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terça-feira, 13 de junho de 2017

O liberalismo: perguntas e respostas - Carlos Alberto Montaner (Instituto Millenium)

Grato ao amigo Orlando Tambosi por me chamar a atenção para este texto:


SEGUNDA-FEIRA, 12 DE JUNHO DE 2017
Estado e economia na visão libera

Texto de Carlos Alberto Montaner, publicado pelo Instituto Millenium, aborda as ideias liberais sobre Estado, economia, liberdade etc. E faz bem em frisar: o liberalismo não é ideologia, pois não é pacote fechado:


O liberalismo é um modo de entender a natureza humana e uma proposta destinada a possibilitar que todos alcancem o mais alto nível de prosperidade de acordo com seu potencial (em razão de seus valores, atividades e conhecimentos), com o maior grau de liberdade possível, em uma sociedade que reduza ao mínimo os inevitáveis conflitos sociais. Ao mesmo tempo, o liberalismo se apóia em dois aspectos vitais que dão forma a seu perfil: a tolerância e a confiança na força da razão.

Em quais ideias se baseia o liberalismo?

O liberalismo se baseia em quatro simples premissas básicas:

– Os liberais acreditam que o Estado foi criado para servir ao indivíduo, e não o contrário. Os liberais consideram o exercício da liberdade individual como algo intrinsecamente bom, como uma condição insubstituível para alcançar níveis ótimos de progresso. Dentre outras, a liberdade de possuir bens (o direito à propriedade privada) parece-lhes fundamental, já que sem ela o indivíduo se encontra permanentemente à mercê do Estado.

– Portanto, os liberais também acreditam na responsabilidade individual. Não pode haver liberdade sem responsabilidade. Os indivíduos são (ou deveriam ser) responsáveis por seus atos, tendo o dever de considerar as conseqüências de suas decisões e os direitos dos demais indivíduos.

– Justamente para regular os direitos e deveres do indivíduo em relação a terceiros, os liberais acreditam no Estado de direito. Isto é, crêem em uma sociedade governada por leis neutras, que não favoreçam pessoas, partido ou grupo algum, e que evitem de modo enérgico os privilégios.

– Os liberais também acreditam que a sociedade deve controlar rigorosamente as atividades dos governos e o funcionamento das instituições do Estado.


O liberalismo é uma ideologia?

Não. Os liberais têm certas ideias – ratificadas pela experiência – sobre como e por que alguns povos alcançam maior grau de eficiência e desenvolvimento, ou a melhor harmonia social, mas a essência desse modo de encarar a política e a economia repousa no fato de não planejar de antemão a trajetória da sociedade, mas em liberar as forças criativas dos grupos e dos indivíduos para que estes decidam espontaneamente o curso da história. Os liberais não têm um plano que determine o destino da sociedade, e até lhes parece perigoso que outros tenham tais planos e se arroguem o direito de decidir o caminho que todos devemos seguir.

Quais são as ideias econômicas em que se baseiam os liberais?

A ideia mais marcante é a que defende o livre mercado, em lugar da planificação estatal. Já na década de 20 o filósofo liberal austríaco Ludwig von Mises demonstrou que, nas sociedades complexas, não seria possível planejar de modo centralizado o desenvolvimento, já que o cálculo econômico seria impossível. Mises afirmou com muita precisão (contrariando as correntes socialistas e populistas da época) que qualquer tentativa de fixar artificialmente a quantidade de bens e serviços a serem produzidos, assim como os preços correspondentes, conduziria ao desabastecimento e à pobreza.

Von Mises demonstrou que o mercado (a livre concorrência nas atividades econômicas por parte de milhões de pessoas que tomam constantemente milhões de decisões voltadas à satisfação de suas necessidades da melhor maneira possível) gerava uma ordem natural espontânea infinitamente mais harmoniosa e criadora de riquezas que a ordem artificial daqueles que pretendiam planificar e dirigir a atividades econômica. Obviamente, daí se depreende que os liberais, em linhas gerais, não acreditam em controle de preços e salários, nem em subsídios que privilegiam uma atividade em detrimento das demais.

O mercado, em sua livre concorrência, não conduziria à pobreza de uns em benefício de outros?

Absolutamente não. Quando as pessoas, atuando dentro das regras do jogo, buscam seu próprio bem-estar costumam beneficiar a coletividade. Outro grande filósofo liberal, Joseph Schumpeter, também austríaco, estabeleceu que não há estímulo mais positivo para a economia do que a atividade incessante dos empresários e industriais que seguem o impulso de suas próprias urgência psicológicas e emocionais. Os benefícios coletivos que derivam da ambição pessoal superam em muito o fato, também indubitável, de que surgem diferenças no grau de acúmulo de riquezas entre os diferentes membros de uma comunidade. Porém, quem melhor resumiu tal situação foi um dos líderes chineses da era pós-maoísta ao reconhecer, melancolicamente, que “ao impedir que uns poucos chineses andassem de Rolls Royce, condenamos centenas de milhões de pessoas a utilizar bicicletas para sempre”.

Se o papel do Estado não é planejar a economia nem construir uma sociedade igualitária, qual seria sua principal função de acordo com os liberais?

Essencialmente, a principal função do Estado deve ser a de manter a ordem e garantir que as leis sejam cumpridas. A igualdade que os liberais almejam não é a utopia de que todos obtenham os mesmos resultados, e sim a de que todos tenham as mesmas possibilidades de lutar para conseguir os melhores resultados. Nesse sentido, uma boa educação e uma boa saúde devem ser os pontos de partida para uma vida melhor.

O liberalismo é um modo de entender a natureza humana e uma proposta destinada a possibilitar que todos alcancem o mais alto nível de prosperidade de acordo com seu potencial.

Como deve ser o Estado idealizado pelos liberais?

