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terça-feira, 9 de setembro de 2014

Bolivia: nova reeleicao de Evo Morales, o bolivariano ortodoxo em economia - Sergio Leo

Tenho dúvidas sobre se a Petrobras foi realmente indenizada, ou apenas paga em gas importado da Bolívia. Ainda que tenha sido, os valores ficaram bem abaixo do que ela efetivamente investiu.
Paulo Roberto de Almeida

Por que mirar a Bolívia, heterodoxa na ortodoxia
Sergio Leo
Valor Econômico, 8/09/2014

Índices de aprovação beirando os 80% e liderança absoluta nas pesquisas eleitorais acompanham o presidente boliviano, Evo Morales, em sua disputa para um terceiro mandato, nas eleições presidenciais de outubro. O bolivariano que ofendeu os mercados e patrocinou uma Constituição de inéditos poderes à população indígena beneficia-se do crescimento econômico, um dos maiores da região.
Em 2006, quem (como este colunista) estivesse em La Paz, à espera das comemorações do 1 º de Maio na Bolívia, notaria o insistente noticiário sobre a iminente decepção dos bolivianos com o primeiro - e pequeno - aumento do salário mínimo a ser anunciado pelo estreante Evo Morales. À tarde, fora da capital, o que Evo anunciou foi a nacionalização das reservas de gás e de refinarias da Petrobras, que cercou com tropas militares.
O ato gerou uma crise política com o Brasil presidido pelo aliado Lula, depois amenizada, inclusive com pagamento de indenizações devidas à Petrobras. Mas a política econômica que se seguiu afastou investidores e a própria Petrobras. Pouco se falou, porém, da política fortemente baseada na ortodoxia fiscal, adotada desde então pelo ex-cocalero, que conteve arroubos sobre o salário mínimo e outras contas públicas, e garantiu o relativo êxito econômico do país.
"Já há vários anos, o desempenho macroeconômico da Bolívia tem sido muito bom", elogiou a economista do FMI Ana Corbacho, chefe da missão que, em fevereiro, analisou as contas bolivianas. "Esse desempenho foi ativamente apoiado por políticas públicas que ajudaram a aumentar em quase três vezes a renda média da população, melhorar a distribuição de renda e provocar grande redução de pobreza", acrescentou, ao relatar as discussões com as autoridades do país. "E, além disso, tudo aconteceu num período muito curto".
Em 2013, Evo conseguiu um recorde histórico de crescimento, 6,8%, acumulou reservas recordes em moeda internacional, equivalentes a quase metade do Produto Interno Bruto, e manteve superávits, tanto nas contas do governo (1,4% do PIB), quanto nas estatais (0,5%). Estatais, aliás, trazidas ao controle do Estado após um agressivo programa de nacionalização, que afetou os setores de gás e petróleo, telecomunicações, transportes e mineração.
Evo não baixou suas ironias contra o FMI nem após os elogios; e foi bem-sucedido também na política: após uma sucessão de crises, ameaças de separatismo na rica região agrícola conhecida como "meia-lua", na fronteira com o Brasil, ele cooptou, ou afastou do caminho (às vezes com métodos violentos), empresários e líderes oposicionistas, enfraquecendo as ameaças à sua gestão. A terceira reeleição presidencial é uma inédita estabilidade num país que, entre 2001 e 2005, foi governado por seis diferentes presidentes.
Morales era um presidente fraco, de pequeno apoio político em uma Bolívia dividida, em 2006. Desde então, o país cresceu, em média, 4,5% ao ano. Aplicou, sob aprovação de instituições como o Banco Mundial, seu programa de redistribuição da renda e preparou-se bem, segundo o FMI, para enfrentar turbulências como a queda do preço do gás e a desaceleração econômica de seus principais clientes, Brasil e Argentina.
Evo conseguiu, também, um nível razoável de investimento externo, 3,5% do PIB no ano passado, mas muito concentrado nos fornecedores para o setor de gás e petróleo. O gás responde por mais da metade da receita governamental, em um país onde os impostos diretos são quase zero. O governo só agora construiu uma usina para separar, do gás fornecido ao Brasil, gases de uso mais nobre, destinados à petroquímica.
A Bolívia não foi tão bem em reduzir a gás-dependência e avançar além do modelo exportador de commodities. Também é preocupante a retração dos investimentos, inclusive da Petrobras, na exploração e ampliação das reservas de hidrocarbonetos. Desde a nacionalização, os governos Lula e Dilma reduziram quase à metade a dependência do Brasil em relação ao gás boliviano, ao criar infraestrutura para liquefazer e distribuir gás de outros fornecedores.
O afastamento brasileiro não foi completo: neste ano, a Petrobras, descumprindo recomendações de seu departamento jurídico, concordou, após muita resistência do governo Dilma e pressões crescentes de La Paz, em pagar um adicional a Evo pelos gases "ricos" de alta qualidade contidos no gás fornecido ao Brasil nos últimos anos. O Senado cobra explicação da estatal pelo pagamento de US$ 434 milhões.
O governo Evo é acusado de manipular e reprimir o Judiciário para mover ações judiciais contra oposicionistas -150 bolivianos estão refugiados no Brasil fugindo de processos e perseguição - e pode perder sua confortável maioria parlamentar nas próximas eleições, turvando sua capacidade de governar e trazendo riscos de repressão violenta dos oposicionistas.
Na economia, há expectativa de que o terceiro mandato de Evo seja acompanhado de reformas mais amistosas ao setor privado e investidores. A falta de investimentos em ampliação de reservas pode deixar a Bolívia sem gás para todo o consumo e os compromissos de exportação já em 2017, segundo o ex-ministro de Minas e Energia boliviano Álvaro Ríos Roca, que prevê necessidade de investimentos imediatos de pelo menos US$ 5 bilhões no setor.
Em cenário de queda de preços, com concorrência do gás extraído de rochas, Evo vê aproximar-se o fim do atual contrato de fornecimento ao Brasil, em 2019, e deve pressionar para uma renegociação em breve, decidido a não aceitar uma redução nos preços atuais. Na Bolívia, cresce o sentimento nacionalista e antibrasileiro (por motivos diversos, entre eles a riqueza dos empresários de origem brasileira na 'media luna' e as manifestações preconceituosas no Brasil contra bolivianos).
Será grande a tentação de qualquer governante lá, de responder a uma eventual piora na situação econômica desviando atenções para uma briga com o Brasil. A vencedora (ou vencedor) das eleições brasileiras de outubro deve incluir a Bolívia entre os temas desafiadores a estudar durante o seu mandato.

