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quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Brasil perde competitividade - Penultimo lugar em estudo da CNI

PRODUÇÃO INDUSTRIAL. COMPETITIVIDADE BRASIL 2013
CNI. ESTUDO, 12/12/2013

BRASIL OCUPA PENÚLTIMO LUGAR EM RANKING DE COMPETITIVIDADE. LEVANTAMENTO MOSTRA QUE O PAÍS MELHOROU EM APENAS DOIS DOS OITO ASPECTOS PESQUISADOS EM RELAÇÃO A 2012:


'DISPONIBILIDADE E CUSTO DE CAPITAL' E 'AMBIENTE MACROECONÔMICO'.
O Brasil é menos competitivo que seus principais concorrentes. O estudo Competitividade Brasil 2013, elaborado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), mostra que as empresas brasileiras só ganham das argentinas na competição por mercado em um conjunto de 15 países com características econômico-sociais ou posicionamento no mercado internacional semelhante. A posição de penúltimo lugar é a mesma do relatório anterior, referente a 2012. No entanto, com a inclusão da Turquia neste ano, passaram a ser 15 os países pesquisados, o que levou o Brasil a mudar da 13ª colocação para a 14ª. A nação mais competitiva do grupo permanece sendo o Canadá. Nos oito fatores considerados condicionantes da competitividade de um país, o Brasil se encontra no terço inferior (entre a 15ª e a 11ª posição) em cinco aspectos e, nos outros três fica no terço intermediário (da 10ª à 6ª). A pior situação é a dos fatores 'peso dos tributos' (14º lugar), 'disponibilidade e custo de capital' (14º), seguida por 'infraestrutura e logística' (13º), 'ambiente microeconômico' (13º) e 'educação' (9º). O país está um pouco melhor em relação à 'disponibilidade e custo de mão de obra' (7º), 'ambiente macroeconômico' (10º) e 'tecnologia e inovação' (8º). Com o objetivo de promover o aumento da competitividade da indústria na próxima década, a CNI lançou neste ano o Mapa Estratégico da Indústria 2013-2022, documento construído em conjunto com mais de 500 representantes empresariais. Ele servirá de base para as sugestões que o setor apresentará aos candidatos à Presidência da República em 2014. A resposta para muitos dos problemas identificados no estudo está no Mapa Estratégico. Ele define as ações necessárias para fazer o Brasil crescer mais e melhor e se tornar cada vez mais competitivo.

DESEMPENHO.
O país melhorou em apenas dois aspectos em relação à edição de 2012: 'disponibilidade e custo de capital' e 'ambiente macroeconômico'. No primeiro caso, passou do último para o penúltimo lugar, à frente da Argentina, em função da redução das taxas de juros. Já a desvalorização cambial fez o Brasil subir da última para a 10ª colocação no quesito 'ambiente macroeconômico'. Por outro lado, de 2012 para este ano, o país perdeu posição em três fatores: 'disponibilidade e custo de mão de obra', 'infraestrutura e logística' e 'tecnologia e inovação'. Todos os fatores influenciam o desempenho da indústria brasileira no mercado internacional. Nos torna menos competitivos, onera nossos investimentos e aumenta nossos custos. O importante é que o país consiga desenvolver uma agenda para enfrentar essas questões. É fundamental que o Brasil disponha de um sistema estruturado de metas e objetivos com monitoramento e acompanhamento dos resultados. Os vizinhos latino-americanos também estão em desvantagem. Com exceção do Chile, que se situa no terço intermediário e ocupa o 6º lugar, os demais países da América Latina encontram-
se no terço inferior. O México aparece em 12º lugar, a Colômbia em 13º e a Argentina em 15º.

PAÍSES.
Além do Brasil, foram avaliados: África do Sul, Argentina, Austrália, Canadá, Chile, China, Colômbia, Coreia do Sul, Espanha, Índia, México, Polônia, Rússia e Turquia. Esta é a terceira edição do estudo, que foi publicado pela primeira vez em 2010, e novamente em 2012. Ao todo, são avaliados oito aspectos: disponibilidade e custo de mão de obra; disponibilidade e custo de capital; infraestrutura e logística; peso dos tributos; ambiente macroeconômico; ambiente microeconômico; educação; tecnologia e inovação.

AVALIAÇÃO DO BRASIL NOS OITO ASPECTOS:

1. DISPONIBILIDADE E CUSTO DE MÃO DE OBRA. 

A perda do ritmo de crescimento da força de trabalho ajudou o Brasil a perder três posições no quesito de um ano para outro. Em 2012, o país ocupava o 4º lugar. Neste ano passou para o 7º. Os componentes do fator colocam o Brasil em posições bem distintas. Ao mesmo tempo em que ocupa a 4ª posição em disponibilidade de mão de obra, aparece em 12º lugar quando se compara o custo de mão de obra em função da baixa produtividade do trabalho na indústria.

2. DISPONIBILIDADE E CUSTO DE CAPITAL. 

Em relação a esse fator, apenas a Argentina é mais mal colocada que o Brasil, que aparece em 14º. Considerando os três subfatores - custo do capital, disponibilidade do capital e sistema financeiro -, os resultados são distintos. O país é o menos competitivo no quesito custo de capital. O spread da taxa de juros permanece sendo o pior da lista, mas a taxa de juros real de curto prazo melhorou da 14ª posição para a 10ª de um ano para outro. Em relação à disponibilidade de capital, o Brasil ocupa uma colocação intermediária (8ª), assim como em relação ao sistema financeiro (7ª).

3. INFRAESTRUTURA E LOGÍSTICA.
Somente os vizinhos Colômbia e Argentina têm piores colocações que o Brasil (13º) nesse quesito. A culpa é da baixa qualidade da infraestrutura de transporte, um dos subfatores, que coloca o país no último lugar do grupo. O Brasil está mal colocado em todos os quesitos: qualidade das rodovias (13º), da infraestrutura ferroviária (13º), da infraestrutura portuária (15º) e do transporte aéreo (15º). Quando se analisa a infraestrutura de energia e telecomunicações, outro subfator, o país ocupa posição intermediária (7ª). Em relação ao subfator alfândega e operadores, que avalia a qualidade dos serviços associados ao comércio exterior, o Brasil ocupa posição intermediária (10ª).

4. PESO DOS TRIBUTOS. 
A carga tributária aparece como uma clara desvantagem competitiva em relação aos demais países. O Brasil aparece em 14º. Somente na Argentina o peso dos tributos é maior. No caso da tributação sobre o lucro das empresas, o Brasil fica à frente apenas da Argentina e da África do Sul. O Chile é o país que menos taxa o lucro. No quesito pagamento de impostos pelas empresas, o Brasil se situa na 13ª posição.

5. AMBIENTE MACROECONÔMICO.

A desvalorização do Real tirou o Brasil da última posição para a 10ª no fato ambiente macroeconômico. Também colaborou nesse sentido a trajetória do investimento estrangeiro direto no país. O país é o 4º mais competitivo nesse quesito. Em 2012, ocupava o 6º lugar. Os dois subfatores se contrapõem às outras variáveis que permanecem no terço inferior do grupo: taxa de inflação (11º), dívida bruta do governo (13º) e formação bruta de capital fixo (15º).

6. AMBIENTE MICROECONÔMICO.
O ambiente microeconômico não favorece o país. Apenas Rússia e Argentina têm piores condições que o Brasil, que está em 13º. A dimensão do mercado doméstico coloca o Brasil em 3ª posição, a mesma de 2012. Mas em relação à intensidade da concorrência no mercado doméstico, o país perdeu quatro posições, passando de 9ª, em 2012, para 13ª, neste ano. Em relação à barreira tarifária, caiu de 13º para 14º.

