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quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Balanço geral ao final de 2014: algumas estatísticas - Paulo Roberto de Almeida


Balanço geral ao final de 2014: algumas estatísticas:
Contabilidade elementar de um ano produtivo

Paulo Roberto de Almeida


Todo final de ano, assim como os começos de um novo ano, na verdade as grandes etapas cronológicas e de calendário civil que balizam as nossas vidas, servem invariavelmente para fazer algum balanço quantitativo, se possível qualitativo também, do período encerrado, com alguma contabilidade rudimentar e alguma avaliação do que foi feito. Os mais precavidos, ou organizados – o que não é exatamente o caso deste que aqui escreve – também aproveitam para fazer para algum planejamento para o período mais à frente, que pode ser um ano mais, ou vários, até uma década inteira, dependendo dos horizontes que podem ser descortinados para cada um, em função de seus objetivos de vida, de suas prioridades, ou até de seus compromissos já assumidos, ou de simples necessidades corriqueiras.
Não é diferente comigo, a despeito do fato que tenho feito, regularmente, um simples registro contábil dos trabalhos produzidos, bem como daqueles publicados, duas listas separadas, e regularmente revistas e corrigidas, que mantenho desde o dia, aí no começo dos anos 1980, em que percebi que eu estava me perdendo na pletora de cópias em papel (alguns até no velho carbono, ou em xerox descoloridas) que mantinha de meus antigos trabalhos (os que se salvaram das muitas mudanças de residência desde a juventude), e da dispersão de vários outros, em formatos diversos, nos lugares mais impossíveis. Comecei então a organizar esses trabalhos em ordem cronológica, desde o mais antigo recuperado (que não era, obviamente, o mais antigo produzido) até o mais recente salvo da desordem anterior; coloquei-os em pastas, que eram os antigos classificadores de escritório, com os dois tradicionais furos à esquerda, embora eles fossem de tamanhos diversos, papeis enegrecidos por máquinas de escrever manual, até o modelo mais recente de que dispunha então: uma IBM elétrica, de esferas, que comprei especificamente para redigir a tese de doutorado, junto com uma copiadora pessoal, ambos me custando, na Suíça, o equivalente de um carro usado, pelo menos.
Na verdade, comecei a fazer o registro, e a guarda dos papeis, depois de terminada a tese de doutorado, dois alentados volumes, em francês, sobre a revolução burguesa no Brasil – já em transição de uma explicação tipicamente marxista, ou “florestânica”, do processo, para uma interpretação mais eclética do fenômeno – e já de volta ao Brasil, depois de um primeiro período como diplomata no exterior, entre a Suíça e a Iugoslávia (com dezenas de viagens por toda a Europa, e uma reflexão profunda sobre regimes econômicos e sistemas políticos, justamente, numa fase de socialismo terminal). Ao dar início, ou ao retomar, uma carreira acadêmica antes iniciada mas interrompida por razões profissionais e familiares, decidi, portanto, colocar em ordem os papeis sobreviventes, e começar a anotar sistematicamente tudo o que eu escrevia (de definitivo, ou seja, trabalhos terminados) e tudo o que era publicado (até então pouca coisa, inclusive algumas com nom de plume, dado o regime militar). As duas listas foram continuadas invariavelmente em todas as circunstâncias, geralmente em bases anuais, embora no começo, e retrospectivamente, juntando vários anos, o que tem sido feito com algum cuidado nos últimos 30 anos.
