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sexta-feira, 17 de janeiro de 2020

Papa Francisco: uma boa alma reformista, mas economicamente equivocado - Academia Liberdade Econômica

Consumismo no capitalismo

Papa Francisco e Ludwig von Mises não têm a mesma opinião sobre a importância da escolha do consumidor. O papa condena o que Mises defende, e sua discordância vai além do óbvio.
Como todos sabem, o papa condena o que ele chama de “consumismo”. Em um discurso proferido em 2015, por exemplo, ele disse:
Papa Francisco
Hoje, o consumismo determina o que é importante. Consumir relacionamentos, consumir amizades, consumir religiões, consumir, consumir… Não importam o custo ou as consequências. Um consumo que não favorece o vínculo, um consumo que tem pouco a ver com as relações humanas. Laços sociais são um mero ‘meio’ para a satisfação de ‘minhas necessidades’. O importante não é mais o nosso vizinho, com seu rosto familiar, sua história e sua personalidade.
As pessoas gastam demais em bens materiais, ele alegou, e ignoram o que realmente importa na vida. Por que gastar dinheiro com acessórios inúteis, como bichos de estimação e cosméticos?
Mises, é claro, não conhecia o Papa Francisco, mas há muito tempo ele respondeu àqueles que levantam esse tipo de queixa contra o capitalismo de livre mercado. O capitalismo, ele apontou, é um sistema de produção em massa para as massas. Dá às pessoas o que elas querem, desde que o que elas queiram possa ser produzido de forma lucrativa. Se você não gosta do que as pessoas querem, não culpe o capitalismo. Como se tivesse lido as declarações do papa, ele afirma em “A mentalidade anticapitalista”:
Ludwig von Mises
No entanto, muitas pessoas, especialmente intelectuais, apaixonadamente detestam o capitalismo. Na visão deles, esse modo medonho de organização econômica da sociedade não trouxe nada além de danos e miséria. Os homens eram felizes e prósperos nos bons e velhos tempos que precederam a ‘Revolução Industrial’. Agora, sob o capitalismo, a imensa maioria é de um povo faminto, impiedosamente explorado por individualistas austeros. Para esses canalhas, nada conta além de seus interesses monetários. Eles não produzem coisas boas e realmente úteis, mas apenas o que trará os maiores lucros. Eles envenenam corpos com bebidas alcoólicas e tabaco, e almas e mentes com tabloides, livros lascivos e filmes idiotas.
Mises responde que o capitalismo é um sistema de produção em massa para as massas. Dá às pessoas o que elas querem, desde que seja lucrativo fazê-lo.
O traço característico do capitalismo moderno é a produção em massa de bens destinados ao consumo pelas massas. (…) No mercado de uma sociedade capitalista, o homem comum é o consumidor soberano cuja compra ou abstenção de compra determina, em última análise, o que deve ser produzido e em que quantidade e qualidade.
É exatamente nesse ponto que a oposição entre Mises e o Papa Francisco se aprofunda. Se o papa leu Mises, eu não sei, mas ele está familiarizado com o argumento de Mises. Sua resposta é que, mesmo que o capitalismo dê às pessoas o que elas querem, ele ainda é deficiente. O que Mises considera uma virtude do capitalismo é, de fato, um vício. O papa diz:
O resultado é uma cultura que descarta tudo aquilo que já não é mais ‘útil’ ou ‘satisfatório’ para os gostos do consumidor. Transformamos nossa sociedade em uma enorme vitrine multicultural ligada apenas aos gostos de certos ‘consumidores’.
consumidora
Em resumo, é errado dar aos consumidores o que eles querem, se eles quiserem as coisas erradas. Para responder ao papa, precisamos abordar dois pontos. Primeiro, mesmo que as pessoas escolham mal, elas não estão agindo dentro de seus direitos? Coagi-los a um estilo de vida mais simples e menos materialista seria interferir em sua liberdade de gastar seu dinheiro como quiserem.
É claro que o papa poderia responder e, sem dúvida o faria, negando que as pessoas tenham sólidos direitos de propriedade. Em vez disso, os gastos nos quais elas têm permissão para incorrer devem ser guiados pelo “bem comum”.
Aqui, porém, o papa precisaria enfrentar outro problema ao qual Mises chamou a atenção. Depois de citar vários teólogos com visões do capitalismo como a do Papa Francisco, Mises apontou:
Eles falham em não reconhecer o caráter especulativo inerente a todas as empreitadas para atender futuros desejos ou satisfação; ou seja, em toda ação humana. Ingenuamente, presumem que não há qualquer dúvida sobre as medidas a serem tomadas para a melhor provisão possível dos consumidores. (…) Os defensores de uma economia planejada nunca conceberam que a tarefa é atender desejos futuros que podem ser diferentes dos desejos atuais, e empregar os vários fatores de produção disponíveis da maneira mais conveniente para a melhor satisfação possível desses incertos desejos futuros. – Human Action, Scholars Edition, pág 672 da edição em inglês
Em resumo, o papa teria que resolver o problema do cálculo socialista.
O argumento que acabamos de apresentar é que, mesmo que o papa tenha razão em criticar o consumismo, ele erra em não indicar um sistema alternativo viável. Pode-se, no entanto, criticar mais diretamente o argumento do papa. É verdadeiramente ruim para as pessoas gastar grandes somas de dinheiro em bens de consumo? Lew Rockwell argumentou muito bem que não é.
Claro, é fácil olhar para tudo isso e gritar: consumismo atroz! (…) Talvez você pense que a qualidade de vida não é grande coisa. Será que realmente importa se as pessoas têm acesso a grandes supermercados, drogarias, casas com mais de um cômodo e tecnologia? (…) Considere a expectativa de vida na era do consumismo. As mulheres em 1900 geralmente morriam aos 48 anos, e os homens aos 46. Hoje? As mulheres vivem até 80 e os homens, 77. Isso se deve à melhor alimentação, empregos menos perigosos, melhor saneamento e higiene, melhor acesso aos cuidados de saúde e a toda a gama de fatores que contribuem para o que chamamos de nosso padrão de vida. Somente desde 1950, a taxa de mortalidade infantil caiu 77%. Como resultado, a população está aumentando exponencialmente.
É fácil olhar para esses números e sugerir que poderíamos ter conseguido a mesma coisa com um planejamento central para a saúde, evitando todo esse consumismo repugnante que veio junto. Mas tal planejamento central foi tentado em países socialistas, e seus resultados mostraram exatamente o contrário nas estatísticas de mortalidade. Enquanto os soviéticos lamentavam nossa persistente pobreza em meio ao consumismo desenfreado, nossa pobreza estava sendo reduzida e nossa longevidade aumentava, em grande parte por causa do consumismo pelo qual estávamos sendo criticados.