7. EDUCAÇÃO. 
Considerando os 11 países com informações disponíveis para as variáveis consideradas, o Brasil ocupa o 9º lugar. Aparece entre os três piores colocados em dois dos três quesitos analisados: disseminação da educação (8º entre 10) e qualidade da educação (10º entre 12). Já em relação aos gastos com educação, o paí aparece em 5º lugar, entre 13 considerados. O resultado indica que não houve alteração da posição do Brasil em relação à disseminação e à qualidade da educação, mas que o aumento dos gastos implicou em avanço de uma posição nesse quesito.

8. TECNOLOGIA E INOVAÇÃO.
O Brasil está em posição intermediária em relação ao aspecto tecnologia e inovação. Entre os 14 países para os quais existem dados, o Brasil aparece em 8º lugar. Nos dois subfatores apoio governamental e P&D inovação nas empresas aparece em 9º.

ESTUDO: http://arquivos.portaldaindustria.com.br/app/conteudo_18/2013/12/12/5687/20131212121242781963e.pdf

APRESENTAÇÃO:
http://arquivos.portaldaindustria.com.br/app/conteudo_18/2013/12/12/5687/20131212120138768822u.pptx

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Brasil continua a perder competitividade no ranking global

 Dinamismo global / Mercado Aberto

 Maria Cristina Frias


O Brasil caiu 11 posições no ranking dos países que criam os melhores ambientes para o crescimento dos negócios, revela o Índice do Dinamismo Global da Grant Thornton. Esse foi o maior retrocesso entre os Brics.
Apesar de apresentar a pior queda, o Brasil ocupa o 42ª lugar, ainda na frente da Rússia --43ª colocada, com perda de três posições-- e da Índia, no 48º posto e recuo de seis colocações em relação ao índice do ano anterior.
A China está em terceiro lugar do ranking geral, atrás apenas de Austrália e Chile.
"A organização e a eficiência do sistema financeiro do Brasil são invejáveis, mas o país não consegue compensar problemas com o desenvolvimento tecnológico e o capital humano", afirma Madeleine Blankenstein, sócia da Grant Thornton Brasil.
O melhor desempenho do país nas cinco categorias avaliadas pelo índice foi no quesito ambiente financeiro (14ª posição), seguido pelo ambiente para desenvolvimento de negócios (36ª).
Os piores resultados registrados estão em ciência e tecnologia (40º), economia e crescimento (45º) e trabalho e capital humano (53º).

domingo, 22 de setembro de 2013

Por Que Nao Me Ufano da Setima Economia Mundial: o Brasil

As fraquezas da 7ª economia mundial
Brasil fica distante dos primeiros em rankings que medem renda ‘per capita’ (53º) e competitividade (56º) 
Luciane Carneiro
O Globo, 22/09/2013

O Brasil é hoje a sétima maior economia mundial, mas ainda está muito distante dos primeiros colocados em rankings de indicadores de extrema importância, como renda per capita, competitividade, Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e capacidade de se fazer negócios (relatório “Doing Business”). Com Produto Interno Bruto (PIB) per capita de US$ 11.339,5 em 2012, segundo dados do Banco Mundial, o Brasil ocupava a 53ª posição na lista de 214 países. No ranking do IDH, o país se manteve estagnado no 85º lugar em 2011, último dado disponível, de 187 países, dentro do grupo dos países de desenvolvimento humano elevado.
E a competitividade brasileira recuou este ano. Pelo ranking do Fórum Econômico Mundial em parceria no Brasil com a Fundação Dom Cabral, o país recuou oito posições, para o 56º lugar, entre 148 países. Entre 2012 e 2013, o Brasil perdeu posições em diversos subíndices, como fatores básicos de competitividade, ambiente macroeconômico, educação superior e capacitação, eficiência no mercado de trabalho, prontidão tecnológica e inovação. Economistas apontam que os indicadores do Brasil nos rankings de competitividade, IDH e “Doing Business” refletem a posição relativa do país no grupo das nações de renda intermediária. Áreas como educação, ambiente institucional e carga tributária são algumas das mais problemáticas no caso brasileiro.
Estimativa de Carlos Arruda, coordenador do Núcleo de Inovação Empreendedorismo da Fundação Dom Cabral e responsável pela análise dos dados brasileiros, mostra que o Brasil poderia subir cerca de 20 posições se conseguisse a média das notas registradas pelos países do seu grupo, que inclui Argentina, Chile, México, Hungria e Turquia, entre outros.
— Considerando o tamanho da economia brasileira e suas características de país emergente, o Brasil poderia ficar entre 35º e 40º lugar se estivesse na média dos países em transição — afirma Arruda.
Ele explica que a competitividade impacta as condições de vida da população e a renda per capita. E o tempo para o início de melhorias costuma ser de cinco anos.
Os números obtidos pelo país são frustrantes também quando se olha o relatório “Doing Business”, do Banco Mundial, onde o Brasil é a 30ª entre 185 economias, considerando a facilidade de se fazer negócios. O país perdeu duas posições frente ao ano passado. Já no PISA, que é o Programa Internacional de Avaliação de Alunos, o Brasil está entre os piores dos 65 países avaliados. É o 53º lugar de 65 nações no nível de conhecimento pelo ranking 2009, último disponível.
Demandas são antigas
Para Arruda, o Brasil ainda é o país do imediatismo, com visão de curto prazo:
— As ações do setor público, e até de certo modo do setor privado, são voltadas para o presente. Não há uma estratégia para transformar o país nem uma continuidade. Somos reativos e agimos a curto prazo.
A avaliação é compartilhada pelo economista e professor do Insper Marcelo Moura. Ambiente institucional sem regras claras, incompetência na execução das propostas e alternância constante das políticas são alguns dos pontos que ficam a dever no país, segundo ele.
— O alerta que os indicadores trazem é que o Brasil não tem uma estratégia clara de crescimento. A sensação é que a estratégia vai sendo definida a cada dia, ao sabor do vento — diz Moura.
Um grande motivo de preocupação, segundo o professor do Insper, é que as mudanças necessárias não são uma constatação recente, mas conhecidas há pelo menos uma década, como as reformas tributária e previdenciária e a melhoria de qualidade e acesso em educação e saúde.
‘Falta estratégia de longo prazo’
A agenda de reformas, dizem alguns economistas, está atrasada, o que põe em compasso de espera a melhoria da competitividade do país. Na questão tributária, o problema é não apenas o tamanho da carga tributária, mas sua complexidade. Isso acaba reduzindo a produtividade da economia. Os tributos corresponderam a 36,02% do PIB em 2011, o que segundo o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT) colocaria o Brasil em 12º lugar no ranking de maior carga tributária entre os países da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE). No índice de retorno de bem estar à sociedade (Irbes), do próprio IBPT, o país seria o 30º país com pior retorno.
— Temos níveis de arrecadação de países desenvolvidos, mas isso não se traduz em bons serviços. A maior dificuldade é a falta de vontade política do próprio governo — diz o presidente do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT), João Eloi Olenike.
O professor do Instituto de Economia da Unicamp Francisco Lopreato alerta, no entanto, que as mudanças não são tão simples. Ele lembra as dificuldades recentes de avanço na proposta do governo de mudança do ICMS, que previa reduzir as alíquotas interestaduais do imposto.
— O governo Lula tentou duas vezes levar a reforma tributária adiante e não conseguiu. O governo Dilma resolveu fatiar a reforma tributária e propôs a reforma do ICMS, mas as negociações políticas são muito difíceis e não se consegue avançar. Nesse caso, são os diferentes governos estaduais — destaca o professor.
Na sua avaliação, o Brasil passou 25 anos com baixo crescimento, entre 1980 e 2005, e é necessário um tempo para recuperar áreas como competitividade, infraestrutura, entre outras.
— Crescer a economia é mais rápido, mas passamos muito tempo sem discutir questões importantes, que são complexas. Temos que eleger um projeto de nação, falta uma estratégia de longo prazo — diz Lopreato.

quinta-feira, 30 de maio de 2013

Escola Brasileira de Governo: despencando sem causar comocoes (e precisa?)