Assim como os liberais têm suas próprias ideias sobre a economia, também possuem sua visão particular do Estado: os liberais são inequivocamente democratas, acreditando no governo eleito pela maioria dentro de parâmetros jurídicos que respeitem os direitos inalienáveis das minorias. Tal democracia, para que faça jus ao nome, deve ser multipartidária e organizar-se de acordo com o princípio da divisão de poderes.

Embora esta não seja uma condição indispensável, os liberais preferem o sistema parlamentar de governo porque este reflete melhor a diversidade da sociedade e é mais flexível no que se refere à possibilidade de mudanças de governo quando a opinião publica assim o exigir.

Por outro lado, o liberalismo contemporâneo tem gerado fecundas reflexões sobre como devem ser as constituições. Friedrich von Hayek, Prêmio Nobel de economia, produziu obras muito esclarecedoras a esse respeito. Mais recentemente, Ronald Coase, também agraciado com o Prêmio Nobel (1991), tratou em seus trabalhos da relação entre a lei, a propriedade intelectual e o desenvolvimento econômico.

Essa é a ideia sucinta de Estado liberal; mas como os liberais vêem o governo, ou seja, aquele grupo de pessoas selecionadas para administrar o Estado?

Os liberais acreditam que o governo deve ser reduzido, porque a experiência lhes ensinou que as burocracias estatais tendem a crescer parasitariamente, ou passam a abusar dos poderes que lhes são conferidos e empregam mal os recursos da sociedade.

Porém, o fato de que o governo tenha tamanho reduzido não quer dizer que ele deva ser débil. Pelo contrário, deve ser forte para fazer cumprir a lei, manter a paz e a concórdia entre os cidadãos e proteger a nação de ameaças externas.

Um governo com essas características não estaria abdicando da função que lhe foi atribuída, de redistribuir as riquezas, eliminar as injustiças e de ser o motor da economia?

Os liberais consideram que, na prática, infelizmente os governos não costumam representar os interesses de toda a sociedade, e sim que se habituam a privilegiar seus eleitores ou determinados grupos de pressão. Os liberais, de certa forma, suspeitam das intenções da classe política e não têm muitas ilusões a respeito da eficiência dos governos. Por isso o liberalismo sempre se coloca na posição de crítico permanente das funções dos servidores públicos, razão pela qual vê com grande ceticismo essa função do governo de redistribuidor da renda, eliminador de injustiças ou “motor da economia”.

Outro grande pensador liberal, James Buchanan, Prêmio Nobel de economia e membro da escola da Public Choice (Escolha Pública), originária de sua cátedra na Universidade de Virgínia, EUA, desenvolveu esse tema mais profundamente. Resumindo suas ideias sobre o assunto, qualquer decisão do governo acarreta um custo perfeitamente quantificável, e os cidadãos têm o dever e o direito de exigir que os gastos públicos revertam em benefício da sociedade como um todo, e não dos interesses dos políticos.

Isso quer dizer que os liberais não atribuem ao governo a responsabilidade de lutar pela justiça social?

Os liberais preferem que essa responsabilidade repouse nos ombros da sociedade civil e se canalize por intermédio da iniciativa privada, e não por meio de governos perdulários e incompetentes, que não sofrem as conseqüências da freqüente irresponsabilidade dos burocratas ou de políticos eleitos menos cuidadosos.

Finalmente, não há nenhuma razão especial que justifique que os governos se dediquem obrigatoriamente a tarefas como transportar pessoas pelas estradas, limpar as ruas ou vacinar contra o tifo. Tais atividades devem ser bem executadas e ao menor custo possível, mas seguramente esse tipo de trabalho é feito com muito mais eficiência pelo setor privado. Quando os liberais defendem a primazia da propriedade não o fazem por ambição, mas pela convicção de que é infinitamente melhor para os indivíduos e para o conjunto da sociedade.

Em inglês a palavra liberal tem aparentemente um significado diverso do que aqui se descreve. Em que se diferencia o liberalismo norte-americano daquilo que na Europa ou na América Latina se chama de liberalismo?

O idioma inglês se apropriou da palavra liberal do espanhol e lhe deu um significado diferente. Em linhas gerais, pode-se dizer que em matéria de economia o liberalismo europeu ou latino-americano é muito diferente do liberalismo norte-americano. Isto é, o liberal norte-americano costuma tirar a responsabilidade dos indivíduos e passá-la ao Estado. Daí o conceito de estado de bem-estar social ou “welfare state”, que redistribui por meio de pressões fiscais as riquezas geradas pela sociedade. Para os liberais latino-americanos e europeus, como se viu antes, esta não é uma função primordial do Estado, pois o que se consegue por essa via não é um maior grau de justiça social, mas apenas níveis geralmente insuportáveis de corrupção, ineficiência e mau uso de verbas públicas, o que acaba por empobrecer o conjunto da população.

De qualquer forma, o pensamento dos liberais europeus e latino-americanos coincide com o dos liberais norte-americanos em matéria jurídica e em certos temas sociais. Para os liberais norte-americanos, europeus e latino-americanos o respeito das garantias individuais e a defesa do constitucionalismo são conquistas irrenunciáveis da humanidade.

Qual a diferença entre o liberalismo e a social-democracia?

A social-democracia realça a busca de uma sociedade igualitária, e costuma identificar os interesses do Estado com os dos setores proletários ou assalariados. O liberalismo, por seu turno, não é classista e sobrepõe a seus objetivos e valores a busca da liberdade individual.

Em que se diferenciam os liberais dos conservadores?

Embora haja uma certa coincidência entre liberais e conservadores no que se refere à análise econômica, as duas correntes se separam no campo das liberdades individuais. Para os conservadores o mais importante é a ordem; já os liberais estão dispostos a conviver com aquilo de que não gostam e são sempre capazes de tolerar respeitosamente os comportamentos sociais que se afastam dos padrões das maiorias. Para os liberais, a tolerância é a chave da convivência, e a persuasão é o elemento básico para o estabelecimento das hierarquias. Essa visão nem sempre prevalece entre os conservadores.