segunda-feira, 18 de junho de 2018

Capitalism explained by Ludwig von Mises - Dan Sanchez

Capitalism Encapsulated: Mises in Four Easy Pieces

Ludwig von Mises boiled down capitalism to the essential features that he believed every citizen needed to know.
Dan Sanchez
 
Mises.org, June 17, 2018
One day in 1959, hundreds of students, educators, and grandees filled the enormous lecture hall of the University of Buenos Aires to capacity, overflowing into two neighboring rooms. Argentina was still reeling from the reign of populist presidente, Juan Perón, who had been ousted four years before. Perón’s economic policies were supposed to empower and uplift the people but only created poverty and chaos. Perhaps the men and women in that auditorium were ready for a different message. They certainly got one.
A dignified old man stepped before them and delivered a bold, bracing message: what truly empowers and uplifts the people is capitalism, the much-maligned economic system that emerges from private ownership of the means of production.
This man, Ludwig von Mises, had been the world’s leading champion of capitalism for half a century, so his message was finely honed. Not only a creative genius but also a superb educator, he boiled down capitalism to the essential features that he believed every citizen needed to know. As his wife Margit recollected, the effect on the crowd was invigorating. Having spent years in an intellectual atmosphere of stale, stagnant ideas:
The audience reacted as if a window had been opened and fresh air allowed to breeze through the rooms.
This lecture was the first in a series, the transcriptions of which are collected in the book Economic Policy: Thoughts for Today and Tomorrow, edited by Margit.

Life (and Death) Before Capitalism

To demonstrate in his lecture how revolutionary the advent of capitalism was in world history, Mises contrasted it with what he called the feudalistic principles of production during Europe’s earlier ages.
The feudal system was characterized by productive rigidity. Power, law, and custom prohibited individuals from leaving their station in the economic system and from entering another. Peasant serfs were irrevocably bound to the land they tilled, which in turn was inalienably tied to their noble lords. Princes and urban guilds strictly limited entry into whole industries and precluded the emergence of new ones. Almost every productive role in society was a caste. This productive rigidity translated into socio-economic rigidity, or “social immobility.” As Mises reminded his Argentine audience:
…a man’s social status was fixed from the beginning to the end of his life; he inherited it from his ancestors, and it never changed. If he was born poor, he always remained poor, and if he was born rich—a lord or a duke—he kept his dukedom and the property that went with it for the rest of his life.
Over 90 percent of the population was consigned to food production so as to precariously eke out sustenance for their own families and contribute to the banquets of their domineering lords. They also had to make their own clothing and other consumers’ goods at home. So, production was largely autarkic and non-specialized. As Mises highlighted, the small amount of specialized manufacturing that existed in the towns was devoted largely to the production of luxury goods for the elite.
From the High Middle Ages onward, production in western Europe was higher and the average person much less likely to be a chattel slave than during antiquity and the Dark Ages. But the economic system was still fixed and moribund; the common man had no hope of progressing beyond a life teetering between bare subsistence and starvation.
It was then and there that capitalism entered the scene, saving the lives of millions, and vastly improving the lives of millions more. 

