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quarta-feira, 10 de julho de 2013

Abrindo os arquivos americanos sobre a ditadura militar - James Green e Sidnei Munhoz

Meus colegas e amigos acadêmicos James Green e Sidnei Munhoz estão conseguindo fazer, pelo menos em parte, o que eu tentei e não consegui fazer durante minha estada em Washington, entre 1999 e 2003: copiar os arquivos americanos contemporâneos sobre o Brasil.
Assim que cheguei na Embaixada do Brasil em Washington, ajudei a organizar duas reuniões com brasilianistas, e já a partir da primeira, minha proposta foi adotada: efetuar um balanço global da produção brasilianista desde a disseminação do fenômeno no segundo pós-guerra.
O resultado pode ser visto nos dois livros publicados:
O Brasil dos Brasilianistas: um guia dos estudos sobre o Brasil nos Estados Unidos (1945-2000)
(São Paulo: Paz e Terra, 2001)
e
Envisioning Brazil: A Guide to Brazilian Studies in the United States
(Madison: University of Wisconsin Press, 2005)

O outro projeto consistia, justamente, em copiar os arquivos americanos sobre o Brasil, uma tarefa imensa, que requereria pessoal e bastante dinheiro. Depois de visitar os National Archives and Record Administration (NARA) solicitei, por telegrama oficial, 70 mil dólares ao Itamaraty, explicando do que se tratava, mas não tive sequer resposta. Entendi. Ai pedi apenas 4 mil dólares, para copiar os manuscritos da Biblioteca Oliveira Lima sobre o Brasil colonial, que por sinal já tinham sido copiados em 1949, sob recomendação do historiador José Honório Rodrigues, mas o microfilme, enviado ao Itamaraty, já estava dado como perdido há muitos anos. Ninguém, nem mesmo o diplomata que copiou esses manuscritos, Mário Calabria, se lembrava disso (eu ainda não tinha nascido, mas li a correspondência nos arquivos oficiais).
Bem, não tive nada do que queria, mas tive a sorte de conhecer o grande bibliófilo brasileiro José Mindlin, que passou por Washington para uma palestra na Library of Congress. Não sem alguma cara de pau, considerando-o um mecenas generoso, achaquei-o devidamente, explicando meu projeto, não mais de copiar arquivos (pois isso requereria verbas e estrutura de que não dispunha), mas de fazer um levantamento completo de todos os arquivos americanos sobre o Brasil. Mindlin me conseguiu 20 mil dólares, através da Fundação Vitae.
O dinheiro foi aplicado na compra de um computador laptop, um scanner, e talvez uma máquina fotográfico (mas aqui já não me lembro). Paguei um salário de fome a um pós-graduando de história morando nos EUA, Francisco Rogido, mobilizei (desviei seria o termo mais exato) estagiários brasileiros e americanos fazendo estágio na Embaixada brasileira em Washington (talvez fazendo tarefas mais nobres) e coloquei-os para identificar e descrever os arquivos americanos sobre o Brasil, em diversas instituições oficiais, universitárias e privadas, o que envolvia um bom número delas, espalhadas de costa a costa.
O material foi recolhido sob minha direção, ficou pronto já em 2002, e como também ocorre em determinadas circunstâncias, demorou séculos para ser editado pelo Itamaraty. Mas está disponível neste link do meu site:
Guia dos Arquivos Americanos sobre o Brasil
e pode ser downloadado neste link: http://www.pralmeida.org/01Livros/2FramesBooks/66GuiaArquivos2010.html
Paralelamente, eu fazia contatos com historiadores em diversas instituições para identificar fontes e materiais suscetíveis de serem copiados. Foi assim que cheguei, em 2001, ao "chief historian of the CIA", já com a intenção de copiar o material da CIA sobre o golpe de 1964.
As tratativas estavam avançadas e até almocei com o historiador -- que por acaso era um brasilianista, Gerald K. Heines, cujo livro eu conhecia: The Americanization of Brazil, sobre os anos Dutra e o segundo governo Vargas -- num clube de Washington, e tínhamos prometido fazer um projeto logo mais adiante.
Bem, logo mais adiante veio o Onze de Setembro e todos os arquivos, sobretudo os confidenciais, se fecharam, de uma maneira acintosa (tanto que o presidente George W. Bush chegou a ser processado pela Association of American Historians, por cerceamento de acesso a arquivos já abertos), e não tive mais condições de prosseguir com meus insidiosos projetos.
Depois fui embora e nunca mais tratei desses arquivos, a não ser continuar sempre tentando estimular projetos de levantamento, identificação e cópia, e procurando editar o livro acima que ficou parado um bom tempo.
Por isso, fico contente de saber deste projeto abaixo, cujos resultados espero conhecer em tempo hábil. Haverá um site, bilingue, que informarei aqui, assim que possível.
Boa sorte a todos, meus parabéns ao James Green e ao Sidnei Munhoz, dois historiadores amigos, e a todos os participantes do projeto.
Paulo Roberto de Almeida
Hartford, 10/07/2013

Opening the Archives Project
 James Green, Sidnei Munhoz
(recebido em 10/07/2013)

