O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

Meu Twitter: https://twitter.com/PauloAlmeida53

Facebook: https://www.facebook.com/paulobooks

Mostrando postagens com marcador América Latina. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador América Latina. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Interpretacoes das RI da America Latina - Raul Bernal-Meza (Mundorama)



Concepts, ideas and methodologies in the interpretation of LatinAmerican international relations, by Raúl Bernal-Meza
International relations studies and analyzes foreign policy in Latin America during much of the first half of the twentieth century were dominated by the influence of international law and the visions of diplomatic history. The first scientific analytical approach was structuralism, based on the thought Prebisch-ECLAC. From there a debate between the new influences of American thought in international relations and the efforts of Latin American thinkers to study international relations from the perspective of political economy. In some ways, this debate, after sixty years, still continues. The drafting of a Latin American line of thinking on international affairs also had to face the influence of –and dependence on – foreign (mainly Anglo Saxon) theoretical and methodological reflections.
Authors from within and outside the region note that this is an issue of concern to any policy making that aim at a more autonomous international insertion. In Latin America there are currently three major lines of work on thinking in international affairs. The first one, whether having an own thinking in order to interpret reality and nature of the international insertion from our own perspectives make any sense; the second one is about the appropriateness of applying theories that are produced by the epistemic thinking of the “North” in the interpretation of the international system and in the analysis of foreign policy, given its higher level of sophistication; and the third issue is whether the theory produced in the core countries should be replaced by concepts developed by Latin American epistemology, according to the idea that they would better explain the nature of our foreign relations. In recent years there has been an interesting discussion between those who consider the use of theoretical and methodological tools from schools and lines of Anglo-Saxon thinking is right and positive, and those who rather consider that theoretical, epistemological, conceptual and methodological tools produced in Latin America should be used.
In Argentina, the socio-historical, structuralist political economy, and autonomic lines of interpretation participate, and in Brazil, with a predominance of history are the main representatives of the second group, in which influences of the English and French schools of international relations are also observed. Among the main criticisms that this group addresses the followers of Anglo-Saxon theories, it is argued that the US theory –for example, realism and idealism- replace the historical investigation of the facts for prescriptions and foundations of the theory. The authors who followed this line subsequently argued that the theory produced in intellectuals scenarios outside the region, when being incorporated in the interpretation of international relations in Latin America, reproduced the dominant ideology of the producing sources, and therefore an analysis of the international insertion and foreign policy from our own interpretations was needed, thus rejecting the theories developed in the core and implementing concepts that would enable substantiate and explain foreign policy.
In this debate, scholars influenced by the conventional American thought, criticize Latin American production because they assume that it does not claim to universality.
There are two errors in the view of academics who follow only American thought. The first is to believe that Latin American contributions do not claim to universality, which is false if we review structuralist ideas, the exemplary construction core-periphery (updated the global system at the stage of capitalism of the 1970s by Arrighi, and Wallerstein, which added to the semi-periphery analysis) and interest for autonomy against the hegemonic power, which is a concern with global reach. The second mistake is to assume that those who follow the political economy approach reject the entire American theoretical thought, which is also false, because many authors take the “institutionalism” and “constructivism” to better understand processes of international cooperation and integration economic and regionalism.
In the current context of international processes and against the rise of China as a great power, but especially by the structure of economic, trade, financial and political relations between the powerful and Latin America, the Latin American thought precedent still has much to contribute to better understand the new realities between the rising centers and peripheries and semi-peripheries. This also extends to the understanding of relations between the hegemonic power and decision-making autonomy. Recent Latin American contributions contribute to this goal, with new concepts, analytical categories, theoretical reflections and methodological contributions.
The transition from economic hegemony between new “cores” and the old peripheries, and the challenges imposed by the new political and security of the international system point out that the search for new theoretical and methodological approaches should follow scenarios to be a priority for analysts in international relations. Because all the international dynamics it leads to a permanent challenge between change and continuity.


Read the article:
Contact:
Raúl Bernal-Meza – Universidad Arturo Prat, Instituto de Estudios Internacionales, Santiago, Chile (bernalmeza@hotmail.com).

segunda-feira, 1 de agosto de 2016

PPK: o melhor presidente que o Peru (a America Latina) poderia ter - Luis Prados (El Pais)

Presidente do Peru: “Queremos fazer uma revolução social, este país ainda é muito retrógrado”
Pedro Pablo Kuczynski, popularmente conhecido como PPK, concede ao EL PAÍS sua primeira entrevista como presidente
LUIS PRADOS, Lima
El País, 1 AGO 2016 - 11:07

Pedro Pablo Kuczynski em sua casa de Lima.Pedro Pablo Kuczynski em sua casa de Lima. JUANJO FERNANDEZ

Se o Peru se transformou, desde o início deste século, em um caso especial naAmérica Latina por seu crescimento econômico constante, não menos excepcional é a chegada ao poder de Pedro Pablo Kuczynski, de 77 anos. E nem tanto por sua vitória apertada sobre sua rival Keiko Fujimori nas eleições de 5 de junho passado, por apenas 39.000 votos, mas pela distinção intelectual do novo presidente do Peru, algo que contrasta fortemente com outros líderes passados e presentes da região.

Educado em Oxford e Princeton, economista do Banco Mundial, ex-banqueiro, ex-ministro e ex-primeiro ministro, duas vezes exilado, depois do golpe do general Velasco Alvarado (1968) e durante a década fatídica de Alberto Fujimori(1990-2000), PPK, como é conhecido popularmente, além de tudo é músico —toca piano e flauta transversal— e herdeiro de uma fascinante história familiar na qual não faltam espiões famosos a serviço da União Soviética.

