for believing that free markets bring about "greater justice and inclusiveness in the world"? Here are excerpts from responses by three Independent Institute scholars, beginning with Independent Institute Senior Fellow Benjamin W. Powell and his Texas Tech University colleague Darren Hudson: "In the freest of countries the poorest 10 percent of the population earns an average annual income of more than $10,000," Powell writes in the Huffington Post. "Drop down to just the next quarter of countries (the 50 to 75th percentile) and the poorest 10 percent average only $3,800. In the least free countries they earn less than $1,000." READ MORE

Pope Francis's Erroneous Economic Pontifications, by Benjamin W. Powell and Darren Hudson (The Huffington Post, 12/20/13)

Once Again, Pope Francis, by Alberto Benegas-Lynch Jr. (12/23/13)

Papal Economics, by John C. Goodman (Townhall, 12/20/13)

3 comentários:

Pedro Erik Carneiro disse...

Caro Paulo,

Apesar do Papa Francisco ter um acento mais, vamos dizer assim, esquerdista, a posição dele não é equivocada.

A Igreja tem uma lógica econômica que remonta séculos, que foi resumida na "Carta Magna" social da Igreja: Encíclica Rerum Novarum.

Geralmente quem escreve sobre o assunto não conhece o "distributivismo" que foi gerado a partir da Rerum Novarum. Não é necessário ser keynesiano, liberal ou qualquer outra coisa. A Igreja tem sua própria doutrina econômica, e o Papa Francisco refletiu esta doutrina.

Os princípios do distributismo basicamente são: 1) mais propriedade para todos (o que não é nem de longe de ser socialista); 2) Subsidiarismo (apoio a comunidades, estado mínimo); 2)Solidariedade (ajuda aos mais necessitados).

Eu tenho um blog apenas dedicado ao tema: www.bloco11cela18.blogspot.com. Veja lá.

Para resumir: eu que sou um economista com mestrado, antes de ser católico, considero esta doutrina, a melhor doutrina econômica. Bem melhor, e mais avançada que o liberalismo.

Abraço,
Pedro Erik

Eduardo R., Rio disse...

Mais um texto sobre o assunto: "O papa Francisco, a desigualdade de renda, a pobreza e o capitalismo", de Nicolás Cachanosky.
http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=1762

Paulo Roberto de Almeida disse...

Meu caro Pedro Erik,
Agradeço seu comentário, bem como a indicação do blog e materiais seus, que vou procurar ler.
Mas, a esta altura, você já deve ter lido também as recomendações de leituras que eu fiz nesta minha postagem, bem como a que vai acima, que acabo de transcrever com esta introdução de minha lavra, que resume um pouco do que penso a respeito.
Pretendo elaborar mais, mas minha posição é esta: a Igreja é profundamente ignorante em coisas econômicas, embora pretenda dar lições distributivistas aos estadistas e aos economistas, e só consegue refletir seus profundos equívocos teóricos, históricos, factuais.
Quando a Igreja for mais modesta, ela vai aprender todas essas coisas.
O abraço do
Paulo Roberto de Almeida

Na verdade, não existe uma "doutrina" econômica da Igreja Católica, simplesmente porque a Igreja não tem bons economistas, ou sequer dispõe de simples economistas. A Igreja, de vez em quando, convida para alguma conversa pretendidamente orientadora alguns economistas -- alguns liberais, outros intervencionistas, muitos apenas do mainstream, sem preferências muito marcadas -- e, dependendo do papa e dos cardeais, ou quaisquer outros sacerdotes-burocratas que assessoram o papa nessas questões, acaba saindo desse tipo de exercício um documento mais ou menos distributivista.
Reparem que eu disse distributivista, pois essa é a única coisa de que são capazes os padrecos metidos a "economistas", até mesmo o papa.
A Igreja não tem qualquer qualificação para um estudo econômico sério, inclusive porque ela tem algumas viseiras mentais que atrapalham ou mesmo impedem uma reflexão mais séria e profunda sobre as questões da produção, do consumo, investimento, distribuição de renda, crescimento, desigualdade, etc. Ela reflete algumas poucas frases do velho e do novo testamento e com isso pretende resolver sua profunda ignorância das coisas econômicas fazendo uma profissão de fé pelos mais pobres. Como estes sempre serão a maioria -- e ainda são, pelo menos no planeta, mas não necessariamente nos países mais avançados -- a Igreja fica demagogicamente com essa maioria, e com isso se descarrega mentalmente, ao adotar um padrão econômico absolutamente inviável do ponto de vista da criação de riqueza e de seus efeitos distributivos. Entre o mercado e o Estado, a Igreja prefere entregar os mecanismos distributivos para burocratas do Estado, porque supõe, implicitamente (e equivocadamente) que estes, se bem orientados por sua doutrina social distributiva (mas não econômica), poderão fazer o máximo de bondade para os pobres e desvalidos. Essa é a "doutrina econômica" da Igreja, ou seja, os homens de boa vontade, guiados pela fraternidade cristã, se encarregarão de repartir o "excesso" de riqueza concentrada nas mãos dos mais afortunados. Estes, também muito cristãos, consentirão em entregar uma parte de sua riqueza e assim todos estarão mais felizes, e o mundo seria um lugar melhor do que é.
Todos esses equívocos estão presentes na última mensagem do papa, que aliás retrocede em relação ao que pensavam a respeito o papa Benedito e João Paulo II, bem mais "mercadistas" na minha impressão (o primeiro por conhecer a Alemanha oriental, o segundo por ter vindo da Polônia, países tornados miseráveis pelo socialismo).
Bem, eu sugiro que a Igreja faça mais seminários com economistas, mas que sobretudo ela examine a história econômica e veja quais são os dados da realidade. Mesmo se ela não quiser estudar teoria econômica, e ler dos dados da história, pode ficar com alguns dados mais atuais, como os relatados pelo economista referido no comentário anterior.