Sergio Leo é jornalista e especialista em relações internacionais pela UnB. É autor do livro "Ascensão e Queda do Império X", lançado em 2014. Escreve às segundas-feiras

sábado, 19 de julho de 2014

O Senador e o professor: confronto de ideias? - Fernando Tiburcio


O professor e o senador
FERNANDO TIBÚRCIO PEÑA
O Globo, 15/07/2014
 
É um convite à reflexão a recente troca de farpas entre Marco Aurélio Garcia, assessor especial da Presidência da República para Assuntos Internacionais, e Ricardo Ferraço, presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado. Provavelmente incomodado com a natural repercussão que teve a entrevista do senador Ferraço nas páginas amarelas da revista de maior circulação no país, o professor aposentado da Unicamp partiu para o contra-ataque usando a condenável estratégia de desqualificar academicamente o seu opositor. A meu ver, não surtiu efeito. Li o seu artigo-resposta e fiquei com a sensação de que o professor estava schopenhauerianamente tentando vencer o debate sem ter razão.
A certa altura, Marco Aurélio Garcia — a quem Ferraço chamou de “chanceler de fato” — acusa o senador de recorrer a velhos chavões da direita. Na ótica do professor, como o “comunismo” está virando um assunto restrito aos livros de história, o senador teria encontrado um novo “espantalho” para subsidiar um discurso supostamente conservador: o “bolivarianismo”. Marco Aurélio Garcia enfatiza que o senador não explicou que bicho é esse, embora ele também não o tenha explicado. Foi aí que percebi que eu próprio, quem sabe por uma deficiência acadêmica, não era capaz de traçar com precisão o conceito de “bolivarianismo”.

Quando vi a presidente Dilma Rousseff assinar o decreto que disciplina a criação dos conselhos populares, tive a impressão de que houve sim, muito diferente do que diz o professor Marco Aurélio, uma certa influência bolivariana. Sei que o diabo andou por ali, mas não saberia dizer com segurança que cara tem o diabo.
Para o meu alívio, depois de muito pesquisar, descobri que são incipientes as tentativas de encontrar uma definição para o termo e que, na maioria das vezes, há uma compreensível confusão entre “bolivarianismo” e “chavismo”. O que achei na doutrina não vai além do óbvio vínculo que tem o movimento sociopolítico com a sua fonte inspiradora, Simón Bolívar. Então, decidi sistematizar as características que moldam o bolivarianismo, como parte de uma atrevida experimentação com o fim de estabelecer as bases para um futuro conceito. As mais evidentes talvez sejam a dificuldade dos seus líderes para se desapegarem do poder e a formação de uma nova elite nos seus respectivos países.
Basta ver que o próprio Simón Bolívar se autodenominou “ditador e libertador das Províncias Ocidentais da Venezuela”. Bolívar se rodeou de pompa própria de uma corte, deixando os assuntos importantes nas mãos de favoritos, que acabaram por arruinar as finanças públicas, levando-os a recorrer a meios odiosos para reorganizá-las. Não sou eu que estou dizendo isso. O juízo de valor, que um século e meio mais tarde serve para contextualizar a atual elite chavista venezuelana, foi feito por um dos maiores ícones da esquerda, senão o maior: Karl Marx.
Hoje, além do presidente venezuelano Nicolás Maduro, discípulo de Hugo Chávez, outros três presidentes latino-americanos se autoproclamam bolivarianos: Evo Morales, Rafael Correa e Daniel Ortega. Manuel Zelaya, o caudilho hondurenho que o Brasil acolheu em sua embaixada em Tegucigalpa, outro bolivariano confesso, não é mais presidente (em que pese o intento frustrado de sua mulher, Xiomara, para tentar ressuscitar o zelaísmo). Foi apeado do poder por um golpe de Estado que teve como estopim as suas manobras para alcançar um segundo mandato, uma iniciativa tão aterradora para a Constituição de seu país, a ponto de sujeitar Zelaya a perder a cidadania hondurenha.
Evo Morales obteve num Tribunal Constitucional Plurinacional totalmente manipulado pelo governo o direito de concorrer a um terceiro mandato, não obstante o fato de a Constituição boliviana proibir expressamente mais de uma reeleição imediata.
Rafael Correa, que também sonha em se eternizar no poder, deixou para trás Evo Morales. Inspirador da virada de mesa do líder cocaleiro, Correa já está no terceiro mandato, um estado de coisas que afronta a Constituição. A solução para permanecer por mais tempo no Palácio de Carondelet foi apelar para reeleições indefinidas. Sem a menor vontade de largar o osso, Correa decidiu apoiar uma emenda constitucional que poderá reconduzi-lo uma ou mais vezes à Presidência do Equador.
Maduro, por obra de seu mentor, e Ortega, por obra dele mesmo, não têm motivos para se preocupar: as regras do jogo foram mudadas enquanto o jogo era jogado e agora a reeleição indefinida faz parte dos sistemas eleitorais da Venezuela e da Nicarágua.
Personagens de uma América Latina populista. Companheiros dos convescotes do Foro de São Paulo. Amigos do professor.

segunda-feira, 7 de julho de 2014

Wikileaks Itamaraty e a alianca dos companheiros com bolivarianos (revista Veja)

Convivência diplomática
Duda Teixeira
Veja, 5/07/2014

Documentos vazados do Itamaraty revelam que, ao saber do envio de tropas e blindados venezuelanos para massacrar a oposição na Bolívia, em 2007 e 2008, o governo do PT preferiu abafar o caso