Como eu dizia, no post precedente, o Brasil tem excelentes escolas de governo, só que ao contrário. Se você quiser ter um bom curso de governança, se tornar um PhD em Administração Pública, fazer uma tese premiada em políticas públicas, basta seguir a escola do governo, mas fazer tudo ao contrário, claro...
Tudo o que governo fizer de um jeito, você tenta fazer de outro, ou pelo menos escreve que se deve fazer exatamente o contrário do que o governo vem fazendo.
Eu asseguro um mestrado, um doutorado totalmente bem sucedido em matéria de administração pública.
Paulo Roberto de Almeida

VEJA.com, 30/05/2013

O Brasil perdeu espaço no cenário competitivo internacional e despencou cinco posições no Índice de Competitividade Mundial 2013, elaborado pelo International Institute for Management Development (IMD), uma das maiores escolas de negócios no mundo. O país passou para a 51ª posição, ante o 46º lugar ocupado no ranking do ano passado. Na liderança da lista estão os Estados Unidos, que recuperaram o posto — depois de perdê-lo, no ano passado, para Hong Kong — graças a uma melhora do setor financeiro e à inovação tecnológica. O segundo lugar ficou com a Suíça, e Hong Kong foi para teceiro.
“Estávamos esperando o Brasil numa posição bem melhor”, disse o diretor do IMD World Competitiveness Center, Stephane Garelli. Na sua visão, o grande problema do país é “muito consumo e pouca produção”, o que denota as falhas do modelo de crescimento adotado pela presidente Dilma Rousseff. Desde que a petista chegou ao poder, em 2011, o país despencou sete posições no ranking.
De acordo com o professor Carlos Arruda, da Fundação Dom Cabral, que coordena o levantamento no Brasil, um dos únicos pontos em que o país ganhou competitividade foi a atração de investimentos. No entanto, há o desafio de transformar estes recursos em produtos e serviços de maior valor agregado. É preciso também investir mais em infraestrutura, logística, mobilidade urbana, educação e cuidar da tão falada reforma tributária. Esses fatores minguam a competitividade do país. “O Brasil precisa ter um senso de direção e um bom plano de investimento e persegui-lo”, adisse Stephane Garelli, do IMD.
Entre os Brics, apenas a África do Sul está em pior colocação do que o Brasil, ao perder a 50ª posição do ano passado para ficar em 53º lugar neste ano. A China passou do 23º para o 21º lugar, e a Rússia foi do 48º para o 42º. A Índia caiu da 35º para a 40ª. As economias emergentes em geral continuam altamente dependentes da recuperação econômica mundial, que parece estar atrasada, de acordo com o IMD.
“É verdade, a competitividade da Europa está diminuindo, mas Suíça, Suécia, Alemanha e Noruega se destacam. A América Latina está decepcionando, mas há ótimas empresas internacionais em toda essa região. Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul são muito diferentes em relação às suas estratégias de competitividade e desempenho, mas os Brics continuam sendo terra de oportunidades”, afirmou Garelli.
Na Europa, Suíça, Suécia e Alemanha são consideradas as nações mais competitivas. O sucesso dessas economias se baseia na manufatura orientada para a exportação, na diversificação de produtos oferecidos ao comércio, no fortalecimento das pequenas e médias empresas e na disciplina fiscal. “Como no ano passado, o resto da Europa está pesadamente constrangido por programas de austeridade que atrasam a recuperação. Está em questão a eficiência desse modelo”, diz o IMD.
A pesquisa avalia as condições de competitividade de 60 países a partir da análise de dados estatísticos nacionais e internacionais e pesquisa de opinião com executivos.

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Turismo: Brasil so ganha em recursos naturais (o que ele nao fez nada para obter...) - World Tourism Report

Relatório do World Economic Forum, o de Davos, lista os países num ranking classificatório do desempenho (competitividade) em matéria de turismo, segundo sua posição numa série de critérios.
No que depende da natureza, que nos foi dada de graça (e o governo ainda não conseguiu estragar totalmente), estamos bem, mas tampouco fizemos algo de muito relevante para preservá-la.
Nos itens que dependem do governo, vamos para os últimos lugares.
Vejam o relatório completo neste link: 
http://www3.weforum.org/docs/WEF_TT_Competitiveness_Report_2013.pdf

e na página 13 a tabela reproduzida seletivamente abaixo: 


sábado, 9 de fevereiro de 2013

O abismo da competitividade brasileira - Otaviano Canuto, Matheus Cavallari, José Guilherme Reis

The Brazilian Competitiveness Cliff

Authors: Otaviano Canuto, Matheus Cavallari, and José Guilherme Reis

Brazilian exports of goods and services have grown sharply in recent years, with sales nearly three times higher in 2010 than in 2000. However, Brazil faces considerable competitiveness challenges: its export performance depends mostly on favorable geographical and sector composition effects. Such challenges increased after the recent global economic crisis. A recent slowdown in industrial exports, production, and investments seems related to supply-side difficulties stemming from a wide range of inefficiencies and rising costs, rather than insufficient demand. Although a stronger currency is one of the factors behind the lower competitiveness of Brazil’s manufacturing exports, sluggish productivity performance, lack of dynamism at the firm level, and a real wage uptrend seem to explain a significant part of the overall loss of competitiveness. This diagnostic reinforces the urgency of resuming the agenda of microeconomic reforms, increasing the investment-to–gross domestic product (GDP) ratio, and advancing toward better-skilled human capital.

The Economic Premise notes are produced by the Poverty Reduction and Economic Management (PREM) Network Vice-Presidency of the World Bank. The views expressed here are those of the authors and do not necessarily reflect those of the institution.

To read more, please click here: http://siteresources.worldbank.org/EXTPREMNET/Resources/EP105.pdf

To read previous Economic Premise notes, please click here: www.worldbank.org/economicpremise

Economic Premise is now a partner of Roubini Global Economics and is available on RGE's Partner Content: www.roubini.com/partnercontent.

PREM's Twitter feed tracks the World Bank's efforts to help countries fight poverty and close gaps in income and opportunity. Follow us at twitter.com/WBPoverty.

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segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Brazil Institute at Wilson Center: debate sobre o progresso industrial

O importante, para quem não puder participar do debate (e só podem os que vivem em Washington, DC, e nas cercanias), é o trabalho sobre a competitividade (ou falta de) das exportações brasileiras, linkado no anúncio abaixo.

How to Improve Brazil's Industrial Growth and Export Performance

Please join the Woodrow Wilson Center’s Brazil Institute and the Program on America and the Global Economy for “How to Improve Brazil’s Industrial Growth and Export Performance”
 Tuesday February 12th, 2013
4:00 pm – 5:30 pm

Woodrow Wilson International Center for Scholars 6th Floor Flom Auditorium
Featuring

- Otaviano Canuto, Vice President and Head for Poverty Reduction and Economic Management Network, World Bank           
- José Guilherme Reis, Lead Trade Economist, World Bank
- Matheus Cavallari, Consultant, World Bank
Discussants:    

- John Bryson, Distinguished Scholar, Wilson Center, and former Secretary of Commerce under President Barack Obama
- Kent Hughes, Director, Program on American and the Global Economy

Moderator: Paulo Sotero, Director, Brazil Institute
Please RSVP to brazil@wilsoncenter.org (acceptances only) with your name and affiliation


Modest industrial production growth and disappointing export performances are at the center of an economic policy debate that has been raging in Brazil since 2011, in which the rate of GDP expansion abruptly declined from 7.5% in 2010 to 2.7% and dropped again to around 1% last year.
On February 12, the Brazil Institute and the Program on America and the Global Economy will convene a seminar to examine the causes of the negative trend and what needs to happen for the country to return to the average 4% annual growth of the Lula years, while improving the productivity and competitiveness of its economy, as President Dilma Rousseff has pledged to do. 