Todas essas listas encontram-se à disposição dos poucos curiosos em meu site, onde existem, justamente, duas seções em destaque, uma dedicada aos originais, outra aos publicados. Nem todas as listas foram atualizadas – pois ocorreram correções ulteriores – mas elas registram com absoluta fidelidade e transparência o que tenho produzido como esforço intelectual, para fins profissionais (dispensando os expedientes oficiais, obviamente), para finalidades acadêmicas, ou de simples divertimento pessoal. Ao longo do período, melhorias tecnológicas foram sendo introduzidas, a mais relevante sendo a passagem da máquina de escrever, condenada ao produto único, ao computador, esse monstro obediente que veio incrementar a produtividade e até algumas más práticas, como pode ser o recurso exagerado ao Lavoisier (para quem não sabe, trata-se daquele sábio francês do Iluminismo e da Revolução, que disse uma vez algo do tipo “na vida, nada se perde, nada se ganha, tudo se transforma”).
O computador entrou na minha vida no ano tardio de 1987 –  os chamados PCs já existiam desde o início da década, mas na época eles eram absurdamente caros, e no Brasil o dobro, sempre o dobro, talvez até o triplo, como vocês podem imaginar – e só quando eu já tinha um salário razoável no exterior, e ainda assim foi caro. Lembro-me até hoje do meu primeiro, e único, MacIntosh Plus, sem disco rígido, tudo cabendo num pequeno floppy disk de 720kb: sistema operacional, programa de redação, e todos os arquivos. Muita coisa não cabia, obviamente, assim que a minha segunda aquisição da era da informática foi um disco rígido externa, na época fabricado na Irlanda, e não no México, o que chamou a minha atenção para esse pequeno país europeu que ainda era um dos mais pobres da então Comunidade Econômica Europeia. Logo passei a um Mac SE, com disco rígido interno (mas ainda limitado) e os mesmos floppy disks de arquivo e transferência de dados. A internet ainda não tinha vigência, ou pelo menos não existia comercialmente, o que veio a ocorrer no início dos anos 1990, quando me associei à Compuserve, um dos primeiros serviços nessa área, mas ainda dependentes de lentíssimos modens utilizando a linha telefônica discada. Que atraso magnífico, que progressos fantásticos!
A opção pelo sistema da Apple, excludente e exclusivamente proprietário, sempre teve um custo adicional, em relação aos horríveis PCs, da linha MS-DOS, então disponíveis amplamente, a um custo mais baixo; esse custo se traduzia não apenas pelo preço superior de comercialização dos Macs, mas também pela quase ausência de comunicação direta com o mundo dos PCs, então como agora dominantes no mundo profissional. A decisão da Apple de nunca licenciar sua tecnologia para terceiros fabricantes impunha esse custo adicional à sua clientela fiel, que se dispunha a pagar em torno de um terço a mais para dispor de uma tecnologia superior. No universo pré-Windows – que sempre foi uma cópia mal feita do Mac-OS, um Rwuindows, como dizíamos – éramos obrigados a ter filtros especiais para transpor determinados arquivos preparados no Mac para a plataforma MS-DOS, bem mais atrasada e limitada.
Depois, a grande briga entre Apple e Microsoft amainou – os processos recíprocos por infração à propriedade intelectual descontinuados – e o diálogo se estabeleceu perfeitamente, sem que exista, atualmente, qualquer dificuldade de transposição de arquivos, muito embora os programas e as plataformas ainda continuem incompatíveis em grande medida (com exceção, atualmente, das ferramentas via web, que usam praticamente a mesma linguagem). E por que digo tudo isso? Porque, no início de minha “vida informática” eu era a trabalhar em ambiente hostil, no trabalho e especialmente no Brasil, onde os Macs eram raríssimos, obrigados os usuários a se manter em contato quase que numa verdadeira confraria de iniciados.
Mas eu me desvio do tema principal deste texto, que é apenas dedicado ao balanço deste ano que se encerra, não a uma história completa de minha proliferação produtiva, reconhecidamente exagerada, sob diversos critérios. Pois bem, o que podemos sumarizar a partir das estatísticas disponíveis? Vamos dividir este balanço segundo as grandes seções correntemente usadas nos registros: originais, publicados e trabalhos variados em plataformas específicas (como podem ser meus blogs e os de terceiros). Comecei o ano de 2014 pelo trabalho de número 2.551, terminando por este de n. 2.740, o que perfaz, portanto, 189 trabalhos completos (e eu só dou um número quando o trabalho é considerado finalizado, deixando os incompletos em diversas pastas de working files). Alguns desses 189 trabalhos representam mera assemblagem de textos anteriores, o que significaria diminuir ligeiramente o volume total, mas também seria válido considerar algumas dezenas de outros que ficaram incompletos no decurso do ano, a despeito de acumularem um número indefinido de páginas produzidas.
