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sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Pausa para... uma historia de papagaio - Mauricio David

Recebido do meu amigo Mauricio David, uma historieta que não tem nenhum sentido econômico, político, moral ou literário.
Serve apenas para divertir...
E tomar um pouco do nosso tempo com coisas mais amenas...
Paulo Roberto de Almeida

Versão 2015 do filme "Rio" : em Copacabana, última semana de janeiro, um calor senegalês, o meu papagaio Martin (vulgo Perroquet) fugiu, provocando grande tumulto e a atrapalhando o trânsito, deixando um rastro de desolação e tristeza

Peça em sete atos

Ato 1, domingo à noite :
Visitas em casa, o general U. e o sueco Torsten, o Martin (vulgo "perroquet" ou "o pássaro"), dez anos de convivência, alegria dos netos e conversador inveterado ( "Bom dia, louro", "vai dormir, lourinho", "cadê o João", "cadê a Isabela", e cantador de musiquinhas tais como "Atirei o pau no gato, to- tô...") se solta da corrente mas termina por voltar para sua casa, para dormir... A Beatriz, que há dez anos o cuida como mãe postiça, deixa para colocar a corrente no dia seguinte porque o lourinho tem o temperamento da Dilma e está inquieto no jardim de inverno, querendo ir dormir.

Ato 2, segunda-feira :
Pela manhã chega o nordestino Silva, o faz-tudo a quem o Martin respeita e a única pessoa com quem se comporta docilmente ( o Silva é uma espécie de Lula, o único que consegue enquadrar a Dilma), mas o perroquet dá um jeito de escapulir e pela primeira vez, em dez anos de vida, alça vôo e vai pousar nas copas das árvores da rua Viveiros de Castro. Martin é cabeça dura - como a presidente - e resiste aos apelos para que desça da árvore. Todas as tentativas são em vão, desde os apelos da multidão que se aglomera na rua até a tentativa de atraí-lo com guloseimas e suas frutas prediletas...
A multidão vai aumentando no curso da manhã, alguém diz "tem que chamar os bombeiros", mas os bombeiros estão apagando incendio não sei onde, virão mais tarde. Aventureiros tentam subir nas árvores onde se refugia Martin (vulgo "Perroquet"), mas tudo em vão... A molecada de hoje em dia não sabe mais subir em árvores...
Chegam os bombeiros, fecham a rua e tentam com a escada Magirus chegar até o pouso do Martin... A rua em polvorosa, janelas cheias, calçadas regorgitando de palpiteiros, todas as tentativas dos bombeiros se frustram.
Os bombeiros se vão, porque começou um incendio não sei donde, mas prometem voltar mais tarde. Os palpiteiros continuam dando seus pitacos, os bombeiros voltam mais tarde, e nada... O Martin continua impecável e inamovível na copa dá árvore, parece até a Graça Foster na presidência da Petrobrás.
Chegam as rádios e televisões, a Bandeirantes transmitindo em direto, até a Marilene - a assessora do lar e cuidadora do Martin - é entrevistada ao vivo, a rua está em comoção.

Ato 3, terça-feira :
O Martin continua indiferente ao que se passa abaixo, no máximo repetindo os seus gritos de "dá o pé, louro" e "bom-dia, louro"...
Voltam os bombeiros e novas tentativas de resgate, em vão. Crescem as rodas de palpiteiros, alguém sugere contatar o batalhão de alpinistas do Exército, alguns mais afoitos tentam escalar as árvores para ver se capturam o lourinho. No final da tarde desci para dar uma caminhada no Saara (desculpe !, na praia de Copacabana) e fui cercado por gente na rua, perguntando se era a verdade que havia uma grande recompensa para quem recuperasse o lourinho. Alguém me diz que ouviu dizer que a recompensa seria de 15.000 reais, assustado corri antes que alguém ( ignorando que o BNDES não deu reajuste salarial este ano que passou aos seus funcionários) viesse com um papagaio na mão me cobrar.
Chovem telefonemas (até de outros municípios) de gente se oferecendo, a troco de uma "módica recompensa", para escalar a árvore e recuperar o Martin. Telefona um bombeiro, se oferecendo para "no seu dia de folga", capturar o a esta altura rebelde papagaio. Deixa o seu telefone, mas pede que não se fale com o seus comandante na corporação, apenas "diretamente com ele".

Ato 4, quarta-feira:
Passados dois dias e duas noites do Martin encarapintado na copa da árvore (desta vez já em uma diferente, vizinha da primeira), o Martin virou personagem da rua : vem gente fotografá-lo, as rodinhas continuam se formando, os boatos crescendo... Que a Ana Maria Braga queria levá-lo ao seu programa na TV, que o Boechat queria vir fazer uma entrevista ao vivo com ele... Tenho que comunicar aos netos do desaparecimento do Martin, Beatriz começa a se consolar com o inevitável, mas mantenho firme a esperança de que a ave, afinal !, premida pela fome e sede, terminará por descer da árvore  voltar ao doce recesso do lar, onde é tratada diariamente com substitutos do caviar e da champagne.

Ato 5, quinta-feira pela manhã :
Eis senão quando toca o interfone hoje pela manhã : alguém achou o Martin caminhando tranquilamente pela Avenida Copacabana, como se fosse um velho aposentado do do BNDES ou da Petrobrás... O trânsito parou, até que alguém teve a idéia de pegar um saco e capturar o bichinho, trazendo-o para a portaria do meu (seu) prédio.

Ato 6, quinta-feira à tarde :
Restabelecida a paz e pago o resgate, aqui está o Martin gozando da parte que lhe toca da previdência complementar do meu fundo de pensão, livre dos ataques dos gaviões (que soube abundam em Copacabana, e eu que pensava que só estavam em Brasília...), comendo a sua goiabinha e aguardando a hora do " boa-noite, lourinho", "vai dormir, lourinho" que o Senhor reserva para os justos. E vou tratar de mandar pela rede para os netos a fotografia do Martin já restabelecido nos seus domínios, para que eles possam, por sua vez, dormir tranquilos...que amanhã tem neve nas ruas de Washington e frio e vento nas de Paris...

Ato 7, sexta-feira à tarde  :
Equipe de televisão da TV Bandeirantes, que veio "entrevistar" o peralta no contexto de uma reportagem sobre o louro fujão...

Moral da história 1 : Mais vale uma gaiola social-democrata com casa, comida e roupa-lavada, que escapadas aventureiras nestes ceus controlados pelo Joaquim Levy e pela Dilma em sua fase neoliberal...

Moral da história 2 : Mas acho mesmo é que o meu papagaio é muito politizado e fugiu porque não estava aguentando este governo Dilma...Ou seria o calor ? Ou o governo Dilma 2 combinado com o calor senegalês?

Por Zeus !

Mauricio David

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