Em que se diferenciam os liberais dos democrata-cristãos?

Mesmo quando a democracia cristã moderna não é confessional, uma certa concepção transcendental dos seres humanos aparece entre suas premissas básicas. Os liberais, por sua vez, são totalmente laicos e não julgam as crenças religiosas das pessoas. Pode-se perfeitamente ser liberal e crente, liberal e agnóstico ou liberal e ateu. A religião simplesmente não pertence ao mundo das preocupações liberais (ao menos em nossos dias), embora seja essencial para o liberal respeitar profundamente esse aspecto da natureza humana. Por outro lado, os liberais não compartilham com a democracia cristã (ou, pelo menos, com algumas das tendências que se abrigam sob esse nome) um certo dirigismo econômico que normalmente é chamado de social-cristianismo.

Este texto, publicado em português pelo Instituto Liberal, é uma tradução de “¿Que és el liberalismo?”, originalmente publicado em Tópicos de Actualidad, do Centro de Estudios Economicos-Sociales.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Liberalismo, breve sintese - Carlos Alberto Montaner

Lib

Autor Carlos Alberto Montaner

Carlos Alberto Montaner nasceu em Havana, Cuba. É professor universitário, jornalista e autor de vários ensaios e obras.
Montaner


O liberalismo é um modo de entender a natureza humana e uma proposta destinada a possibilitar que todos alcancem o mais alto nível de prosperidade de acordo com seu potencial (em razão de seus valores, atividades e conhecimentos), com o maior grau de liberdade possível, em uma sociedade que reduza ao mínimo os inevitáveis conflitos sociais. Ao mesmo tempo, o liberalismo se apóia em dois aspectos vitais que dão forma a seu perfil: a tolerância e a confiança na força da razão.
Em quais ideias se baseia o liberalismo?
O liberalismo se baseia em quatro simples premissas básicas:
– Os liberais acreditam que o Estado foi criado para servir ao indivíduo, e não o contrário. Os liberais consideram o exercício da liberdade individual como algo intrinsecamente bom, como uma condição insubstituível para alcançar níveis ótimos de progresso. Dentre outras, a liberdade de possuir bens (o direito à propriedade privada) parece-lhes fundamental, já que sem ela o indivíduo se encontra permanentemente à mercê do Estado.
– Portanto, os liberais também acreditam na responsabilidade individual. Não pode haver liberdade sem responsabilidade. Os indivíduos são (ou deveriam ser) responsáveis por seus atos, tendo o dever deconsiderar as conseqüências de suas decisões e os direitos dos demais indivíduos.
– Justamente para regular os direitos e deveres do indivíduo em relação a terceiros, os liberais acreditam no Estado de direito. Isto é, crêem em uma sociedade governada por leis neutras, que não favoreçam pessoas, partido ou grupo algum, e que evitem de modo enérgico os privilégios.
– Os liberais também acreditam que a sociedade deve controlar rigorosamente as atividades dos governos e o funcionamento das instituições do Estado.
O liberalismo é uma ideologia?
Não. Os liberais têm certas idéias – ratificadas pela experiência – sobre como e por que alguns povos alcançam maior grau de eficiência e desenvolvimento, ou a melhor harmonia social, mas a essência desse modo de encarar a política e a economia repousa no fato de não planejar de antemão a trajetória da sociedade, mas em liberar as forças criativas dos grupos e dos indivíduos para que estes decidam espontaneamente o curso da história. Os liberais não têm um plano que determine o destino da sociedade, e até lhes parece perigoso que outros tenham tais planos e se arroguem o direito de decidir o caminho que todos devemos seguir.
Quais são as idéias econômicas em que se baseiam os liberais?
A idéia mais marcante é a que defende o livre mercado, em lugar da planificação estatal. Já na década de 20 o filósofo liberal austríaco Ludwig von Mises demonstrou que, nas sociedades complexas, não seria possível planejar de modo centralizado o desenvolvimento, já que o cálculo econômico seria impossível. Mises afirmou com muita precisão (contrariando as correntes socialistas e populistas da época) que qualquer tentativa de fixar artificialmente a quantidade de bens e serviços a serem produzidos, assim como os preços correspondentes, conduziria ao desabastecimento e à pobreza.
Von Mises demonstrou que o mercado (a livre concorrência nas atividades econômicas por parte de milhões de pessoas que tomam constantemente milhões de decisões voltadas à satisfação de suas necessidades da melhor maneira possível) gerava uma ordem natural espontânea infinitamente mais harmoniosa e criadora de riquezas que a ordem artificial daqueles que pretendiam planificar e dirigir a atividades econômica. Obviamente, daí se depreende que os liberais, em linhas gerais, não acreditam em controle de preços e salários, nem em subsídios que privilegiam uma atividade em detrimento das demais.
O mercado, em sua livre concorrência, não conduziria à pobreza de uns em benefício de outros?
Absolutamente não. Quando as pessoas, atuando dentro das regras do jogo, buscam seu próprio bem-estar costumam beneficiar a coletividade. Outro grande filósofo liberal, Joseph Schumpeter, também austríaco, estabeleceu que não há estímulo mais positivo para a economia do que a atividade incessante dos empresários e industriais que seguem o impulso de suas próprias urgência psicológicas e emocionais. Os benefícios coletivos que derivam da ambição pessoal superam em muito o fato, também indubitável, de que surgem diferenças no grau de acúmulo de riquezas entre os diferentes membros de uma comunidade. Porém, quem melhor resumiu tal situação foi um dos líderes chineses da era pós-maoísta ao reconhecer, melancolicamente, que “ao impedir que uns poucos chineses andassem de Rolls Royce, condenamos centenas de milhões de pessoas a utilizar bicicletas para sempre”.
Se o papel do Estado não é planejar a economia nem construir uma sociedade igualitária, qual seria sua principal função de acordo com os liberais?
Essencialmente, a principal função do Estado deve ser a de manter a ordem e garantir que as leis sejam cumpridas. A igualdade que os liberais almejam não é a utopia de que todos obtenham os mesmos resultados, e sim a de que todos tenham as mesmas possibilidades de lutar para conseguir os melhores resultados. Nesse sentido, uma boa educação e uma boa saúde devem ser os pontos de partida para uma vida melhor.
Como deve ser o Estado idealizado pelos liberais?
Assim como os liberais têm suas próprias idéias sobre a economia, também possuem sua visão particular do Estado: os liberais são inequivocamente democratas, acreditando no governo eleito pela maioria dentro de parâmetros jurídicos que respeitem os direitos inalienáveis das minorias. Tal democracia, para que faça jus ao nome, deve ser multipartidária e organizar-se de acordo com o princípio da divisão de poderes.