O Projeto “Opening the Archives: Access to Information, Memory, and Justice Thirty Years After the End of the Brazilian Military Dictatorship”(Abrindo os arquivos: acesso à informação, memória e justiça 30 anos após o fim da ditadura militar brasileira) foi idealizado pelo professor James N. Green, da Brown University e contou na coordenação com a parceria do professor Sidnei Munhoz, da UEM.
O projeto tem por objetivo resgatar a documentação existente nos EUA que possa auxiliar a melhor compreensão do processo que desencadeou o golpe civil-militar de 1964 e possibilitou a instauração  do regime ditatorial que governou o Brasil por 21 anos. A pesquisa ainda tem por objetivo, com o envolvimento de professores e estudantes do Brasil e dos EUA, auxiliar a Comissão Nacional da Verdade, instituída pela presidenta Dilma Rousseff. O projeto é resultado de uma parceria entre a UEM e a Brown e ainda tem o National Archives (EUA) e o Arquivo Nacional (Brasil) como co-parceiros. Para o sucesso do projeto foi fundamental o envolvimento da administração da Brown e da UEM. Na UEM o projeto contou com o apoio da reitoria e da Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-graduação e ainda recebeu a colaboração da PJU (Procuradoria Jurídica)e do ECI (Escritório de Cooperação Internacional).
As atividades do projeto tiveram início no ultimo domingo dia 2 com um jantar de confraternização organizado pelo professor James Green, mentor do projeto e nosso principal parceiro na Brown University. Participaram da atividade todos os integrantes do projeto. A atividade teve como objetivo promover a apresentação e a integração entre os participantes do grupo de pesquisa.
Na segunda feira, dia 3, fomos recebidos por diretores setoriais do Nara (National Archives & Record Administration) que nos apresentaram o as instalações da instituição e nos forneceram as informações introdutórias para o desenvolvimento das nossas atividades, com a atenção especial de William A. Mayer, Executive Director of Research Services, que é responsável pelo Arquivo Nacional em Washington e quinze outros arquivos em várias partes dos Estados Unidos.  Na ocasião recebemos do Nara uma sala exclusiva para as nossas atividades durante esta parceria, fato inédito na instituição.
Na terça-feira no período da manhã fomos conhecer as Instalações do National Security Archives (sediado na George Washington University). Na ocasião, fomos recebidos por Peter Kornbluh, um dos diretores e analista sênior da instituição e assessor da Comissão Nacional da Verdade no Brasil. Entre outras atividades, Kornbluh é autor do livro The Pinochet File: A Declassified Dossier on Atrocity and Accountability. O livro foi considerado pelo Los Angeles Times como o melhor livro publicado nos EUA em 2003.
Ainda no dia 4, a pesquisadora e ativista brasileira Janaina Teles fez uma apresentação sobre o seu livro Mortos e desaparecidos políticos: reparação ou impunidade que relata as atrocidades cometidas pela ditadura militar brasileira, inclusive contra a sua própria família. Janaina Telles tem auxiliado a Comissão Municipal da Verdade de São Paulo e a sua obra tem desempenhado um importante papel nesse processo. Kornbluh ofereceu em sua residência um jantar para os professores james Green, Sidnei Munhoz, Janaina Telles e Nina Schneider da Universität Konstanz (Alemanha). A professora alemã tem estudado o regime ditatorial brasileiro e a atual Comissão Nacional da Verdade. A recepção foi fantástica e Kornbluh mostrou-se um verdadeiro chef. Tudo Impecável!!!
Na quarta feira pela manhã tivemos uma reunião de orientação dos procedimentos técnicos do Nara coordenada por David Langbert, arquivista com trinta cinco anos de experiência e a pessoa responsável para os arquivos com o código 59, que são todos os documentos produzidos pelo Departamento do Estado, que se enfileirados totalizam 709 kilometros de material.
Após a reunião a equipe iniciou efetivamente os trabalhos de consulta e de digitalização dos documentos produzidos pela diplomacia dos EUA sobre o Brasil no período que antecede o Golpe civil-militar de 1964 e sobre os primeiros anos da ditadura. A documentação está organizada em dois grandes acervos: um relacionado à documentação produzida pelo Departamento de Estado ou por ele recebida da embaixada e dos consulados dos EUA no Brasil; o outro é composto por documentos de diferentes origens e distintos órgãos governamentais ou de instituições civis dos EUA. Toda a equipe está muito animada com o projeto que a cada dia ganha uma dinâmica mais poderosa e envolvente.
Na sexta-feira dia 7, os professores James Green e Sidnei Munhoz e os estudantes do Programa de Pós-graduação em História da UEM Priscila Borba e Antonio Bianchett foram recebidos na embaixada do Brasil em Washington. Participou ainda da reunião a estudante Emma Wohl da Brown que falou em nome dos estudantes estadunidenses envolvidos no projeto. Na embaixada fomos recebido por Pedro Saldanha, conselheiro da Divisão de Educação, Raphael Tosti, chefe da Divisão Cultural e por Maricy Schmitz , assistente técnica da Divisão de Educação.
Na ocasião falamos sobre a importância do projeto e pedimos o apoio do governo brasileiro para a continuidade dessa atividade. Fomos recebidos com simpatia e cordialidade pela equipe da embaixada que demonstrou grande entusiasmo pelo projeto e ficou de encaminhar os resultados do encontro ao embaixador que se encontrava em viagem.