A autodeterminação dos povos significa que uma nação não pode se intrometer nos assuntos internos de outra. Neste ano, esse princípio foi usado, corretamente, para condenar a Rússia pela invasão da Crimeia e pelo envio de paramilitares para o leste da Ucrânia. Apesar de se apresentar como defensora do princípio da autodeterminação, a diplomacia brasileira se absteve, em reunião da ONU, de repudiar o intervencionismo do governo russo. Documentos confidenciais revelam que o Brasil tem a mesma postura de conivência em crises internas que envolvem os vizinhos da América do Sul.
Em 2007. a Venezuela sobrevoou o espaço aéreo brasileiro para enviar soldados e viaturas militares para ajudar a Bolívia a massacrar protestos populares. Como os governos boliviano e venezuelano são ideologicamente afinados com o brasileiro, o caso foi abafado. Parte dessa história aparece cm um relatório confidencial do Ministério da Defesa do Brasil. O texto narra a visita de militares e do ministro da Defesa Nelson Jobim à Venezuela entre 13 e 14 de abril de 2008. O documento faz parte de um pacote de 397 arquivos surrupiados do sistema de e-mails do Itamaraty e disponibilizados na internet por hackers, em maio passado. Segundo o relatório, após desembarcarem em Caracas, os representantes brasileiros se reuniram na manhã do dia 14 na casa do embaixador Antônio José Ferreira Simões para acertar os ponteiros antes do encontro com o chanceler Nicolás Maduro, hoje presidente da Venezuela. Cada aparte dos presentes foi registrado no papel. Em determinado momento, o general Augusto Heleno, comandante militar na Amazônia, perguntou se os demais sabiam de aviões Hercules C-130 que transportavam tropas venezuelanas para a Bolívia. O embaixador Simões interveio: "Uma denúncia brasileira de presença de tropas venezuelanas na Bolívia pode piorar a situação".

Enquanto isso, o governo de Evo Morales continuava enviando tropas e milícias para lutar contra opositores no Estado de Pando, na fronteira com o Acre. Em dezembro de 2007, um cargueiro Hercules C-130 da Força Aérea Venezuelana tivera problemas técnicos e aterrissou em Rio Branco, no Acre, vindo da Bolívia. A Polícia Federal vistoriou a aeronave, não encontrou armas nem munição e permitiu que o avião seguisse para a Venezuela. Os documentos vazados mostram que isso era só a ponta do iceberg. Na conversa na casa do embaixador, o general Heleno afirmou que "há presença não apenas de venezuelanos na Bolívia, mas também de cubanos, com interesse operacional". Segundo o tenente-brigadeiro Gilberto Burnier, durante a crise, a Venezuela fez 114 voos. "Informavam que transportavam veículos comerciais, porém foi visto que transportavam viaturas blindadas para transporte de pessoal (VBTP) e outras viaturas militares", lê-se no documento. No encontro com os venezuelanos, o ministro Nelson Jobim sugeriu que fosse criado um corredor aéreo para "sacar da agenda esse problema", ou seja. abafar o caso, pois a lei proíbe o sobrevoo de material bélico sobre o território nacional sem autorização. A proposta contava com o apoio do presidente Lula. Em agosto de 2008, o Diário Oficial da União publicou um memorando pelo qual os venezuelanos se comprometem a pedir autorização para cruzar o espaço aéreo brasileiro. A Venezuela, portanto, continuou enviando tropas e armas sem ser incomodada. Um mês depois, mais de quinze pessoas morreram em uma guerra campal em Pando. Alguns agentes da repressão, segundo denúncias de opositores, eram venezuelanos. Quem comandou a operação foi o atual ministro da Presidência da Bolívia, Juan Ramón Quintana, o mesmo que, posteriormente, em 2010, foi visto saindo com maletas da casa do narcotraficante brasileiro Maximiliano Dorado, em Santa Cruz de la Sierra.

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Nossos amigos bolivarianos: tirar a ONU dos EUA: colocar onde? - Le Monde

Bem, a Bolívia sempre pode se oferecer para abrigar o novo Secretariado, e seus milhares de funcionários.
Os diplomatas amigos ficariam contentes: a vida é mais barata na Bolívia, e o ar menos poluído...
Paulo Roberto de Almeida

Morales propose de déplacer le siège des Nations unies
Le Monde.fr avec AFP | 26.09.2013 à 05h45 • Mis à jour le 26.09.2013 à 07h35

Le président bolivien, Evo Morales, a suggéré mercredi de changer le siège des Nations unies pour éviter un "chantage" des Etats-Unis, pays hôte de l'ONU, pour la délivrance de visas ou le survol de leur territoire.
"Il est important d'envisager de changer le siège des Nations unies", a-t-il déclaré dans un discours devant l'assemblée générale à New York. "Ce siège devrait setrouver dans un territoire, un Etat qui a ratifié tous les traités des Nations unies".
M. Morales s'est déclaré "solidaire" de son homologue vénézuélien, Nicolas Maduro, qui a accusé les Etats-Unis d'avoir mis des obstacles à sa venue au siège de l'ONU pour l'assemblée générale. "Comment pouvons-nous être en sécurité dans une réunion à l'ONU à New York ?", s'est-il exclamé. "Ici on ne nous garantit pas des visas ou des autorisations de survol, nous sommes menacés et soumis à des chantages au visa".
"INSULTE" À MADURO
Il n'a pas indiqué où il souhaitait transférer le siège de l'ONU mais a précisé qu'il ne pensait pas à la Bolivie ni à aucun pays d'Amérique latine.
La semaine dernière, les autorités vénézuéliennes avaient accusé les Etats-Unis d'avoir refusé à Nicolas Maduro le survol de leur territoire durant son voyage vers Pékin, une décision qualifiée d'"insulte" et de "faute grave" par le Venezuela.
Les Etats-Unis avaient démenti ces accusations, en assurant avoir autorisé ce survol et en niant par ailleurs tout refus de visa à une délégation de Caracas à l'ONU, un autre motif de mécontentement du pouvoir vénézuélien. M. Maduro est finalement arrivé mercredi au Venezuela après un voyage officiel en Chine sansfaire étape à New York.
Maduro assure que sa vie était en danger à New York
Le président vénézuélien, Nicolas Maduro, affirmé jeudi qu'il avait renoncé à venir à New York, où il espérait participer à l'Assemblée générale des Nations unies, "pour préserver son intégrité physique" et "sa vie".

