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domingo, 3 de janeiro de 2016

Producao propria: meu balanco para os tres ultimos anos e para 2015 - Paulo Roberto de Almeida

Um balanço ainda incompleto, mas já objeto de preocupações em ditaduras.
Paulo Roberto de Almeida



Balanço de um ano pleno de realizações: 2015

Paulo Roberto de Almeida
Primeiro trabalho de 2016

Este é meu primeiro texto de 2016, escrito na madrugada do dia 3 de janeiro, quando já estou engajado numa outra tarefa que me foi de certa forma solicitada por um amigo brasilianista, que pretende fazer um trabalho sobre o que já se convencionou chamar de “a queda do Brasil” (que foi matéria de capa da Economist, em sua primeira edição do ano). Tomo por base deste balanço e avaliação qualitativa do ano que acaba de se encerrar um texto de caráter similar (e de n. 2457) que eu havia feito no dia 31 de dezembro 2012, às vésperas de partir para os Estados Unidos, onde iria servir no Consulado Geral do Brasil em Hartford. Cheguei ao posto em 23 de janeiro de 2013, e dele me despedi em 30 de outubro de 2015, com quase três anos completos, portanto, de permanência no país. Foram três anos muito proveitosos, como terei a ocasião de explicar aqui, com uma avaliação mais voltada para o ano que findou três dias atrás.
Minha intenção é a de tecer considerações livres sobre o que eu consegui fazer nesses três anos, com ênfase em 2015, mas também alinhar algumas tarefas pendentes que continuam no meu pipeline de trabalhos futuros, ou seja, coisas (textos, livros, pesquisas) que eu ainda pretendo fazer durante o ano que se inicia, ou nos anos à frente, pois certamente sempre terei coisas para fazer até que me faltem forças para empreender tarefas planejadas. Cheguei aos EUA com minha lista de originais aberta para o número 2458; encerrei minha estada naquele país sob o número 2.890, feito em Hartford em 19 de outubro, pouco antes de embalar meus pertences para a mudança. Ainda fiz diversos outros trabalhos entre Anápolis e Brasília, nos meses de novembro e dezembro, até o dia 31/12. estendendo minha lista de trabalhos até o número 2.912, exatamente as minhas “previsões imprevidentes para 2016”, o que representa, portanto, um total de 454 trabalhos completos.
O que isso representa, como média aparente e como produtividade? Digo média aparente pois são inevitáveis algumas repetições, como livros compilados a partir de trabalhos anteriores, mas também tenho muitos outros trabalhos que não foram terminados e que, portanto, não receberam número, permanecendo em alguma pasta de projetos ou de working files. Fazendo uma simples média aritmética, esse total perfaz cerca de 150 trabalhos por ano, ou 12 trabalhos por mês, ou 0,42 trabalhos por dia. Parece ridículo alinhar essas médias enganadoras, mas se pensarmos no número de páginas escritas ou revistas, de alguma forma (caso dos livros-compilações de trabalhos anteriores, o que de toda forma obrigou a uma leitura e correção linha por linha), pode-se chegar a número ainda mais impressionantes do que esses. Vejamos, então.
Em 2013, “só” consegui fazer 93 trabalhos, ou seja, 7,66 trabalhos por mês, ou um trabalho completo a cada 4 dias (não estão contabilizados trabalhos incompletos ou em curso de redação); foram 831 páginas no total (sem a duplicação do livro Prata da Casa), ou 69 páginas por mês, ou 2,3 páginas por dia (sem contar as páginas de trabalhos inconclusos); cada trabalho teve, em média, 9 páginas, mas a variação entre eles foi muito grande.
Já em 2014, foram 190 trabalhos contabilizados, com 2.641 páginas no total, com alguma repetição nesse ano, ou de recuperação de anos anteriores, por incorporação de artigos já escritos anteriormente, a livros, que de toda forma implicaram em revisão página por página, linha por linha, ou seja, correções; esse total representou 7 páginas por dia, o que é propriamente impressionante, mas registro sempre que produzi diversas compilações e mesmo contando como simples revisão, isso aumenta, de modo artificial, o volume total produzido.
Em 2015, finalmente, foram 171 trabalhos, ou seja, 14,25 trabalhos por mês, ou um trabalho completo a cada 2 dias (não estão contabilizados trabalhos incompletos ou em curso de redação); em termos de escrita, esses trabalhos “ocuparam” 2.819 páginas no total, ou 235 páginas por mês, ou 7,7 páginas por dia (sem contar as páginas de trabalhos inconclusos, mas precisando descontar as muitas compilações de livros, que retomaram algumas centenas de páginas já escritas e contabilizadas anteriormente); cada trabalho teve, em média, 16,4 páginas, mas a variação entre eles, como sempre, foi muito grande.
No total, a produção acumulada nos últimos três anos totalizou 6.291 páginas, ou 174,75 páginas por mês, ou 5,74 páginas por dia, o que parece doentio, ou seria patológico. Mais uma vez, volto a enfatizar o papel distorcivo representado pelos trabalhos anteriormente feitos compilados em livros (já falo deles), mas que, como também já disse, representam um trabalho de revisão. Dando um “desconto”, por esse fato, digamos que essas “repetições” representam um terço do total. Com isso teríamos “apenas” 303 trabalhos completos, ou cerca de 100 por ano, num total mais realista de 4.200 páginas aproximadamente, ou seja, 116 páginas por mês, ou 3,8 páginas por dia. Acredito que se trata agora de um número mais razoável de “escrevinhação”, o que indica que, de toda forma, estou sempre escrevendo algumas páginas todos os dias.
Isso deve ser considerado no estrito limite dos trabalhos completos, numerados e listados cronologicamente. Não estou considerando neste total as dezenas, centenas, talvez milhares de linhas que escrevi ao longo desse período em mensagens pessoais a correspondentes, ou mais importante ainda, todas as “introduções” – ou seja, meus comentários toda vez que eu postava alguma coisa no blog (geralmente matéria da imprensa, ou trabalhos lidos na internet, com argumentos explicativos, de concordância ou refutação a cada uma dessas postagens). O trabalho no blog Diplomatizzando, que merece uma contabilidade à parte, se tornou bem mais exigente à medida em que mais e mais pessoas começaram a seguir e a comentar o que eu escrevia ou argumentava em relação a matérias de terceiros.
O blog Diplomatizzando, como já escrevi no meu balanço do final de 2012, representa uma espécie de divertimento intelectual, mas pode ser também considerado como uma maneira prática de não deixar passar uma infinidade de textos relevantes que de outra forma se perderiam no tsunami de informações com as quais entramos em contato de uma forma ou de outra durante uma única jornada de 24 horas (hélas, insuficientes para tudo o que gostaria de ler e escrever). Meu site pessoal, por outro lado, o www.pralmeida.org, ficou por isso mesmo um pouco abandonado, por absoluta falta de tempo, mas também por que fazem vários anos que pretendo reformulá-lo totalmente, e ainda não encontrei (também não procurei) uma alma generosa e atenta que verifique comigo tudo o que é necessário fazer para aperfeiçoar esse site, com vistas a torna-lo visualmente bonito e mas também funcionalmente operacional e mais prático; espero poder fazer essa “reforma” nos próximos doze meses, para permitir uma revisão mais radical, a reorganização completa de meus trabalhos livremente disponível num formato que facilite a busca e a leitura pelos interessados (geralmente jovens estudantes universitários à procura de um pouco de subsídios para o inevitável “copy and paste” da educação atual). Esse site vai me dar pouco de trabalho para alimentá-lo continuamente com trabalhos antigos, recentes e futuros, tornando-o tão vibrante como espero que seja o blog atualmente.