Segue abaixo a relação da equipe toda vinculada ao projeto: 
James Green (Coordenador); Sidnei Munhoz (Coordenador); Estudantes da Brown University: Adam Waters; Emma Wohl; Michael Hoffmann; John Ford Beckett; Kevin Leitão; André Pagliarini; Erika Manouselis; Clemente Ben Vila; Nicole Cacozza; 
Estudantes da UEM: Antonio Batista Bianchet Jr.; Priscila Borba da Costa

LEGENDA DA FOTO NA EMBAIXADA:

Da esquerda para direita: Raphael Tosti (Segundo Secretário), Antonio Bianchet (pesquisador - UEM), Emma Wohl (pesquisadora - Brown), Sidnei Munhoz (Professor responsável pelo projeto - UEM), James Green (Professor responsável pelo projeto - Brown), Priscila Borba (pesquisadora - UEM), Pedro Saldanha (Conselheiro da Embaixada), Maricy Schmitz (Assistente técnica da Seção de Educação).

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Brazil and the US, a special report by Financial Times (May 16, 2013)


see link: http://www.ft.com/intl/cms/d6a32ef0-bc43-11e2-a4b4-00144feab7de.pdf

Dear Henry, dear Antonio: a correspondencia Kissinger-Silveira (ePublica)