"Le gouvernement américain sait que ces gens sont derrière une activité très dangereuse qui était en préparation à New York. La mafia de Roger Noriega et Otto Reich (...). Ce clan préparait une provocation folle, on ne peut pas la qualifier autrement, terrible", a-t-il assuré sans donner toutefois d'autres détails.

domingo, 1 de setembro de 2013

Pasta italiana, al sugo boliviano, garçon brasileño - Revista Veja

Diplomacia

Jerjes Justiniano é o embaixador do narcoestado boliviano em Brasília

VEJA desta semana mostra que representante boliviano assumiu o cargo diplomático há um ano com a missão expressa de fazer frente às denúncias contra os narcofuncionários

Duda Teixeira
“EXPORTA PARA ONDE?” - Jerjes Justiniano com Evo Morales, após sua nomeação em 2012.
“EXPORTA PARA ONDE?” - Jerjes Justiniano com Evo Morales, após sua nomeação em 2012. (Freddy Zarco)
O motivo primordial da perseguição política que levou o senador Roger Pinto Molina a pedir asilo na Embaixada do Brasil em La Paz foi um dossiê que ele entregou no Palácio Quemado, sede do Executivo boliviano, em março de 2011. O pacote trazia cópias de relatórios escritos por agentes da inteligência da polícia boliviana em que se desnudava a participação de membros do partido do presidente Evo Morales, o Movimento ao Socialismo (MAS), e de funcionários de alto escalão do seu governo no narcotráfico. Alguns desses documentos posteriormente também foram obtidos por VEJA e serviram de base para a reportagem “A República da cocaína”, de 11 de julho de 2012. Neles, afirma-se que o atual ministro da Presidência da Bolívia, Juan Ramón Quintana, e a ex-modelo Jessica Jordan entraram na casa do narcotraficante brasileiro Maximiliano Dorado, em Santa Cruz de la Sierra, no dia 18 de novembro de 2010. Os dois saíram cada um com duas maletas tipo 007. A intenção do senador hoje refugiado no Brasil era que o presidente Morales mandasse investigar as denúncias, e assim contribuísse no combate à indústria da pasta de coca - matéria-prima contrabandeada para o Brasil para a produção de cocaína e crack - e à rede de corrupção ligada a ela.
Nenhum suspeito foi interrogado. Em vez disso, Morales iniciou a perseguição ao senador Pinto Molina e nomeou para o posto de embaixador no Brasil o advogado Jerjes Justiniano, que assumiu há um ano com a missão expressa de fazer frente às denúncias contra os narcofuncionários da Bolívia. Morales poderia ter escolhido alguém menos comprometido com o assunto para desempenhar esse trabalho. O filho do embaixador, o também advogado Jerjes Justiniano Atalá, tem entre seus maiores clientes justamente funcionários do governo acusados de narcotráfico. Pior do que isso. Atalá, que no passado dividiu o escritório com o pai, foi o advogado do americano Jacob Ostreicher, que investiu 25 milhões de dólares em plantações de arroz na Bolívia em parceria com a colombiana Cláudia Liliana Rodriguez, sócia e mulher de Maximiliano Dorado. Resumindo a história: o filho do embaixador defendeu o sócio da mulher do traficante brasileiro, aquele que recebeu em sua casa o ministro denunciado por Pinto Molina. Trata-se, no mínimo, de uma coincidência constrangedora para o papel que Justiniano veio desempenhar no Brasil.
Igualmente constrangedor é um vídeo de quatro minutos que mostra o embaixador visitando a fábrica do narcotraficante italiano Dario Tragni, em Santa Cruz de la Sierra, no início de 2010. Na ocasião, Justiniano era candidato ao governo de Santa Cruz pela legenda do presidente Morales. Ele foi derrotado na eleição, que ocorreu em abril. No tour pela fábrica de madeira Sotra, Justiniano percorreu as dependências do local ciceroneado por um Tragni falante e irrequieto. “Esta é uma das máquinas mais produtivas da América Latina”, disse Tragni, apontando para um de seus equipamentos. Justiniano perguntou: “Estão exportando para onde?”. O italiano respondeu orgulhoso que para Espanha, Itália, Estados Unidos e Alemanha. Participou também da visita amigável Carlos Romero, atual ministro do Governo da Bolívia e responsável pela segurança interna do país. O incrível desse episódio é que poucos meses antes, em novembro de 2009, a polícia encontrara na Sotra diversos recipientes com cocaína, somando 2,4 quilos. No quarto de Tragni, foram apreendidos uma balança e um liquidificador com vestígios de cocaína. Um dos conhecidos meios para transportar drogas usado pelos traficantes bolivianos é escondê-las dentro de compensados de madeira para exportação.
Em tempo: em outubro do ano passado, o ator americano Sean Penn foi nomeado por Morales como embaixador mundial da coca. Nem precisava. A Bolívia já tem Jerjes Justiniano despachando em Brasília.   
Leia também: A república da cocaína

sábado, 31 de agosto de 2013

"Esse corrupto que fugiu para o Brasil" - encontro Dilma-Evo em Paramaribo (FSP)

Dilma fala a Evo em 'repúdio completo' por fuga de senador
Pouco antes do encontro na cúpula da Unasul, presidente da Bolívia chama Roger Pinto Molina de 'delinquente'
Chanceler brasileiro diz que permanência do político no país depende de decisão do Conselho Nacional de Refugiados
FABIANO MAISONNAVEENVIADO ESPECIAL A PARAMARIBO
Folha de S.Paulo, 31/08/2013

Em encontro com o colega boliviano Evo Morales na cúpula da Unasul (União das Nações Sul-Americanas), no Suriname, a presidente Dilma Rousseff manifestou seu "repúdio completo" à fuga do senador boliviano Roger Pinto Molina com a ajuda de um diplomata brasileiro, mas disse que sua permanência cabe ao Conare (Conselho Nacional de Refugiados).
Já Morales disse que seu país enviará informações sobre os supostos crimes cometidos por Pinto Molina, incluindo o de corrupção, mas classificou o assunto como da esfera da Justiça boliviana e não pediu sua extradição.
O teor da conversa foi relatado pelo novo chanceler brasileiro, Luiz Alberto Figueiredo, que substituiu Antonio Patriota nesta semana justamente por causa da crise gerada pela fuga de Pinto.
Segundo Figueiredo, Dilma explicou a Morales que Pinto Molina solicitou refúgio ao Brasil, cuja análise está a cargo do Conare. Não há prazo para uma decisão.
Em entrevista pouco antes de se encontrar com Dilma, Morales chamou Pinto de "delinquente" e disse: "Que devolvam delinquentes que têm problemas de corrupção", declarou.
Questionado sobre eventuais mudanças no Itamaraty com a sua chegada, Figueiredo disse que "a política externa é a do governo Dilma Rousseff".
Ele afirmou que "há várias coisas sob exame": "O caso da retirada do senador de uma embaixada brasileira e a sua condução sem garantias ao território brasileiro é um fato grave e que está sendo apurado."