Considerando, portanto, esses 189 trabalhos, eles totalizaram 2.641 páginas, com alguma repetição no ano, como afirmado acima, como resultado da recuperação de trabalhos de anos anteriores, e por incorporação de artigos já escritos anteriormente em um volume maior (é o caso dos livros), mas que de toda forma implicaram em revisão de cada um deles, página por página, linha por linha, e a introdução de correções e novos acréscimos e modificações em diversas partes. Tal volume representa a redação, ou trabalho equivalente, de 220 páginas por mês, ou cerca de 7,3 páginas por dia, o que representa esforço considerável, para todos os efeitos. Mesmo se descontarmos todas as “repetições” (ou recuperações), ainda assim teríamos aproximadamente cinco páginas diárias de redação, o que também representa algum esforço de pesquisa e de reflexão.
Em termos de dimensão dos trabalhos produzidos existe grande disparidade entre eles, já que a média aparente representaria quase 14 páginas por trabalho. Mas aqui seria preciso novamente considerar que a maior parte dos trabalhos permanece na casa de um único dígito, mas os livros distorcem o número de páginas para cima. De fato, se formos computar apenas o total de páginas dos livros produzidos, do qual já descontei pelo menos a metade considerando a “recuperação” com breve revisão, o número pode representar algo em torno de 1.600 páginas, não integradas de forma completa naquela contagem acima. Desses livros, apenas um se destinou a editora comercial, sendo quatro outros elaborados em formato digital e disponibilizados via Kindle ou na plataforma Academia.edu, livremente, portanto. Haveria também de considerar os capítulos de livros escritos, em total de três, tendo sido apenas um publicado no ano (em inglês e em edição Kindle), outros dois reservados para 2015.
Não estou computando todos os pareceres que ofereci a revistas da minha área, alguns deles representando certo volume de observações tópicas e considerações gerais que poderiam facilmente agregar mais duas dezenas de páginas. Tampouco computo aqui as dezenas, provavelmente centenas de comentários iniciais a postagens de materiais diversos no meu blog Diplomatizzando, o considero impossível de ser agora estimado quanto ao equivalente em número de páginas, dado o efêmero da produção. Alguns desses comentários iniciais acabaram representando certo esforço analítico e, talvez, originalidade, e acabaram sendo recuperados ex-post para a série “oficial”, mas os que entram nesse caso foram muito poucos, menos de uma dezena, dentre as centenas, milhares de postagens com alguma “introdução” de minha parte. Apenas para se ter uma ideia desse volume de comentários iniciais, registre-se que o blog conheceu em 2014 mais de 3.125 postagens (digo “mais de” porque o ano ainda não terminou e é bem provável que eu continue postando até o calendário virar automaticamente).
Quanto à contabilidade de trabalhos publicados, ela é mais simples já que necessariamente menos numerosa. Se meus registros não falham – eles falham, por vezes, já que alguns trabalhos são publicados à minha “revelia”, sem que eu saiba exatamente quando; daí a existência de alguns números-bis na lista de publicados – eu comecei o ano com o trabalho n. 1.119 e termino com o de n. 1.158, sendo, portanto, de 39 o número total de trabalhos públicos, dos quais um livro por editora comercial, um dotado de ISBN no Kindle (em inglês, em conjunto com meu amigo brasilianista Ted Goertzel), e mais quatro outros no Kindle, apenas coletando trabalhos anteriores, que andavam dispersos ou já não estavam disponíveis. A maior parte dos publicados o foi em revistas, impressas ou digitais, dos quais vários com pareceres incógnitos. Uma consulta à lista de publicados (que estou atualizando, mas é possível que eu só receba no decorrer de 2015 alguns periódicos que são datados de 2014) revela a diversidade de veículos e a gama de assuntos abordados, o que corresponde ao que efetivamente leio, anoto e acaba servindo como reflexão e matéria prima para novos trabalhos.