14/05/2013 11:00:52


No dia 22 de agosto de 1975, o ministro de Relações Exteriores do Brasil, Antônio Azeredo da Silveira, escreveu mais uma longa carta para seu colega Henry Kissinger, que havia meia década ditava a política externa americana. As dezenas de cartas trocadas entre os dois são carregadas de um afeto pouco comum em correspondências diplomáticas, e Silveira sempre as iniciava com um “Meu querido Henry”. Nessa carta, porém, o embaixador brasileiro deixa clara sua admiração.
Apesar de não podermos nos dar ao luxo de prazeres puramente intelectuais, eu quero te dizer, candidamente, que a franca e honesta troca de cartas tem sido, entre os problemas desconcertantes que nos afligem, uma fonte de satisfação no meu trabalho como ministro brasileiro das relações exteriores. 
Saudações afetuosas, Antônio
A carta marcava o fim de uma longa e próxima aliança entre os governos dos EUA e do Brasil – selada pela relação pessoal entre Kissinger e Silveira – que incluir articulações em diversos temas. Pouco depois de se conhecerem, em 1974, os dois se uniram refrear a volta de Cuba à OEA (de onde for a expulsa em 1962) como queriam países como México, Venezuela e Colômbia. O Brasil servia, na visão do secretário americano, como linha de apoio à sua política em relação a Cuba. Conseguiram, assim, moderar os países mais ansiosos por comercializar com a ilha comunista, protelando por um ano o fim do embargo na OEA, que impunha a proibição a qualquer país-membro de manter relações com Cuba.
Nas dezenas de documentos constantes da Biblioteca de Documentos Diplomáticos dos EUA, ou PlusD, do WikiLeaks, sobre o assunto, o governo brasileiro se mostra ainda mais radical do que os EUA, em relação à questão cubana; teve de ser convencido pelo próprio Kissinger a ter uma postura mais maleável nas negociações. A correspondência de 1975, Silveira defende medidas mais duras contra Cuba, chegando a repreender o amigo pelo fim das restrições de comércio entre subsidiárias de empresas americanas com Cuba.
A medida era vista pelo governo brasileiro como uma mudança de postura dos Estados Unidos – dentro da política de deténte, de amenização das tensões da guerra fria – que seria prejudicial à América do Sul. “Para nós, as questões fundamentais são, nesta ordem: 1) Se Cuba não constitui mais uma ameaça para a segurança dos outros membros do Tratado [do Rio, que estabelece a defesa recíproca dos membros da OEA], deixando de intervir diretamente ou indiretamente nos seus assuntos internos 2) Se Cuba está disposta a cooperar com outros países do sistema internamericano, adotando firmes compromissos nesse sentido”.
Desde o início de 1974, países latinoamericanos crescentemente descontentes com o embargo imposto dentro da OEA ameaçavam retomar relações comerciais, e com isso enfraquecer o Tratado do Rio. Em julho, Washington recebeu a notícia de que Colômbia e Venezuela estavam discutindo a adoção de uma medida unilateral em relação à Cuba. Em resposta, o chanceler da Costa Rica, Gonzalo Facio, iniciou uma empreitada em prol de uma reunião da OEA para levantar o embargo. Estava em jogo o esvaziamento do tratado do Rio, e portanto da própria OEA.
E os russos estavam cansados de Cuba
Por trás da iniciativa venezuelana estava, segundo contou seu próprio presidente, Carlos Andres Perez, a mão da União Soviética, que queria “se livrar do peso” de suprir petróleo a Cuba. “O que a URSS quer é parar de enviar o seu petróleo para Cuba e fazer com que a Venezuela se torne o principal fornecedor”, disse Perez em uma conversa privada com o embaixador dos EUA, Robert McClintock.
Segundo ele, os russos haviam traçado três possibilidades para essa estratégia. “Uma delas é engajar o governo espanhol, que mantém relações econômicas lucrativas com Cuba, sugerindo que o petróleo da Venezuela seja transferido para Cuba via Espanha, e os soviéticos completem a quantidade enviando o seu petróleo diretamente para a Espanha”. Outra opção seria estabelecer uma refinaria com petróleo venezuelano na antiga Ioguslávia, que seria exportado refinado para Cuba. “No entanto, a manobra mais fascinante dos soviéticos descrita pelo presidente Perez é a crescente pressão sobre Castro para que ele se reintegre ao sistema interamericano (…) suspendendo o bloqueio economico”, relatou o embaixador McClintock no dia 22 de julho.
É nesse momento que Kissinger se volta para o Brasil. No dia seguinte, pediu a seu embaixador em Brasília, Hugh Crimmins, que marcasse “uma reunião urgente” com Silveira. “Fatos recentes nos levam a esperar um desafio iminente e sério à manutenção das sanções na OEA”, escreveu Kissinger. “Conforme nosso acordo de ficar em contato com o governo brasileiros sobre esse assunto, queremos compartilhar nossas avaliações sobre a situação e consultá-los sobre novos passos”. Reiterando que a posição dos EUA “não havia mudado”, escreve: “Nossos objetivos imediatos são dois: A) Suspender qualquer defecção unilateral das sanções e B) Evitar qualquer reunião formal multilateral para tratar do assunto neste momento. Se necessário, podemos indicar que não vamos nos opor a uma reunião do conselho permanente da OEA para debater a questão das sanções a Cuba no final do ano – no fim de novembro ou dezembro”.
O americano apostava, com razão, que o governo Geisel não engoliria uma vitória diplomática de Fidel Castro. Não errou. O próprio Silveira explicaria que o pesadelo dos militares brasileiros era a volta de Cuba à OEA – o Brasil não queria de forma alguma restabelecer laços com o país. Silveira achava que “a real grande questão – readmissão ao sistema, com todos os seus problemas e implicações, não está recebendo atenção”, relatava o embaixador Hugh Crimmins em 30 de outubro. Ele mesmo já havia explicado em outro desapacho que, para os militares brasileiros, a discussão sobre o fim do embargo estava andando “com demasiada rapidez”. O assunto havia sido discutido no Conselho de Segurança Nacional em agosto, revitalizando, segundo Crimmins, “a linha mais dura, ou pelo menos mais cautelosa, do Ministério de Relações Exteriores sobre Cuba”.
A estratégia de Kissinger de não confrontar publicamente a empreitada agindo contra ela sorrateiramente e aproveitando-se do sentimento brasileiro foi bem-sucedida. No final do ano, como queriam os americanos, a questão foi levantada na reunião da OEA em Quito (de 8 a 12 de novembro) e os pró-Cuba foram derrotados na votação. Durante os meses que precederam a reunião, Kissinger manteve estreito contato com Silveira, através de cartas, encontros pessoais e da visita de um enviado especial a Brasília, o subsecretário para temas interamericanos Harry Shlaudeman.
Inteligência intuitiva”
Segundo o historiador Mathias Spektor, autor do livro “Kissinger e o Brasil”, Kissinger costumava brincar com seu colega brasileiro: “Você temuma inteligência intuitiva de primeira classe. Eu tenho uma inteligência analítica de primeira classe e uma inteligência intuitiva de terceira”.