The discussion will feature the co-authors of an important policy research working paper recently published by the World Bank under the title:
Brazilian exports: climbing down a competitiveness cliff 
http://econ.worldbank.org/external/default/main?pagePK=64165259&theSitePK=469382&piPK=64165421&menuPK=64166093&entityID=000158349_20130107091437.
 

Location: Woodrow Wilson Center at the Ronald Reagan Building
1300 Pennsylvania Ave., NW ("Federal Triangle" stop on Blue/Orange Line).
A map to the Center is available at www.wilsoncenter.org/directions
Note: Please allow additional time to pass through security.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

O Estado como fator anticompetitivo no Brasil

Na verdade, todos esse apoios e subsídios são ilusórios, e os empresários não vão se tornar mais competitivos; estão apenas fechando o mercado para a competição externa.
Enquanto não se convencerem de que têm de lutar contra impostos e burocracia estatal, a indústria vai continuar desaparecendo lentamente no Brasil, por mais que se busquem "soluções" ilusórias desse tipo.
Paulo Roberto de Almeida

A margem preferencial dada à indústria nacional

22 de janeiro de 2013
Editorial O Estado de S.Paulo
A indústria brasileira produz a um preço elevado, em razão de diversos fatores sobejamente conhecidos, e exibe baixa produtividade. Foi por isso que o governo aceitou instituir, na compra de equipamentos, uma preferência que pode chegar a até 20% a mais do que o preço do produto importado.
Trata-se de uma margem importante, que mostra ser muito reduzida a competitividade de nossa indústria, mas o governo tomou essa medida com caráter provisório e fixando em R$ 15 bilhões, no máximo, os gastos nos leilões realizados para estimular a indústria nacional por meio das suas compras. A ideia dessa preferência ao produto nacional foi apresentada no governo Lula, mas se concretizou no de Dilma Rousseff. Até agora, foram gastos R$ 2,5 bilhões, sinal de que o sistema de preferências demora a deslanchar, o que, aliás, é uma característica das iniciativas do governo.
Mas interessa examinar quais foram os principais produtos comprados pelo governo com a margem de preferência, pois dão uma ideia de em quais ramos a indústria nacional ostenta uma produtividade melhor. São tratores, escavadeiras, caminhões, ambulâncias e uniformes escolares. São todos produtos para os quais a demanda interna é elevada, o que permite auferir as vantagens de uma produção de massa.
A maioria desses bens, no entanto, tem componentes importados, o que reduz o valor dos incentivos. Existem algumas dúvidas a respeito do efeito dessa margem preferencial no desenvolvimento de tecnologias inovadoras. As compras do governo, porém, estão possibilitando ganhos de produção efetivos, especialmente no caso dos tratores, que têm função importante no desenvolvimento da agricultura, assim como no caso das escavadeiras para a construção civil e obras de infraestrutura.
Porém, se consideramos que o gasto efetivo do governo foi até agora de apenas R$ 2,5 bilhões, não se pode considerar a preferência como fator de salvação da indústria.
Existe, ainda, o risco de que os setores favorecidos se acostumem a viver com a participação do governo e não se mobilizem para desenvolver inovações tecnológicas ou know-how que reduza o custo dos bens oferecidos.
Mas, já que isso tem caráter provisório, seria útil exigir que as empresas beneficiadas comprovem que a margem preferencial auferida permitiu investimentos que reduzem de maneira constante o preço e aumentem a qualidade dos produtos oferecidos, pois os 20% representam, de fato, um gasto da sociedade.

sábado, 15 de dezembro de 2012

Industria brasileira: competitividade e abertura (as piores possíveis) - CNI-Funcex

COEFICIENTES DE ABERTURA COMERCIAL, JULHO-SETEMBRO/2012
CNI. FUNCEX. (14/12/2012) 
COEFIENTE. A publicação Coeficientes de Abertura Comercial acompanha o grau de integração da economia brasileira com a economia mundial. Os indicadores medem a importância das vendas externas para a indústria brasileira e participação das importações no consumo doméstico. Os coeficientes são apresentados como dados anuais, estimados trimestralmente, a partir de estatísticas de produção do IBGE e de comércio exterior da Secex/MDIC. Os coeficientes de abertura comercial são elaborados em parceria com a Fundação Centro de Estudos de Comércio Exterior – Funcex.
 
Participação de importados no consumo dos brasileiros cai pela primeira vez desde 2009. Maiores quedas foram registradas nos setores farmoquímico e farmacêutico e de petróleo e biocombustíveis.  O Coeficiente de Exportação ficou estável em 18% no terceiro trimestre. Depois de 10 trimestres consecutivos de alta, a participação de produtos industriais importados no consumo dos brasileiros  caiu para 22,1%  no terceiro trimestre deste ano.  A queda foi de 0,2 ponto percentual em relação ao segundo trimestre, informa o estudo Coeficientes de Abertura Comercial. Apesar das medidas de estímulo à indústria brasileira adotadas pelo governo, não é possível afirmar ainda que as importações continuarão caindo, enquanto os mercados desenvolvidos estiverem em baixa, a produção dos países asiáticos serão desviadas para economias em crescimento como a brasileira. Dos 27 setores avaliados pelo estudo, 12 importaram menos que no trimestre anterior.  As indústrias de petróleo e biocombustíveis e as de farmoquímicos e farmacêuticos  foram as que tiveram as maiores quedas. No setor de petróleo e biocombustíveis, a queda foi de 2,4 pontos percentuais. No de farmoquímicos e farmacêuticos, a retração foi de 0,7 ponto porcentual. Nos setores em que se registram quedas, as variações podem ser atribuídas à alta na taxa de câmbio ocorrida no início do ano e às medidas adotadas pelo governo para a desoneração dos setores industriais, conforme estudo elaborado em conjunto com a Fundação Centro de Estudos de Comércio Exterior (Funcex). As exportações da indústria em relação ao total da produção se mantiveram  em 18% no terceiro trimestre. A estabilidade do Coeficiente de Exportação também é resultado das medidas de desoneração da folha de pagamento de alguns setores e à desvalorização do real desde o início do ano. O Coeficiente de Exportações, porém, ainda está bem abaixo da máxima histórica de 20,7% registrada no segundo trimestre de 2007. O mercado externo está muito ruim,  por isso as exportações não decolam. A maioria dos setores da indústria de transformação aumentou as exportações no terceiro semestre de 2012 em relação período imediatamente anterior. Os que mais ampliaram as vendas ao exterior foram o de fumo, couros e calçados e máquinas e materiais elétricos.
CNI (14/12/2012) – ECONOMIA BRASILEIRA. COMPETITIVIDADE
Brasil ocupa penúltimo lugar em ranking de competitividade da CNI. Brasil perde apenas para Argentina entre 14 países. Canadá é o grupo melhor posicionado no levantamento.  
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgou estudo que informa que, dentre 14 países pesquisados, o Brasil se encontra em penúltimo lugar no chamado "ranking" da competitividade, ficando à frente apenas da Argentina. O aumento da competitividade é o maior desafio do Brasil. A baixa competitividade do país é registrada por diferentes indicadores e estudos, nacionais e internacionais. Ao comparar a situação do Brasil com um conjunto de países mais próximos, este relatório deixa mais evidente os desafios do país. No estudo, a CNI considerou os seguintes países: Brasil, Argentina, México, Colômbia, Rússia, Polônia, África do Sul, Chile, Índia, Espanha, China, Austrália, Coreia do Sul e Canadá. A maior parte dos países da lista representa economias em desenvolvimento. O Canadá é o país melhor posicionado. Esse país só não aparece no terço superior no fator 'ambiente macroeconômico', onde divide as últimas posições com Brasil, Austrália e Rússia. Ainda compondo o grupo de quatro países do terço superior, têm-se Coreia do Sul, Austrália e China. O potencial competitivo de uma economia pode ser avaliado a partir do exame dos fatores que condicionam a capacidade de suas empresas para o manejo eficaz de mecanismos de competição.
Entre os fatores avaliados estão: disponibilidade e custo de mão de obra; disponibilidade e custo de capital; infraestrutura e logística e carga tributária. E estas variáveis afetam o ambiente macro e microeconômico, além do nível educacional da população e da tecnologia e inovação.
Fonte das informações. Para fazer o estudo, a CNI informou que foram consolidadas informações de vários estudos feitos ao redor do mundo. Segundo a entidade, foram utilizados os documentos mais recentes para cada indicador, o que, em alguns casos, ainda têm dados relativos ao ano de 2009 e, também, de 2011. Entre as fontes de informações, a CNI utilizou dados do Banco Mundial, do Fundo Monetário Internacional (FMI), da OCDE, da Unesco e do Fórum Econômico Mundial.
 