MAIS INFORMAÇÕES
Kuczynski promete transformar o Peru em um país moderno até 2021
Pedro Pablo Kuczynski: o presidente peruano mais inesperado
'O Peru a salvo', por Mario Vargas Llosa
Seu pai, médico judeu, fugiu em 1936 da Alemanha de Hitler para se estabelecer no Peru como especialista em doenças tropicais na Amazônia. Ali ajudou a fundar o leprosário de San Pablo, onde, anos depois, já nos anos cinquenta, um jovem estudante de medicina, Ernesto Guevara, trabalhou como voluntário. Sua mãe, nascida na Suíça e professora de música e literatura, era tia do diretor Jean-Luc Godard. Este parentesco cinematográfico se reforça com a coincidência de que sua atual esposa, Nancy Lange, seja prima da atriz Jessica Lange.

Kuczynski concedeu ao EL PAÍS sua primeira entrevista como presidente em sua residência no distrito de San Isidro, um bairro residencial de Lima. Em seu escritório, cheio de livros, PPK explica com bom humor e calculadora na mão o Peru com o qual sonha depois de outro dia de atividade estressante sob um insólito sol de inverno. Uma visão sobre o futuro de seu país que em apenas dois dias fez com que passasse de ser acusado de lobista a ser chamado de esquerdista.

Pergunta. O Peru cresce a 4%, acima da média da região, e reduziu a pobreza à metade na última década. No entanto, há um mal-estar que, inflamado pela corrupção e pela insegurança, esteve a ponto de dar a vitória ao autoritarismo populista de Keiko Fujimori. Por quê?

Resposta. Parte do problema está no próprio sucesso do país. Por mais que seja verdade que o índice de pobreza caiu 23%, isso ainda representa um monte de gente: são quase sete milhões e meio de pessoas, um número que quase coincide com o número de pessoas que não têm água em casa, que são quase dez milhões. Outra razão é que houve uma falta de seriedade dos Governos anteriores diante desse grupo de pessoas, uma falta de conexão. Além disso, há a percepção entre as pessoas mais educadas de que houve uma corrupção brutal, e a isso se acrescenta a recessão econômica dos dois últimos anos.

“Não vou indultar Alberto Fujimori”

P. O senhor terá de governar com minoria no Congresso. Seu partido, Peruanos por el Kambio, tem apenas 18 cadeiras diante das 21 da esquerda e dos 73 da Fuerza Popular, de Keiko Fujimori, em um Parlamento de 130. É possível a colaboração com o fujimorismo?

R. Nem todos os 73 congressistas da bancada fujimorista são membros do partido, há cerca de 30 que subiram no bonde acreditando que ela ganharia e que receberiam seu quinhão. De um ponto de vista completamente egoísta, é preciso atrair alguns deles. Se não o fizermos, será difícil trabalhar no Congresso depois da pequena lua-de-mel que, tomara, teremos nas próximas semanas. Mas não espero uma grande colaboração, espero que sejam tolerantes de uma forma neutra.

P. Esperava protestos dos fujimoristas quando assumiu o governo?

R. Não, e também não aplaudiram nada do que disse. Acredito que é falta de educação, mas minha pele é de couro, consigo aguentar.

P. Vai tirar Alberto Fujimori da prisão?

R. Se o Congresso propuser uma lei geral que lhe permita cumprir sua sentença em casa, assinarei, mas não vou indultá-lo.

Kuczynski com seu novo gabinete no dia da posse.Kuczynski com seu novo gabinete no dia da posse. RODRIGO ABD AP
P. Existe um território comum com o fujimorismo na política econômica?

R. Eles se opõem a reduzir o IVA, mas reduzi-lo é bom, porque é um imposto indireto que vai diretamente na veia dos mais pobres. Um IVA alto promove a informalidade, que no Peru representa 60% da força de trabalho. E a informalidade promove a falta de investimento em modernização. É a história do aspirador e da vassoura; para que vou ter uma máquina elétrica se posso ter um monte de mulheres às quais pago quatro centavos para que varram as ruas? Por isso é preciso atacar a questão social.

P. Em sua vitória eleitoral, foi chave o apoio do Frente Amplio de Verónika Mendoza. Acredita que seja possível trabalhar uma agenda com a esquerda?

“O Peru está abaixo de seu peso internacional”

R. O divisor de águas no Peru entre a esquerda e a direita é a mineração, que é o que traz mais divisas para nós e sou partidário de sua industrialização. Para entender-se com o Frente Amplio e trazê-lo a posições moderadas é preciso trabalhar com a agricultura e a educação. Como é possível que haja tanta gente sem água ou ter escolas caindo aos pedaços? Resolver isso não é de esquerda ou de direita, é questão de bom senso.

P. O senhor prometeu uma revolução social. Por onde vai começar?

R. Queremos fazer uma revolução social porque este país é ainda muito retrógrado. Os líderes dos negócios ainda falam em cholos [termo ofensivo para se referir aos mestiços de origem europeia e indígenas], estão no século XIX e é preciso mudar isso. A água e a saúde são as prioridades. O programa para dotar de água todos os peruanos deve gerar meio milhão de postos de trabalho.

P. Como reativar a economia?

R. Destravando os 10 ou 15 grandes projetos que estão emperrados. Isso significa um crescimento em um ano de um ponto e meio a mais no PIB.

P. Como vê o Peru no contexto da América Latina? Que papel quer desempenhar diante da crise da Venezuela?

R. O Peru está abaixo de seu peso internacional. Por exemplo, em relação à Venezuela temos de criar um clube de presidentes, um grupo do tipo do Contadora, que promoveu a paz na América Central em meados dos anos oitenta.