Embora esta não seja uma condição indispensável, os liberais preferem o sistema parlamentar de governo porque este reflete melhor a diversidade da sociedade e é mais flexível no que se refere à possibilidade de mudanças de governo quando a opinião publica assim o exigir.
Por outro lado, o liberalismo contemporâneo tem gerado fecundas reflexões sobre como devem ser as constituições. Friedrich von Hayek, Prêmio Nobel de economia, produziu obras muito esclarecedoras a esse respeito. Mais recentemente, Ronald Coase, também agraciado com o Prêmio Nobel (1991), tratou em seus trabalhos da relação entre a lei, a propriedade intelectual e o desenvolvimento econômico.
Essa é a idéia sucinta de Estado liberal; mas como os liberais vêem o governo, ou seja, aquele grupo de pessoas selecionadas para administrar o Estado?
Os liberais acreditam que o governo deve ser reduzido, porque a experiência lhes ensinou que as burocracias estatais tendem a crescer parasitariamente, ou passam a abusar dos poderes que lhes são conferidos e empregam mal os recursos da sociedade.
Porém, o fato de que o governo tenha tamanho reduzido não quer dizer que ele deva ser débil. Pelo contrário, deve ser forte para fazer cumprir a lei, manter a paz e a concórdia entre os cidadãos e proteger a nação de ameaças externas.
Um governo com essas características não estaria abdicando da função que lhe foi atribuída, de redistribuir as riquezas, eliminar as injustiças e de ser o motor da economia?
Os liberais consideram que, na prática, infelizmente os governos não costumam representar os interesses de toda a sociedade, e sim que se habituam a privilegiar seus eleitores ou determinados grupos de pressão. Os liberais, de certa forma, suspeitam das intenções da classe política e não têm muitas ilusões a respeito da eficiência dos governos. Por isso o liberalismo sempre se coloca na posição de crítico permanente das funções dos servidores públicos, razão pela qual vê com grande ceticismo essa função do governo de redistribuidor da renda, eliminador de injustiças ou “motor da economia”.
Outro grande pensador liberal, James Buchanan, Prêmio Nobel de economia e membro da escola da Public Choice (Escolha Pública), originária de sua cátedra na Universidade de Virgínia, EUA, desenvolveu esse tema mais profundamente. Resumindo suas idéias sobre o assunto, qualquer decisão do governo acarreta um custo perfeitamente quantificável, e os cidadãos têm o dever e o direito de exigir que os gastos públicos revertam em benefício da sociedade como um todo, e não dos interesses dos políticos.
Isso quer dizer que os liberais não atribuem ao governo a responsabilidade de lutar pela justiça social?
Os liberais preferem que essa responsabilidade repouse nos ombros da sociedade civil e se canalize por intermédio da iniciativa privada, e não por meio de governos perdulários e incompetentes, que não sofrem as conseqüências da freqüente irresponsabilidade dos burocratas ou de políticos eleitos menos cuidadosos.
Finalmente, não há nenhuma razão especial que justifique que os governos se dediquem obrigatoriamente a tarefas como transportar pessoas pelas estradas, limpar as ruas ou vacinar contra o tifo. Tais atividades devem ser bem executadas e ao menor custo possível, mas seguramente esse tipo de trabalho é feito com muito mais eficiência pelo setor privado. Quando os liberais defendem a primazia da propriedade não o fazem por ambição, mas pela convicção de que é infinitamente melhor para os indivíduos e para o conjunto da sociedade.
Em inglês a palavra liberal tem aparentemente um significado diverso do que aqui se descreve. Em que se diferencia o liberalismo norte-americano daquilo que na Europa ou na América Latina se chama de liberalismo?
O idioma inglês se apropriou da palavra liberal do espanhol e lhe deu um significado diferente. Em l inhas gerais, pode-se dizer que em matéria de economia o liberalismo europeu ou latino-americano é muito diferente do liberalismo norte-americano. Isto é, o liberal norte-americano costuma tirar a responsabilidade dos indivíduos e passá-la ao Estado. Daí o conceito de estado de bem-estar social ou “welfare state”, que redistribui por meio de pressões fiscais as riquezas geradas pela sociedade. Para os liberais latino-americanos e europeus, como se viu antes, esta não é uma função primordial do Estado, pois o que se consegue por essa via não é um maior grau de justiça social, mas apenas níveis geralmente insuportáveis de corrupção, ineficiência e mau uso de verbas públicas, o que acaba por empobrecer o conjunto da população.
De qualquer forma, o pensamento dos liberais europeus e latino-americanos coincide com o dos liberais norte-americanos em matéria jurídica e em certos temas sociais. Para os liberais norte-americanos, europeus e latino-americanos o respeito das garantias individuais e a defesa do constitucionalismo são conquistas irrenunciáveis da humanidade.
Qual a diferença entre o liberalismo e a social-democracia?
A social-democracia realça a busca de uma sociedade igualitária, e costuma identificar os interesses do Estado com os dos setores proletários ou assalariados. O liberalismo, por seu turno, não é classista e sobrepõe a seus objetivos e valores a busca da liberdade individual.
Em que se diferenciam os liberais dos conservadores?
Embora haja uma certa coincidência entre liberais e conservadores no que se refere à análise econômica, as duas correntes se separam no campo das liberdades individuais. Para os conservadores o mais importante é a ordem; já os liberais estão dispostos a conviver com aquilo de que não gostam e são sempre capazes de tolerar respeitosamente os comportamentos sociais que se afastam dos padrões das maiorias. Para os liberais, a tolerância é a chave da convivência, e a persuasão é o elemento básico para o estabelecimento das hierarquias. Essa visão nem sempre prevalece entre os conservadores.
Em que se diferenciam os liberais dos democrata-cristãos?
Mesmo quando a democracia cristã moderna não é confessional, uma certa concepção transcendental dos seres humanos aparece entre suas premissas básicas. Os liberais, por sua vez, são totalmente laicos e não julgam as crenças religiosas das pessoas. Pode-se perfeitamente ser liberal e crente, liberal e agnóstico ou liberal e ateu. A religião simplesmente não pertence ao mundo das preocupações liberais (ao menos em nossos dias), embora seja essencial para o liberal respeitar profundamente esse aspecto da natureza humana. Por outro lado, os liberais não compartilham com a democracia cristã (ou, pelo menos, com algumas das tendências que se abrigam sob esse nome) um certo dirigismo econômico que normalmente é chamado de social-cristianismo.
Este texto, publicado em português pelo ¿Que és el liberalismo?, originalmente publicado em Centro de Estudios Economicos-Sociales.
Matéria extraída do website Ordem Livre