Medidas recentes do governo não foram consideradas.  
A entidade informou, porém, que o estudo não considera as novas medidas anunciadas pelo governo no decorrer deste ano para aumentar a competitividade da economia brasileira. No decorrer de 2012, o BC seguiu baixando os juros, fixando a taxa básica em 7,25% ao ano, na mínimia histórica, além de o governo ter estimulado um aumento no preço do dólar - favorecendo exportações e tornando as compras do exterior mais caras. Também ampliou o processo de desoneração da folha de pagamentos e reduziu tributos para estimular o consumo, como o IPI da linha branca e de automóveis, e renovou o Programa de Sustentação do Investimento (PSI), implementado via BNDES, que oferece juros mais baratos para investimentos.

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Franceses descobrem que precisam recuperar e aumentar a competitividade...

Ufa! Não era sem tempo!
Fazem mais de 40 anos que a França conhece déficits orçamentários, ou seja, produzem déficitas constantes todos os anos. A consequência, como no Brasil, aliás, é um aumento constante da carga tributária, o que asfixia objetivamente as empresas francesas, que de outro modo já precisam lutar contra uma legislação laboral e outras regulações estatais extremamente nocivas do ponto de vista do ambiente de negócios.
Este conjunto de propostas do Institut Montaigne, um centro de estudos empresarial liberal -- onde aliás estive falando sobre o Brasil em fevereiro deste ano, assim que cheguei em Paris -- pode servir, perfeitamente (mutatis mutandis) para vários casos do Brasil, que também é um país "francês" em sua legislação, mas extremamente precário em sua baurocracia (sem falar dos níveis anormalmente mais altos de corrupção e de incompetência governamental).
Podem servir pelo menos para reflexão.
Mas, cá entre nós, não creio que possamos ter este tipo de debate no Brasil. Pelo menos não se depender do Congresso, do Executivo e talvez mesmo (pelo menos ainda não) do empresariado.
Vamos insistir na racionalidade, porém, contra ventos e marés.
Paulo Roberto de Almeida

POUR UN CHOC ET UNE TRAJECTOIRE DE COMPETITIVITE
Institut Montaigne, 7 Octobre 2012


Un choc ? Un pacte ? Une trajectoire ? Toutes les contorsions sémantiques du monde ne viendront pas au secours de la compétitivité de notre pays sans une feuille de route ambitieuse, claire et partagée.

Le diagnostic sur lequel fonder cet effort politique d'une portée sans doute inédite est connu de tous :
- en toile de fond, une crise grave et profonde de nos finances publiques et des équilibres complexes qui les sous-tendent ;
- une dégringolade ininterrompue depuis dix ans de notre compétitivité, de nos parts de marché dans l'Union européenne comme au-delà et au final un taux de marge en berne pour nos entreprises, ainsi dangereusement atteintes dans leur capacité à préparer l'avenir comme à embaucher ;
- en conséquence, un emballement du chômage qui touche les populations les plus fragiles, les jeunes, les seniors, les moins insérés.

Pour sortir de cette spirale non vertueuse, il faut à la fois un choc et une trajectoire de compétitivité.

D'abord un choc, celui produit par la mise en œuvre le plus rapidement possible du transfert de charges proposé par le rapport Gallois – document de référence désormais. Ce choc permettra de restaurer au moins en partie les marges des entreprises et donc leur capacité à investir. Il aura pour vertu de réinstaller la confiance parmi le monde des entrepreneurs, c'est aussi cela la politique.

Ensuite une trajectoire, celle de la nécessaire réduction de nos dépenses publiques. En effet, aucun de nos partenaires ni aucun de ceux qui financent les déficits publics français ne pourront croire au sérieux de notre politique économique si nous n'allons pas au-delà d'un simple freinage de l'augmentation des dépenses publiques.

C’est ce double mouvement que propose l’Institut Montaigne depuis de longs mois dans ses travaux. On le retrouve en partie dans le rapport Gallois et les premières annonces gouvernementales.
Décryptage…

Bien cordialement à vous,

Laurent Bigorgne

DECRYPTAGE  

Rapport Gallois, annonces gouvernementales : analyse

1) Un choc de compétitivité

Le rapport Gallois avait préconisé un transfert de 30 milliards d'euros de charges sociales vers la fiscalité et la réduction de la dépense publique. Le gouvernement a retenu un allègement de 20 milliards d'euros des coûts des entreprises, par un crédit d’impôt.
Dans son rapport Une fiscalité au service de la "social compétitivité" (mars 2012), l’Institut Montaigne prévoyait un choc de 50 milliards d'euros, reposant à la fois sur un transfert de charges et sur l’allègement de la taxation du cycle de production.
Le "choc" finalement retenu est un premier pas dans la bonne direction. Il permettra de restaurer, au moins en partie, les marges des entreprises et leur capacité à investir tout en redonnant confiance aux entrepreneurs.

2) Plus de stabilité pour plus de confiance

Comme le préconise le rapport Gallois, le gouvernement stabilisera pour une durée de cinq ans les principaux dispositifs fiscaux favorisant la création, l’investissement, la R&D ou l’innovation dans les entreprises, parmi lesquels le crédit impôt recherche et l’ISF PME.
Dans son rapport De la naissance à la croissance : comment développer nos PME (juin 2011), l’Institut Montaigne appelait à cette stabilité, qui laissera le temps à ces dispositifs de produire leurs effets, encouragera les PME innovantes à y recourir, rassurera les investisseurs et accroîtra leur visibilité.

3) Des liens renforcés et des stratégies partagées pour les entreprises

Pour améliorer la coopération entre les entreprises et développer une stratégie de filières, le rapport Gallois comme le gouvernement prévoient de conditionner les soutiens de l’Etat aux grandes entreprises à leur capacité d'associer leurs fournisseurs et sous-traitants et d'instaurer des sanctions administratives en cas de manquement aux règles sur les délais de paiement, dont les dépassements représentent une charge nette de 10 milliards d’euros pour les PME.
Ces recommandations figurent dans le rapport Financement des entreprises : propositions pour la présidentielle (mars 2012) de l’Institut Montaigne, qui exposait l’intérêt d’un rapprochement des entreprises entre elles, en particulier des grandes entreprises et des PME. Elles bénéficieraient toutes d’une stratégie partagée et généralisée, de la mutualisation de fonctions, de la co-innovation ou encore de l’amélioration de la gestion de la chaîne de valeur et de son évolution.

4) L’épargne au service du financement des entreprises

Pour mieux orienter l’épargne vers le financement des entreprises, le gouvernement prévoit d’engager une réforme de sa fiscalité afin qu’elle favorise la détention de long terme et les investissements en actions, sans accroître la dépense fiscale.
Pour l'Institut Montaigne, il est indispensable de faire bénéficier les PME et les ETI de l’épargne des particuliers (cf. le rapport Financement des entreprises : propositions pour la présidentielle - mars 2012). Dans un rapport à paraître prochainement sur la croissance et la régulation financière, il proposera de rééquilibrer les avantages fiscaux de l'épargne en faveur des instruments relativement risqués comme les actions, de favoriser l’épargne de long terme et d’aménager notamment le projet de doublement du plafond des livrets réglementés en ce sens.