And in the 18th century, in the Netherlands and England, said Mises, multitudes were about to go over the Malthusian ledge, because the population had grown beyond the land then available to employ and sustain them.
It was then and there that capitalism entered the scene, saving the lives of millions, and vastly improving the lives of millions more.
Four key distinguishing features of capitalism can be gleaned from Mises’s lecture. What follows is an exposition of those features, which can be thought of as, to paraphrase Richard Feynman, "Mises in four easy pieces."
It is important to note that, as Mises fully noted elsewhere, what emerged in the 18th century and developed subsequently was never a purely free market. So, the following characteristics have never been universal. But these features did come into play far more extensively in this period than ever before.

1. Dynamic Production

Under what Mises called “capitalistic principles of production,” feudal productive rigidity is replaced by productive flexibility and free entry. There are no legal privileges protecting anyone’s place in the system of production. Lords and guilds cannot exclude new entrants and innovations. And an upstart enterpriser’s capital, products, and proceeds are secure from the cupidity of princes and the jealousy of incumbents.
Free entry/exit is the logical corollary of liberty: inviolate self-ownership and private property. 

Of course, free entry amounts to very little without the corresponding right of free exit. With capitalism, peasants are free to leave their fields and former masters for opportunities in the towns. And proprietors are free to sell or hire out their plots of land and other resources to the highest bidder. (Although, during the transition between feudal and capitalist production, it really should have been the peasants doing the selling and hiring out, as they were owed restitution never delivered for their past serfdom and expropriation.)
Free entry/exit is the logical corollary of liberty: inviolate self-ownership and private property. It is the freedom of an individual to put his labor and earnings to whatever productive use he finds advantageous, irrespective of the pretenses to privilege of vested interests.
Under capitalism, no longer can nobles rely on a captive labor force and “customer” base, or enjoy the impossibility of having resources bid away by more efficient producers. No longer can these robber barons turned landed barons rest on such laurels of past armed conquest.
Free entry/exit imposes the stimulus and discipline of competition on producers, impelling them to strive to outdo each other in satisfying potential customers. 

Mises identified resentment of this fact as a prime source of anti-capitalism, which thus originated, not with the proletariat, but with the landed aristocracy. He cited the consternation of the Prussian Junkers of Germany over the Landflucht or “flight from the countryside” of their peasant underlings. And he related a colorful story of how Otto von Bismarck, that prince of Junkers who founded the welfare state (with the express purpose of co-opting the masses), grumbled about a worker who left Bismarck’s estate for the higher wages and pleasant beer gardens of Berlin.
Under capitalism, no longer can tradesmen idle in old methods and old markets. To do so is impossible in a world in which any man with savings and gumption is a potential underseller and overbidder. Industry incumbents also loathe the competition, so their special pleading is another major source of anti-capitalist rhetoric.
Free entry/exit imposes the stimulus and discipline of competition on producers, impelling them to strive to outdo each other in satisfying potential customers. As Mises proclaimed in Buenos Aires:
The development of capitalism consists in everyone’s having the right to serve the customer better and/or more cheaply.
Production, formerly adrift in the standing water of feudalistic stagnation, sets sail under capitalistic dynamism, driven by the bracing winds of competition.

2. Consumer Sovereignty

When producers vie with each other to better serve customers, they unavoidably act more and more like devoted servants of those customers. This is true of even the biggest and wealthiest producers. As Mises brilliantly expressed it:
In talking about modern captains of industry and leaders of big business… they call a man a “chocolate king” or a “cotton king” or an “automobile king.” Their use of such terminology implies that they see practically no difference between the modern heads of industry and those feudal kings, dukes or lords of earlier days. But the difference is in fact very great, for a chocolate king does not rule at all, he serves. He does not reign over conquered territory, independent of the market, independent of his customers. The chocolate king—or the steel king or the automobile king or any other king of modern industry—depends on the industry he operates and on the customers he serves. This “king” must stay in the good graces of his subjects, the consumers; he loses his “kingdom” as soon as he is no longer in a position to give his customers better service and provide it at lower cost than others with whom he must compete.
With capitalism, just as producers play the role of servant, customers play the role of master or sovereign: in a figurative sense, of course. It is their wishes that hold sway, as producers strive to grant them. And strive they must if they want to succeed in business. For, just as a sovereign of the ancien regime was free to withhold favor from one courtier and bestow it upon another, the “sovereign” customer is free to take his business elsewhere.
This relation is even expressed in the language we use to describe commerce. Customers are patrons who patronizeshops and other sellers. These sellers say, “thank you for your business” or patronage, and insist that “the customer is always right.” The polite, respectful deference formerly given by the ancient Roman cliens (client) to his patronus(patron) is now instead given by the producer to his customer/patron, except generally in a much more self-respecting and less groveling manner.
Thus, with capitalism, it is the consumers who hold ultimate sway over all production. 