MERCOSUL
Por iniciativa de Dilma, os presidentes da Venezuela, Nicolás Maduro, e do Paraguai, Horacio Cartes, também se reuniram ontem para discutir a situação do Mercosul.
Em rápida entrevista com jornalistas, Dilma disse que não iria revelar o teor da conversa, que durou meia hora. "Mas, na minha avaliação, foi uma reunião muito positiva, muito construtiva"
Venezuela e Paraguai estão com as relações estremecidas desde o ano passado, quando o então presidente Fernando Lugo, um aliado de Caracas, foi deposto. Os demais membros do Mercosul na época suspenderam Assunção do bloco e, em seguida, promoveram o ingresso da Venezuela, cuja entrada estava bloqueada por causa da falta de aprovação do Senado paraguaio.

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

A frase da semana: Evo Morales (sim, ele mesmo)

Não é possível que existam grupos ou autoridades que protegem corruptos.


Evo Morales, presidente da Bolívia.

(O presidente provavelmente esqueceu que assinou, com todos os seus colegas da Unasul, uma declaração defendendo o direito de asilo político; estavam pensando no transfuga americano em Moscou, se esqueceram de um refugiado na embaixada do Brasil em La Paz...)

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

A elevacao da diplomacia brasileira para alturas nunca antes alcancadas - Estadao

Em direção dos Andes, algo como 3 mil metros de altura, talvez até mais, pois a subida ainda não terminou...
Paulo Roberto de Almeida

Dilma conversa com Evo Morales por telefone sobre troca de embaixadores no Brasil

Presidente conversou por cerca de cinco minutos com o líder boliviano e chamou caso do senador boliviano de 'grave episódio'; Dilma e Evo devem se encontrar na sexta-feira

28 de agosto de 2013 | 20h 53
Tânia Monteiro - O Estado de S. Paulo
O Palácio do Planalto confirmou que a presidente Dilma Rousseff telefonou nesta quarta-feira para o presidente da Bolívia, Evo Morales. A conversa, realizada às 15 horas, quando Dilma estava no Palácio da Alvorada, durou cerca de cinco minutos. Mas a equipe da presidente evitou divulgar o teor da conversa, limitando-se a dizer apenas que "foi cordial".
No telefonema da tarde desta quarta, entretanto, Dilma disse a Morales que trocou o ministro das Relações Exteriores, sinalizando que já tomou providências sérias por causa do que ela mesmo considerou como um "grave episódio". Dilma e Morales combinaram de se reunir na próxima sexta-feira (30) em Paramaribo, no Suriname, onde ocorrerá reunião da União de Nações Sul-Americanas (Unasul).
O desgaste entre os dois países remete à fuga do senador boliviano Roger Pinto Molina, que estava na missão diplomática do Brasil em La Paz desde maio de 2012. Pinto Molina chegou ao Brasil no último sábado (24), após uma viagem de 22 horas em veículo diplomático brasileiro. O caso gerou impasse entre Brasil e Bolívia, pois Pinto Molina é opositor do presidente Evo Morales. O caso derrubou Antonio Patriota do Ministério das Relações Exteriores (MRE) na segunda-feira (26). Hoje o embaixador Luiz Alberto Figueiredo Machado assumiu o comando do MRE.
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Inconformados: 

Bolívia estuda meios para obter extradição

Governo Evo Morales quer que Roger Pinto, condenado por corrupção, seja devolvido ao país; Promotoria diz estudar opções legais para pedido

27 de agosto de 2013 | 23h 22
LA PAZ - O governo de Evo Morales e o Judiciário da Bolívia analisavam nesta terça-feira, 27, que atitude tomarão diante da fuga do senador opositor Roger Pinto ao Brasil. Entre as manobras consideradas por La Paz, que o considera um fugitivo da Justiça, está um pedido de extradição, segundo fontes do Executivo boliviano.
A Promotoria da Bolívia esteve "analisando o referido (caso) sob a normativa internacional e nacional com o objetivo de ver quais são as opções que tem o Ministério Público", afirmou o promotor-geral interino, Roberto Ramírez.
O senador fugitivo poderá ser requerido pela Justiça boliviana, que o acusa de rebeldia - por não comparecer a audiência judiciais - e o condenou a 1 ano de prisão, decisão em que cabe apelação, por um caso de corrupção. O promotor disse ainda que existem duas ordens de detenção contra o político opositor.
"Vamos buscar, como governo, que Roger Pinto regresse ao país e responda diante da Justiça boliviana pelos delitos que cometeu", disse o ministro da Defesa, Rubén Saavedra, acrescentando que o governo de Evo tem "os ânimos e a decisão" de esclarecer e não deixar impune a fuga do senador.
A presidente do Senado boliviano, Betty Tejada, afirmou que a Casa "solicitará à Promotoria-Geral que proceda ao trâmite de extradição".
‘Herói’. A oposição boliviana comemorou nesta terça o sucesso da fuga do senador, iniciada na sexta-feira, para o Brasil.
"As pessoas têm de compreender que existia uma situação extrema, que feria os direitos humanos. Pinto havia deixado de comer havia quatro dias (antes de ser retirado da Embaixada do Brasil em La Paz). Estava profundamente deprimido, falando de suicídio a todo momento", disse ao Estado o deputado Tomás Monasterio, da opositora Convergência Nacional, partido do senador fugitivo.
O político afirmou que sua legenda está organizando uma "carta pública", com a assinatura de parlamentares, prefeitos e governadores da oposição boliviana ao diplomata Eduardo Saboia, responsável por trazer Pinto ao Brasil. "Saboia é o verdadeiro rosto da diplomacia brasileira. Saudamos ele como a um herói. Deveria receber uma medalha pelo que fez."
Monasterio acusou o ex-chanceler brasileiro Antonio Patriota, demitido do cargo na segunda-feira após o início da crise diplomática, de ser "cúmplice" do governo de Evo e não ter sido firme para obter de La Paz o salvo-conduto que autorizaria o trânsito do senador fugitivo para fora da Bolívia.
O deputado ainda agradeceu a presidente Dilma Rousseff pela "preocupação pela vida" de Pinto, que a brasileira expressou em seu discurso de ontem.
O ex-presidente boliviano Jorge Quiroga também elogiou a fala de Dilma, afirmando que ela "assinala que o asilo (que Pinto deve pedir novamente, segundo a Advocacia-Geral da União) está garantido." / AFP COM GUILHERME RUSSO
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E a teia de conveniências...