5) Un marché du travail mieux adapté

Pour mieux former les jeunes et les salariés et les accompagner plus efficacement vers l’emploi, le gouvernement propose, sur la recommandation du rapport Gallois, d’évaluer l’adaptation des offres de formations aux besoins de compétences des employeurs, de mettre en œuvre un nouveau service public de l’orientation, de rapprocher le système éducatif et le monde de l’entreprise et de développer les formations en alternance.
L’Institut Montaigne appuie ces orientations, qui figurent dans sa note Choisir les bons leviers pour insérer les jeunes non qualifiés (juin 2012). Il est nécessaire d’aller plus loin. Un véritable investissement de long terme dans la qualité et la formation du capital humain est en effet indispensable pour lutter contre l’échec scolaire, mieux insérer les jeunes les moins qualifiés et faire évoluer le droit du travail vers plus de sécurité et de souplesse, pour les salariés comme pour les employeurs.

6) L’indispensable réduction de la dépense publique

La baisse des coûts des entreprises (pour un montant de 20 milliards d'euros) décidée par le gouvernement sera financée pour moitié par la réduction de la dépense publique. C’est là aussi un premier pas, mais il est désormais impératif, pour le redressement de nos comptes publics et la compétitivité de notre économie, d’engager une vaste revue des différents postes de dépenses de l’Etat, en particulier des dépenses d’intervention, et de les mettre en regard de leur efficacité. L’Institut Montaigne publiera prochainement un rapport sur l’efficience des dépenses publiques.

>> Lire la tribune de Laurent Bigorgne parue sur LeMonde.fr

SYNTHESE DE NOS PROPOSITIONS  

Restaurer la compétitivité de l'économie française

Restaurer la comptitivit de l'conomie franaiseL’Institut Montaigne propose dans ce document de synthèse une stratégie globale et cohérente pour restaurer la compétitivité de l’économie française et sortir de la crise, d’une part en construisant une économie de la connaissance et d’autre part en engageant une politique forte en faveur de la compétitivité des entreprises.

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>> Télécharger le document de synthèse
>> (Re)voir l'émission "Place aux idées" avec Laurence Parisot

EVENEMENT  

"Les Rencontres de l'industrie compétitive" : retrouver le chemin de la croissance

Laurent Bigorgne, directeur de l'Institut MontaignePierre Gattaz, président du GFI, Frédéric Coirier, président de Poujoulat et Laurent Bigorgne, directeur de l'Institut Montaigne, dévoilent en avant-première les grands thèmes qui seront abordés lors des "Rencontres de l'industrie compétitive", organisées par Les Echos Conférences en partenariat avec l'Institut Montaigne le 27 novembre prochain.

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>> Consulter le programme des "Rencontres de l'industrie compétitive"
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PUBLICATIONS  

Une fiscalité au service de la "social compétitivité"

Une fiscalit au service de la Ce rapport de l’Institut Montaigne propose une réforme globale et ambitieuse de notre système fiscal autour de trois axes : créer un choc de compétitivité pour notre économie ouverte à la compétition internationale ; renforcer l’équité et la transparence de notre système d’imposition ; améliorer son efficacité par une simplification des assiettes et des taux.

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>> Lire la tribune de Claude Bébéar - "Où en est la compétitivité de la France ?"
>> Lire aussi : "L'urgence de réformer une fiscalité à bout de souffle", par Claude Bébéar

Financement des entreprises : propositions pour la présidentielle

Financement des entreprises : propositions pour la prsidentielleCe rapport publié en partenariat avec Croissance Plus s’attache à élaborer des propositions innovantes portant sur l’ensemble du cycle de production : financement de l’activité courante, de l’investissement productif et du développement de long terme.

>> En savoir plus
>> Lire la tribune de Claude Bébéar et de Réné Ricol - "Financement des entreprises : (ré)agir avant qu’il ne soit trop tard"

Également sur ce sujet :

>> De la naissance à la croissance : comment développer nos PME - Rapport - juin 2011

>> Formation professionnelle : pour en finir avec les réformes inabouties - Pierre Cahuc, Marc Ferracci, André Zylberberg - Étude - octobre 2011

>> Un CDI pour tous - Céline Gleize - Étude - novembre 2011

>> Vademecum 2012-2017 - Objectif Croissance - mars 2012

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terça-feira, 6 de novembro de 2012

Comercio exterior brasileiro se arrasta penosamente em direcao a...

...a que mesmo?
Não se sabe bem. Provavelmente em direção ao marasmo.
Se o Brasil, a despeito de custos inaceitáves nos procedimentos de importação (com cobranças altíssimas não só de tarifas elevadas, mas de outros impostos indevidos como Pis-Cofins na importação), ainda tem de importar dezenas de bilhões de dólares de produtos primários e insumos básicos para a sua indústria, então é porque nós nos tornamos inacreditavelmente caros, ou seja, não competitivos para qualquer coisa, e tudo isso por causa dos mesmos fatores que tornam o ambiente de negócios no Brasil um pântano empresarial: o custo Brasil, com a enorme carga tributária governamental em primeiro lugar.
Caminhamos, lenta mas seguramente, para uma crise de transações correntes, o que redundará, inevitavelmente em desvalorização cambial, ou seja, nos tornaremos mais pobres, além de aumentar o custo financeiro de nossas transações externas, o spread e tudo o mais.
Esse é o resulta das políticas improvisadas, de "puxadinhos" setoriais, implementadas pelo governo, que parece uma barata tonta. Em lugar de atacar os problemas reais, o governo insiste em contornar o problema, jogando os custos para nós, ou seja, obrigando-nos a suportar duplamente os encargos do protecionismo alfandegário e dos preços de cartel por falta de concorrência. Isso além de provocar deliberadamente inflação, ao manter uma meta que de fato é o teto da banda, um nível inflacionário três vezes superior à média mundial.
Como diria Roberto Campos, o Brasil é um país que não perde a oportunidade de perder oportunidades.
Com a ajuda do governo, assim continuará...
Paulo Roberto de Almeida

O comércio exterior carece de dinamismo e inovação

Editorial O Estado de S.Paulo, 06 de novembro de 2012

O que mais se destaca na análise do movimento do comércio exterior nos dez primeiros meses deste ano é a pouca mudança, tanto nos bens exportados e importados quanto no destino e origem de exportações e importações. É o quadro da acomodação de um país que não procura oferecer inovação e mantém os mesmos clientes e fornecedores, por falta de dinamismo. A única diferença, de um ano para outro, é que as importações crescem um pouco mais do que as exportações, acentuando o déficit da balança de comércio.
As exportações estão em situação precária, pois dependem muito da venda de produtos básicos, cujo preço é variável e influenciado pelo contexto internacional, e a China é o maior cliente. Neste ano, o resultado mensal variou de um mínimo de US$ 16,1 bilhões a um máximo de US$ 23,2 bilhões. Nosso governo insiste muito sobre os efeitos da crise nos países ricos, mas nos dez primeiros meses do ano nossas exportações para os EUA cresceram 9,6% e diminuíram 8,4% para a União Europeia; 6,1%, para a China; e 20,6%, para a Argentina.
A estrutura de nossas importações ficou ainda mais estável que a de nossas exportações. Bens de capital continuam a participar com 21,9%, mas as matérias-primas e bens intermediários ocupam o maior espaço entre nossas importações, com pouco mais de 45%.
Isso mostra que a nossa indústria importa bens intermediários (num valor de US$ 83,4 bilhões) que poderiam ser produzidos em parte no Brasil, mas, por serem muito mais baratos no exterior, acabam sendo importados. Participam, assim, do processo de desindustrialização que afeta todo o setor manufatureiro e nos coloca praticamente na marginalidade quando se trata de bens de alto conteúdo tecnológico, o que se reflete negativamente nas vendas externas e tende cada vez mais a tornar o Brasil um país exportador de commodities.
Havia a expectativa de que o Brasil rapidamente se tornaria um grande exportador de petróleo. Nesse campo, nossas exportações nos dez primeiros meses foram de US$ 16,4 bilhões e nossas importações, de US$ 10,5 bilhões, mas as de outros combustíveis chegaram a US$ 17,4 bilhões. Portanto, o País continua dependendo da importação.
O crescimento do parque industrial vai depender muito de uma mudança em face dos mercados externos: temos de apresentar inovações e aumentar o conteúdo tecnológico dos bens oferecidos ao exterior, e para isso é imprescindível reduzir os nossos custos.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Competitividade da industria brasileira - Marcelo de Paiva Abreu


