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terça-feira, 16 de outubro de 2012

Colonia soberana e altiva: ainda bem...

Da coluna diária do jornalista Políbio Braga, 16/10/2012


Governos do PT fazem o País regredir aos tempos do Brasil Colônia

O editor recebeu nesta terça-feira da Confederação Nacional das Indústrias, CNI, um amplo estudo sobre a deterioração das exportações brasileiras nas relações de troca com os Estados Unidos. O norte-americanos foram nossos principais parceiros durante décadas e só recentemente cederam a liderança para a China.

. Os dados são comuns ao conjunto das vendas brasileiras para o exterior - para qualquer País.

. Qual o principal prejuízo?

- Entre 2003 e 2011, as exportações de manufaturados (produtos industrializados) caíram de 77,2% da pauta de exportações para apenas 45,3%.

. Foi uma queda de 32% no período.

. É uma relação recorrente de todo o comércio bilateral global brasileiro.

. O Brasil regrediu durante os governos Lula e Dilma Rousseff, privilegiando a exportação de produtos sem valor agregado, primários, tal como aconteceu desde os tempos da dominação de Portugal.

. O cenário é de Brasil Colônia.

. É claro que a pauta não é mais dominada pelo pau-brasil, ouro e cana-de-açúcar, porque agora são óleos brutos de petróleo, soja, milho e carvão.

. Não saem mais aviões, aparelhos transmissores e sequer calçados. Em 2003, 9 dos 15 maiores exportadores para os EUA eram do setor industrial (Embraer, Nokia, Volkswagen, Motorola, Aracruz, Embraco), número que agora caiu para apenas quatro.

. Um dos principais parceiros comerciais do Brasil, os Estados Unidos passaram a ganhar muito com as trocas. No ano passado, o Brasil comprou US$ 18,8 bilhões em produtos manufaturados, mas as vendas desses produtos para os EUA somaram apenas US$ 11,7  bilhões.

sábado, 30 de abril de 2011

Debate economico nem sempre muito claro: commodities vs manufaturados

Um debate complicado, pois não é preciso ficar com uma posição ou outra, ou seja, defender o laissez-faire total, ou as induções estatais sobre o setor privado.
Pode-se simplesmente dizer que os empresários é que devem decidir o que melhor fazer, e criar as condições para que eles possam fazê-lo.
Isso significa regras estáveis, um bom ambiente de negócios, insumos com preços de mercado (não gravados por impostos excessivos) e outras condições que são justamente deformadas pela existência de um Estado predador e extorsivo...

Mas vocês vejam como mesmo as pessoas aparentemente mais "inteligentes" conseguem escorregar feito no raciocínio econômico quando pensam em termos de monopólios capitalistas, teorias conspiratórias sobre a dominação dos mercados e bobagens do gênero.
O professor Fernando Sarti, da Unicamp, ilustra como uma commodity como soja "têm mais conteúdo tecnológico que as de telefones celulares, um produto manufaturado. Enquanto a produção de soja envolve um investimento grande em sementes, química fina e biotecnologia, a de celulares muitas vezes se limita a montagem de componentes importados."
Muito bem, mas o que ele diz logo em seguida? Isto aqui:
"No caso da soja, diz Sarti, o Brasil é extremamente competitivo na produção, mas não na comercialização internacional do produto, nas mãos de três grandes empresas multinacionais."
Inacreditável!
O Brasil tem a soja mais barata do mundo até a porteira da fazenda. Depois ela fica muito mais cara do que a soja americana porque somos gravados pelo custo dos transportes, pela péssima situação das estradas, por portos ineficientes, etc...
E o professor invoca o fato de que três multinacionais comercializam o produto!!!???
Se fossem três grandes tradings brasileiras por acaso isso teria qualquer influência sobre a cotação internacional da soja??? Isso teria qualquer influência benéfica sobre a logística pavorosa que faz com que a soja chegue ao porto mais cara do que a soja americana, apesar de ser mais barata na fazenda???
Realmente, custo a acreditar que profesores universitários possam ser tão simplistas assim!
Paulo Roberto de Almeida

Nem todos querem exportar valor agregado
Sergio Lamucci, de São Paulo,
Valor Economico, 28/04/2011

Com os preços de commodities nas alturas e a perspectiva de que a China deverá manter por muitos anos o apetite por matérias-primas, a discussão sobre se é melhor exportar produtos básicos ou investir em agregar mais valor se torna mais complexa. Alguns analistas perguntam, por exemplo, por que a Vale deve investir em siderurgia num momento em que há excesso de produção de aço e as cotações do minério de ferro aumentam com força ano após ano.