Planalto blinda Amorim para conter danos

Ministério da Defesa nega que sabia da fuga, mas comandantes militares foram avisados informalmente por adidos em La Paz

27 de agosto de 2013 | 23h 12
Tânia Monteiro
BRASÍLIA - Para impedir que a crise se alastrasse do campo da diplomacia para o da Defesa, a presidente Dilma Rousseff comandou uma operação de blindagem do ministro Celso Amorim. Os escalões superiores das Forças Armadas sabiam informalmente da fuga do senador boliviano Roger Pinto Molina, que teve escolta de militares, e Dilma ordenou que Amorim explicasse o ocorrido.
Amorim preferiu fazer a declaração por meio de nota. Ele justificou que, no dia da viagem de Pinto Molina, os três adidos militares da embaixada em La Paz estavam fora da capital, em Cochabamba. "Em momento algum, eles foram informados da ação de deslocamento do senador boliviano para o Brasil", disse Amorim.
Apesar da negativa oficial, informações sobre a transferência do senador foram repassadas à cadeia de comando, segundo disseram aoEstado fontes graduadas das três Forças. Os comandantes evitam fazer comentários sobre o caso ou negam que tenham sido informados porque os avisos dos adidos vieram por canais informais. A cúpula militar prefere não se envolver no episódio por não se tratar de um tipo de operação militar.
Nesta terça-feira, em palestra na Faculdade de Direito do Largo São Francisco, em São Paulo, Amorim disse que "é um absurdo completo" afirmar que ele sabia da operação para retirar o senador boliviano e trazê-lo ao Brasil.
Segundo fontes militares, as comunicações sobre o que ocorria em La Paz foram feitas informalmente pelos adidos. "Se um adido não repassar esse tipo de informação para Brasília, ele simplesmente não serve para ser adido e deve perder o cargo", avisou um oficial-general do Alto-Comando das Forças Armadas, ao falar sobre o que chamou de "natural" e "correta" atitude dos militares que trabalham em La Paz.
Contenção. A própria presidente Dilma, que na manhã desta terça chegou a tratar do tema com Amorim, pedindo a ele explicações, não quer abrir uma nova frente de problemas. Segundo interlocutores diretos da presidente, ela considera que todo o erro no processo de fuga do senador boliviano foi de ordem diplomática, sem relação com a área militar.
No Palácio do Planalto, há entendimento até que, se realmente houve repasse de informação extraoficial dos adidos aos seus superiores, isso não pode ser colocado como quebra de hierarquia em relação a Amorim, porque os militares não tinham conhecimento da operação e não foram convocados para ela.
O Planalto dá o benefício da dúvida aos escalões superiores, porque os comandos poderiam achar, de fato, que se tratava de uma operação sigilosa oficial, em que não deveriam se envolver. Assim, o governo brasileiro considera que a situação de Amorim nada tem a ver com a Patriota.

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Brasil-Bolivia, e suas vitimas - Ricardo Noblat

Artigo estranho, provavelmente mal informado, especulativo, sem fatos, apenas suposições. Mas, à falta de esclarecimentos do poder poderoso (que não virão), navegamos com as garrafas que são jogadas ao mar...
Paulo Roberto de Almeida

COMENTÁRIO Blog Ricardo Noblat, 26/08/2013

Esquisito o episódio da chegada ao Brasil do senador boliviano refugiado há mais de 440 dias em nossa embaixada em La Paz. E agora da demissão do ministro Antônio Patriota, das Relações Exteriores.
A operação de retirada do senador da Bolívia foi arriscada se ela de fato ocorreu à revelia do governo Evo Morales.
Foram 22 horas dentro do carro principal da embaixada até a chegada em Corumbá. Fuzileiros navais garantiram a segurança do senador durante a viagem.
Em Corumbá, a segurança coube à Polícia Federal, subordinada ao ministro da Justiça.
É possível que fuzileiros e agentes da Polícia Federal tenham sido mobilizados à revelia dos seus chefes - os ministros da Defesa e da Justiça?
É possível que a fuga do senador fosse apenas do conhecimento do encarregado de negócios da embaixada do Brasil na Bolívia? O posto de embaixador está vago por lá.
E a pergunta mais importante: que ministro teria coragem de se envolver numa operação diplomaticamente tão delicada sem que a presidente Dilma fosse informada? E desse seu aval?
Dilma nunca gostou de Patriota, nunca se deu bem com ele, sempre o tratou mal, às vezes de forma humilhante.
Era preciso entregar alguma cabeça para acalmar o governo boliviano, aparentemente irritado com o que aconteceu.
Se Evo Morales só ficou sabendo da fuga do senador depois de sua entrada no Brasil, é grave. Deixa-o mal diante dos seus governados.
Se ele sabia da fuga e compactuou com ela, não poderá admitir. Pegaria mal.

A demissão de Patriota desmanchará o mal estar sincero ou simulado que separa a Bolívia do Brasil. Mas não porá um ponto final nessa história.

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Brasil-Bolivia: opinioes e desinformacoes sobre o caso dos avioes vistoriados

Curioso que, neste caso, existam poucas informações completas, fiáveis, credíveis, sobretudo corretas...

Evo se disculpa ante Brasil por la revisión de aviones en 2011

Williams Farfán
La Razón (La Paz), 20/07/2013

Cuatro días después de revelarse la revisión de naves de la Fuerza Aérea Brasileña, el presidente Evo Morales ofreció disculpas por los hechos. Aseguró que las acciones serán investigadas y que habrá “medidas drásticas” contra los autores.

“Yo no tuve ninguna información (de dichas revisiones)”, aseguró el Jefe del Estado. De hecho, él se enteró del caso en los últimos días, dijo en una conferencia de prensa ofrecida ayer desde las 07.15 en el Salón de los Espejos del Palacio de Gobierno.

“Yo de verdad estoy muy sorprendido, aunque tarde nos hemos informado por los medios de comunicación (…) hemos investigado pronto. Sí, lamentablemente hubo (incidentes), disculpas al pueblo brasileño y a su Gobierno. Somos sinceros, pero repito que todo no fue por instrucción del Presidente o del Vicepresidente, ni del gabinete”, declaró Morales a los periodistas.