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

A frase da semana (do ultimo meio seculo): Carlos Alberto Montaner sobre Cuba

Comenzaron emulando a Stalin y han terminado imitando a Drácula.

Carlos Alberto Montaner, sobre a triste situação da miséravel ilha caribenha (que os companheiros do Brasil também sustentam, com  o nosso dinheiro).

Leiam todo o artigo aqui:
http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/10/enquanto-isso-numa-ilha-miseravel-do.html

Mas, também vale ler esta outra nota:
http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/10/diplomacia-petralha-entrega-dinheiro.html

terça-feira, 21 de outubro de 2014

Enquanto isso, numa ilha miseravel do Caribe, dirigentes desesperados esperam ajuda externa...

Não, não é o Haiti, por uma vez, embora pudesse ser. De fato, o Haiti vai viver da assistência pública internacional (e brasileira) pelo próximo meio século pelo menos, e prevejo, como ocorreu no caso da África, o desenvolvimento do subdesenvolvimento quanto mais aumenta a ajuda externa.
Mas não é dessa ilha devastada que eu quero falar.
É de outra ilha devastada, mas não tanto pelo desmatamento dos pobres e pela rapina da burguesia, quanto pela autocracia comunista dos irmãos Castro e sua Nomenklatura pior que as elites haitianas: eles simplesmente acabaram com a economia da ilha, até 1959 um dos países de maior renda per capita da América Latina, junto com a Argentina e a Venezuela, e também com desigualdade, como acontece em qualquer país capitalista.
Eles deixaram todos os cubanos na miséria, igualmente, à exceção da ditra Nomenklatura, os sanguessugas do povo cubano, que antes viviam de mensalão soviético e, depois que o socialismo soviético acabou e com a aparição de Chávez, agora de bolsa chavista e de mesada companheira (nem sabemos quantos milhões os companheiros já mandaram para aquela ditadura abjeta).
Os ditadores cubanos estão desesperados, pois a Venezuela, de estúpidos que são os bolivarianos, enveredou pelo caminho cubano, e agora estão na pior, para não dizer que estão na m....., só lhes sobrando o petróleo, que mantém duas ditaduras de pé, por enquanto.
Um cubano, exilado, como centenas de milhares de outros, escreve sobre a situação atual da ilha.
Paulo Roberto de Almeida

Carlos Alberto Montaner: Cuba y EE.UU

La desesperada ofensiva de Raúl Castro

Barack Obama saluda a Raul Castro
Si Obama sucumbe a la ofensiva y libera a la dictadura del vinculante calificativo de país “sponsor de terroristas”, Raúl supone que inmediatamente procederá a autorizar los viajes de los norteamericanos. De eso se trata.
Infolatam
Miami, 20 octubre 2014
Por Carlos Alberto Montaner
 