Vários economistas, contudo, ainda defendem ferrenhamente a estratégia de agregar valor às vendas externas, para que o país não fique dependente dos preços de commodities, historicamente muito voláteis, e aposte em setores com maior desenvolvimento tecnológico e empregos de melhor qualidade.

Ex-ministro das Comunicações e ex-presidente do BNDES, Luiz Carlos Mendonça de Barros diz que, em princípio, é "melhor exportar produtos com maior valor agregado". Como regra geral, o processo traz benefícios à economia do país, afirma ele. "A questão é que cada caso precisa ser analisado detalhadamente. Não há respostas prontas, pré-concebidas", pondera Mendonça de Barros, tomando como exemplo a questão se a Vale deve ou não investir com mais força em siderurgia.

Além da escalada de preços do minério e da sobra de aço no mundo, ele levanta duas questões que podem colocar em xeque a conveniência de a empresa apostar na siderurgia. A primeira é que, se entrar agressivamente nesse mercado, a Vale passará a concorrer com seus principais clientes. "É preciso um estudo para ver o impacto de a empresa competir com os principais compradores de seus produtos", afirma ele, hoje sócio da Quest Investimentos.

O segundo ponto é que produzir aço consome muita energia elétrica, o que não ocorre com a extração de minério de ferro. "Será que o Brasil tem oferta de energia suficiente para isso, a preços competitivos?" São perguntas, segundo ele, que precisam de um estudo detalhado para serem respondidas.

O professor Fernando Cardim de Carvalho, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), vê com maus olhos a ideia de produtos como o minério de ferro ganharem tanto espaço na pauta de exportação brasileira. "Há nesse caso um conflito entre os ganhos de curto e os de longo prazo. Neste momento, certamente exportar minérios para a China é um dos melhores negócios que existem, mas como fica a situação num período maior?", diz Cardim, observando que os preços de matérias-primas são muito voláteis.

"Estamos surfando na fase boa da volatilidade, mas nós conhecemos o que ocorre quando vem a fase ruim." Para ele, apostar que o apetite chinês por matérias-primas não vai arrefecer é ignorar a história econômica "dos últimos 250 anos". Cardim também defende a estratégia de buscar mais valor agregado por causa do seu impacto sobre o emprego. A produção de commodities costuma gerar poucos postos de trabalho, em geral de baixa qualificação, diz ele. Na fabricação de manufaturados, há maior desenvolvimento tecnológico e a geração de melhores empregos.

Mendonça de Barros vê um período bastante longo de commodities em níveis elevados, dada a perspectiva de que a China continue a crescer a taxas robustas por vários anos. "Já a tendência dos produtos industriais é continuarem muito baratos", observa ele. Cardim, por sua vez, diz que a queda das cotações dos bens manufaturados, num cenário de ganhos de escala, não impede que a fabricação siga bastante rentável. "A manufatura sempre foi assim, basta ver a estratégia da própria China."

O ex-diretor do Banco Central Alexandre Schwartsman tem uma visão oposta à de Cardim. Para ele, há maniqueísmo de muitos economistas brasileiros, que consideram a produção de bens de maior valor agregado como algo intrinsecamente bom. "A questão é que não é algo absoluto. A rentabilidade hoje de produzir minério de ferro é muito maior do que a da siderurgia. O que é melhor para a empresa, ser a Vale ou a Usiminas?"

Schwartsman diz ainda que há grande capacidade ociosa no setor siderúrgico no mundo, além de não ver no radar um tombo dos preços de commodities. Mas essa não seria uma visão de curto prazo? "Pode haver incertezas em relação aos preços, mas não ignore o que mercado está dizendo. A diretoria da empresa tem que tomar decisões que afetam a vida da empresa vários anos à frente, com os acionistas fungando em seus cangotes." Para Schwartsman, quem está no dia a dia da empresa e conhece o mercado em que a companhia atua está muito mais capacitado para definir a estratégia do que um burocrata em Brasília. "E as empresas de commodities não operam num enclave. Elas estão integradas à economia, gerando demandas por produtos manufaturados e serviços nas suas cadeias", conclui ele.

Um ponto que torna a discussão mais complexa é que um produto primário muitas vezes tem um processo de produção que envolve muita agregação de valor. A extração de petróleo em águas profundas é um exemplo eloquente. A tecnologia e a mão de obra empregadas no processo deixam claro que se trata de algo complexo e avançado, como concordam - pelo menos nesse ponto - Schwartsman e Cardim.

O professor Fernando Sarti, da Unicamp, considera que a discussão sobre o assunto é feita muitas vezes de modo simplista - a polêmica minério de ferro X aço no caso da Vale seria uma dessas simplificações. Ele dá um exemplo interessante para ilustrar como a discussão é hoje mais complicada: as exportações brasileiras de soja, uma commodity, têm mais conteúdo tecnológico que as de telefones celulares, um produto manufaturado. Enquanto a produção de soja envolve um investimento grande em sementes, química fina e biotecnologia, a de celulares muitas vezes se limita a montagem de componentes importados.