If the customer is himself also a producer on the market, he must pay forward that same solicitousness and deference to his own customers, lest he lose their business to competitors. Thus, his desires for goods from his eagerly attentive suppliers are shaped by his own eagerness to fulfill the desires of his own customers. Therefore, the higher-order producer, by striving to make his customer happy, indirectly strives to make his customer’s customers happy as well.
This series terminates with the customers who have no customers: namely, the consumers, who are therefore the “engine” of this “train” of final causation. Thus, with capitalism, it is the consumers who hold ultimate sway over all production. Mises referred to this fundamental characteristic of capitalism as, speaking figuratively, consumer sovereignty.
Again, this is constrained to the extent that state intervention hampers capitalism. “Leaders of big business” can and often do use the state to acquire powers and privileges that enable them to flout the wishes of consumers and acquire wealth through domination instead of service.

3. Mass Production for the Masses

In a lecture by David Gordon I once attended, the scholar drew from his limitless reservoir of scholarly anecdotes to relate that Maurice Dobb, a British economist and communist, replied to Mises’s point about consumer sovereignty by averring that this feature of capitalism hardly does the common man any good, since the most significant consumers are the wealthiest. Dobb’s mistake, of course, is to neglect the fact that the relative importance of single consumers is not the issue here. The combined purchasing power of the preponderance of typically wealthy consumers vastly outstrips that of the atypically wealthy.
Therefore, as Mises pointed out, the capitalist’s main route to becoming one of those few wealthy consumers of extraordinary means is through mass-producing wares that cater to the masses of consumers of ordinary means. Even a small per-unit profit margin, if multiplied millions or billions of times, adds up to some serious dough. Boutique enterprises catering only to the elite, as feudal era manufacturers did, simply cannot compare. And that is why, as Mises informed the stunned Perónistas:
Big business, the target of the most fanatic attacks by the so-called leftists, produces almost exclusively to satisfy the wants of the masses. Enterprises producing luxury goods solely for the well-to-do can never attain the magnitude of big businesses.
That is why, as Mises never tired of saying, capitalism is a system of mass production for the masses. It is overwhelmingly the masses of “regular folk” who are the sovereign consumers whose wishes are the guiding stars of capitalist production.
Capitalism flipped feudalism on its head. With feudalism, it was the elite (the landed aristocracy) whose will dominated the masses (the enserfed peasants). With capitalism, it is the wishes of the masses (ordinary consumers) that hold sway over the productive activity of the entrepreneurial elite, from retail giants to dot-com millionaires.
As Mises’s address implied, the yearned-for “people power” always promised by demagogues like Perón, but which invariably turns to ashes in the mouths of the masses, as it did with the Argentines, is the natural result of capitalism, a system so often derided as “economic royalism.”
Imagine his audience’s surprise!
With capitalism, the working people really do hold ultimate sway over the means of production. 

But the full truth that Mises was imparting was even more surprising than that. Not only does capitalism fulfill the broken promises of economic populism, but, as Gordon remarked in his lecture, it also follows through on the more specific promise offered by syndicalists and Marxian socialists: worker control over the means of production. That is because, as Mises stressed in his lecture, the vast majority of the masses of ordinary “sovereign” consumers are also workers.
With capitalism, the working people really do hold ultimate sway over the means of production. They just don’t do it in their role as workers but in their role as consumers. They exert their sway in checkout aisles and website shopping carts, and not in the halls of labor unions, syndicates, soviets (revolutionary councils of workers), or a “dictatorship of the proletariat” that reigns in their name while it rides on their backs.
Capitalism has the charming arrangement of empowering the working person, while still preserving economic sanity by placing means (factors of production, like labor) at the service of ends (consumer demand).