“O divisor de águas no Peru entre a esquerda e a direita é a mineração, que é o que nos traz mais divisas”

P. Como se define politicamente?

R. Temos que buscar uma política centrista: dar muita ênfase no lado do bem-estar no qual estamos muito atrasados —saúde, água, educação— e, do outro, precisamos de uma economia de mercado que financie tudo isso.

P. Parafraseando Zavalita, de Vargas Llosa [protagonista do romance Conversa na catedral], o Peru vai começar a parar de estar “ferrado”?

R. Bem, ainda tem muita gente ferrada. É preciso “desferrar” o Peru e isso custa dinheiro.

terça-feira, 24 de maio de 2016

A America Latina na geopolitica mundial - artigo Paulo Roberto de Almeida (revista do CEDIN)

Meu artigo mais recente publicado:


1225. “A América Latina na geopolítica mundial: perspectivas históricas e situação contemporânea do Cone Sul”, Revista Eletrônica de Direito Internacional do CEDIN (Belo Horizonte: CEDIN, vol. 17, 2016, ISSN: 1981-9439; p. 342-367; link para a revista: http://www.cedin.com.br/publicacoes/revista-eletronica/#Volume_17; link para o artigo: http://www.cedin.com.br/wp-content/uploads/2014/05/Vo-Paulo-Roberto-Almeida_A-Am%C3%A9rica-Latina-na-geopol%C3%ADtica-mundial-perspectivas-hist%C3%B3ricas-e-situa%C3%A7%C3%A3o-contempor%C3%A2nea-do-Cone-Sul-OK.pdf). Relação de Originais n. 2933.

 Trecho inicial: 


A América Latina na geopolítica mundial: perspectivas históricas e situação contemporânea do Cone Sul
Latin America and the world geopolitical framework: historical perspectives and the contemporary context of the Southern Cone

Paulo Roberto de Almeida





Resumo: Ensaio de caráter histórico e também analítico-prospectivo sobre os processos de desenvolvimento econômico e de inserção econômica internacional dos países latino-americanos do Cone Sul, com destaque para os ensaios de integração comercial, em escala sub-regional, ou plurilateral. Evidencia-se o relativo isolamento da região dos mercados e dos intercâmbios mais dinâmicos da economia mundial contemporânea, ao terem os países da América Latina privilegiado processos nacionais de desenvolvimento econômico e social, com pouca abertura aos fluxos e cadeias produtivas e comerciais englobando outras regiões, ainda que alguns países – a Aliança do Pacífico, por exemplo, formada por México, Colômbia, Peru e Chile – tenham buscado inserir-se nos novos exercícios de abertura econômica, de liberalização comercial e de integração produtiva, que se deslocam paulatinamente do Atlântico norte para a bacia do Pacífico.
Palavras-chave: economia mundial; integração econômica; comércio internacional; Cone Sul da América Latina.

Abstract: Historical and analytical essay on the economic development and the world economic integration of the Southern Cone Latin-American countries, with emphasis on the attempts at commercial integration, at sub-regional level, or in the plurilateral context. There is a clear pattern of a relative insulation of those countries from the most dynamic flows and markets of the world economy, as Latin American Southern Cone relayed mostly on national developmental processes, with very few opening towards those flows and value chains that encompasses other regions, albeit some countries – those of the Pacific Alliance, that is Mexico, Colombia, Peru and Chile – have endorsed those new exercises of economic opening and trade liberalization, moving preferentially from the north Atlantic toward the Pacific basin.
Key words: world economy; economic integration; international trade; Latin American Southern Cone.



1. A sucessão de preeminências na economia mundial e a América Latina
Existem duas maneiras de analisar a questão da sucessão de hegemonias políticas e econômicas no sistema internacional e a posição da América Latina nesse contexto: uma pelo lado histórico ou sistêmico, ou seja, pelas tendências estruturais de longo prazo, a outra pelos dados da conjuntura, que são naturalmente caracterizadas por flutuações na economia mundial e por dinamismos diferenciados entre as principais economias planetárias. A América Latina, a despeito de estar situada numa posição relativamente excêntrica em relação às grandes disputas hegemônicas mundiais, sempre sofreu a influência ou o impacto dos grandes conflitos internacionais, ainda que sua condição de região periférica esteve sempre vinculada aos poderes do Atlântico norte, Europa ocidental, desde cinco séculos, e Estados Unidos da América, desde o final do século 19, e com maior ênfase a partir da Segunda Guerra Mundial.
Na primeira vertente, a do contexto histórico, podemos falar de uma lenta sucessão de hegemonias econômicas e militares – e o lado estratégico sempre depende da dinâmica econômica dos países ou impérios – e uma acomodação sucessiva entre centros mais dinâmicos e outros em declínio relativo. Por vezes existem choques globais, como os ocorridos com as grandes guerras nacionais do período napoleônico, ou os dois grandes conflitos globais do século 20, que de certa forma já sinalizaram para o fim da grande dominação europeia sobre o mundo, depois de cinco séculos, aproximadamente, de predominância absoluta sobre vários continentes. Esses grandes conflitos são relativamente raros, e de toda forma, a emergência da arma atômica ao final do último grande conflito global já sinaliza para sua inviabilidade prática, restando, portanto, analisar os dados relativos às tendências latentes, sempre existem, à substituição de hegemonias pelo lento acumular de mudanças econômicas, geralmente tecnológicas, mas também comerciais e financeiras.