Os dois se conheceram em 16 de abril de 1974, pouco depois de Silveira assumir o Itamaraty a convite do general Geisel, que assumia a pesidência do Brasil. No primeiro encontro, o americano soltou uma provocação, sua marca registrada: “Eu tive dificuldades com seu predecessor porque ele sempre falava de Cuba comigo. Qual é a sua opinião?”. “O senhor vai ter uma surpresa”, respondeu Silveira. “Cuba (…) é um problema de segurança do Estados Unidos. É uma ponta de lança contra vocês (…) Nunca mais vou falar de Cuba com o senhor, é o senhor quem vai querer falar de Cuba comigo’”. Segundo Mathias Spektor, trinta anos depois, Kissinger ainda repetiria que Silveira fora “incrivelmente brilhante” naquele dia.
Pouco depois, enviaria a primeira carta pessoal.
Caro Antônio,
Quero dizer-lhe quanto apreciei encontrá-lo e as nossas valiosas conversas… Tenho firme convicção de que devemos manter estreito contato em toda gama de assuntos de relevância para nós dois. Valorizo, mais do que sou capaz de demonstrar, a fraqueza com a qual você discutiu vários problemas comigo, incluindo a questão cubana, e você pode contar com igual fraqueza da minha parte… Escreverei para você novamente, de tempos em tempos, e anseio por dar continuidade à nossa estreita relação pessoal, que teve início tão auspiciosamente na semana passada, em cooperação.
Saudações afetuosas, Henry.
Nascia um vínculo pessoal que teria enorme importância para as relações Brasil-Estados Unidos. Para Mathias Spektor, Kissinger reafirmava o “desejo do governo americano de manter relações ‘especialmente próximas’ com o Brasil”, mas “insistia num arranjo, de facto, sem publicidade e sem manifestações públicas de alto perfil”. A chave era a amizade com Silveira.
No final de setembro de 1974, a relação entre os dois estaria mais estreita do que nunca. Em meio aos conchavos para impedir o fim do embargo a Cuba na OEA, Silveira viajou para os EUA, onde foi recebido pelo presidente Ford e se reuniu com Kissinger duas vezes – no Departamento de Estado, para um almoço oficial, e em Nova York, para um encontro informal.
Sra Kissinger e Sra Silveira se conhecem
Siliveira se referiu ao encontro em uma carta de 16 de outubro.
Meu querido Henry, desta vez você não estará em posição de me culpar por não responder as suas cartas. Eu recebi a sua mensagem (…) e estou muito grato. Aprecio muito a sua atenção em escrever para mim em meio ao trabalho preparatório para sua viagem ao Oriente Médio. Meus parabéns pelo sucesso alcançado, o que para mim jamais é uma surpresa”, escreveu, acrescentando: “Quero agradecer pela sua generosidade em me receber em Nova York no dia 23 de setembro. Minha esposa apreciou profundamente conhecer a Sra Kissinger, charmosa como sempre. Eu, da mesma maneira, considero como altamente recompensadora a troca de visões que tivemos naquela ocasião, e a franca e abrangente conversa que tivemos no almoço no Departamento de Estado, no dia 28 de setembro, foi particularmente útil.
Em resposta, Kissinger escreveu: “Querido Antônio: Muito obrigada pela sua resposta à minha carta. Você foi, como sempre, gracioso e direto. Nosso encontro de 23 de setembro em Nova York foi realmente muito agradável. Nancy e eu gostamos muito de conhecer a Sra Silveira. Nós dois esperamos ansiosamente retomarmos nossos contatos no próximo ano”.
Naquele almoço, ficou decidido que as consultas sobre a questão cubana deveriam ser mais frequentes e diretas. Kissinger explicou que, se era inevitável uma mudança na OEA, “seria mais fácil que os EUA seguissem uma maioria” em vez de mudar de posição. Manteriam, assim, silêncio sepulcral. Ele reforçou ainda que queria acompanhar o Brasil no assunto. “Nós não iremos além de nos abster”, disse Kissinger. “Os EUA querem seguir a liderança brasileira nessa questão”. Silveira respondeu que o Brasil também se absteria, mas reiterou o tema era “de importância doméstica no Brasil, obnde há grupos opostos ao reconhecimento de Cuba”. Horas depois, Kissinger prepararia o presidente Ford para se encontrar com Silveira da seguinte maneira: “Os brasileiros são bem-comportados. Eles estão mostrando suas garras um pouco, mas são bons amigos. Diga-lhe que o Brasil é um país-chave e que vamos coordenar nossa política com eles”.
Tramando juntos
Manobrando com o Brasil nos bastidores, Kissinger conseguiu esvaziar a proposta de queda das sanções na OEA. Na reunião em Quito, entre 8 e 12 de novembro, Uruguai, Paraguai e Chile votaram contra o fim do embargo, seis (inclusive EUA e o Brasil) se abstiveram, e doze votaram a favor – dois a menos do que os 2/3 necessários. A manobra americana foi questionada com uma intervenção emocionada do chanceler colombiano, Enrique Gaviria, segundo um documento diplomático sobre uma reunião a portas fechadas.
Gaviria, de maneira bastante emocional, questionou o silêncio da delegação americana”, descreve cinicamente o assessor direto de Kissinger, o subsecretário de Estado Robert Ingersoll. “Eu respondi que ficamos em silêncio em público porque não queríamos passar a impressão de tentar influenciar outras posições”, relata, no documento diplomático. “E reforcei que os EUA foram criticados no passado por influenciar outras delegações em reuniões similares e, por essa razão, adotaram essa posição. Então disse que os EUA iriam se abster em qualquer proposta, e acrescentei que achava que a nossa posição era conhecida por todos”.
No dia seguinte, logo depois depois da votação final, Silveira encontrou-se com Ingersoll durante 20 minutos no hall de conferência. Ambos comemoravam. “Silveira expressou sua satisfação com os resultados, embora tenha dito que não falaria isso em público. A conferência foi mal preparada pelos que a convocaram”. Kissinger, que falara com Ingersoll naquela manhã, concordava. “A reunião veio antes do tempo”. Silveira comentou ainda que todos os ministros apreciaram a “nova” postura americana de deixar os governos latinoamericanos “expressar suas visões” e tomar posições”. “O importante, ele disse, era forçar Castro a negociar em vez de lhe dar o que ele quer em uma bandeja de prata”.
Levaria ainda oito meses para que as sanções a Cuba na OEA fossem suspensas, em julho de 1975, permitindo a qualquer país do continente comercializar com a ilha – e 35 anos antes que Cuba fosse convidada a se reintegrar à OEA, com a revogação oficial do ato de expulsão. Quando finalmente, em 3 de junho de 2009, a OEA decidiu convidar Cuba a se reintegrar à organização, o governo de Raul Castro rejeitou a proposta. “Cuba não pediu nem quer retornar à OEA, cheia de uma história tenebrosa e entreguista”, escreveu o governo cubano em um comunicado.
Leia mais: Desfecho de caso Elbrick irrita Kissinger           