 Raúl Castro ha desatado una desesperada ofensiva sobre Washington. Cree que en ello se juega el destino de la revolución. Le preocupa intensamente que la catástrofe venezolana acabe por eliminar o reducir drásticamente el subsidio que recibe Cuba.
La situación es apremiante. Raúl tiene 83 años y se siente abrumado. Se ha comprometido a dejar el poder en el 2018. Para entonces habrá gobernado inútilmente durante 12 años. Ya sabe que su reforma económica no funciona. Aumenta exponencialmente el número de balseros y desertores. Nadie tiene ilusiones con sus “lineamientos”. La consigna es huir.
Cada día que pasa las auditorías que le presenta su hijo Alejandro le confirman que el magro aparato productivo estatal está en manos de tipos corruptos, incompetentes e indolentes. (En realidad el sistema los moldea de esa manera, pero todavía Raúl no lo admite).
Su problema más urgente es la falta de divisas para importar comida, combustible y otros bienes esenciales. El país se está cayendo a pedazos. Cuba es asombrosamente improductiva. Se trabaja poco y mal.
La Isla vive, por este orden, de siete rubros: El subsidio venezolano. El alquiler y explotación de profesionales sanitarios en el extranjero. Las remesas de los exiliados. El níquel que extraen los canadienses. El turismo. La mendicidad revolucionaria que sostienen Brasil, Angola, Ecuador, y hasta la pobrísima Bolivia. El tabaco y otras minucias de exportación, algunas de ellas indignas, como la venta de sangre y de vísceras hmanas para trasplantes (por más de 100 millones de dólares). Comenzaron emulando a Stalin y han terminado imitando a Drácula.
De todas las fuentes de divisas la más importante es el subsidio venezolano. Raúl Castro teme que se seque a corto plazo. Lo ve venir. El precio del petróleo cae y el caos sembrado por la ineficiencia absoluta del chavismo tiene a Venezuela a punto de cerrar el grifo. Los cubanos elegieron a Maduro, pero ha resultado un desastre absoluto. Es una cuestión de supervivencia. Dos ahogados no pueden salvarse mutuamente.
Por eso la ofensiva. Raúl necesita, desesperadamente, que le saquen las castañas del fuego. ¿Qué requiere? Un torrente de turistas norteamericanos que inunden los hoteles con sus dólares frescos. Hoy no pueden viajar a Cuba libremente. La ley lo impide. También desea crédito para importar insumos estadounidenses. Le venden la comida y las medicinas, pero tiene que pagar en efectivo y carece de dólares.
Raúl Castro no está dispuesto a cambiar el sistema, ni a tolerar libertades, pero cree que puede cambiar a Obama y eliminar las restricciones impuestas o mantenidas por 11 presidentes norteamericanos.
Su hipótesis es que lo logrará tras las elecciones de noviembre, en los últimos dos años del gobierno de Obama. En esa dirección tiene trabajando a todo su servicio de inteligencia y a unos cuantos exiliados que suscriben el extraño e ilógico razonamiento de que la forma de acabar con la tiranía es dotándola de recursos.
El gran obstáculo –supone La Habana—es el senador demócrata Bob Menéndez, presidente del importante Comité de Relaciones Internacionales del Senado. En consecuencia, los servicios cubanos montaron una operación para destruirlo inventando la calumnia de que se había acostado con prostitutas menores de edad en República Dominicana. Finalmente, se descubrió la repugnante mentira.
Los tentáculos del lobby cubano son muy extensos. Llegan al Congreso, a la prensa, al mundo académico y artístico. Han logrado infiltrarse hasta en el Pentágono. Quien evaluaba las actividades de La Habana para la Casa Blanca era la analista principal de inteligencia Ana Belén Montes, una espía de Cuba, capturada en el 2001 y condenada a 25 años de cárcel. Desde el 85 espiaba para los Castro.
Scott W. Carmichel, el agente que la descubrió, opina que hay muchos más topos colocados o seducidos por Cuba en diversos estamentos del gobierno y de la sociedad civil norteamericana. Probablemente tiene razón. Todos trabajan hoy febrilmente para conseguir los objetivos de Raúl Castro.
En todo caso, para que la ofensiva tenga éxito, primero Raúl tiene que conseguir que eliminen a Cuba de la lista de países que apoyan al terrorismo. La tarea no es nada fácil. En julio del 2013 fue detenido en Panamá un barco norcoreano con 250 toneladas de pertrechos de guerra procedentes de Cuba escondidos bajo miles de sacos de azúcar.
Si Obama sucumbe a la ofensiva y libera a la dictadura del vinculante calificativo de país “sponsor de terroristas”, Raúl supone que inmediatamente procederá a autorizar los viajes de los norteamericanos. De eso se trata.
Ese hipotético flujo de divisas que espera como agua de mayo servirá para aliviar la disminución sustancial del subsidio venezolano. Por una vez el Séptimo de Caballería irá en ayuda de los indios para salvar a la revolución. Si Custer levanta la cabeza no lo cree.
———
CAM es periodista y escritor. Su último libro es la novela Tiempo de Canallas.

terça-feira, 3 de junho de 2014

Galeano: um dos idiotas latino-americanos perde uma parte de sua idiocia

The Idiots Lose Their Religion 

Eduardo Galeano has been one of the darlings of the Left for more than four decades, ever since his hugely popular bestseller, The Open Veins of Latin America, was published in 1971. Now the 73-year-old Uruguayan writer has backed away from his landmark book, saying at a conference in Brazil that the leftist rhetoric of the book is “awful” and shows how little he knew at the time about economics and the way the world really works.
This was the book that President Hugo Chávez of Venezuela presented to President Barack Obama when the two met in Trinidad in 2009. At that time, Chávez declared that Galeano’s book had helped him understand Latin American reality. Now it appears that “reality” was a fiction, spawned by immaturity and ideology.
The title of Galeano’s book explains its central theory: The open veins of Latin America have been drained of life by exploitive imperial powers, most notably the United States, leaving the region poor and underdeveloped.
And how do the imperial overlords exploit Latin America? By purchasing its natural resources at low prices and using them to produce much-higher-priced manufactured goods whose profits go into the pockets of well-heeled U.S. companies and investors. Latin America, meanwhile, remains poor, as this endless cycle of exploitation repeats itself generation after generation.
As a political writer myself, I know it took real courage—even gallantry—for Galeano to publicly correct himself. It’s not easy to admit when you are wrong. And it is even more difficult when you are a hero to so many, as Galeano has been.
In 1996, I wrote a book with Peruvian author Álvaro Vargas Llosa, a senior fellow with the Independent Institute and the author of Liberty for Latin America, and Colombian journalist and diplomat Plinio Apuleyo Mendoza. Our book, Guide to the Perfect Latin American Idiot, explained why and how Galeano was wrong. It eventually sold half a million copies, not nearly as many as Galeano’s book has sold.
Galeano’s Open Veins was just one of the subjects of our book. But it was one of the most important, since his book—even now—continues to sell well and is used as a textbook in many universities in the United States, Latin America, and Europe, which might explain the poor understanding that prevails in the academic world about Latin America’s economic problems.
The third chapter of our guide was titled “The Idiot’s Bible” and was devoted to explaining what Galeano himself now confirms: that the author knew very little about economics, and what little he thought he knew was totally wrong.
For example, in his book Galeano promotes the “theory of dependence,” which is the idea that the rich and powerful nations and peoples of the world assign and enforce a second-class, subservient economic status to the nations and peoples of the developing world, what was then called the Third World. This theory is one of classic leftist victimhood, a conspiratorial vision of history in which America the strong rules over Latin America the weak.
Galeano had never stopped to think why other poor societies—such as South Korea, Taiwan, Estonia, Singapore, and Hong Kong—had emerged from misery without being stopped by anyone. We could make the same observation about the achievement of Israel and, in Latin America, Chile.
The truth is that economic progress and prosperity are elective. A society can choose to do things the right way or the wrong way, and these choices have consequences. Do them the right way and within a couple of generations the economy will take off; do the opposite and the economy will sink.
Oddly enough, Galeano’s mea culpa comes at a time when my co-authors and I are publishing a new installment in our series of idiots’ guides, following The Creators of Miseryand The Return of the Idiot.
In reporting on Galeano’s change of heart, the New York Times noted that our 1996 volume had “dismissedOpen Veins as ‘the idiot’s bible,’ and reduced its thesis to a single sentence: ‘We’re poor; it’s their fault.’”
The Times was right. And now, it appears, Galeano may be getting it right as well.