En alusión a lo que ocurrió con el avión presidencial FAB001 en su viaje de regreso desde Europa el 2 de julio, el Mandatario agregó que “no puede ser que con el pretexto de la lucha contra el narcotráfico se violen convenios o tratados internacionales”. “Con los autores (de las revisiones) vamos a tomar medidas drásticas”, remarcó.

Información. “Siento que algunos oficiales exageraron usando el pretexto de lucha contra el narcotráfico y no respetaron los aviones oficiales. Sean de acá o de cualquier otro país, yo también tengo mi propia opinión, pero repito: ahora se está haciendo una investigación interna y sé que está resuelto este tema entre la Cancillería de Bolivia y la Embajada de Brasil”, aseguró el gobernante.

Tras revelaciones iniciales el lunes, el periódico brasileño Folha de Sao Paulo publicó una nota en la que el ministro de Defensa de Brasil, Celso Amorim, dijo que la revisión de su avión fue hecha por agentes antinarcóticos de Bolivia, cuando él no estaba presente, y que buscaron en el maletero pero no en la cabina del aparato. “Yo no sabía y es obvio que no estaba en el avión. Jamás autoricé, ni lo autorizaría”, manifestó.

El diputado de Convergencia Nacional (CN) Andrés Ortega cuestionó las afirmaciones del presidente Evo Morales y consideró que el canciller David Choquehuanca sí sabía del incidente, pero que no lo comunicó, al menos oportunamente, al Mandatario. “Si el Presidente no sabía de los aviones brasileños es porque el Canciller no le informó, aunque recibió una nota de Brasil, porque no fue un hecho menor”, criticó el diputado opositor Ortega.

Menores. En respuesta, la ministra de Comunicación, Amanda Dávila, remarcó que los incidentes no fueron de gravedad y por esto no sabían de los mismos ninguna de las autoridades del alto rango ni del país ni de Brasil.

“El ministro de Defensa de Brasil, Amorim, ha señalado que acaba de conocer el incidente, lo mismo pasó con el Canciller y el Presidente, porque los incidentes que se registraron en 2011 son incidentes que fueron superados por los niveles técnicos y medios de ambos gobiernos”, señaló Dávila.

Para el Jefe del Estado, el incidente con Brasil fue “felizmente superado” y ratificó la confianza con su gobierno. “Hay una confianza única, antes con Lula (da Silva), ahora Dilma (Rousseff), y esta confianza va a continuar, yo tengo mucho respeto a los países vecinos, Argentina y Brasil; los problemas están superados. Es confianza única”.

Morales prevé que bloque  definirá otras acciones

Un bloque de países de la región definirá las futuras acciones contra Italia, Francia, España y Portugal, por negar su espacio aéreo al FAB001 el 2 de julio. También podrían definir una posible demanda contra EEUU, informó el presidente Evo Morales.

“Sobre la expulsión, tenemos que tomar decisiones en permanente consulta; para esto nuestro hermano Canciller está en contacto con algunos cancilleres (de la región); algunos (países) se disculparon, otros todavía creo que no. Eso verán oportunamente las cancillerías, qué posiciones vamos a tomar en el futuro”, adelantó Morales.

El Mandatario explicó que ya hay una posición definida de los miembros de la Unasur (Unión de Naciones Suramericanas) y del Mercosur (Mercado Común del Sur), como es convocar a los embajadores de los cuatro países de Europa; ya se está recibiendo los informes de sus diplomáticos.

Con todo, en la misma conferencia de prensa, Morales afirmó que como país no se forzará a Francia, España, Italia y Portugal a explicar el trasfondo de la decisión de negarle el vuelo sobre sus territorios; en cambio, pidió que “nunca” más se repita similar incidente.  El jueves, el Pacto de Unidad resolvió exigir la expulsión de los embajadores de los países europeos, lo que aún se está analizando.

Hay un repliegue temporal de embajadores

Los embajadores de Bolivia en Francia (Jean Paul Guevara), España (Carmen Almendras) y en Italia (Antolin Ayaviri) se replegaron temporalmente al país (en Portugal no se tiene embajada). Ayer se reunieron con el presidente Evo Morales y con el canciller David Choquehuanca.

El repliegue fue dispuesto en cumplimiento de la resolución de los miembros del Mercado Común del Sur (Mercosur), que el 12 decidieron llamar a consultas (retorno al país) a sus embajadores en los cuatro países europeos que bloquearon el espacio aéreo al presidente Morales.

“Los embajadores suelen retornar, pero la medida del repliegue es por un tiempo, es como una forma de protesta que se adoptó a nivel de Mercosur, a nivel de todos los países”, informó en rueda de prensa la ministra de Comunicación, Amanda Dávila. “(El Mandatario y los embajadores) se reunieron para analizar lo sucedido con el avión del presidente Morales en Europa, lo que el Gobierno considera que es un secuestro”, aseveró Dávila.

El 12 de julio, en Montevideo, Uruguay, los países miembros del Mercado Común del Sur (Mercosur) decidieron llamar a consultas —convocar a sus embajadores en Italia, Francia, España y Portugal—, para coordinar posiciones ante esas naciones con respecto al bloqueo aéreo que sufrió el mandatario de Bolivia, Evo Morales, el 2 de julio en Europa.

También se dispuso que cada país miembro del Mercosur cite a los embajadores de España, Francia, Italia y Portugal, con el objetivo de hacerles conocer el malestar por dicho bloqueo.  Se trató de una decisión tomada por los presidentes de Argentina, Cristina Fernández; BrasilDilma Rousseff; Venezuela, Nicolás Maduro; y Uruguay, José Mujica.

Evo dice que subalternos lo quieren distanciar deDilma Rousseff


El presidente boliviano precisó que eso sucede en ambos países. Algunos senadores de Brasildescartaron que ocurra del lado brasileño. Morales se disculpó por el incidente del avión 

El presidente Evo Morales acusó ayer a funcionarios “subalternos” de Brasil y de Bolivia de buscar los mecanismos para enturbiar las relaciones para que los mandatarios de los dos países se peleen y se distancien. Aseguró que una de esas acciones está referida al hecho de que el Ministerio de Defensa deBrasil hubiera revelado, dos años después, que la fuerza antidrogas boliviana requisó tres aviones, incluyendo en el que viajaba el exministro brasileño Celso Amorim.