Quanto ao blog Diplomatizzando, especificamente, que não foi feito para registrar ou divulgar produção – senão episodicamente – ele se situa, como já dito diversas vezes, no quadro de diversos outros blogs anteriores, criados e interrompidos por clara incompetência deste blogueiro inepto. Em todo caso, ele é uma ferramenta a mais de disseminação de materiais interessantes que acabam cruzando meu itinerário de leituras cotidianos – um vasto mundo, feito de todos os tipos de informações diárias, boletins especializados, estudos de instituições, e muito do recebo em minha caixa postal, que são processadas, geralmente comentadas, ou “introduzidas”, e postadas nesse espaço que acaba sendo uma espécie de arquivo ou repositório de material útil, para referência em caso de necessidade (esperando que as ferramentas de indexação não falhem na hora de alguma busca). Meu acesso às estatísticas do blog – assim como às do site pessoal – é muito errático e precário: de vez em quando me lembro de consultar os dados disponíveis, não tanto para me vangloriar quanto aos números, e mais para ver o que andam buscando como informação e trabalhos meus, para algum trabalho na base do “copy and paste” (tampouco me dou o trabalho de verificar o que andam copiando por aí, o que seria de toda forma inútil). Em todo caso, talvez pudesse referir alguns números, mas não tenho nenhuma base comparativa para aferir sua validade, nem pessoal, própria, como o que eu “tinha” anteriormente, nem com outros blogs.
O que eu me lembro, uma vez que ofereci um dos meus livros gratuitamente, é que em janeiro de 2012, eu tinha alcançado 500 “seguidores”, mas não me perguntem o que isso significa, ou se todos eles acessam ou recebem minhas postagens a cada vez: simplesmente não sei e não me importo muito com isso. Atualmente, ou seja, quase dois anos depois, o número de seguidores registrado numa das janelas do blog é de 797, ou seja, quase 60% a mais (tampouco sei se existe alguma sobreposição com o Google+).
No momento em que escrevo, o total de visualizações de página no blog Diplomatizzando é de 3.168.368, mas tampouco sei distinguir entre os acessos e visitas legítimas – ou seja, de pessoas direcionadas exatamente ao que buscavam – e aquelas “intrusões” dos instrumentos de busca ou até dos serviços de informações de potências poderosas, para ser redundante, buscando sabe-se lá o que neste modesto veículo. Exatamente um ano atrás, em 30/12/2013, o número de visualizações totais marcava exatamente 1.948.037 (o blog existe com este título desde junho de 2006).
Existem lições, ou pelo menos alguma lição, a tirar deste pequeno relatório sobre a produção anual? Certamente, não sei se para os leitores, mas obviamente para mim: a de que eu devo deixar de me dispersar em dezenas de pequenos trabalhos sem maior profundidade – e sobretudo com os divertissements do blog e do Facebook, quando muito besteirol vem junto com uma ou outra coisa válida – e concentrar-me nas pesquisas mais sérias que devem integrar meu segundo volume sobre a história da diplomacia econômica no Brasil, desta vez cobrindo o período 1889-1944 (terminando, portanto, em Bretton Woods, por razões mais do que evidentes). Este é o programa para 2015, e vou ter de demonstrar disciplina e foco no alvo central para tentar terminar aquilo que já deveria ter feito há pelo menos oito ou dez anos.
Com isto encerro esta avaliação, e desejo a todos um ano tão produtivo quanto eu espero manter igualmente. Meus bons votos para o ano que começa em poucas horas.

