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quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Alca al carajo: dixit Chavez; projeto de anexacao economica: dixit Lula; e agora?

Meu amigo Mario Machado foi direto ao ponto.
Endosso e ratifico cada palavra, cada virgula, e, sobretudo, a sua interrogaçao final.
Paulo Roberto de Almeida 

Coisas Internacionais


Posted: 21 Jan 2014 09:44 AM PST
alca al carajoVisitei o Equador no início dos anos 2000 e pelas ruas de Quito um grafite chamou a minha atenção ele dizia: “ALCA, Al carajo, Yanks go home”, a época o recém empossado governo Lula construía o que alardeavam como sua maior vitória política, o torpedeamento da Área de Livre Comércio das Américas, como se dizia a época o bloco que iria da Tierra del Fuego ao Alaska. Anos depois o falecido Chávez usaria a mesma expressão elegante, em Mar del Plata.
O argumento principal era o temor da economia brasileira e da região se tornariam satélites da economia americana, além é claro das dificuldades de sempre, ou seja, agricultura protegida pelo lado americano e serviços blindados pelo lado brasileiro.
Tudo que envolve parceria ou associações com os EUA, acaba sendo decidido com o fígado no Brasil, ou seja, preconceitos ideológicos (e concordâncias cegas, também) dominam o debate, o abstrato interesse nacional é torturado até confessar o que as correntes de opinião desejam.
A tese vencedora foi a do triunfo soberano da política Sul-sul e para isso BRICS seria o caminho, a crise de 2008 parecia ser a grande prova que essa fora a melhor aposta e pouco importava que a pauta comercial brasileira com os demais BRICS (no caso só China mesmo é relevante) fosse concentrada em commodities – o que até pouco tempo antes era sinal claro de atraso diriam os mesmos que agora eram entusiastas dos BRICS – mas, o boom das commodities dava (e ainda dá) muito dinheiro e criava portentosas reservas que nos tornavam credores líquidos do mundo.
Nesse período e com uma forcinha enorme da suspensão do Paraguai o MERCOSUL acrescentou a Venezuela em seu arranjo, pode-se até imaginar que o fácil acesso ao petróleo venezuelano seja algo importante para um bloco em busca de energia, mas politicamente isso mandou uma mensagem altermundista, o MERCOSUL agora seria o bloco em busca de outro mundo possível.
Enquanto isso avançou o movimento de assinatura de acordos de livre comércio entre EUA e vários países da América Central, Caribe e América do Sul, como os vizinhos Peru e Colômbia. E as tentativas de acordo MERCOSUL-UE não passam de declarações de intenções, elogios mútuos, belas notas oficiais e negociações empacadas.
Claro, que ter uma economia relativamente fechada como a brasileira cria distorções que elevam os preços dos produtos fabricados localmente, o que retro-alimenta o fechamento da economia ao justificar a proteção sob pena de perda empregos, automóveis são um caso clássico.
E assim, mais de uma década depois de ver aquele grafite, em Quito, chegamos ao que vemos hoje, a expansão maior dos países do pacífico e como no caso peruano com excelentes resultado na eliminação da pobreza e os países mais fechados patinando, enfrentando inflação.
No inicio desse nosso século fizemos uma opção e mandamos o livre-comércio ‘al carajo’ e o que ganhamos em troca?
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PS: Esse não foi o grafite que vi, mas não achei a foto para ilustrar essa postagem.

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