Carlos Alberto Montaner is a Member of the Board of Advisors for the Center on Global Prosperity at the Independent Institute and President of Firmas Press.

segunda-feira, 12 de maio de 2014

Chile: deixando de ser Suica para ser Venezuela? - Carlos Alberto Montaner

Grato a meu amigo Orlando Tambosi por exibir um artigo incontornável.
Estaremos assistindo ao fim do modelo chileno de crescimento?
Não era bem um modelo, por sinal, e sim simples bom senso: estimular os negócios privados, a concorrência, os investimentos estrangeiros, abertura comercial, boa governança, infraestrutura decente, baixa corrupção e burocracia funcional, enfim, trabalho duro, nada que seja estranho ao capitalismo de mercados livres.
Tudo isso vai acabar agora?
Parece que sim...
Paulo Roberto de Almeida 

Por que imitar a Venezuela, senhora Bachelet?

Melhor seria, escreve Carlos Alberto Montaner, imitar a Suiça. Mas, ao que parece, a presidente chilena Michelle Bachelet anda reavivando a "luta de classes". Segue o texto na íntegra:


La presidente chilena, Michelle Bachelet, quiere reducir la desigualdad. Me sospecho que se refiere a la desigualdad de resultados, que es la que mide el coeficiente Gini. Pero es posible que en su afán nivelador acabe desplumando a la gallina de los huevos de oro.

Corrado Gini fue un brillante estadístico italiano de principios del siglo XX, fascista en su juventud, quien, fiel a sus orígenes ideológicos, propenso a estabular a las personas en estamentos, dividió a la sociedad en quintiles y midió los niveles de ingresos que percibía cada 20%.

En su fórmula matemática, 0 correspondía a una sociedad en la que todos recibían la misma renta, y 100 a aquella en la que una persona acaparaba la totalidad de los ingresos. De su índice se colegía que las sociedades más justas eran las que se acercaban a 0, y las más injustas las que se aproximaban a 100.

Como suelen decir los brasileros, Gini tenía razón, pero poca, y la poca que tenía no servía de nada. Chile, de acuerdo con el Banco Mundial, tiene 52,1 de desigualdad (mejor que Brasil, Colombia y Panamá, por cierto), mientras Etiopía, la India y Mali andan por el 33. Es difícil creer que estos tres países son más justos que Chile.

Es verdad que los países escandinavos, los mejor organizados y ricos del planeta, se mueven en una franja entre 20 y 30, pero Kenia exhibe un honroso 29 que sólo demuestra que la poca riqueza que produce está menos mal repartida que la que muestra Sudáfrica con 63,1, uno de los peores guarismos del mundo.

Es una lástima que, pese a su experiencia como jefe de Gobierno, la señora Bachelet no haya advertido que su país logró ponerse a la cabeza de América Latina, y consiguió reducir la pobreza de un 45 a un 13%, no repartiendo sino creando riqueza.

Cuando la señora Bachelet examina a las sociedades escandinavas observa que hay en ellas un alto nivel de riqueza e igualdad junto a una tasa impositiva cercana al 50% del PIB y supone, equivocadamente, que los tres datos se encadenan. Incurre en unnon sequitur.

Sencillamente, no es cierto. La riqueza escandinava, como la de cualquier sociedad, se debe a la laboriosidad y la creatividad de todos los trabajadores dentro de las empresas, desde el presidente hasta el señor de la limpieza, pasando por los ejecutivos.

Supongo que ella entiende que sólo se crea riqueza en actividades que generan beneficio, ahorran, innovan e invierten. Es decir, en las empresas, de cualquier tamaño que sean.

¿Y por qué está mejor repartida la riqueza en Escandinavia que en Chile?

Los socialistas suelen pensar que es el resultado de la alta tasa impositiva, pero no es verdad. La falacia lógica parte de creer que la consecuencia se deriva de la premisa, cuando no es así. Sucede a la inversa: el alto gasto público es posible (aunque no sea conveniente) porque la sociedad segrega una gran cantidad de excedente.

Lo que genera la equidad en las sociedades prósperas y abiertas es la calidad de su aparato productivo. Si una sociedad fabrica maquinarias apreciadas, objetos con alto contenido tecnológico, medicinas valiosas y originales, o suministra servicios sofisticados por medio de su tejido empresarial, será recompensada por el mercado y podrá y tendrá que pagar a los trabajadores un salario sustancial, de acuerdo con sus calificaciones, para poder reclutarlos y competir.

Si Bachelet desea reducir la pobreza chilena y construir una sociedad más equitativa, no debe generar una atmósfera de lucha de clases y obstaculizar la labor de las empresas, sino todo lo contrario: debe facilitarla.