Vejamos agora o que, de tudo isso saiu publicado nesses três anos, em especial o de 2015. Algumas coisas não foram produzidas nesses três últimos anos, ou seja, se tratou de trabalhos escritos anteriormente, eventualmente já publicados em revistas, e que mereceram incorporação a um livro impresso ou digital. Em 2013, minha lista de publicados avançou do n. 1.087 ao n. 1.118bis (ou seja, um trabalho publicado de que só tomei conhecimento posteriormente, e não quis mexer na lista global de publicados), o que perfaz um total de 33 trabalhos publicados (com cerca de 896 páginas no total). Em 2014, foram 40 os publicados (mas nem todos escritos nesse ano, como afirmei), incluídos nesse total 5 livros digitais (minha própria edição), um em Kindle e um por via de editora comercial, ou seja impresso (Nunca Antes na Diplomacia..., para ser mais preciso). Como capítulos de livros escritos, eles foram poucos, apenas 3, sendo um em Kindle, em inglês. Mas, por outro lado, tive mais de cem textos inéditos publicados no blog, sem uma contabilidade considerada em bases uniformes.
Em 2015, finalmente, foram 48 trabalhos publicados, ou seja, 4 por mês, ou um trabalho a cada semana (o que não está de todo mau). No total dos três anos, foram 121 trabalhos publicados, ou 3,3 por mês. Creio que em termos de estatísticas chega, pois números demais acabam cansando. Em termos de livros publicados, faço aqui a lista dos três últimos anos, na numeração cumulativa e na ordem cronológica inversa:

30) Révolutions bourgeoises et modernisation capitaliste: Démocratie et autoritarisme au Brésil (Sarrebruck: Éditions Universitaires Européennes, 2015, 496 p.; ISBN: 978-3-8416-7391-6).

29) Die brasilianische Diplomatie aus historischer Sicht: Essays über die Auslandsbeziehungen und Außenpolitik Brasiliens (Saarbrücken: Akademiker Verlag, 2015, 204 p.; Übersetzung aus dem Portugiesischen ins Deutsche: Ulrich Dressel; ISBN: 978-3-639-86648-3).