El mandatario convocó ayer  una conferencia de prensa, y se disculpó con el vecino país por el incidente ocurrido en octubre de 2011. Las repercusiones no se dejaron esperar. Un senador brasileño dijo a EL DEBER que no cree que funcionarios subalternos hagan eso del lado brasileño, mientras que otro parlamentario aseveró que el hecho de que Morales se haya disculpado es un buen paso para “mejorar las relaciones” entre ambos países, con lo que deslizó que más allá de las declaraciones, evidentemente hay tensión entre los países.

Cuando este medio consultó  ayer al presidente en el Salón de los Espejos del Palacio de Gobierno a qué atribuía el hecho de que el Ministerio de Defensa del vecino país denunció la requisa a la nave de Amorim, dos años después, respondió: “Puedo decirle que así como en Bolivia, desde Brasil nos quieren enfrentar a los presidentes y a Gobiernos. Espero no equivocarme, se debe a eso, y lamento mucho”.

Admitió también que en ‘el último tiempo’ se registraron problemas entre los dos países, aunque no precisó cuáles, “y gracias a nuestro canciller David Choquehuanca en contacto oportuno, de Cancillería a Cancillería, se superaron. Algunos subalternos que tenemos están dedicados a enfrentarnos, y no van a poder, porque hay una confianza única antes con Lula, ahora con Dilma (Rousseff, la presidenta deBrasil)”.

Desde Brasilia

El senador brasileño Pedro Simon, en un breve contacto telefónico, manifestó que “no pasa eso en el lado brasileño” (que subalternos traten de perjudicar la relación con Bolivia). “Es una posición de un presidente (Evo Morales) y la respetamos, pero pedimos más participación, porque es fácil entendernos. Tenemos que superar este incidente, y ambos presidentes deben facilitar un entendimiento”, señaló.

Medios brasileños informaron de que debido a su papel en el caso del asilo a Róger Pinto, el Gobierno de Bolivia, a través del ministro de la Presidencia, Juan Ramón Quintana, solicitó el cambio del embajador deBrasil en La Paz, Marcel Biato. Tiempo después se anunció la partida del diplomático, lo que desató críticas en el Senado de Brasil, que deslizó incluso que está en condiciones de bloquear, aunque nunca lo propuso directamente, la llegada de otro representante diplomático del vecino país a Bolivia.

Disculpas

El presidente Morales se disculpó ayer con Brasil por el incidente. “Hemos investigado pronto, sí, lamentablemente hubo (requisa al avión de Amorim), disculpas al pueblo brasileño, a su Gobierno, somos sinceros. No fue por instrucción del presidente, del vicepresidente ni del gabinete. Siento que algunos oficiales (de la Policía), so pretexto de lucha contra el narcotráfico, no respetaron aviones oficiales, sea de Brasil o de cualquier otro país”, señaló.

Otro senador brasileño, Eduardo Suplicy, en contacto telefónico, declaró que “es importante la disculpa de Evo Morales y demuestra que existe la intención de avanzar en la integración de ambos países”. Pero, como su colega Simon, reiteró que “es necesario hacer todo lo posible para mejorar las relaciones” entre ambos países.  

Morales, tras la disculpa, acotó que pese a que está superado el tema, personeros de la Cancillería y de la embajada de Brasil se reunieron y solucionaron el problema. “No es suficiente, acaba de comenzar una investigación y acá internamente tomaremos cartas en el asunto”, apuntó.

Fuentes diplomáticas revelaron que hubo un intercambio epistolar entre la Cancillería y la embajada deBrasil, que luego derivó en una reunión en la que el Gobierno se comprometió a nunca más requisar un avión oficial brasileño.

La oposición, en Bolivia, a través del diputado Andrés Ortega, de CN, se mostró crítica, tanto a la explicación de Morales, como a la posición brasileña. “No creo que el presidente Evo Morales hubiese desconocido la queja brasileña. No es un tema menor, es muy serio e importante. Me sorprende también que Brasil no haya presentado otro tipo de queja, tal vez pública, o más severa, pero es la decisión de este país que cada vez nos sorprende más con su improvisación en este y otros temas”, apuntó el opositor.

Pinto

La negativa de parte del Gobierno de la otorgación del salvoconducto para la salida a Brasil del senador Róger Pinto, que se encuentra recluido hace más de un año en la oficina de la embajada brasileña en La Paz, es el hecho que más ha distanciado a ambos países.

El Senado brasileño convocó varias veces al canciller Antonio Patriota para pedir que la administración de Rousseff ejecute una política más agresiva con el fin de presionar a Bolivia para que respete la decisión de admitir el asilo y deje salir a Pinto, pero Morales dijo que no es posible. "No soy jurista ni abogado, pero quienes tienen procesos no pueden tener asilo. Además, el señor Pinto tiene arraigo. ¿Cómo podemos dar salvoconducto a alguien que tiene arraigo?", declaró el presidente.

El mandatario aclaró que el caso de Pinto no se puede comparar con el de Edward Snowden, el exagente de la CIA que está en Rusia. "Hay gente valiente de Estados Unidos que va denunciando y (por) esas denuncias, por el bien de la humanidad, por el bien de la soberanía y de los derechos humanos debe ser otorgado el asilo correspondiente", aseveró.

Claves
1  Hecho. La Fuerza Especial de Lucha Contra el Narcotráfico requisó con canes el equipaje del avión oficial de Brasil, en octubre de 2011.

2  Molestia. La Cancillería de Brasil envió una queja a su similar de Bolivia, en la que pidió explicaciones sobre por qué se hizo la requisa.

3  Respuesta. La Cancillería y la FAB contrastaron que la requisa no debió realizarse, pero la entidad militar precisó que no tenía jurisdicción sobre la Felcn, de la Policía.

4  Felcn. La fuerza antidroga informó de que se remitió a su reglamento, pero tomó al avión brasileño como uno privado, no oficial.

5  Acuerdo. En una reunión entre funcionarios de la embajada y la Cancillería se acordó que nunca más se requisaría un avión oficial brasileño.

6  Sanciones. El jueves, el ministro de Gobierno, Carlos Romero, anunció sanciones a tres oficiales por el tema y Morales señaló que la investigación llegará aún más lejos.