Competitividade da indústria                                                                                                                                                                                                                                                              Marcelo de Paiva Abreu*
O Estado de São Paulo, segunda-feira, 6.8.2012

O governo brasileiro vem insistindo na importância de que desalinhamentos cambiais sejam discutidos na Organização Mundial de Comércio (OMC). E mais, que sejam criados mecanismos na OMC que permitam ajuste das tarifas para levar em conta flutuações cambiais que distorcem a competitividade da produção doméstica em relação às importações. O diagnóstico que conduziu a essa iniciativa é incompleto e a escolha de foro para encaminhar a questão é pouco realista.
A preocupação com o aumento da penetração das importações em consequência da apreciação cambial é legítima, mas é preciso abandonar o hábito de transferir a culpa ao estrangeiro. Como ocorre quase sempre, não há só culpados ou inocentes.
Importações são determinadas pelo nível de atividade no Brasil e pela competitividade dos produtos brasileiros em relação aos importados. O custo das importações é resultado da interação dos preços internacionais, da taxa de câmbio e da taxação das importações. O custo da produção doméstica competitiva é o que atende pela alcunha de custo Brasil, tem a ver com salários, carga tributária, logística, em suma, os elementos de custo relevantes no Brasil.
Em circunstâncias normais, os preços das importações brasileiras denominados em moeda estrangeira poderiam ser considerados como dados, em vista do tamanho do mercado brasileiro em relação ao mercado mundial. No mundo atual, esses preços podem estar deprimidos pelas políticas macroeconômicas dos EUA e da China que levam à desvalorização "artificial" das respectivas moedas.
Além disso, o custo das importações em reais é definido pela taxação das importações e pela taxa cambial brasileira. Até as recentes decisões do governo, ao arrepio da OMC, quanto ao tratamento fiscal discriminatório das importações na incidência do IPI, a taxação relevante consistia nas tarifas efetivamente praticadas. Agora, enquanto a OMC não reclamar, deve ser levado também em conta o diferencial de IPI entre produtos importados e produtos competitivos produzidos domesticamente.
O nível da taxa cambial brasileira depende de políticas adotadas no Brasil e pelos principais parceiros do Brasil. A manutenção da taxa de juros num nível extremamente baixo, especialmente pelos EUA, quando combinada a taxa de juros alta, como no Brasil, atrai capitais e resulta em apreciação cambial no Brasil. A variável relevante é o diferencial de juros: se o Brasil pudesse continuar a reduzir a taxa de referência que remunera os títulos públicos, as pressões provocadas pelas distorções geradas pelas políticas macroeconômicas de seus parceiros seriam minoradas.
Em vez de insistir em estratégia com parcas possibilidades de influir nos processos decisórios relevantes, o governo brasileiro poderia minorar os danos causados por tais políticas com o uso de instrumentos sobre os quais, em princípio, tem controle. A pressão dos gastos públicos gera obstáculos à redução da taxa de juros de referência. O governo deveria contrariar a sua natureza e encontrar apetite para tratar prioritariamente da explosiva questão de gastos públicos.
A outra frente relevante é a redução do custo Brasil. O governo, paralisado na sua capacidade de investir, tem tentado remendar essa situação por meio de desonerações fiscais discricionárias. Mas trata das reformas estruturais que poderiam contribuir para reduzir tais custos em bases permanentes como se fossem parte de agenda "neoliberal" a ser exorcizada.
Economistas do Antigo Regime, que agora se destacam como assessores proeminentes, têm contribuído para semear a confusão quanto aos possíveis remédios para os males que assolam a competitividade da indústria brasileira, ao atrelar indevidamente o diagnóstico das distorções cambiais à proposta de remédios na OMC.
Poucos discordariam de que a perda de competitividade da indústria brasileira se deve, em parte, às manipulações cambiais de concorrentes. Mas disso não decorre que o assunto deva ser tratado na OMC. É claro que os grandes manipuladores cambiais têm forte resistência em tratar do tema em qualquer foro, pois pretendem manter graus de liberdade que consideram necessários para tentar transferir o ônus de ajuste ao exterior, "empobrecer o vizinho". Mas será a OMC o foro adequado para tratar do assunto de forma eficaz? O corifeu do Antigo Regime acha que sim, embora há poucas semanas tenha sido irônico com os que "levam a OMC a sério".
Nem só "a mulher é volúvel e muda de tom e de julgamento como a pluma ao vento", como no Rigoletto de Verdi. De meu lado, creio que a OMC deve ser levada a sério e exatamente por isso, acreditando-se em especialização, a sua agenda não deve ser tumultuada com questões cambiais. Pressionar para que o FMI tenha postura mais eficaz quanto ao tema parece menos esdrúxulo, embora seja razoável manter também grande ceticismo quanto à possibilidade de progresso concreto. Pelo menos o assunto é compatível com a agenda da instituição. O governo brasileiro deveria fazer o dever de casa quanto ao custo Brasil e o controle do gasto público. E depender menos de desonerações discricionárias e jogadas de efeito nos foros multilaterais.

*Doutor em Econonomia pela Universidade de Cambridge, é professor titular no Departamento de Economia da PUC-Rio.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