28) O Panorama visto em Mundorama: Ensaios Irreverentes e Não Autorizados (Hartford: Author edition, 2015, 294 p.; DOI: 10.13140/RG.2.1.4406.7682), available: Research Gate; link: https://www.researchgate.net/publication/280883937_O_Panorama_visto_em_Mundorama_Ensaios_Irreverentes_e_No_Autorizados?showFulltext=1&linkId=55ca738508aeb975674a4d44).

27) Paralelos com o Meridiano 47: Ensaios Longitudinais e de Ampla Latitude (Hartford: Author edition, 2015, 380 p.; DOI: 10.13140/RG.2.1.1916.4006; available: Academia.edu; link: https://www.academia.edu/11981135/28_Paralelos_com_o_Meridiano_47_ensaios_2015_).

26) Volta ao Mundo em 25 Ensaios: Relações Internacionais e Economia Mundial (Kindle edition; file size: 809 KB; ASIN: B00P9XAJA4; link: http://www.amazon.com/dp/B00P9XAJA4).

25) Rompendo Fronteiras: a Academia pensa a Diplomacia (Amazon Digital Services: Kindle edition, 2014, 414 p.; ASIN: B00P8JHT8Y; link: http://www.amazon.com/dp/B00P8JHT8Y).

24) Codex Diplomaticus Brasiliensis: livros de diplomatas brasileiros (Amazon Digital Services: Kindle edition, 2014, 326 p.; ASIN: B00P6261X2; link: http://www.amazon.com/dp/B00P6261X2).

23) Polindo a Prata da Casa: mini-resenhas de livros de diplomatas (Amazon Digital Services: Kindle edition, 2014, 151 p., 484 KB; ASIN: B00OL05KYG; link: http://www.amazon.com/dp/B00OL05KYG).

22) Prata da Casa: os livros dos diplomatas (book reviews; Author edition; DOI: 10.13140/2.1.4908.9601; 2014, 663 p.; available: Academia.edu: https://www.academia.edu/5763121/Prata_da_Casa_os_livros_dos_diplomatas_Edicao_de_Autor_2014_).

21) Nunca Antes na Diplomacia...: A política externa brasileira em tempos não convencionais (Curitiba: Appris, 2014, 289 p.; ISBN: 978-85-8192-429-8).

20) O Príncipe, revisitado: Maquiavel para os contemporâneos (Kindle edition; 2013; ASIN: B00F2AC146).


Quanto aos capítulos oferecidos a livros coletivos, eles também foram em número significativo, vários deles importantes, mas sobre isso conversaremos em ocasião mais oportuna. Por enquanto interrompo aqui este balanço que ainda está longe de ser completo.
Depois retomamos a avaliação qualitativa.

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 3 de janeiro de 2016

domingo, 27 de dezembro de 2015

Uma vida entre dois seculos: um balanco retrospectivo - Paulo Roberto de Almeida


Uma vida entre dois séculos: um balanço retrospectivo

Paulo Roberto de Almeida

1. Por que um balanço retrospectivo? Por que agora?
Nasci na exata metade do século 20, quando a Guerra Fria recém deslanchava e quando o socialismo marxista aparentava possuir brilhantes perspectivas diante de si, forçando, aliás, comparações humilhantes para com o velho e injusto capitalismo. Era natural, portanto, que, nas leituras e reflexões juvenis, eu me inclinasse em favor dessa promessa de um futuro de justiça social, de desenvolvimento harmônico, de igualdade numa crescente prosperidade. Pouco antes de 1960, Nikita Kruschev, o líder soviético que sucedeu a Stalin (depois de eliminar concorrentes), prometia superar o capitalismo em dez anos e construir uma sociedade comunista acabada até o início dos anos 1980.
Minha crença nos poderes supostamente redentores do socialismo perdurou até o início dos anos 1970, justamente, quando tive a oportunidade de conhecer, pessoal e diretamente, o socialismo real, na chamada “cortina de ferro”. Constatei de imediato a imensa fraude do futuro prometedor do socialismo, um regime já sem qualquer futuro, sem esperança de mudanças substantivas, com promessas apenas de mais repressão, de mais penúria material, mais miséria moral. Muitos dos de minha geração que tinham entretido ilusões semelhantes, fizeram o mesmo tipo de constatação, por caminhos diversos, mesmo sem ter conhecido o socialismo real: a maior parte se rendeu às evidências, mas muitos outros continuaram insistindo nos mitos do passado, contra todas as evidências (mesmo hoje). Data daí minha verdadeira caminhada intelectual, embora eu já fosse um leitor eclético desde muito cedo, lendo todos os tipos de obras políticas e históricas, o que aliás nunca deixei de fazer, ainda hoje, quando percorro invariavelmente todo o espectro da literatura política: do bom, do mau e do feio.
Pois bem, chegamos agora ao final do terceiro lustro do século 21, quando praticamente já não existem mais socialismos no mundo, à exceção de duas fortalezas stalinistas miseráveis, nas antípodas do planeta, além de uma fauna variável de órfãos desse sistema inventado, que nunca entregou o que prometeu (ou que entregou o contrário do que tinha prometido). Eu nunca me inclui nessa fauna de órfãos – integrada em geral por ingênuos e ignorantes, mas também por muitas pessoas desonestas, por terem todas as condições de se render à realidade dos fatos, mas que persistem no engano coletivo –, embora eu seja honesto o suficiente para reconhecer o poderoso impacto de algumas das ideias marxistas no ambiente universitário e em minha própria produção de natureza acadêmica. Quando se é sociólogo de formação, já se é um pouco marxista, o que me parece inevitável na construção da teoria social e na determinação econômica de muitos processos sociais.
Mas eu nunca fui da vertente religiosa do marxismo: ao mesmo tempo em que lia Marx e Lênin, eu também lia Raymond Aron e Roberto Campos e qualquer outro teórico da sociedade que tivesse ideias inteligentes a expor. Tendo acumulado, portanto, algumas décadas de leituras, de reflexões e de viagens ao redor do mundo, por todos os capitalismos e socialismos existentes, das economias mais avançadas às mais atrasadas, é chegada a hora de rever o itinerário intelectual percorrido, detectar algumas constantes e discorrer livremente sobre algumas de minhas peculiaridades (ou bizarrices).