4. Prosperity for the People

Capitalism not only empowers the working person, but uplifts him.
Capitalism, as its name implies, is characterized by capital investment, which was the solution to the crisis of how the marginal millions of 18th-century England and the Netherlands were to integrate into the economy and survive.
Labor alone cannot produce; it needs to be applied to complementary material resources. If, with given production techniques, there is not enough land in the economy to employ all hands, then those hands must be placed upon capital goods, if the connected mouths are to eat. During the Industrial Revolution, such capital goods were lifelines that the owners of new factories threw to countless economic castaways and that pulled them from the abyss and back into the division of labor that kept their lives afloat.
Knowing this truth of the matter, Mises was rightly appalled at the anti-capitalist agitators who “falsified history” (Gordon identified Thomas Carlyle and Friedrich Engels as among the worst offenders) to spread the now dominant myth that capitalism was a bane to the working poor. He set the issue right with passion:
Of course, from our viewpoint, the workers’ standard of living was extremely low; conditions under early capitalism were absolutely shocking, but not because the newly developed capitalistic industries had harmed the workers. The people hired to work in factories had already been existing at a virtually subhuman level.
The famous old story, repeated hundreds of times, that the factories employed women and children and that these women and children, before they were working in factories, had lived under satisfactory conditions, is one of the greatest falsehoods of history. The mothers who worked in the factories had nothing to cook with; they did not leave their homes and their kitchens to go into the factories, they went into factories because they had no kitchens, and if they had a kitchen they had no food to cook in those kitchens. And the children did not come from comfortable nurseries. They were starving and dying. And all the talk about the so-called unspeakable horror of early capitalism can be refuted by a single statistic: precisely in these years in which British capitalism developed, precisely in the age called the Industrial Revolution in England, in the years from 1760 to 1830, precisely in those years the population of England doubled, which means that hundreds or thousands of children—who would have died in preceding times—survived and grew to become men and women.
And as Mises further explained, capitalism not only saves lives, but it vastly improves them. That is because capitalism is also characterized by capital accumulation (which is why Mises embraced the term, in spite of it originating from its enemies as an epithet), which is the result of cumulative saving and perpetual reinvestmentbeing unleashed by greater security of property from meddlesome laws as well as grasping princes and parliaments. Capital accumulation means ever-growing labor productivity, which in turn means ever-rising real wages for the worker.
These higher wages are the conduits through which workers acquire the purchasing power that crowns them with consumer sovereignty. And they are no petty sovereigns either. Thanks to his capital-enhanced high productivity, a modern worker’s wage-powered consumer demand guides the deployment of a globe-spanning, dizzying plethora of sophisticated machines, factories, vehicles, raw materials, and other resources, as well as the voluntary labor of the other workers who use them, all of which conspire to churn out a cornucopia of quality household staples, marvelous devices, amazing experiences, and other consumers’ goods and services for the worker to choose from for his delectation. Purchasing such goods with his higher wages is how the worker claims his portion of the greater abundance, which approximatesto his own capital-enhanced contribution to it.
And higher wages are not the only way that the average working person can enrich himself through capitalism. Especially since the advent of investment funds, he can supplement and, upon retirement, even replace his wage income with interest and profit by putting his high-wage-fed savings to work and partaking in capital investment himself.
Because of these characteristics, as Mises proclaimed to those assembled:
[Capitalism] has, within a comparatively short time, transformed the whole world. It has made possible an unprecedented increase in world population.
He returned to the subject of England for one of the more paradigmatic examples of this:
In 18th-century England, the land could support only 6 million people at a very low standard of living. Today more than 50 million people enjoy a much higher standard of living than even the rich enjoyed during the 18th century. And today’s standard of living in England would probably be still higher, had not a great deal of the energy of the British been wasted in what were, from various points of view, avoidable political and military "adventures."
In one of those wonderful flashes of dry wit that would illuminate his discourse from time to time, Mises urged his auditors that, should they ever meet an anti-capitalist hailing from England, they should ask him:
…how do you know that you are the one out of ten who would have lived in the absence of capitalism? The mere fact that you are living today is proof that capitalism has succeeded, whether or not you consider your own life very valuable.
Mises furthermore cited the more general and clearly evident fact that:
There is no Western, capitalistic country in which the conditions of the masses have not improved in an unprecedented way.
And in the decades following his speech, the conditions of the masses improved incredibly in non-Western countries (like China) who partially opened up to capitalism as well.
Mises concluded his talk by urging his Argentine fellows to seize the day and strive for the economic liberation that would unleash the wonderworks of capitalism, and not to sit and wait for an economic miracle:
But you have to remember that, in economic policies, there are no miracles. You have read in many newspapers and speeches, about the so-called German economic miracle—the recovery of Germany after its defeat and destruction in the Second World War. But this was no miracle. It was the application of the principles of the free market economy, of the methods of capitalism, even though they were not applied completely in all respects. Every country can experience the same “miracle” of economic recovery, although I must insist that economic recovery does notcome from a miracle; it comes from the adoption of—and is the result of—sound economic policies.

Conclusion

If the subsequent policies adopted in Argentina, South America, and the world are any indication, Mises’s message, as lucid and affecting as it was, did not propagate far beyond the auditorium walls that day. Perhaps in the age of camera phones, YouTube, and social media, it would have. But his brilliant encapsulation of the beneficence and beauty of capitalism did not dissipate vainly into the Argentine air. Thanks to his Margit and to institutions that spread his works online (like FEE, the Mises Institute, and Liberty Fund), his message was preserved for the ages and is now only a mouse click away for billions.
Ludwig von Mises can still save the world by posthumously teaching its people the unknown truth about the inherently populist nature of capitalism in a way which speaks to their hopes and longings: that private property means dynamic production, which means a competitive, consumer-steered economy, which means a production system geared toward improving the lives of the masses, which first means widespread succor and ultimately ever-rising prosperity for the people of the world.

domingo, 29 de abril de 2018

Ludwig von Mises explica as causas reais da queda do Imperio Romano (Mises Brasil)

Apenas uma mente brilhante como a de Mises, e um homem dotado de cultura clássica e de instinto econômico, como ele, poderia explicar de maneira sintética, algo que os historiadores não souberam interpretar até hoje: a queda do império por "invasões bárbaras".
Na verdade, Edward Gibbon, em sua monumental história do Declínio e Queda do Império Romano já tinha feito um relato excelente sobre as disfunções econômicas do Império, o extrativismo estatal, a inflação, a desorganização monetária, a corrupção, etc.
Recomendo ler os muitos comentários dos leitores que estão na postagem original do Instituto Mises Brasil, neste link: https://www.mises.org.br/Article.aspx?id=1348
Vou dar uma aula sobre isso, com base neste texto.
Paulo Roberto de Almeida 