A ingloria missao de ser protecionista - Editorial OESP


Alto custo de produção
Editorial O Estado de S. Paulo, 2/04/2012

Consideradas satisfatórias pelo governo, por alguns setores da indústria e pelo movimento sindical - mas não, certamente, pelos consumidores -, as mudanças no acordo comercial entre o Brasil e o México, para a redução da entrada de veículos mexicanos no mercado interno nos próximos três anos, apenas contornam um grave problema estrutural da economia brasileira. Os automóveis mexicanos estavam conquistando espaços maiores no mercado brasileiro não por causa de eventuais imperfeições no acordo entre os dois países, mas por uma razão muito mais simples, e que o consumidor identificou rapidamente: eles custam menos do que os similares produzidos no Brasil.
O custo de produção de veículos no Brasil é um dos mais altos do mundo, como mostrou reportagem de Cleide Silva publicada no Estado (25/3), fato que, combinado com o câmbio favorável às importações, fez crescer nos últimos tempos a participação dos automóveis importados nas vendas no mercado doméstico.
É muito mais barato produzir um veículo no México do que no Brasil. Enquanto aqui o custo de manufatura de um modelo compacto é de cerca de US$ 1,4 mil, no México é de US$ 600, menos da metade. Os países asiáticos conseguem produzir a custos ainda menores (US$ 500 na Tailândia e US$ 400 na China), de acordo com dados compilados pela empresa internacional de consultoria PricewaterhouseCoopers (PwC).
Apesar do alto custo da produção no País - equivalente ao dos Estados Unidos e do Japão, países com padrões de vida e de renda muito mais elevados do que os nossos -, grandes investimentos têm sido anunciados e realizados na expansão da capacidade da indústria automobilística brasileira. No entanto, praticamente nenhum dos novos projetos tem como meta a transformação do Brasil em plataforma de exportações para outros países do hemisfério, porque, como mostram os números acima, é muito baixa a competitividade do País.
O que as grandes corporações internacionais pretendem é conquistar fatias no mercado brasileiro, que continua a crescer rapidamente e ainda tem muito espaço para se expandir, ao contrário do que ocorre nos países ricos, cujos mercados já estão saturados e, agora, enfrentam as dificuldades decorrentes da crise financeira internacional. Além disso, as medidas protecionistas adotadas pelo governo brasileiro, como o aumento da taxação das importações de veículos de montadoras ainda não instaladas no País, estão forçando a vinda de novos grupos.
O alto custo da produção de veículos é parte de um problema muito mais amplo, que afeta toda a produção brasileira. Os novos investidores no setor automobilístico, bem como as empresas que operam no País há mais tempo, têm consciência das imensas dificuldades para a realização de negócios no Brasil - apontadas seguidamente em relatórios internacionais.
A qualificação em muitos casos insuficiente do trabalhador e a rigidez das regras trabalhistas estão entre as causas do alto custo de produção da indústria automobilística brasileira. O responsável internacional pela pesquisa da PwC, Dietmar Ostermann, lembra que os trabalhadores americanos e chineses levam em média de 15 a 19 horas para produzir um automóvel. No Brasil, são necessárias de 26 a 30 horas, nas mesmas condições tecnológicas e para o mesmo padrão de produto. Isso eleva o peso do fator trabalho no custo de produção. Ainda no item das relações de trabalho, os encargos da folha de salários e a falta de flexibilidade das jornadas encarecem ainda mais o custo de produção.
Os impostos sobre equipamentos e máquinas, o alto preço da matéria-prima, que encarecem também os componentes, e as deficiências de infraestrutura, que elevam os custos logísticos, também contribuíram para encarecer o produto final.
As empresas que, apesar disso, investem no Brasil, fazem-no "porque não têm outra opção", adverte Ostermann. Quando as opções começarem a surgir, como certamente surgirão, ficará cada vez mais difícil atrair investimentos para uma economia de tão baixa competitividade.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

É a competitividade, estúpido - Rubens Barbosa (OESP)


É a competitividade, estúpido

Rubens Barbosa
Ex-embaixador em Washington e em Londres.
O Estado  de S.Paulo, 14/02/2012

            Apesar dos níveis recordes em 2011, a preocupação sobre a evolução do comércio exterior é grande. A concentração das exportações em poucos produtos e a perda de mercados dos manufaturados aumentaram a vulnerabilidade do setor externo e mostraram os problemas do setor produtivo industrial.
            O governo anuncia mais um pacote de medidas de apoio ao setor produtivo e exportador, com ênfase na redução do custo do crédito e na abertura de novos mercados para os manufaturados. Certamente serão medidas discutidas e adotadas sem consulta ao setor privado e a maioria não deverá ser implementada. Nos últimos meses, as decisões na área de comércio exterior visaram, sobretudo, a isenções fiscais e crescente proteção a setores mais vulneráveis á concorrência externa, além de cortes nos programas de financiamento á exportação. Na realidade, são providencias ad hoc, sem visão estratégia e de futuro e que não levam em conta as transformações produtivas que estão ocorrendo no mundo, diante da crescente presença da China como motor da produção industrial global.
O sucesso da política econômica e do comércio exterior, que quadruplicou em 10 anos, esconde os verdadeiros problemas da economia em geral e do setor externo em particular. A desindustrialização é um triste fato. A indústria, que já representou 25% do PIB hoje está reduzida a menos de 15%. O consumo doméstico é atendido cada vez mais por importações (22,3%), fazendo desaparecer fornecedores nacionais e empregos. O déficit na balança comercial industrial subiu a mais de US$90 bilhões. As exportações se re-primarizam (produtos primários representam 70% das exportações e 4 produtos, quase 50%).
Não havendo uma politica de estado que defenda a indústria nacional, nem liderança politica para tentar resolver os problemas estruturais que afetam os setores industrial e exportador, o governo não está preparado para enfrentar as causas da perda de espaço da indústria e de mercado dos manufaturados.
 “Os números de janeiro da balança comercial comprovam o descaso do governo brasileiro com o setor produtivo do país. Estamos diante de uma situação muito grave, que pode comprometer nossa capacidade de gerar riquezas e empregos. O governo não pode ficar parado e se limitar apenas ao discurso. Há meses estamos alertando para o problema da avalanche de importados, que afeta severamente a nossa indústria. O Brasil não pode mais esperar, é preciso que as autoridades adotem imediatamente medidas eficazes que garantam a igualdade de condições para a produção nacional”, afirmou dura, mas corretamente Paulo Skaf, presidente da Fiesp.
Na área da negociação externa, nos últimos dez anos, o aumento das exportações pouco teve a ver com a abertura de mercados por meio de acordos comerciais, pois somente acordos com Israel, Egito e agora com a Autoridade Palestina foram assinados, no âmbito do Mercosul. A exemplo da China e dos EUA, uma nova estratégia de negociação de acordos de livre comércio para acompanhar as mudanças que estão ocorrendo no mundo deveria estar sendo discutida com o setor privado.
Enquanto essa é a situação no Brasil, o presidente Obama, na mensagem anual ao Congresso (“State of the Union”), ofereceu um bom exemplo de como defender de forma vigorosa a indústria manufatureira com visão de futuro.
Com milhões de empregos ameaçados, o governo americano ajudou as empresas, exigindo sua reestruturação, como ocorreu na indústria automobilística. Procurando trazer de volta empregos para a economia, anunciou um ambicioso programa de apoio á indústria doméstica. O conjunto de medidas incluiu a aprovação de ampla reforma tributária, novos impostos para as multinacionais que se instalam no exterior e exportam empregos, e redução de tributos para as empresas de transformação e de alta tecnologia, além de programas de treinamento profissional especializado.  Na área de comércio exterior, Obama reiterou a meta de dobrar as exportações em cinco anos, o avanço na negociações de novos acordos de livre comércio e o reforço da promoção das exportações e da defesa comercial com a criação de uma unidade de acompanhamento da aplicação das regras comerciais, responsável pela investigação de práticas desleais de comércio em países como a China.
Por aqui, nos últimos dez anos, as medidas de apoio a indústria ignoraram a principal causa da rápida perda da competitividade da economia nacional. O custo Brasil está tendo um efeito devastador na economia. De imediato, com a perda de mercado no setor exportador e a crescente saída de empresas brasileiras e, a médio e longo prazo, com o aumento do desemprego e com a redução de investimentos.
 A exemplo dos EUA, a desoneração tributária deveria encabeçar a agenda do governo para enfrentar a competição externa. Defesa comercial apenas não melhora a competitividade. O custo da energia, a alta taxa de juros, a apreciação cambial que anula a proteção tarifária, as ineficiências burocráticas, a guerra de incentivos nos portos e seus altos custos operacionais, o descalabro da infra-estrutura, o peso dos gastos com a corrupção e com a aplicação da legislação trabalhista poderiam, se atenuados, representar significativa redução dos mais de 35% no custo final dos produtos.
Do ponto de vista empresarial, não se trata de reivindicar uma politica industrial, mas de demandar medidas pontuais com imediata repercussão sobre a competitividade do setor produtivo. Medidas recentes, ao invés de reduzir, estão fazendo aumentar o custo Brasil.
Em resumo, é a competitividade, estúpido. O setor privado já fez a sua parte com o aumento da produtividade das empresas. Se o governo não atacar de frente o custo Brasil, a re-industrialização brasileira ficará seriamente ameaçada.

Rubens Barbosa, presidente do Conselho de Comércio Exterior da Fiesp.