2. Uma vida de leitor obsessivo, de anotador regular, de escrevinhador errático
O que mais me distingue, justamente, no meio século transcorrido desde que me decidi por uma carreira intelectual, feita basicamente de aulas e de escritos voluntários, é a variedade e a quantidade da produção de textos acumulados desde meados dos anos 1960, o que me habilita agora a um balanço mais ou menos livre da enorme quantidade de escritos em diversos gêneros, tanto inéditos quanto publicados. Quem ousa percorrer minhas listas de trabalhos – todas disponíveis em meu site pessoal – constataria que os trabalhos ditos originais, ou seja, textos acabados, aproximam-se de três mil, ao passo que os publicados, em formato impresso ou digital, já somam mais de 1.200, o que me parece, com 41%, uma boa marca de aproveitamento dos escritos produzidos. Textos apenas esboçados, ou semiescritos, notas diversas, projetos de trabalhos, esquemas de futuros livros, espalhados por dezenas de working files em meu computador, são em número igualmente impressionante, mas estão numa bagunça indescritível.
Não é minha intenção, contudo, oferecer no presente texto mais uma avaliação quantitativa da produção realizada ao longo do período, ou nos últimos anos. Pretendo, sim, efetuar um balanço qualitativo desses escritos, com foco mais em seus méritos próprios do que propriamente em seu autor. Livros e artigos publicados devem ser julgados e avaliados pelo que eles representam de substantivo, independentemente de quem seja seu autor, como aliás recomendava Machado de Assis em relação ao trabalho analítico do crítico literário. Com efeito, o patrono da literatura brasileira dizia que, na avaliação de uma obra, o crítico deveria esquecer, e até mesmo varrer para debaixo do tapete, o autor da obra, ignorar sua existência, e se concentrar exclusivamente na obra em si, sem outras considerações do que o mérito próprio da escrita, suas qualidades (ou falta de), o estilo e a elegância dos argumentos e situações, o caráter dos personagens, enfim, a obra tal qual exposta, em sua natureza e essência puramente literárias.
No meu caso, entretanto, os textos produzidos ao longo desse meio século, em especial os do período recente, estão inextricavelmente ligados à natureza de minhas duas “profissões”, de um lado a carreira diplomática, que constitui a minha ocupação principal desde o final dos anos 1970, de outro as atividades acadêmicas, que exerci de modo regular (por vezes intermitente, em função da carreira justamente) por um período bem mais longo do que esse, praticamente desde sempre. Sobretudo nos últimos vinte e cinco anos, os escritos se concentraram nos temas mais frequentes de minhas tarefas diplomáticas e das aulas e pesquisas na vertente acadêmica: as relações econômicas internacionais, com destaque para a diplomacia econômica brasileira, e as políticas públicas em geral, com ênfase nas políticas macroeconômicas e setoriais no Brasil.
Assim, as eventuais qualidades (ou falta de) desses textos, a coerência (ou não) das ideias defendidas, a pertinência dos argumentos em relação à materialidade dos fatos tratados, sua adequação aos objetos descritos (quais sejam, as políticas dos governos, as posturas diplomáticas, o sucesso ou insucesso relativo de trajetórias de desenvolvimento, etc.), tudo isso se explica, provavelmente, pela personalidade do autor e sua posição especial, talvez bizarra, certamente diferente, no chamado establishment diplomático brasileiro. O que é esse “establishment diplomático”?
Trata-se de uma corporação estatal dotada de bons quadros governamentais, bem formados em função do background familiar e de estudos de qualidade, depois treinados e socializados na academia diplomática, mas que nem sempre dispõe de suficiente experiência na vida prática – ou seja, a das empresas privadas, a dos reais criadores de riqueza social – para construir um discurso diplomático adequado às necessidades do país. Por este simples enunciado percebe-se claramente minha postura crítica em face de minha própria corporação, uma vez que, ao mesmo tempo em que defendo as posturas diplomáticas oficiais, tendo a manter uma visão essencialmente crítica com respeito a essas posições, sempre buscando fazer uma espécie de anatomia da carreira.
O fato de que o Brasil seja um país de sucesso apenas relativo no seu processo de industrialização, de construção de uma base respeitável no tocante às suas forças produtivas – o que certamente se deve à sua classe empresarial, agrícola ou industrial, grande parte dela formada por imigrantes – mas que ele também seja um país de claro insucesso na construção de uma sociedade menos desigual, excessivamente marcado pela corrupção, por outros aspectos de uma institucionalidade falha (o que me parece evidente), essa contradição se deve certamente, mais do que a obstáculos técnicos ou materiais, à baixa qualidade de sua democracia, o que revela uma espécie de falência de suas elites dirigentes, que certamente incluem, pelo menos em parte, os diplomatas.
Que seja exatamente um diplomata a reconhecer esse insucesso relativo do Brasil abre a questão de saber quem é esse diplomata, o que fez na vida, antes de tornar-se diplomata, e o que ele sobretudo fez depois de se tornar diplomata (talvez por acidente). Para tornar este balanço retrospectivo um pouco mais destacado de certo subjetivismo inerente a este gênero de depoimento, conviria talvez falar do personagem como sendo uma terceira pessoa, esperando com isto separar o que sou hoje do itinerário percorrido desde o início de minhas aventuras intelectuais, que se estendem, justamente, de um século a outro, período no qual minha trajetória de vida e o acumular de escritos diversos se confundem com as transformações ocorridas no sistema internacional e no próprio Brasil. Como diria Ortega y Gasset, um homem não pode ser visto separado de suas circunstâncias, e são estas que passo a expor agora, da maneira mais livre possível.