Observações sobre as causas do declínio da civilização romana

Ludwig von Mises
Instituto Mises Brasil, 3 de julho de 2012

A compreensão dos efeitos da intervenção do governo sobre os preços de mercado permite-nos entender as causas econômicas de um evento histórico da maior importância: o declínio da civilização romana.
Não é necessário especificar se a organização econômica do Império Romano poderia ou não ser qualificada como capitalista.  O que interessa é que não há dúvida de que o Império Romano no século II, o período dos Antoninos — os "bons imperadores" —, havia alcançado um alto grau de divisão do trabalho e de comércio interregional.  Diversos centros metropolitanos, um número considerável de cidades médias e inúmeras pequenas cidades eram as sedes de uma civilização refinada.  
Os habitantes dessas aglomerações urbanas eram plenamente supridos de alimentos e matérias-primas, não apenas pelos distritos rurais vizinhos, mas também pelas províncias distantes.  Uma parte destes suprimentos fluía para as regiões urbanas como renda de ricos proprietários de terras que residiam nas cidades.  Mas parte considerável era comprada da população rural que, em troca, recebia os produtos fabricados pelos moradores das cidades.
Havia um comércio intenso entre as várias regiões do império.  Não apenas nas indústrias de transformação, mas também na agricultura, havia uma tendência cada vez maior à especialização.  As várias partes do império já não eram mais economicamente autossuficientes; haviam-se tornado interdependentes.
O que provocou a queda do império e a ruína de sua civilização não foram as invasões bárbaras, mas sim a desintegração dessa interdependência econômica.  Os agressores externos simplesmente se aproveitaram de uma oportunidade que lhes foi oferecida pelo enfraquecimento interno do império.  De um ponto de vista militar, as tribos que invadiram o império nos séculos IV e V não eram superiores aos exércitos que as legiões haviam derrotado facilmente algum tempo antes.  Mas o império havia mudado; sua estrutura econômica e social tornara-se medieval.
A liberdade que Roma concedia ao comércio interno e externo sempre foi limitada.  Em relação ao comércio de cereais e outros gêneros de primeira necessidade, era ainda mais limitada do que em relação às demais mercadorias.  Era considerado injusto e imoral pedir pelo trigo, azeite e vinho — gêneros de primeira necessidade daquele tempo — preços maiores do que os habituais, e as autoridades municipais rapidamente reprimiam o que considerassem especulação.  Impedia-se assim o desenvolvimento de um eficiente comércio atacadista dessas mercadorias. 
A política da annona,[1] que era equivalente à estatização ou municipalização do comércio de cereais, pretendia corrigir essa falha; mas seus efeitos foram bastante insatisfatórios.  Os cereais se tornaram escassos nas aglomerações urbanas e os agricultores se queixavam de que o cultivo não era remunerador. 
A interferência das autoridades impedia que a oferta se ajustasse a uma crescente demanda.
A hora da verdade chegou quando os imperadores, diante dos distúrbios políticos dos séculos III e IV, resolveram recorrer à degradação da moeda.  A combinação de uma política de preços congelados com a deterioração da moeda provocou a completa paralisação tanto da produção quanto do comércio dos gêneros de primeira necessidade, e desintegrou a organização econômica da sociedade.  Quanto mais eficaz era o tabelamento de preços imposto pelas autoridades, maior o desespero das massas urbanas que não tinham onde comprar alimentos. 
O comércio de grãos e de outros gêneros de primeira necessidade desapareceu por completo. 
Para não morrer de fome, as pessoas fugiam da cidade para o campo e tentavam produzir, para si mesmas, cereais, azeite, vinho e o de que mais necessitassem.  Por outro lado, os grandes proprietários rurais reduziram a produção de excedentes agrícolas e passaram a produzir nos seus domínios — as vilas — os produtos artesanais de que necessitavam.  A agricultura em larga escala, já seriamente comprometida pela ineficiência do trabalho escravo, tornava-se completamente inviável pela falta de preços compensadores. 
Os proprietários rurais não conseguiam mais vender nas cidades; os artesãos urbanos perdiam a sua clientela.  Para atender às suas necessidades, os proprietários rurais passaram a contratar diretamente os artesãos para trabalharem em suas vilas. Abandonaram a agricultura em larga escala e se converteram em meros recebedores de rendas de seus arrendatários e meeiros.  Esses coloni eram escravos alforriados ou proletários urbanos que voltavam para o campo. 
As grandes propriedades rurais foram tornando-se cada vez mais autárquicas.  As cidades, o comércio interno e externo, as manufaturas urbanas deixaram de exercer a sua função econômica.  A Itália e as províncias retornaram a um estágio mais atrasado da divisão social do trabalho.  A estrutura econômica da antiga civilização, que havia alcançado um nível tão alto, retrocedeu ao que hoje é conhecido como a organização feudal típica da Idade Média.
Os imperadores se alarmaram com essa evolução que solapava o seu poder militar e financeiro.  Mas reagiram de maneira infrutífera, sem atingir a raiz do mal.  A compulsão e coerção a que recorreram não podiam reverter a tendência de desintegração social que, ao contrário, era causada precisamente pelo excesso de compulsão e coerção. 
Nenhum romano tinha consciência do fato de que o processo era provocado pela interferência do governo nos preços e pela deterioração da moeda.  Em vão os imperadores promulgaram leis contra os moradores que relicta, civitate rus habitare maluerit[2] (abandonavam a cidade, preferindo viver no campo). 
O sistema da leiturgia — serviços públicos que deviam ser prestados pelos cidadãos ricos — apenas acelerou ainda mais o retrocesso da divisão do trabalho.  As leis que dispunham sobre as obrigações especiais dos armadores, os navicularii, não conseguiram sustar o declínio da navegação, da mesma maneira que as leis relativas aos cereais não conseguiram impedir a escassez de produtos agrícolas nas cidades.
A maravilhosa civilização da Antiguidade desapareceu por não ter sabido ajustar o seu código moral e o seu sistema legal às exigências da economia de mercado.  Uma ordem social está fadada a desaparecer se as ações necessárias ao seu bom funcionamento são rejeitadas pelos padrões morais, são consideradas ilegais pelas leis do país e são punidas pelos juízes e pela polícia. 
O Império Romano se esfacelou por ter ignorado o liberalismo e o sistema de livre iniciativa.  O intervencionismo e o seu corolário político, o governo autoritário, destruíram o poderoso império, da mesma forma que necessariamente desintegrarão e destruirão, sempre, qualquer entidade social.

