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terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Carta Capital e o Departamento de Propinas da Odebrecht - Alguma explicacao Mino Carta?

Um jornal, uma revista, um periódico, dedicado ao grande público, vive normalmente de publicidade, de assinaturas, de venda no varejo para simpatizantes e curiosos, ou de doações de ricos mecenas, que gostam de se promover, ou até fazer benfeitorias não identificadas.
Uma outra categoria, revistas científicas, ou publicações acadêmicas, podem receber verbas públicas ou apoio de entidades de fomento, mas esse tipo de ajuda raramente se traduz em propaganda do ou para o apoiador, ou submissão a interesses que não a do conselho editorial do veículo, e de toda forma cada colaboração publicada submete-se à revisão crítica de pareceristas anônimos, que julgam e avaliam a qualidade do material.
Em qual categoria entrariam as matérias da Carta Capital, beneficiadas por essas "doações" do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, ou seja, do Departamento de Propinas, como é vulgarmente conhecido esse "serviço" de boas intenções e de operações paralelas da companhia mais corrupta do Brasil? Como Mister Capital, aliás Mino Carta, explicaria que o seu jornal, manifesta e visivelmente empenhado na defesa e na promoção do governo companheiro se revela agora um recipiendário de dinheiro roubado do povo brasileiro, através de fraudes, fralcatruas, superfaturamento, desvios, roubos deliberados, enfim, ações criminosas?
Os editores, segundo a matéria do Globo, "negam a participação de Mantega na operação e dizem que não sabiam que o dinheiro havia saído do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht."
Ingênuos inocentes, trapalhões ignorantes, ou indivíduos de má-fé?
Paulo Roberto de Almeida

Odebrecht emprestou verba à ‘Carta Capital’ a pedido de Mantega
Financiamentos no valor de R$ 3,5 milhões foram feitos pelo departamento de propinas da empreiteira
por Guilherme Amado
O Globo, 13/12/2016 

O jornalista Mino Carta no Sem Censura, da TV Brasil

BRASÍLIA — A Construtora Norberto Odebrecht fez dois empréstimos para a Editora Confiança, responsável pela revista “Carta Capital”, no valor total de R$ 3,5 milhões, entre 2007 e 2009, a pedido do então ministro da Fazenda, Guido Mantega. A operação foi feita pelo Setor de Operações Estruturadas, o departamento da empreiteira que geria as propinas pagas. As informações constam de um dos anexos da delação premiada do executivo Paulo Cesena, que presidia até o mês passado a Odebrecht Transport, mas foi, antes disso, diretor financeiro da construtora.

Cerca de 85% do empréstimo já teriam sido quitados pela editora, de acordo com Cesena, por meio de eventos que tiveram o patrocínio da Odebrecht.

Cesena disse que recebeu a ordem de fazer um aporte de recursos para a Editora Confiança, em 2007, diretamente de Marcelo Odebrecht, então presidente da holding e atualmente preso na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba e também delator da Lava-Jato

“Marcelo Odebrecht me chamou para uma reunião em sua sala, no escritório em São Paulo, e me informou que a companhia faria um aporte de recursos para apoiar financeiramente a revista ‘Carta Capital’, a qual passava por dificuldades financeiras. Marcelo me narrou que esse apoio era um pedido de Guido Mantega, então ministro da Fazenda”, afirmou Cesena à Lava-Jato.

Em seguida, o delator disse ter entendido que se tratava de algo de interesse do PT.

“Entendi que esse aporte financeiro tinha por finalidade atender a uma solicitação do governo federal/Partido dos Trabalhadores, pois essa revista era editada por pessoas ligadas ao partido”, afirmou.

Marcelo Odebrecht também pediu a Cesena que contribuísse com a revista para que eles organizassem suas finanças e concebessem um plano de negócios sustentável. Marcelo temia que pudessem vir novos pedidos de dinheiro.

O presidente da holding teria orientado Cesena a procurar o jornalista Mino Carta, diretor de redação da publicação, e o economista Luiz Gonzaga Belluzzo, consultor editorial da “Carta”, para que fosse negociado o apoio financeiro.

A primeira reunião, no segundo semestre de 2007, ocorreu na sede da editora, na capital paulista. Cesena disse terem participado do encontro Mino Carta, Belluzzo e a diretora administrativa da editora, Manuela Carta. Nessa conversa, Cesena afirmou terem sido mencionados apenas pontos relacionados ao plano de negócios da revista e iniciativas para aumentar as vendas.

Nos encontros posteriores, apenas com Manuela, Cesena comunicou-lhe que o empréstimo seria de R$ 3 milhões, por meio de um mútuo (empréstimo feito entre duas pessoas jurídicas), a ser pago em três anos, e que seriam cobrados juros à taxa de Certificado de Depósito Interbancário (CDI), acrescidos de 2% ao ano.

Cesena afirmou que a operação foi feita por meio do Setor de Operações Estruturadas, comandado por Hilberto Mascarenhas Alves da Silva Filho, também delator na Lava-Jato. Embora tenha afirmado que não saberia detalhar, Cesena disse ter a informação de que “a operação e o pagamento à ‘Carta Capital’ se deu na forma de mútuo oriundo do caixa dois da Construtora Norberto Odebrecht”.

O segundo empréstimo teria ocorrido em 2009, solicitado por Belluzzo, desta vez no valor de R$ 500 mil. Novamente, após receber autorização de Marcelo Odebrecht, o apoio financeiro foi feito por meio do departamento da propina.

A Editora Confiança já teria honrado R$ 3 milhões da dívida, por meio de patrocínios que a Odebrecht deu a eventos da “Carta Capital” de 2010 a 2012.

“Em uma das reuniões que tive com Manuela Carta, a mesma apresentou-me o planejamento de eventos que a editora iria promover e questionou-me acerca do interesse em patrociná-los e que usaria esses recursos para amortizar o mútuo”.

Entre as provas, Cesena entregou e-mails, planilhas demonstrando a alocação de recursos e notas fiscais mostrando o patrocínio aos eventos da “Carta”.

Manuela Carta diz que o delator se expressou mal e que não houve empréstimo, mas um acordo de publicidade que previa um adiantamento de verbas. Segundo ela, tudo já foi quitado, com páginas de publicidade e o patrocínio da Odebrecht a eventos. Ela citou o apoio da empreiteira aos encontros chamados “Diálogos Capitais” e “Fórum Brasil”, e a um encontro com a presença do economista Paul Krugman.

— Temos tudo contabilizado — disse Manuela.

Belluzzo diz que procurou Marcelo Odebrecht e que foi firmado um acordo financeiro:

— Estávamos numa situação difícil e fizemos um mútuo que carregamos no nosso balanço por muito tempo, porque a revista estava precisando de financiamento. Está tudo no balanço da empresa, não tem nada escondido — disse ele.

Depois, segundo ele, foi negociado que o pagamento seria feito por meio de páginas de publicidade na revista. Manuela e Beluzzo negam a participação de Mantega na operação e dizem que não sabiam que o dinheiro havia saído do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht.
http://oglobo.globo.com/brasil/odebrecht-emprestou-verba-carta-capital-pedido-de-mantega-20635961#ixzz4SkYbo2dI

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