3. No começo, o marxismo e o socialismo, rapidamente revistos
Vindo do caldeirão do marxismo universitário do final dos anos 1960, quando o Brasil vivia o início dos anos de chumbo da ditadura militar, o futuro diplomata – que sequer sonhava com a carreira nessa época, pensando apenas perseguir uma carreira acadêmica, depois de terminar de expulsar os militares do poder, como tantos outros jovens idealistas – teve a boa sorte, e a reflexão preventiva, de não ser preso, como tantos outros colegas de sua geração, embarcados na aventura da oposição armada ao regime. Escolheu auto-exilar-se na Europa, onde buscou o das real existierenden Sozialismus, não por que apreciasse sobremaneira a gerontocracia esclerosada do neoestalinismo soviético, mas porque achava que encontraria ali – mais exatamente na Universidade 17 de Novembro, de Praga, a instituição que acolhia os estudantes do Terceiro Mundo – facilidades para continuar os estudos de Ciências Sociais que havia iniciado, e abandonado logo no segundo ano, na venerável Fefelech, a Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, então ainda repleta de “founding fathers” da chamada “escola paulista de sociologia” (que seriam cassados logo em seguida pelo regime militar). Ao me ver desprovido dos professores cujas obras eu já conhecia em grande medida por leituras antecipadas, e ao visualizar os perigos de uma possível captura pela máquina de repressão do regime, preferi o autoexílio, que imaginava ser de duração relativamente curta. Não foi exatamente o caso.
A curta estada – de apenas três meses – no socialismo real, acompanhada da leitura de Kafka e de alguns outros livros sugestivos para a ocasião, convenceu-o, se não definitivamente, pelo menos fortemente, que aquele não era, certamente, o regime que queria para o Brasil. A migração do socialismo surreal para o capitalismo ideal – na Bélgica, mas com incursões em todas as outras democracias da Europa ocidental, amainou o seu leninismo mais prático do que teórico, e o convenceu de que a social democracia era talvez um modelo apropriado para se tentar na terra natal.
Tem início então um longo período de estudos solitários e de reflexões críticas sobre todos os modelos possíveis e factíveis de desenvolvimento econômico e social, com estadas prolongadas em bibliotecas universitárias, apenas entrecortadas por viagens a cada ocasião aberta à sua curiosidade intelectual. Sete anos se passaram nesse trabalho de construção de uma Weltanschauung, uma visão do mundo própria, que se alimentava não apenas das leituras de livros, dos debates teóricas nas academias, mas sobretudo de uma reflexão derivada de um contato direto com as mais diversas realidades. Cadernos e mais cadernos de notas resultaram de tais reflexões, além de um três dissertações acadêmicas, entre elas uma tese de doutorado deixada temporariamente interrompida.