Ler a íntegra no  link  da revista: http://www.cedin.com.br/publicacoes/revista-eletronica/#Volume_17; ou no link para o artigo: http://www.cedin.com.br/wp-content/uploads/2014/05/Vo-Paulo-Roberto-Almeida_A-Am%C3%A9rica-Latina-na-geopol%C3%ADtica-mundial-perspectivas-hist%C3%B3ricas-e-situa%C3%A7%C3%A3o-contempor%C3%A2nea-do-Cone-Sul-OK.pdf).

terça-feira, 29 de março de 2016

Carga fiscal e estrutura tributaria na America Latina - blog do Jose Roberto Afonso

Todo um boletim dedicado à questão da tributação na América Latina, onde se pode ver que o Brasil é um país claramente disfuncional na região, com uma carga fiscal equivalente à dos países ricos (OCDE), com uma renda per capita cinco ou seis vezes menor.
Paulo Roberto de Almeida

Carga Tributária Brasil (Afonso & Castro)
Carga tributária en Brasil: Redimensionar y repensada por José R. Afonso y Kleber P. de Castro publicado por CIAT (3/2016). "...El propósito de este artículo es revisar la evolución y la composición de la carga tributaria en el país, incluyendo la re-lectura de sus nuevos indicadores...La estructura de recaudación permaneció marcada por la mala calidad, con impuestos regresivos e ineficientes." La versión original se encuentra en el siguiente enlace y adjunta la versión en portugués.
LEIA MAIS

Estadísticas Tributarias (CIAT et al.)
Estadísticas Tributarias en América Latina y el Caribe publicación elaborada conjuntamente por CIAT, la CEPAL, el BID y la OCDE (2016). "Una sólida serie de datos comparativos es crucial para facilitar el diálogo de política fiscal y la evaluación de reformas fiscales alternativas. El trabajo estadístico presentado en este sitio web tiene como objetivo proporcionar datos comparables a nivel internacional..."
LEIA MAIS

Fiscal Policy & Income Redistribution (Lustig)
Fiscal policy and income redistribution in Latin America: Argentina, Bolivia, Brazil, Chile, Colombia, Costa Rica, Ecuador, El Salvador, Guatemala, Honduras, Mexico, Peru and Uruguay by Nora Lusting, CEPAL (3/2016). "Education spending per person tends to decline with income ("pro-poor") or be the same across the income distribution. Middle-classes opting out? Tertiary education spending is equalizing except for El Salvador and Guatemala..."
LEIA MAIS

Receita Tributária ALC (CEPAL)
América Latina e o Caribe: A receita tributária tem ligeiro crescimento, mas permanece bem abaixo dos níveis da OCDE publicado por CEPAL (3/2016). "Embora a carga tributária esteja aumentando em toda a região da ALC, o relatório destaca que a média de 21,7% ainda está bem abaixo na média correspondente da OECD, de 34,4% em 2014."
LEIA MAIS

Tributação da Renda (Almeida)
Tributação internacional da renda: A competitividade brasileira à luz das ordens tributária e econômica do autor Carlos Otávio Ferreira de Almeida indicado por Aloísio Almeida."Sistemas tributários complexos ou contraditórios certamente não contribuem para a atratividade do capital. Incentivos fiscais podem ser pífios, caso não venham acompanhados por alguma coerência do sistema tributário na mesma direção. Assim é que no Capítulo IV, o leitor encontra método original para a análise de coerência e legitimidade de mecanismos de que se utiliza o Imposto sobre a Renda no Brasil, em que Carlos Otávio traz alerta precioso para falhas que estes apresentam..."
LEIA MAIS

terça-feira, 1 de março de 2016

America Latina e America do Sul: uma selecao de trabalhos - Paulo Roberto de Almeida

Apenas uma seleção rápida de alguns trabalhos que escrevi nos últimos anos sobre temas regionais, mas à exclusão de vários que tinham a ver precipuamente com integração regional ou comércio internacional.
Paulo Roberto de Almeida


RELAÇÃO DE TRABALHOS SOBRE AMÉRICA LATINA E DO SUL
(Desde 2010, até 2016)
Paulo Roberto de Almeida
Atualizada em 1 de março de 2016

(excluídos os sobre integração stricto sensu; na ordem cronológica inversa)

2827. “Siete Tesis Equivocadas sobre Brasil en el contexto latinoamericano: una relectura de las tesis de Stavenhagen aplicadas a Brasil”, Brasília, 26 maio 2015, 26 p. Paper em Espanhol, com base no esquema n. 2768, escrito originalmente em Português, a partir do trabalho n. 2795, para o Seminário: Nuevas Miradas Tras Medio Siglo de la Publicación de Siete Teses Equivocadas sobre América Latina (Colegio de México; 25-26 junio 2015). Revisão geral em Anápolis, em 3/06/2015, para inclusão de bibliografia. Revisão final, Hartford, 9/08/2015. Em publicação.

2801. “Por Que a América Latina é Pobre e a América do Norte Rica?”, Hartford, 29 março 2015, 63 slides. Apresentação em PowerPoint para a aula virtual para alunos da UEPB. Disponibilizado no Academia.edu (link: https://www.academia.edu/11712721/2801_Por_Que_a_Am%C3%A9rica_Latina_%C3%A9_Pobre_e_a_Am%C3%A9rica_do_Norte_Rica_2015_).


2795. “Sete teses equivocadas sobre o Brasil no contexto latino-americano: uma releitura das teses de Stavenhagen aplicadas ao Brasil”, Hartford, 24 março 2015, 22 p. Paper preparado para o Seminário: Nuevas Miradas Tras Medio Siglo de La Publicação Sete Teses Equivocadas sobre América Latina (Colegio de México; 25-26 junio 2015). A ser publicado em espanhol, na versão do trabalho 2827.