[1] Annona — política adotada pelo Império Romano, e que consistia em distribuir gratuitamente cereais para a população pobre das cidades.
[2] Corpus Juris Civilis, 1, un. C.X. 37

Ludwig von Mises
foi o reconhecido líder da Escola Austríaca de pensamento econômico, um prodigioso originador na teoria econômica e um autor prolífico.  Os escritos e palestras de Mises abarcavam teoria econômica, história, epistemologia, governo e filosofia política.  Suas contribuições à teoria econômica incluem elucidações importantes sobre a teoria quantitativa de moeda, a teoria dos ciclos econômicos, a integração da teoria monetária à teoria econômica geral, e uma demonstração de que o socialismo necessariamente é insustentável, pois é incapaz de resolver o problema do cálculo econômico.  Mises foi o primeiro estudioso a reconhecer que a economia faz parte de uma ciência maior dentro da ação humana, uma ciência que Mises chamou de "praxeologia".
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Ler a íntegra dos comentários dos leitores na postagem original do Instituto Mises Brasil, neste link:
Alguns exemplos: 
LIVIO LUIZ SOARES DE OLIVEIRA  03/07/2012 07:18
Só a genialidade de Mises para, em poucas linhas, explicar as raízes do colapso do Império Romano, que historiadores, economistas e outros especialistas vem tentando explicar há seculos, sem um diagnóstico definitivo. A causa mais consensual apontada até hoje foi a invasão das tribos barbaras. Mas isto não foi uma causa mas consequência de um processo evidente de enfraquecimento da civilização romana, como é bem observado neste artigo. Alguns autores chegaram a apontar, pasmem, o mosquito da dengue como um dos grandes causadores do colapso do poderoso império, em decorrência do sistema ineficiente de saneamento. Outros apontam pestes, quebras de safras. Nietzche chegou a responsabilizar o cristianismo, por supostamente enfraquecer a disposição de luta das legiões romanas. Na verdade, se houve um arrefecimento do moral dos legionários romanos, isso também foi consequência do estado de entropia e de dissolução econômica, política e social do império. 
Mises, do alto de sua impressionante sabedoria e inteligência, aponta em uma palavra a verdadeira causa deste fenômeno: intervencionismo. Por essas e outras considero Mises o maior economista de todos os tempos. Genialidade é isso: simplificar e sintetizar de forma impressionantemente esclarecedora um fenômeno complexo.
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Renato  03/07/2012 08:55
Um texto realmente excelente. Abriu minha mente para esta questão.
Mas devo dizer que não é a simplicidade que o faz genial, mas a verdade. Muitas pessoas tem respostas simples e erradas para as mais diversas questões. Mas este texto analisa o problema em foco sem forçar os argumentos, sem distorcer a história, sem tentar levar o leitor a crer em coisas improváveis.
É interessante notar que os romanos não tinham a menor idéia do que estava os destruíndo. Só muitos séculos depois Adam Smith começaria a explicar como funciona o mercado. Quanto mais os imperadores romanos percebiam a doença de sua sociedade, mais tomavam o veneno, pensando que fosse remédio. Seu autoritarismo doentio e sua demagogia empolada teriam conseqüências que eles nunca imaginariam.
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Filipe Nava  03/07/2012 13:29
Livio, de fato a questão da depreciação da moeda e do intervencionismo parece ter sido uma das principais causas da gradativa decadência do império romano, mas não devemos nos ater á uma linha de raciocínio histórica apenas, para analisarmos e sintetizarmos os motivos que levaram um grandioso império á ruína quase total. 
A disciplina de História se modificou e evoluiu bastante desde os tempos de Mises e outros economistas de seu tempo. Apesar de tudo isto, hoje, pelo menos nos meios acadêmicos, é praticamente obrigatório a especialização em uma área da História, o que acarreta em uma séria dificuldade de alunos de graduação se aprofundarem em questões mais integrais de grandes processos históricos (como é o caso da queda do império romano). Um dos maiores problemas quando se analisam tais processos, e disto eu tenho experiência, é uma quase inexistente estudo de motivos econômicos para certos acontecimentos. Quando ocorre de o historiador mediano se utilizar da histórica econômica, é para sustentar alguma afirmação marxista ou socialista, o que é lamentável, pois nega qualquer outra metodologia de análise histórica no campo econômico.