4. Da academia para a diplomacia, com um pé atrás...
A volta ao Brasil, quase sete anos depois, assistiu à surpresa da troca inesperada da perspectiva acadêmica pela carreira de servidor do Estado (que eu combatia, ainda) na área diplomática, provavelmente a mais intelectualizada de toda a burocracia federal. Foi um impulso, mas também uma maneira de desligar-se dos vínculos antigos, na cidade de origem, e de testar a ficha policial (mais propriamente política) em face de um aparato de segurança que ainda era dominado pela paranoia do comunismo e da subversão. Os primeiros anos na vida diplomática ainda viram o recém servidor do Estado no Serviço Exterior assinar diversos artigos de política e de análise de conjuntura com o mesmo “nom de plume” que tinha usado durante seu período de autoexílio, um cuidado apenas elementar em vista da resistência dos bolsões da ultradireita militar aos ensaios de abertura e de distensão política do regime ditatorial.
A volta à democracia, no Brasil, em 1985, coincidiu com um primeiro retorno dos dois postos inaugurais no exterior, período que foi aproveitado para concluir um doutoramento que tinha ficado interrompido quando da volta ao Brasil, ainda sob o regime militar. A nova condição de “doutor em Ciências Sociais” o habilitou a tornar-se professor da academia diplomática, o prestigioso Instituto Rio Branco, e do mestrado em sociologia da Universidade de Brasília. Tem início aí uma fecunda, prolífica, certamente abundante produção intelectual, nos mais diversos campos da sociologia política, da economia do desenvolvimento, e das relações internacionais, que não mais se interromperia desde então, resultando na elaboração cumulativa de centenas de artigos, duas dezenas de livros, e de várias dezenas de capítulos em livros editados no Brasil ou no exterior. Poucos diplomatas, se algum, conseguem equiparar-se, pelo menos em termos de volume, à produção publicada – ainda maior computando-se os inéditos e os working files – por esse Stakhanov da pena, ou melhor, do computador.
O mais interessante, porém, quando se pensa na independência da escrita, na liberdade de expressão, na autonomia da palavra, e na postura crítica em face das questões de trabalho, é que nada na produção publicada desse escritor compulsivo traz a marca habitual da chamada “langue de bois”, o diplomatês insosso da maior parte dos textos de chancelaria, a postura “chapa branca” dos argumentos defendidos, a adesão a posições oficiais ou a políticas governamentais, de qualquer espécie, época ou partido. Jamais se poderia acusa-lo de dobrar-se às conveniências do estilo diplomático, cheio de palavras elegantes que representam um esforço elegante para circular em torno do nada, senão a propósito da cooperação, do diálogo, da construção de pontes para contemplar mútuos objetivos e interesses recíprocos, tudo em prol do desenvolvimento e da prosperidade dos povos respectivos, enfim, essas platitudes aborrecidas que costumam enfeitar os discursos de chancelaria. Nada, nem um traço dessas baboseiras conceituais, que parecem constituir o ganha-pão dos escrevinhadores oficiais da diplomacia.
Não que o nosso diplomata acidental, eclético à sua maneira, tenha deixado de também produzir textos propriamente oficiais, o que seria praticamente impossível. No curso da carreira, além dos incontáveis telegramas e memorados – com sua linguagem técnica, especializada, contida pela necessária concisão a que se deve atender nos processos decisórios, restrita ao tratamento objetivo dos assuntos em pauta – é preciso também fazer discursos e artigos para os graduados, os barões da Casa. Nessa atividade de ghost-writer, muitos se perdem nos floreios góticos e nas filigranas jurídicas, naquele estilo pomposo que faria a distinção de acadêmicos da periferia, com todo respeito por nossos irmãos “periféricos”. Nunca foi o caso deste personagem, e talvez alguns de seus textos elevados à consideração superior, tenham sofrido cortes num ou noutro gabinete, talvez para podar as sociologices, ou, justamente, para corrigir a linguagem não diplomática, ou insuficientemente burocrática. Aliás, também foram preservados alguns registros de censura a seus próprios textos destinados a publicação, trechos cortados aqui e ali por algum secretário zeloso dos gabinetes, preocupado com observações realistas e sinceras que costumam percorrer os argumentos alinhados.
No Itamaraty desses tempos de discursos finamente costurados, e de exposição de diplomatas aos grandes órgãos da imprensa, sobretudo no Rio de Janeiro, costumava-se dizer que “você só assina artigos quando não mais os escreve”; ou seja, aos nègres da carreira, aos secretários com bom manejo da pena se atribuía o encargo de redigir as peças literárias ou os discursos diplomáticos que depois passavam a figurar sob o nome e a responsabilidade do chanceler ou de algum barão da Casa. Não era o caso do diplomata em causa: não apenas assinava o que tinha escrito, como também tinha a surpresa de ver cortados ou mudados determinados parágrafos de seus textos antes de sua publicação. Foi o que ocorreu, por exemplo, com seu primeiro livro sobre o Mercosul, podado em parte por conter algumas considerações não politicamente corretas sobre o ingresso do Paraguai no bloco comercial. Mas isso é pouco relevante numa trajetória feita de muitos outros escritos ainda mais polêmicos, a ponto de o diplomata ter de recorrer, em mais de uma ocasião e em plena “democracia”, a novos “noms de plume” e a outros subterfúgios do gênero, para escapar de uma censura não menos real por ser mais disfarçada, ou discreta do que aquela grosseira e paranoica do regime militar. O expediente se repetiria, com frequência ainda maior, durante o reinado dos companheiros, quando o “pensamento único” se abateu não só sobre o Itamaraty, mas igualmente sobre todas as demais agências do Estado. Mas este é um episódio bem mais recente, e ainda não encerrado de todo, para ser avaliado com o distanciamento necessário a uma reflexão ponderada sobre as ironias políticas da vida pública.