2788. “A grande divergência na economia mundial e a América Latina (1890-1940)”, Hartford, 9 março 2015, 23 p. Compilação dos capítulos 4 e 8, provisórios, do livro A Ordem Internacional e o Progresso da Nação. Trabalho submetido para o segundo volume de livro sobre a América do Sul, coordenado por Elisa Sousa Ribeiro e Camilo Negri. Enviado em 9/03/2015. Publicado in: Camilo Negri e Elisa Sousa Ribeiro (coords.), Retratos Sul-Americanos, vol. II: Perspectivas Brasileiras sobre História e Política Externa (Brasília: s.n., 2015, 584 p.; eISBN: 978-85-448-0269-4; p. 10-60; ASIN: B0145QOPWI; disponível na Amazon, link: http://amzn.com/B0145QOPWI; link para Bookess: http://www.bookess.com/read/23682-retratos-sul-americanos-perspectivas-brasileiras-sobre-historia-e-politica-externa-volume-ii/). Relação de Publicados n. 1202.

2731. “A América Latina na economia mundial, do século XX ao XXI”, Hartford, 14 dezembro 2014, 1 p. Texto preparado para integrar o livro Retratos sul-americanos: perspectivas sobre a história e a política externa (organizado por Camilo Negri e Elisa de Sousa Ribeiro: 17/08/2014). Publicado, sob o título de “A América Latina no cenário internacional, a um século de distância”, na Revista Eletrônica de Direito Internacional (Belo Horizonte: CEDIN, vol. 15, 2015-1, digital; ISSN: 1981-9439; link da revista: http://www.cedin.com.br/publicacoes/revista-eletronica/; link do artigo: http://www.cedin.com.br/wp-content/uploads/2014/05/Artigo-Paulo-Roberto-de-Almeida.pdf; disponível na plataforma Academia.edu, link: https://www.academia.edu/12871006/2731_A_America_Latina_no_cenario_internacional_a_um_seculo_de_distancia_2014_). Publicado sob o título original, in: Camilo Negri e Elisa de Sousa Ribeiro (Coords.), Retratos-americanos: perspectivas sobre a história e a política externa, vol. I (Brasília: s.n., 2015, 486 p.; e-ISBN: 978-85-44801-20-8; p. 10-72; disponível na Amazon, link: http://www.amazon.com.br/dp/B00U6XPZAQ; em Bookess: http://www.bookess.com/read/23001-retratos-sul-americanos-perspectivas-brasileiras-sobre-historia-e-politica-externa-volume-i/). Relação de Publicados ns. 1165 e 1179.


2583. “Temas de Política Externa: 1. O Brasil, a América do Sul e a integração regional”, Hartford, 11 março 2014, 2 p. Exercício de reflexão a propósito dos temas selecionados para os “Diálogos de Política Externa”, promovidos pelo Ministro de Estado das Relações Exteriores junto a diplomatas, funcionários públicos, acadêmicos, representantes do mundo empresarial e da chamada sociedade civil, e que deveriam servir de elementos constitutivos para um Livro Branco da Política Externa, prometido para meados de 2014. Divulgado no blog Diplomatizzando (link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/03/temas-de-politica-externa-1-o-brasil.html). Divulgado no site do Instituto Millenium (13/03/2014; link: http://www.imil.org.br/artigos/temas-de-poltica-externa-1/) e no site Dom Total (13/03/2014; link: https://domtotal.com/colunas/detalhes.php?artId=4138).

2574. “A grande marcha para trás da América Latina”, Hartford, 25 Fevereiro 2014, 34 p. Versão em Português do trabalho 2381: “La grande marche en arrière de l’Amérique Latine” (Paris, 6 Avril 2012, 28 p.); Colloque “Dépasser les dichotomies: (comment) penser autrement les Amériques?”, Paris, IHEAL, 3 mai 2012. Feita versão reduzida, sob o título de “Caminhos divergentes na América Latina: Globalizados, Reticentes e Bolivarianos”, sem atribuição. Refeito em formato reduzido, sob o título de “A grande fragmentação na América Latina: globalizados, reticentes e bolivarianos”, para a revista Carta Internacional. Mesmo texto aproveitado para compor trabalho n. 2602. Nova revisão em 16/12/2014. Publicado em Carta Internacional (Associação Brasileira de Relações Internacionais-ABRI, v. 9, n. 1, 2014, p. 79-93; link da revista: http://www.cartainternacional.abri.org.br/index.php/Carta/issue/view/10; link para o artigo em pdf: http://www.cartainternacional.abri.org.br/index.php/Carta/article/view/86/79). Divulgado no blog Diplomatizzando (22/01/2015; link: ) e no Facebook. Relação de Publicados n. 1159.

2504. “Política Internacional, Comércio Mundial, Integração na América Latina” Hartford, 7 Agosto 2013, 23 p. Entrevista concedida ao Instituto Millenium, sobre diversas questões de interesse contemporâneo; divulgada parcialmente em formato de podcast (http://www.imil.org.br/podcasts/o-brasil-ficou-para-tras-nos-intercambios-cientificos-tecnologicos/) em 24/09/2013.

2481. “Margareth Thatcher, seu legado econômico e a América Latina”, Hartford, 22 Abril 2013, 7 p. Respostas a questões colocadas por estudante de jornalismo da Unesp, para reportagem sobre o impacto da morte de Thatcher. Divulgado no blog Diplomatizzando (link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2013/04/margareth-thatcher-seu-legado-e-america.html).

2381. “La grande marche en arrière de l’Amérique Latine”, Paris, 6 Avril 2012, 28 p. Texte préparé pour servir à une conférence plénière, dans le Colloque “Dépasser les dichotomies: (comment) penser autrement les Amériques?”, Paris, IHEAL, 3 mai 2012. Révision formelle : Lugano, 20 Avril 2012; présentation en format de PowerPoint. Disponível no site: http://www.pralmeida.org/05DocsPRA/2381MarcheArriereAmLatine5.pdf. Vídeo disponível em: http://vimeo.com/43337997. Publicado no BJIR – Brazilian Journal of International Relations (vol. 1, n. 2, 2012, p. 8-37; ISSN: 2237-7743; link: http://www2.marilia.unesp.br/revistas/index.php/bjir/article/viewFile/2414/1992). Relação de Publicados n. 2381.