Concluindo, o artigo em muito me auxilia e a outros muitos historiadores que se interessam ou trabalhem com o tema Império Romano. Nunca havia ouvido de minha professora de história antiga (e tive muitas aulas com ela sobre Roma) esta razão econômica de derrocada do Império Romano. Me auxiliou muito este artigo, tanto para refletir certo processo histórico em sua integralidade como para me esclarecer, sob novas perspectivas metodológicas, fatos históricos (que o site mises.org.br tem me ajudado bastante). Mas como havia citado, não podemos restringir a história a certos campos disciplinares ou certas metodologias. Você certamente poderá encontrar diversos outros autores que tem ótimo embasamento e fontes para teorias diferentes das da escola austríaca para a derrocada de Roma. Mas certamente todas são muito importantes para contribuir com uma melhor visão de certo momento histórico.
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Leandro  03/07/2012 13:38
Prezado Filipe, todas as sociedades que entram em decadência o fazem por motivos econômicos. Sociedades pujantes não definham; elas podem, no máximo, perder sua antiga moralidade e recato, mas, enquanto a economia permanecer robusta, não há motivos para uma sociedade se desintegrar. Sociedades só se esfacelam por motivos econômicos.
Quem quer que esteja em busca de explicações para a queda da civilização romana, mas ignore por completo os fatores econômicos da época, estará apenas construindo um conto de fadas.
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Renato  03/07/2012 14:33
Leandro,
Quanto a Roma, o fator econômico parece realmente ter sido preponderante. Mas gostaria de contra-argumentar, pois você fez uma afirmação de âmbito universal.
Certamente uma sociedade pode entrar em colapso por fatores totalmente externos. Uma invasão por um inimigo, que destrua fortemente grande parte da população, a maior parte dos meios de produção, e grande parte dos registros escritos, pode levar uma sociedade a um colapso. Você dirá que a destruição dos meios de produção foi o fator preponderante, mas é importante analisar a causa dessa destruição.
Um país próspero pode entrar em decadência por motivos primariamente culturais e morais, pois a destruição de uma cultura de confiança será um grave entrave ao funcionamento do mercado. Vemos que foi a cultura de liberdade e responsabilidade que tornou possivel um mercado tão aberto nos EUA. E as grandes restrições ao funcionamento do mercado que aconteceram no último século, tiveram também razões culturais.
Note que o ambiente político de culto ao imperador, e demagogia sem fim, tornou possivel a adoção de medidas tão restritivas ao funcionamente normal de economia. Não digo que uma coisa levou à outra, mas digo que uma coisa tornou a outra possível, e até provável.
Veja que a causa primeira da má condução da política econômica normalmente é uma cultura doente. Portanto, o campo real de batalha é a cultura, e a economia seguirá.
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Leandro  03/07/2012 14:48
"Certamente uma sociedade pode entrar em colapso por fatores totalmente externos. Uma invasão por um inimigo, que destrua fortemente grande parte da população, a maior parte dos meios de produção, e grande parte dos registros escritos, pode levar uma sociedade a um colapso."
Isso só acontece em uma sociedade já debilitada economicamente. Sociedades ricas e pujantes não são atacadas e dominadas.
"Um país próspero pode entrar em decadência por motivos primariamente culturais e morais, pois a destruição de uma cultura de confiança será um grave entrave ao funcionamento do mercado. [...] Veja que a causa primeira da má condução da política econômica normalmente é uma cultura doente."
Ok, mas aí você confirmou o que eu disse. No final, o que será decisivo será a economia. Agora, se a economia degringolou por causa de medidas governamentais ou se foi por causa de uma deterioração da cultura da população, isso é algo secundário. A causa última será econômica. E a função do economista não é dar conselhos morais, mas apenas explicar como as coisas funcionam.