Paulo Roberto de Almeida
Hartford, 2740, 30 dezembro 2014

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Contas publicas: Brasil na esteira da Argentina?

Maquiar as contas públicas já foi uma especialidade brasileiríssima. Salvamo-nos pelo "rum creosotado" da Lei de Responsabilidade Fiscal de 2000, à qual o PT se opôs ferozmente, tentando inclusive fazê-la declarar inconstitucional pelo STF. Perdeu, como sabemos, mas sempre foi contra, e ainda em 2005, salvou a prefeita petista de São Paulo de ser condenada sob a LRF, por ter gasto acima do que deveria e de forma irregular, fazendo aprovar uma lei ela sim inconstitucional, pois fazia retroagir um perdão por esses gastos, o que contraria um dos princípios básicos da CF.
A LRF é um "rum creosotado" porque a própria União não cumpre o que impõe aos estados e municípios, embora já seja um começo, e também porque nunca foi regulamentada, a ponto de contar com dispositivos para punir os maus gestores. Por exemplo, nunca, jamais, um prefeito ou governador foi preso por descumprir a LRF, como atestado pelo TCU e pelo Congresso, mas deixam passar, por coniventes que são. Vários deveriam estar atrás das grades por cinco anos ou mais.
Agora o governo do PT, cuja característica básica é sempre gastar mais do que as possibilidades, está fazendo maquiagem nas contas públicas e contabilidade criativa, para esconder esse tipo de comportamento irresponsável.
Estamos seguindo a Argentina, ponto por ponto: já aderimos a seu protecionismo primitivo dos anos 60 a 80, estamos seguindo-a nos controles anti-inflacionários típicos dos anos 80 e só não a acompanhos ainda na manipulação cambial (sim, mas levemente) e nos controles de capitais, típicos dos anos 30 (paramos no início dos anos 90, por enquanto).
Deveria haver uma sanção política para esse tipo de desvio institucional, mas de fato não vai ocorrer nada. Mais uma herança maldita em formação. Uma bomba relógio fiscal, que vai estourar algum dia.
Paulo Roberto de Almeida

Tesouro contou com R$ 7,2 bilhões que deveria ter repassado ao fundo de garantia para fechar suas contas no ano passado
Sheila D’Amorim
Folha de S.Paulo, 8/02/2013

Além da reserva extra que estava no Fundo Soberano e de dividendos dos bancos públicos, o Tesouro também contou com R$ 7,2 bilhões do FGTS -fundo que pertence aos trabalhadores- para fechar as suas contas em 2012. O montante foi obtido de duas formas diferentes. Primeiro, o Tesouro não quitou uma dívida que tem com o fundo relativa à parcela dos subsídios concedidos no programa habitacional Minha Casa, Minha Vida (MCMV), de responsabilidade da União. Além disso, reteve a arrecadação proveniente de contribuição adicional de 10% que as empresas são obrigadas a fazer para o FGTS quando demitem sem justa causa. A dívida com o fundo vem se acumulando como uma espécie de esqueleto que terá que ser quitado um dia.

Técnicos do governo negam que isso seja um novo esqueleto que impactará a dívida pública. Argumentam tratar-se de “uma obrigação” que entrará na programação financeira do Tesouro e irá se reduzir ao longo do tempo. Dizem, ainda, que a legislação permite que essa “equação financeira” seja usada com responsabilidade e que o dinheiro voltará ao FGTS na “forma estabelecida pela lei”.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Homenagem ao maior frade de todos os tempos

Devemos todos prestar homenagem a este homem da Igreja que simplesmente revolucionou o mundo empresarial e o cálculo econômico, ao inventar a contabilidade de dupla entrada.
Uma invenção muito simples, mas absolutamente genial.
Pena que nem todos os políticos tenham tomado conhecimento de que existe essa coisa chamada contabilidade (ou seja, você não pode lançar uma despesa, sem que você tenha um crédito, ou saldos aprovisionados; da mesma forma você não pode fazer um investimento sem lançar aquilo como despesa). Tudo muito simples, e no entanto, aparentemente ignorado por tanta gente, sobretudo aqueles que acham que dinheiro nasce em árvores...
Paulo Roberto de Almeida

History of Double Entry Bookkeeping

Statue of LUCA PACIOLI Sansepolcro. 1995 erected by: "I concittadini e Le Scuole de Ragioneria in Jappone".