¿Cómo? Propiciando las inversiones nacionales y extranjeras con un clima económico y legal hospitalario; agilizando y simplificando los trámites burocráticos, incluida la solución de los inevitables conflictos; facilitando la entrada al mercado de los emprendedores; estimulando la investigación; creando infraestructuras (puertos marítimos y aéreos, carreteras, telefonía, electrificación, internet) que aceleren las transacciones; multiplicando el capital humano y cultivando la estabilidad institucional, la transparencia y lahonradez administrativa.

Es verdad que ese tipo de gobierno no gana titulares de periódicos ni el aplauso de la devastadora izquierda revolucionaria, pero logra multiplicar la riqueza, disminuye la pobreza y aumenta el porcentaje de la renta que recibe la clase trabajadora.

Lo dicho: ¿para qué imitar a Venezuela cuando se puede emular a Suiza? Casi nadie sabe quién es el presidente de Suiza, pero hacia ese país se abalanza el dinero cada vez que hay una crisis. Por algo será. (Libertad Digital).

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sábado, 8 de março de 2014

Venezuela chavista: uma colonia cubana - Carlos Alberto Montaner

Talvez não só a Venezuela...
(Grato a Orlando Tambosi)
Paulo Roberto de Almeida 

Venezuela, colonia de Cuba
Carlos Alberto Montaner, jornalista escritor cubano, analisa o legado do tirano Hugo Chávez, que morreu em 5 de março, no 60º aniversário da morte de Stálin. O que ele deixou, diz Montaner, foi um serviçal da ditadura castrista, Nicolás Maduro:
¿Cuál es el legado de Hugo Chávez? Al fin y al cabo, gobernó a su antojo durante catorce años (1999-2013). El periodo más largo de la historia de Venezuela, exceptuado Juan Vicente Gómez (1908-1935), otro militar de mano dura que se murió mandando. Digámoslo rápidamente: la herencia que les dejó a sus atribulados compatriotas fue la cubanización de Venezuela.
El 5 de marzo del 2013 se anunció la muerte de Hugo Chávez. Se cumplían 60 años exactos de la de Stalin. Chávez estaba clínicamente muerto desde mucho antes. Tal vez desde el 29 de diciembre anterior, cuando lo operaron en La Habana, pero lo mantuvieron artificialmente "vivo", con el encefalograma plano, conectado a máquinas que estimulaban los latidos de su inútil corazón.

Durante ese periodo, el gobierno cubano se dedicó febrilmente a organizar la transmisión de la autoridad en Venezuela. No podían desconectarlo hasta tanto no tuvieran todas las riendas del poder en las manos. Los Castro defendían subsidios por trece mil millones de dólares anuales, incluidos unos cien mil barriles diarios de petróleo, de los cuales Cuba reexporta la mitad.

Era importante prolongar el control del rico país sudamericano mientras se pudiese. En Venezuela se cumplía el destino trágico de las colonias: nutrir a la Metrópolis, más o menos como los insectos cautivos alimentan a las tarántulas que los van devorando lentamente.

Lo extraño, en este caso, es que el insecto es mucho mayor que la tarántula. ¿Cómo una pequeña, improductiva y empobrecida isla caribeña, anclada en un herrumbroso pasado soviético borrado de la historia, puede controlar a una nación mucho más grande, moderna, rica, poblada y educada, sin que siquiera haya existido una previa guerra de conquista? La clave de esa anomalía está en Chávez.

Caudillo

El axioma funciona así: Hugo Chávez se convirtió en el caudillo de Venezuela. Un caudillo es alguien que voluntariamente o por la fuerza asume el liderazgo para dirigir a una sociedad en la dirección que él decide. Entre las prerrogativas del caudillo está la de transferir su autoridad a otra persona o entidad. Al borde de la tumba, presionado por los Castro, Chávez, admitió la designación de Nicolás Maduro, sugerida por La Habana. Ergo, de facto, Cuba es el gran poder en Venezuela.

Este vasallaje contranatura comenzó en 1994, cuando Hugo Chávez conoció a Fidel Castro y el cubano lo sedujo, pero se selló totalmente a partir de abril de 2002, cuando el Ejército venezolano le dio un golpe a Chávez y lo obligó a renunciar, al menos durante 48 horas.

A partir de ese episodio, Chávez no creyó nunca más en sus compatriotas, políticos o militares, y se entregó totalmente en las manos de "los cubanos". ¿Qué le daban los cubanos? Una visión, un método y una misión, pero, sobre todo, informes de inteligencia sobre políticos, periodistas y militares. Detectaban o magnificaban deslealtades y se las revelaban. La información era poder. Cuba reunía y entregaba toda la información, subrayando los peligros para que Chávez estuviera eternamente agradecido.

Nadie conocía mejor los secretos de las tribus chavistas, muchas de ellas mal avenidas, que "los cubanos". Lo conocían todo: los delitos de los narcogenerales, los robos de la boliburguesía, las infidelidades de los supuestos aliados, la conducta íntima de los jefes, sus familias, sus hijos. Esa información podía destrozar a cualquiera que se les opusiera.

Dossier con inmundicias

Ese poder siniestro convertía a La Habana en el único factor aglutinante. Las tribus chavistas le temían. Las sujetaba firmemente por la entrepierna. Como en los versos de Borges, los unía el espanto. Cuando alguien se rebelaba contra su autoridad, le entregaban el dossier de sus inmundicias o le deslizaban un par de datos. No hacía falta más.

Cuando desconectaron a Chávez, ya Maduro había sido ungido, violando la Constitución. Era el hombre de los cubanos. Se había graduado en La Habana en la Escuela del Partido. No era un político, ni un militar, ni una figura de peso. Era un monigote al servicio de Cuba. Era el legado de Chávez. (El Cato).