segunda-feira, 18 de março de 2013

Soberania: quanto mais tardia melhor...

Imaginem compartilhar dados íntimos de nossos cidadãos com os vilões imperialistas...
Se outros descuidam ou são relapsos com sua soberania, nosso governo saberá nos proteger de nós mesmos...
Paulo Roberto de Almeida 

18/03/2013 | 13:50
Brasil e EUA têm dificuldades em
firmar acordo de isenção de vistos

A inclusão do Brasil na lista do programa de isenção de vistos dos Estados Unidos pode não ocorrer devido à recusa das autoridades brasileiras em cumprir muitas das exigências feitas pelo governo norte-americano. Dentre as sete principais imposições, somente uma teve comum acordo, em uma reunião para a discussão do tema, realizada no final do ano passado. Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, o ponto mais polêmico é o compartilhamento de dados de inteligência e segurança pública, que está em negociação, e a troca de informações sobre perdas e furtos de passaportes e o fornecimento de dados sobre passageiros que representem algum tipo de ameaça terrorista ou criminosa. Segundo o governo dos Estados Unidos, 36 países participam atualmente do programa.

quarta-feira, 13 de março de 2013

Brasil-EUA: Receita e IRS: unidos jamais serao vencidos...

Os dois braços fiscais dos dos maiores países do hemisfério ocidental unem esforços para bisbilhotar a vida financeira dos cidadãos e as atividades empresariais nos dois países, reciprocamente.
Nada como uma colaboração desse tipo para tapar todos os buracos que as empresas utilizam para tentar escapar, pelo menos um pouco, desses abraços custosos dos seus leões respectivos.
Unidos, jamais serão vencidos, e como...
Paulo Roberto de Almeida

Acordo vai permitir que Receita fiscalize empresas brasileiras nos EUA
 
 
Foi publicado nesta terça-feira (13/3) no Diário Oficial da União, o decreto legislativo que aprova o texto de um acordo entre os governos brasileiro e norte-americano para o intercâmbio de informações tributárias, que foi celebrado entre os dois países em 20 de março de 2007.
Segundo informou a Receita Federal, após sancionado pela presidenta Dilma, o acordo permitirá que o fisco dos Estados Unidos faça consultas sobre cidadãos norte-americanos que estejam no Brasil, podendo ocorrer o mesmo com cidadãos brasileiros naquele país. A aprovação do texto é uma antiga reivindicação da Receita Federal, que passará a fiscalizar melhor empresas brasileiras nos Estados Unidos e, inclusive, combater a lavagem de dinheiro. Esses acordos são comuns entre países membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que vinha cobrando a participação brasileira, informou a Receita. Pelo decreto ficam sujeitos à aprovação do Congresso Nacional quaisquer atos que possam resultar em revisão do referido acordo.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Bailando com lobos... americanos - Matias Spektor


O Pentagono no Brasil Emergente
Matias Spektor
Folha de S.Paulo, 2.05.2012

A ascensão do Brasil muda a relação com os EUA, e crescem os interesses em prol de maior aproximação 

Leon Panetta, chefe do Pentágono, esteve aqui na semana passada para encerrar três décadas de distanciamento entre o Brasil e os EUA na área de defesa. A tarefa será longa porque os dois países têm visões fundamentalmente distintas da segurança internacional.
As ameaças que mais preocupam o governo americano -terrorismo, radicalismo islâmico e proliferação nuclear- são secundárias para o governo brasileiro. Enquanto isso, em Washington, quase ninguém entende por que Brasília prioriza ameaças como a fragilidade das fronteiras e as riquezas naturais da Amazônia e da plataforma continental no Atlântico.
Também há boa dose de choque de interesses. Os dois países têm leituras opostas sobre o que fazer sobre Cuba, Venezuela, Colômbia e Honduras. Não concordam a respeito de Irã, Palestina, Líbia ou Síria.
Na concepção brasileira, os americanos usam e abusam das regras do jogo para impor suas preferências sobre os mais fracos. Na concepção americana, o comportamento brasileiro tem um quê de ingenuidade típica de um país que pretende jogar na liga dos pesos-pesados sem ter os meios para fazê-lo.
Isso não fez dos dois países rivais ou adversários, mas criou entre ambos um enorme distanciamento.
O processo brasileiro de ascensão ora em curso está transformando essa realidade. No novo contexto, crescem poderosos interesses em prol da aproximação. O destaque vai para duas forças complementares.
A primeira é o dinheiro. Nos últimos dez anos, o orçamento brasileiro de defesa passou de R$ 45 bilhões para R$ 65 bilhões. Representando apenas 1,5% do PIB, ainda tem muito espaço para crescer. Assim, a indústria militar americana vê no Brasil um grande comprador potencial, ao passo que o emergente complexo industrial de defesa brasileiro enxerga uma oportunidade para assinar contratos nos EUA.
Os grupos interessados em ambos os países não se limitam aos gigantes Boeing e Embraer, mas incluem centenas de empresas nas áreas de energia renovável, nanotecnologia, ciberespaço, atividades espaciais e usos civis da tecnologia nuclear.
A segunda força de aproximação é a nova projeção global da política externa brasileira. A crescente flexibilidade para participar de operações de paz e os novos recursos disponíveis para oferecer cooperação técnica internacional fazem do Brasil um ator cada vez mais útil na promoção da paz e da estabilidade no mundo. No Haiti, essa atitude levou à mais intensa cooperação militar com os Estados Unidos desde a Segunda Guerra Mundial.
O próximo teatro de cooperação será a África, onde os países têm crescentes interesses de segurança.
O Brasil emergente não buscará uma aliança militar com os Estados Unidos nem aceitará limitar sua própria autonomia. Contudo, poderá instrumentalizar sua relação com a maior potência do mundo para facilitar suas ambições globais.
Se essa aproximação der certo, será, em grande medida, devido ao trabalho silencioso dos militares dos dois países. Existe entre eles uma reserva gigantesca de boa vontade. Esse contato representa uma incipiente rede transnacional de profissionais que já está muito à frente do vagaroso ritmo dos acordos oficiais entre os dois governos. 
 