O assunto, contudo, não se esgota aí, diz Sarti. No caso da soja, nota ele, o Brasil é extremamente competitivo na produção, mas não na comercialização internacional do produto, nas mãos de três grandes empresas multinacionais. No caso da Vale, focar na produção de minério de ferro pode talvez de fato ser mais indicado, dada a sobra de aço no mundo, mas seria importante que os investimentos da empresa em logística beneficiassem outros setores da economia -a construção de ferrovias pela companhia, por exemplo, tem aumentado a demanda pela produção de mais locomotivas e trilhos no país? "É importante haver um transbordamento para outros segmentos da economia."

A exploração do petróleo do pré-sal pode garantir esse tipo de benefício, com a montagem de uma cadeia de fornecedores dos equipamentos que serão necessários para a Petrobras. "Essa estratégia é uma boa opção, desde que seja equilibrada, e não faça a empresa ter fortes aumentos de custos", diz Mendonça de Barros.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Para tras, a toda velocidade: rumo a uma economia primario-exportadora

Exagero, por certo, mas muitos comecam a temer a existiencia de um chamado processo de "desindustrialização", ou de commoditização da economia brasileira (no que não acredito, mas isso não é uma questão de fé e sim de dados reais).

BRASIL: "CRESCIMENTO É ESPELHO DA DEMANDA DA CHINA"! "AGRONEGÓCIO QUADRUPLICA PRODUTIVIDADE"!

Trechos do artigo do analista em estratégias, e ex-ministro argentino Jorge Castro – Clarin (04).

1. O crescimento do Brasil é o espelho da demanda chinesa: mais da metade (56%) do índice de ações Ibovespa é composto por empresas produtoras de commodities, que concentram as suas vendas para o mercado Chinês/Asiático. Somente a Petrobras e a Vale representam mais de 25% do Ibovespa, enquanto a China envolve quase todo o aumento da demanda mundial de petróleo e minério de ferro. No índice Dow Jones (EUA), apenas 15% são ações de empresas exportadoras de produtos primários; no índice Nikkei (Japão), menos de 10%. A equação da inserção internacional do Brasil é a seguinte: crescimento brasileiro/aumento nos preços das commodities no mercado mundial/aumento da demanda chinesa.

2. Há um novo escalão produtivo e tecnológico- salto qualitativo- na produção agro-alimentícia brasileira. A FAO estima que a demanda mundial de alimentos vai duplicar em 20 anos e que o Brasil aumentará sua produção e exportação de alimentos em 40% nos próximos 10 anos. Se essa dupla projeção se confirma, seria a maior mudança no fluxo global de comércio nesse período. Em 2008 o Brasil se tornou o segundo maior exportador de alimentos, depois apenas dos EUA, com base em um esforço de 20 anos de inovação tecnológica nos estados centrais (Mato Grosso, Goiás, Paraná). Mas nos últimos dois anos, o agronegócio foi expandido para o Nordeste (Bahia, Piauí, Maranhão), coração do Cerrado (90 milhões de hectares), a última grande reserva de terras férteis não utilizadas no mundo.

3. Aqui, os principais atores do negócio agrário, são os grandes fundos de investimento, principalmente da Europa e EUA, que utilizam as mais avançadas tecnologias. (transgênicos, máquinas automáticas, sistemas de satélite), em grandes extensões de terra (100.000/300.000 hectares), com técnicos e gerentes de qualificação internacional. A produtividade do agro-negócio brasileiro dobrou nos últimos 20 anos. Agora, em dois anos, o novo agro-negócio brasileiro dobra a produtividade alcançada nas últimas duas décadas. O Brasil, em suma, aprofunda sua capacidade de crescimento potencial em longo prazo e faz isso através de mudanças qualitativas que envolvem aumento do nível de inovação tecnológica e do financiamento. E isso ocorre em um contexto de crescente integração com os países Asiáticos (China), que são a espinha dorsal do novo mecanismo de acumulação global, decorrente da crise global e em resposta a ela.

GOVERNO LULA: EM MARCHA BATIDA PARA O SÉCULO 19!

(Folha de SP, 11) Dobra o peso de produto básico nas exportações brasileiras. O peso das matérias-primas nas exportações do Brasil praticamente dobrou na última década, saltando de 22,8% no primeiro semestre de 2000 para o recorde de 43,4% (US$ 38,7 bilhões) em igual período deste ano. O aumento é atribuído à forte demanda da China por commodities como ferro e soja, que juntas representam 25% de todas as vendas brasileiras ao exterior.