5. A preservação da independência intelectual na burocracia estatal
Uma das grandes etapas da carreira do personagem em questão, das mais gratificantes no plano intelectual, ocorreu em Washington, a capital da maior biblioteca pública do planeta – e possivelmente da galáxia – a Library of Congress, capaz de contentar qualquer pesquisador sobre qualquer assunto humanamente concebível. Na Library of Congress nosso diplomata pode encontrar todos os livros de que tinha ouvido falar alguma vez na vida e que nunca tinha tido o prazer de encontrar antes. Como por exemplo, este aqui: Quatro regras de diplomacia (Lisboa: Livraria Ferreira, 1881), escrito por um diplomata monárquico português da segunda metade do século 19, Frederico Francisco de la Figanière, que expunha quatro regras simples do trabalho diplomático, quais sejam, nominalmente: 1) agradar; 2) ser leal; 3) antepor a palavra à pena; e 4) ter concisão e ordem no redigir (muito útil esta última). O livrinho, anacrônico como se imagina, com sua linguagem empolada, permitiu a confecção de um texto alternativo bem mais heterodoxo, as “dez regras modernas de diplomacia” (http://www.pralmeida.org/05DocsPRA/800RegrasDiplom.html) que se converteram em um sucesso imediato entre os candidatos à carreira, a despeito de oferecer uma visão da carreira e do trabalho diplomático em muitos aspectos numa linha contrária, e até oposta, ao que se espera de um diplomata conformado e obediente.
Este é, em qualquer hipótese, o espírito iconoclasta, desafiador e até provocador, que marcam a maior parte dos escritos desse diplomata não convencional, numa Casa que costuma afirmar que a sua melhor tradição é saber renovar-se com continuidade, mas que exibe, mais exatamente, certos traços mais encontráveis nos ambientes militares e no inner sanctum do Vaticano: a hierarquia e a disciplina. Nosso diplomata não respeita nem a hierarquia, nem se pauta pela disciplina, sempre quando o que está em jogo é, não o cumprimento de instruções de chancelaria – o que convém acatar e seguir, por mais que se discorde delas –, mas a formulação tentativa do processo decisório, quando o que se espera não é exatamente a subserviência às posições superiores, mas o exercício da inteligência, o manejo da fundamentação empírica, a argumentação racional em torno da adequação entre meios e fins, mais do que o acatamento servil de alguma opinião mais elevada na hierarquia.
Como ele próprio costuma dizer: “não deixo o cérebro em casa quando vou trabalhar, nem o deposito na portaria no momento de adentrar nos locais de trabalho”. Dito: cérebros ativos são feitos para pensar, e não para se conformar com o conforto das posições estabelecidas, aquilo que Flaubert chamava de “platitude des idées reçues”, ou seja, o senso comum, geralmente torto, daqueles que se recusam a usar a inteligência e que se contentam em reproduzir aquilo que recebem já pronto. Assim é que o diplomata em questão nunca deixou de levantar o dedinho cada vez que uma proposta mal pensada, mas elaborada e mal sustentada vinha servir de base para instruções que lhe pareciam contrárias ao interesse nacional (sim, tão difícil de ser definido quando as preferências em matéria de times de futebol ou opções gastronômicas).
O tal de “interesse nacional” é muitas vezes concebido simplesmente em termos de patriotismo rastaquera ou nacionalismo rústico, duas “bêtes noires” que o nosso diplomata nunca deixou de combater, pelo simplismo evidente, pelas inconsistências lógicas, pela simples falta de eficácia na vida prática. Diplomatas acidentais servem para isso mesmo: contestar “idées reçues”, inovar conceitualmente, desafiar posições arraigadas, sob risco de se chocar com as verdades reveladas, os maus hábitos do passado, o conforto da inércia e a não disposição em pensar, coisas que nosso diplomata abomina num grau apenas inferior à desonestidade intelectual e a ignorância ilustrada (que é diferente da ignorância ingênua daqueles que não deram estudar e se informar).