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Brasileiros gastadores: americanos agradecem (também: US$ 6 bi !!!)

Bem, os americanos estão muito contentes e pedem mais:
Please, please, keep pouring your money into our vaults; better, into our pockets, our bank accounts. 
Please, do not stop, keep coming to DisneyWorld, and stop by our shoppings, our malls, our condos, and buy, buy everything, anything you can carry, and, please, make Florida your home, stay for a while, forever, our condos are very cheap nowadays.
You can speak Portuguese, we have learned to speak Cubanese, we'll learn Brazilianese all together...


Realmente, o Brasil é a salvação da América, como alguns dizem (menos os companheiros, que continuam ridiculamente se referindo ao "imperialismo estadunidense", assim mesmo), mas desconfio que esses 5.000 dólares por pessoa seja uma média que envolve muito dinheiro sujo, ilegal, lavado nos EUA...
Bem, mais trabalho para o agente da Receita estacionado em Miami (embora eu desconfie que ele também anda investindo nos EUA; sabem como é, o Brasil anda muito caro, melhor colocar seu dinheiro em paragens mais amenas).
Paulo Roberto de Almeida 


Los brasileños eligen Estados Unidos para comprar
EVA SÁIZ Washington
El País, 9/04/2012

Con 5.900 millones de dólares (4.500 millones de euros) desembolsados en Estados Unidos en 2010, los brasileños son los extranjeros que más gastan en ese país, casi 5.000 dólares por persona, según datos del Departamento de Comercio estadounidense. Barack Obama tendrá muy presente el creciente peso de Brasil en la economía de EE UU cuando este lunes reciba a su presidenta, Dilma Rousseff, en la Casa Blanca.

Mientras EE UU y Europa luchan contra la recesión, Brasil disfruta de una situación boyante. Es la sexta economía del mundo y la segunda del continente americano, por detrás de EE UU. Su clase media –a la que han accedido 30 millones de brasileños desde 2003- gana entre 1.610 y 6.940 reales –moneda brasileña- al mes (entre 674 y 3.000 euros) y 20 de sus 192 millones de habitantes es millonario, el 10% de la población.

Con 5.900 millones de dólares desembolsados en en 2010, los brasileños son los extranjeros que más gastan en EE UU, casi 5.000 dólares por persona
Los brasileños quieren comprar y con un real fuerte –un dólar vale 1,82 reales- prefieren salir al extranjero a consumir. El Banco Central de Brasil, su máxima autoridad monetaria, estima que en 2011 sus habitantes gastaron más de 20.000 millones de dólares en viajes internacionales, un 22% más que en 2010.

Sus principales destinos en EE UU son Miami y Nueva York. Lo que más demandan es artículos de lujo, lo último en tecnología y la visita a parques temáticos. Conscientes de que los brasileños no gastarán generosamente si no se sienten como en casa, los comerciantes estadounidenses han contratado a trabajadores que sepan portugués para atenderlos. Hay compañías que organizan tours de compras por centros comerciales en los que se habla su lengua. En 2001 Disney World batió el récord de visitantes de ese país y ya ha contratado a medio centenar de trabajadores lusoparlantes. SeaWorld Orlando ha creado una página web en portugués y ofrece clases de ese idioma a sus empleados.

El real también ha contribuido a resucitar el mercado inmobiliario de Miami. “Los brasileños han comprado el 10% de las viviendas del sur de Florida”, explican desde la Embajada de Brasil en EE UU para EL PAÍS. La fiebre inversora del país ha ayudado a expandir otros negocios relacionados con la venta de casas. Muchas agencias inmobiliarias además de apartamentos ofrecen desde expertos para decorarlas hasta asesoramiento financiero.

Es escollo del visado

En 2010, 1,2 millones de brasileños visitaron EE UU. En 2011 el pedido de visados aumentó un 40%. Solo en los tres primeros meses de 2012 se han expedido 269.637 permisos, un 56% más que en el mismo periodo del año pasado, según datos de la Embajada de EE UU en Brasil.

Consciente del peso del turismo en la economía estadounidense, la Casa Blanca ha agilizado los trámites para que los brasileños puedan obtener sus visados. Desde 2010, éste ha pasado a tener una validez de 10 años y el permiso para turistas se ha ampliado a cinco.