2091. “Volta ao mundo em 25 ensaios: 17. Por que a América Latina não decola: alguma explicação plausível?”, Brasília, 8 janeiro 2010, 3 p. Continuidade da série, examinando a estagnação e o atraso da região no confronto com as demais. Revisão em Shanghai, 14.04.2010. Publicado em Ordem Livre (30 de agosto de 2010); postado no blog Diplomatizzando (link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2010/09/por-que-america-latina-nao-decola-paulo.html). Reproduzido em Via Política (29.11.2010) e em Dom Total (9.12.2010; link: http://www.domtotal.com/colunas/detalhes.php?artId=1708). Relação de Publicados n. 988.

sábado, 10 de outubro de 2015

La historia de America latina, al alcance de todos - Coleccion Fundacion Mapfre - Carlos Malamud

Participei de um dos volumes, com um artigo sobre o reconhecimento da independência do Brasil pela Espanha:

Paulo Roberto de Almeida,
“Brasil”. In: Malamud, Carlos (coord.). Ruptura y Reconciliación: España y el
reconocimiento de las independencias latinoamericanas (Madrid: Ed. Taurus y
Fundación Mapfre, 2012, 402 p.; Serie Recorridos n. 1; América Latina en la Historia
Contemporánea; p. 199-212; ISBN: 978-84-306-0940-6 (Taurus); 978-84-9844-392-9
(Mapfre); links: http://www.editorialtaurus.com/es/libro/ruptura-y-reconciliacion/;
http://www.pralmeida.org/01Livros/2FramesBooks/MalamudEspana2012.html);
Academia.edu (link:
https://www.academia.edu/5794752/092_Brasil_reconocimiento_de_la_independencia_por_Espana_2012_). Relação de Publicados n. 1078. Relação de Originais n. 2112.

Coleccion America-Latina H.Contemporanea

Claves del Portal de Historia Fundación Mapfre

La historia de América latina, al alcance de todos

Infolatam
Madrid, 9 de marzo de 2014
Las claves
  • La web aspira a ser un foro, sobre todo a través del blog, que propicie la vinculación, un lugar de encuentro para los interesados en la historia latinoamericana.
Una historia de América latina escrita por latinoamericanos y puesta al alcance de todos. Ese es el gran objetivo que persigue el Portal de Historia Fundación Mapfre. La historia de Latinoamérica está ya en la web con contenidos frescos, novedosos y que se van a estar constantemente renovando.
El portal crea un espacio accesible a todos y abierto al debate histórico incluidos temas de actualidad. Un Portal que además es trilingüe (español, portugués e inglés) y que está estructurado en tres secciones: la Colección, que supone una sistematización online del proyecto editorial Colección América Latina en la Historia Contemporánea.
El Blog, un punto de encuentro de las opiniones e ideas de especialistas, que debaten sobre la relectura de los hechos históricos que vinculan entre sí a las naciones latinoamericanas.
Carlos Malamud, catedrático de la UNED y coordinador del portal, recuerda que “aquí se encuentran post de historiadores sobre temas concretos o post centrados en temas especiales y monográficos como el que acabamos de dedicar a los problemas limítrofes a raíz de la reciente sentencia de La Haya sobre al controversia entre Chile y Perú”.
La web cuenta con tres secciones: la Colección de Historia de América latina, el Blog y los Archivos. Pronto se añadirán la Biblioteca Digital y otra de Fotografía
La web aspira a ser sobre todo a través del blog un lugar de encuentro para los interesados en la historia latinoamericana. El blog busca ser un espacio desde donde trabajar la visión de conjunto de la región, un agente dinamizador de la divulgación sobre la historia,
“Asimismo está previsto que en este 2014 haya dossieres especiales dedicados, entre otras cosas, a “América latina y la I Guerra Mundial” con ocasión del primer centenario de comienzo del conflicto y otro a “América latina y el fútbol” con ocasión de la disputa del Campeonato del Mundial en Brasil”, comenta Malamud.
Y por último, en el portal se encuentra la sección Archivos, una base de datos que da acceso a más de 1.000 registros y enlaces que sirven para facilitar el acceso al conocimiento de los fondos archivísticos latinoamericanos.
Además en el futuro cercano está previsto que el portal se amplíe con una sección de la Biblioteca Digital y otra de Fotografía, donde se recopilan los volúmenes dedicados a la historia de la fotografía de cada uno de los países.
El Director del Área de Cultura de FUNDACIÓN MAPFRE, Pablo Jiménez Burillo, recuerda que la Fundación Mapfre lleva desde los años 80 impulsando el conocimiento de América latina desde múltiples puntos de vista, en especial cultural e histórico, apoyando, por ejemplo, la digitalización de fuentes. El objetivo del portal ha sido aprovechar todo el trabajo acumulado durante décadas adaptándolo a las nuevas tecnologías y al mundo actual de las nuevas tecnologías de la información y la comunicación.
La Colección América Latina en la Historia Contemporánea
La Colección América Latina en la Historia Contemporánea es sin duda el gran tesoro del portal donde se ha buscado “abordar una historia integral y global de América latina con una visión novedosa y moderna. Hacer una historia de Latinoamérica en que cada capítulo tenga sentido en sí mismo. Hemos reunido a 400 historiadores que abanrcan toda la diversidad geográfica, académica e ideológica con el objetivo de tener una visión muy plural y contrastada”, comenta Jiménez Burillo.
Coleccion America-Latina H.Contemporanea
Coleccion America-Latina H.Contemporanea
“Es una historia de América latina vista como una unidad, una visión continental sin perder la singularidad de cada país en donde -subraya Jiménez Burillo- se une lo particular con lo general. Eso es lo más novedoso. La obra tiene una perspectiva global que permite comparar la evolución por periodos y por materias”.
Esta Colección cuenta además las historias nacionales y de los países que han tenido una intensa relación con la región. Aborda temáticas comunes (política, relaciones internacionales, economía, demografía y sociedad y Cultura) y tiene volúmenes especiales monográficos que analizan aspectos importantes para comprender la historia latinoamericana.
Daniel Restrepo de FUNDACIÓN MAPFRE, recuerda que “la colección “América Latina en la Historia Contemporánea” ofrece una visión sintética y rigurosa de los principales acontecimientos y procesos históricos de cada uno de los países que fueron incluidos, desde su inicio como naciones independientes hasta la actualidad”.
Todos estos temas se abordan en cinco volúmenes con el siguiente corte cronológico: “1808-1830. Crisis imperial e independencia”, “1830-1880. La construcción nacional”, “1880-1930. La apertura al mundo”, “1930-1960. Mirando hacia adentro” y “1960-2000. En busca de la democracia”.
Además, sobre cada uno de estos países se publica un libro adicional que realiza un recorrido por su historia a través de una cuidada selección de fotografías.
“La gran revolución de Mapfre es impulsar una historia de la región escrita por latinoamericanos. No es una histaria de América latina al uso sino de una América latina insertada en el mundo por eso se estudian también cómo fiueron las relaciones entre España, Francia, Estados Unidos, Reino Unido con Latinoamérica”, añade Malamud.
Está dirigida al gran público, a profesionales de la historia estudiantes y público en general con un lenguaje cuidado. No es una obra de una determinada escuela historiográfica pues se ha buscado que haya una amplia diversidad y representación de tendencia. En cada país hay un coordinador nacional y unos coordinadores de cada volumen que han elegido, de forma autónoma, a los autores de los capítulos.
Etiquetas:

quarta-feira, 29 de julho de 2015

BNDES: a mao invisivel da corrupcao na America Latina - Brio Watchdog


Estarrecedor, como diria alguém...
Um trabalho de dois anos com 17 pessoas (jornalistas, advogados, cientistas politicos).
Paulo Roberto de Almeida

Por Brio Watchdog

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) está na boca do povo, mesmo que pouca gente saiba muito sobre ele. Nos protestos pelas ruas do Brasil, no Congresso Nacional, na selva amazônica do Peru ou nas terras baixas da Bolívia, em Buenos Aires ou nas reuniões das maiores empresas nacionais e estrangeiras, o dinheiro que sai dos cofres de um dos mais importantes financiadores do mundo está na pauta. Todos querem saber o que acontece com as verbas do contribuinte brasileiro usadas para bancar projetos em outros países. 
Para jogar luz no assunto, BRIO convidou 17 profissionais — entre repórteres, fotógrafos, infografistas e cineastas — na Argentina, Bolívia, Equador, Panamá, Peru e Venezuela, países nos quais foi possível levantar documentos e dados de interesse público, em meio a uma cultura de sigilo. Engenheiros, advogados, diplomatas, economistas, cientistas políticos, antropólogos, entre outros, foram convidados para analisar os dados. Uma equipe de filmagens viajou mais de 9.000 quilômetros para registrar o trabalho dos jornalistas e especialistas.
Nas próximas páginas, as descobertas são relatadas em seis capítulos, um para cada país. Primeira constatação. Alguns dos projetos com financiamento do BNDES seguem primeiro critérios políticos, mas não levam em conta estudos sobre custos, impactos sociais e ambientais. Na definição de um documento do Itamaraty obtido por BRIO por meio da Lei de Acesso à Informação: "Conviria revisar cuidadosamente os parâmetros para a aprovação dos financiamentos".
Na Argentina, o BNDES financiou 85% da compra de 20 aviões da Embraer pela Austral, uma subsidiária da Aerolineas Argentinas. Foi um negócio de mais de US$ 700 milhões. Ocorre que, mesmo antes de o contrato ser assinado, funcionários do governo argentino apresentaram indícios de sobrepreços. Pilotos chegaram a se reunir com o então ministro do Planejamento para apresentar algumas planilhas de custos. Ouviram como resposta: "É um acordo entre Lula e Cristina".
Hoje, o contrato é investigado, sob suspeitas de superfaturamento, pela Justiça da Argentina, pelo FBI e pelo Departamento de Estado Norte-Americano. Segundo os investigadores, uma empresa de consultoria foi usada para receber propina. Há suspeitas de pagamentos no Brasil. Como provam documentos revelados por BRIO, também existem indícios de propina para um ex-ministro dos Transportes e um assessor informal do governo argentino. Foi esse assessor fantasma, que nunca foi oficialmente nomeado para nenhum cargo no governo, quem negociou com o BNDES.
Quando os interesses políticos desconsideram os critérios técnicos, os financiamentos do BNDES se envolvem em polêmica.
Na Venezuela, BRIO descobriu que o governo brasileiro tratou de uma mudança da lei local para garantir o aumento de endividamento e de financiamentos. Como escreveu um funcionário brasileiro em documento que agora se torna público: "As empresas reconhecem que, para a realização desses investimentos, tem sido fundamental o bom momento que se atravessa no plano político bilateral, impulsionado pela estreita relação entre os Presidentes".
Uma das obras com financiamento é considerada fundamental para resolver a crise de transportes na capital venezuelana. Trata-se da Linha 5 do metrô de Caracas, que teve seu orçamento aumentado em três vezes o valor inicial e está seis anos atrasada.
Não se trata de demonizar a política, necessária na definição de projetos e de políticas públicas. Mas regras claras e transparentes são necessárias justamente para que critérios técnicos sejam seguidos na aplicação dos recursos.
Como definem os cientistas políticos Gretchen Helmke e Steven Levitsky: instituições são regras e procedimentos que estruturam interações sociais ao restringir e incentivar comportamentos. Essas instituições podem ser formais, comunicadas por escrito ou leis, ou informais, muitas vezes criando comportamentos não oficiais. Na América Latina, não é raro que as instituições informais se sobreponham às formais.
Projetos financiados com dinheiro brasileiro também geraram crises diplomáticas e afetaram a imagem de empresas nacionais. É muito conhecida a história de como o governo do Equador expulsou a construtora Odebrecht e abriu uma disputa jurídica contra o BNDES em uma corte internacional, por conta de problemas em uma hidrelétrica financiada pelo banco. O que não se sabia foi como isso tudo se resolveu.