6. Um contrarianista numa Casa conformista
Estas são, resumindo, as linhas mestras do pensamento e das atitudes do diplomata acidental, uma mistura de Dom Quixote da pena e daquele personagem do cartunista francês Sempé, o homenzinho solitário que está sempre no movimento inverso ao das grandes manifestações de opinião, indo a contrário senso do que se espera dos integrantes da manada. A despeito do custo pessoal, e funcional, dessas tomadas de posição a contrario senso da maior parte da burocracia diplomática, nosso diplomata não se arrepende, em nenhum momento, de defender ideias próprias, e de ousar expressar publicamente suas opiniões, mesmo quando isso pode ocasionar algum “desajuste administrativo”, ou mesmo um corte nas perspectivas de carreira. Mais importante do que ser passivo, ou conformista, é obter satisfação em dizer tudo o que se pensa, assumir plena responsabilidade por tudo o que se escreve e publica, ao  defender certas ideias que não estão em conformidade com o espírito da época, o chamado Zeitgeist (que, na maior parte das vezes, é apenas a expressão beócia de servilismo funcional).
Olhando em retrospecto, Raymond Aron, na França, Roberto Campos no Brasil, tantos dissidentes no ambiente soviético e muitos outros destoantes em vários regimes, também se sentiram isolados em determinadas épocas, alguns nem mesmo tendo o prazer de ver suas posições confirmadas e legitimadas pouco mais adiante, no itinerário sempre torto da História. O próprio dos homens livres é exercer o livre arbítrio, pensar com sua própria cabeça, usando a lógica, velando pela plena adesão de seus argumentos aos dados da realidade, e ousar sustentar suas ideias mesmo num ambiente hostil ou conformista. Esta satisfação compensa quaisquer désagrements temporários ou ocasionais. Vale !

Paulo Roberto de Almeida
Hartford, 22 de setembro de 2015; Anápolis, 26 de dezembro de 2015

sábado, 12 de dezembro de 2015

Retrospectiva 2015: balanco previo - Gilberto Simoes Pires

RETROSPECTIVA 2015
Gilberto Simões Pires
Ponto Crítico, XIV - 277/15 - 11/ 12/ 2015
BALANÇO PRÉVIO
Ainda que a presidente Dilma-Petista vá se esforçar ao máximo, nestas próximas três semanas que nos separam de 2016, para piorar os números ruins que dão conta do desempenho econômico e social do nosso pobre país em 2015, já é possível fazer BALANÇO PRÉVIO dos resultados obtidos ao longo deste primeiro ano de seu segundo mandato.

RANKING INTERNACIONAL:
Observando o desempenho que o Brasil obteve, na comparação com vários países do mundo em atividades como EDUCAÇÃO, SAÚDE, VIOLÊNCIA, ECONOMIA, por exemplo, vê-se, claramente que o nosso país avançou muito. Só que tal avanço, para infelicidade dos pensantes, foi em direção às últimas colocações.

Para que tenham uma ideia do quanto o Brasil é, realmente, um PAÍS DE PONTA -DE BAIXO-, vejam seu  desempenho/trajetória  em alguns poucos rankings internacionais:

COMPETITIVIDADE:
No cenário COMPETITIVO INTERNACIONAL, segundo informa o World Competitiveness Yearbook, o Índice de Competitividade Mundial, o Brasil, que em 2014 caiu três posições, ocupando o 54º lugar entre 60 países analisados, ficando à frente apenas da Eslovênia, Bulgária, Grécia, Argentina, Croácia e Venezuela -a última colocada-, a situação, em 2015, piorou ainda mais.

EDUCAÇÃO:
No ranking mundial de EDUCAÇÃO, segundo informa a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), entre 76 países avaliados, o Brasil ocupa a 60ª posição. Ou seja, um completo desastre. Em primeiro lugar está Cingapura, seguido de Hong Kong e Coreia do Sul. Na última posição está Gana. Como se vê estamos cada ano mais próximos das últimas posições.

 SAÚDE:
Em levantamento que mede a EFICIÊNCIA DOS SERVIÇOS DE SAÚDE de 48 países, o Brasil ficou em ÚLTIMO LUGAR. A Bloomberg, portal americano especializado em economia, atribuiu uma nota para cada país. Para o cálculo, foram usados critérios de expectativa de vida, média do custo do serviço de saúde e quanto esse custo representa comparado ao PIB per capita de cada país.

IDH E VIOLÊNCIA:
No ranking mundial de IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), o Brasil ocupa a 85ª posição. Na comparação com o ano anterior, o nosso pobre país perdeu 6 posições, com viés de piora a olhos vistos, a considerar o agravamento da crise econômica, política, moral e social que tomou conta do Brasil.

VIOLÊNCIA - No ranking mundial de violência contra professores, o Brasil lidera com folga. Só em São Paulo, quase metade dos professores da rede estadual de ensino já sofreram algum tipo de agressão e continuam a mercê dessa situação.

CORRUPÇÃO:
Por fim, aproveitando que na última quarta-feira (9/12), foi celebrado o Dia Mundial de Combate à Corrupção, os dados do relatório da Transparência Internacional informam que o Brasil, que ocupa a 69ª posição entre 175 países analisados, é o país que mostra maior crescimento nesta modalidade. Deve encerrar 2015 de forma brilhante, ficando entre os mais corruptos do mundo.