Solo en los tres primeros meses de 2012 se han expedido 269.637 permisos, un 56% más que en el mismo periodo del año pasado
En enero, Obama anunció su plan para impulsar el turismo que prevé reducir hasta un máximo de tres, las semanas para concertar una entrevista desde que se solicita el visado y eliminar la entrevista previa para renovarlo. Las medidas ya se notan en Brasil, donde el plazo para obtener el visado se ha reducido de 50 a 32 días en el consulado de Sao Paulo y a siete en los de Recife y Brasilia, indica en un correo electrónico Adrian Alexandri, asesor de la Asociación Brasileña de Operadores de Turismo.

El Gobierno estadounidense también estudia eliminar la obligación de visado para turistas de determinadas naciones, como China o Brasil. Hasta ahora solo 36 países, España incluido, tienen un acuerdo al respecto con EE UU. La Cámara de Comercio de Florida y otros lobbys están presionando para que Obama acelere su decisión en el caso de Brasil, ya que es el Estado más beneficiado por la nueva riqueza del país. En los primeros nueve meses de 2011, los más de un millón de brasileños que visitaron Florida se dejaron 1.600 millones de dólares.

“Seguimos en conversaciones con EE UU, pero el hecho de que organizaciones estadounidenses presionen para eliminar la necesidad de visado es una ayuda enorme”, señalan en la Embajada brasileña en Washington.

domingo, 18 de março de 2012

O imperio tratando bem o Brasil?!; tem alguma coisa errada ai...

Ops, nunca vi palavras iguais na boca dos nossos amigos imperialistas.
Eles sempre nos trataram a caneladas, e agora, quando somos nós que os tratamos às caneladas, eles nos tratam bem???
Deve ter alguma coisa errada.
Onde já se viu um imperialista legítimo afirmar coisas deste tipo?:
"Jacobson, que é responsável pela diplomacia com a América Latina, disse ainda que Washington corteja o Brasil e deseja elevar o diálogo "a um novo nível, que traga resultados concretos para os cidadãos (de ambos os países)"".
Ou ainda isto:
""Somos sócios naturais, algo que não era óbvio há cinco anos", assegurou Jacobson."
Perdi alguma coisa no caminho?
Foi a tal de diplomacia altiva e ativa, soberana, aquela que não descalça os sapatos?
Ou será que o império anda diminuído, cabisbaixo, amor próprio lá embaixo, que anda precisando de um pouco de carinho e afago?
"Ninguém me ama, ninguém me quer", poderia cantar algum imperialista dos velhos tempos a propósito da sua imagem south of the border...
Enfim, gozado não deixa de ser...
Paulo R. de Almeida

Hillary Clinton viaja ao Brasil após Cúpula das Américas em abril

iG São Paulo, 13/03/2012
Além da agenda bilateral, secretária de Estado americana deve tratar com governo brasileiro de temas como sanções contra Síria e Irã
A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, viajará ao Brasil no dia 16 de abril, após a Cúpula das Américas em Cartagena e uma semana depois da visita da presidente Dilma Rousseff à Casa Branca.
Segundo a subsecretária interina Roberta Jacobson, Hillary participará de um diálogo ministerial para reforçar a relação bilateral entre os dois países. Além disso, a previsão é que Hillary aborde temas como sanções contra Síria e Irã.
Hillary Clinton discursa na sede da ONU, em Nova York, sobre divisão do Conselho de Segurança em relação à Síria
Hillary Clinton discursa na sede da ONU, em Nova York, sobre divisão do Conselho de Segurança em relação à Síria
Jacobson, que é responsável pela diplomacia com a América Latina, disse ainda que Washington corteja o Brasil e deseja elevar o diálogo "a um novo nível, que traga resultados concretos para os cidadãos (de ambos os países)".
As relações políticas entre os Estados Unidos e o Brasil se estabilizaram após a chegada ao poder da presidenta Dilma Rousseff, em janeiro de 2011. Apesar das boas relações, no entanto, as divergências comerciais persistem, como demonstrou o recente e inesperado cancelamento do Departamento de Defesa de um contrato para a compra de aviões Super Tucano da Embraer.
Diplomacia: Brasil rejeita entrega de armas à oposição síria e intervenção militar
O episódio ofuscou a primeira visita oficial de Dilma como presidente à Casa Branca, no dia 9 de abril. "O tema levará seu tempo, não está sujeito a prazos políticos", disse Jacobson.
Dilma se reuniu três vezes com Obama, e o recebeu em Brasília há um ano. Na ocasião, os dois presidentes decidiram estabelecer um diálogo permanente em temas econômicos, educacionais e diplomáticos.
Petróleo
Os Estados Unidos, que buscam abandonar progressivamente sua dependência petroleira na região de países como Venezuela, têm interesse especial nas perspectivas do Brasil em águas profundas.
Obama, grande partidário das fontes de energia renováveis, não oculta seu interesse pela experiência brasileira em biocombustíveis.
Além disso, o Brasil é uma voz de destaque no grupo de países desenvolvidos e emergentes, embora critique com frequência as políticas monetárias e financeiras de Washington.
Apesar das divergências, Hillary continua comprometida para que a diplomacia brasileira se una aos países que estão aplicando sanções contra Síria ou Irã. "Somos sócios naturais, algo que não era óbvio há cinco anos", assegurou Jacobson.
O Brasil, no entanto, se mantém em um plano discreto quanto à colaboração diplomática e prefere se concentrar nas divergências comerciais.
*Com AFP