Após um pagamento de milhões de dólares por parte da Odebrecht, um acordo foi assinado para que todas as investigações envolvendo diretores brasileiros fossem engavetadas, assim como o caso envolvendo o BNDES em uma corte arbitral de questões comerciais. Nesse caso, dinheiro privado foi utilizado para ajudar o banco público. A construtora exigiu o fim da disputa entre o Equador e o BNDES como uma das condições para realizar o pagamento milionário. Ocorre que a Odebrecht é a maior beneficiária dos empréstimos do BNDES no exterior. Entre 2007 e 2014, a empresa ficou com 70% de todos os financiamentos desse tipo.
Por fim, são as populações mais vulneráveis justamente as mais afetadas. No Equador, milhares de famílias ficaram sem água e viram suas atividades econômicas sumirem. Na Bolívia, os índios que se opuseram ao projeto financiado pelo Brasil — que contrariava a própria Constituição Nacional — foram agredidos pela polícia, em um marco da democracia boliviana sob o presidente Evo Morales.
No Peru, uma rodovia serviu para turbinar o tráfico de drogas e contrabando de ouro, além de ser alvo de críticas por problemas ambientais. De acordo com diferentes organizações locais, parte da obra foi financiada pelo BNDES. Depois de anos de questionamentos, o banco negou ter financiado a obra. Os financiamentos no país vão para as empresas investigadas no Brasil. Documentos inéditos mostram suspeitas de pagamentos de propinas a políticos peruanos.
O fato é que os desembolsos fizeram parte de uma estratégia do governo federal, iniciada sob o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010). Entre 2001 e 2010 houve um salto nos financiamentos para empresas brasileiras atuarem no exterior. Ao mesmo tempo em que o governo apoiou a internacionalização de grandes empresas, o Brasil tinha o objetivo de fortalecer os países da América do Sul e sua relação com o mundo, o que seria feito por meio de uma infraestrutura mais eficiente. 
Um maior grau de transparência pode ajudar a melhorar a imagem das empresas brasileiras e do BNDES, afetada nos últimos anos na América Latina, o que abriu espaço para a concorrência, especialmente da China. Diz o economista Dante Sica, o mais reconhecido brasilianista da Argentina: "Nosso principal erro, em matéria de países, é que enfrentamos a erupção da China de maneiras separadas e com agendas individuais, e isso também tem que ser tema de debate".
No dia 2 de junho, o banco começou a divulgar dados sobre os financiamentos feitos no exterior. A partir de agora, haverá informações sobre os projetos, valores envolvidos, garantias e número de anos até o pagamento. A decisão coincide com esta investigação, iniciada por BRIO em 26/03/2013. Diz o pedido feito naquela data, por meio da Lei de Acesso à informação: “Solicita-se cópia ou acesso à tabela de financiamentos para exportação entre 2006 e 2013, separado por país de destino, empresa que recebeu o financiamento, valor do financiamento, ano da assinatura do contrato e projeto financiado”. As informações divulgadas agora são muito semelhantes.
Nesses dois anos, o BNDES e o governo brasileiros se esforçaram para manter as informações sob sigilo, mesmo que técnicos do próprio governo defendessem a divulgação dos dados, sob alegação de que o dinheiro é público e, portanto, o acesso a eles é garantido pela Constituição (nada muito diferente do que ocorre nos Estados Unidos, por exemplo, segundo o documento). Mesmo assim, um conselho dos principais ministros do governo Dilma Rousseff (como Casa Civil e Justiça) se reuniu para garantir o sigilo das operações. Sete assinaram o documento.
O passo dado pelo BNDES é importante e louvável. Nem todos os dados foram divulgados, mas o banco se propõe a atualizar as informações. Mesmo assim, ainda existem dúvidas. Dados publicados pelo BNDES divergiam dos financiamentos informados oficialmente pelo governo venezuelano, por exemplo. É o caso da Linha 5 do metrô de Caracas, investigada neste trabalho. A diferença entre os valores oficiais do financiamento divulgados pelo Brasil e pelo país vizinho chegava a quase US$ 150 milhões. O BNDES alterou a informação no site.
Coordenado por Fernando Mello, cofundador de BRIO, Matheus Leitão, e na parte de vídeos, pela Olé Produções, este projeto tem o apoio da fundação Open Society. As respostas completas do banco e das empresas estão no último capítulo, além de estarem nos capítulos específicos de cada país. Para conhecer todos os resultados da investigação, a história começa a seguir. Basta se cadastrar no site.







segunda-feira, 8 de junho de 2015

A América Latina no cenario internacional, a um seculo de distancia - Paulo Roberto de Almeida

Mais recente artigo publicado:


A América Latina no cenário internacional, a um século de distância 
Revista Eletrônica de Direito Internacional  
Belo Horizonte: CEDIN, vol. 15, 2015-1, digital; ISSN: 1981-9439
Relação de Originais n. 2731.
Relação de Publicados n. 1179.