Photo credit: Instituut Pacioli drs. A. J. van der Helm and drs. Johanna Postma

Pacioli - "Father of Accounting" ?


"Luca Pacioli was one of the greatest men of the Renaissance. He is also one of the least well known. This is surprising, for Luca Pacioli's manuscripts and ideas changed the way the world worked then, and continue to affect modern daily life.

"Luca Pacioli was born in Borgo San Sepulcro, in Tuscany. He was probably born during 1445. He belonged, being the son of Bartholomeus Pacioli to a middle-class family. His first teacher was no less a person than the painter Piero della Francesca, who, typically for Italian Humanism, masterly connected mathematics, science and art. Pacioli joined a Franciscan monastery in Sansepulcro and became an apprentice to "a wealthy Venetian businessman, Antonio de Rompiaso. Together with Rampiaso's sons, he attended the lectures of the mathematician Domenico Bragadino in Scuolo di Rialto, a school of great importance for the history of Aristolelianism" (Lauwers and Willekens).

"Pacioli befriended the artist Piero della Francesca, one of the first and greatest writers and artists of perspective. Francesca and Pacioli journeyed over the Appenines, where Francesca gave Pacioli access to the library of Frederico, the Count of Urbino. The collection of four thousand books allowed Pacioli to further his knowledge of mathematics.

"Francesca also introduced Pacioli to Leon Baptist Alberti, who would become Pacioli's new mentor. Alberti brought Pacioli to Venice and arranged for him to tutor the three sons of the rich merchant Antonio de Reimpose. During this time, in the year 1470, Pacioli wrote his first manuscript at the age of twenty-five. The book was about algebra and was dedicated to the Reimpose boys.

"Alberti also introduced Pacioli to Pope Paul II. Paul encouraged Pacioli to become a monk and dedicate his life to God. After Alberti died in 1472, Pacioli took the pope's suggestion, and took the vows of Franciscan Minor.

"In 1475, Pacioli became a teacher at the University of Perugia, where he stayed for six years. He was the first lecturer to hold a chair in mathematics at the University. In his lectures, Pacioli stressed the importance of putting theory to practical use. This emphasis on application of theory made him unique among his peers. While at the University of Perugia, Pacioli wrote his second manuscript, dedicated to the "Youth of Perugia."

"After 1481, Pacioli wandered throughout Italy, and in some areas outside it, until he was called back to the University of Perugia by the Franciscans in 1486. By this time, Pacioli was beginning to call himself "Magister," meaning master, the equivalent of a full professorship in modern time.

"The year 1494 is the only date during Pacioli's life that is absolutely certain. It was during this year that the forty-nine-year-old Pacioli published his famous book Summa de arithmetica, geometria, proportioni et proportionalita (The Collected Knowledge of Arithmetic, Geometry, Proportion and Proportionality). Pacioli wrote the Summa in an attempt to redress the poor state of mathematics teaching in his time. One section in the book made Pacioli famous. The section was Particularis de Computis et Scripturis, a treatise on accounting. De Scripturis was later described by some as "a catalyst that launched the past into the future." (Luca Pacioli: Unsung Hero of the Renaissance) Pacioli was the first person to describe double-entry accounting, also known as the Venetian method. This new system was state-of- the-art, and revolutionized economy and business. The Summa made Pacioli a celebrity and insured him a place in history, as "The Father of Accounting." The Summa was the most widely read mathematical work in all of Italy, and became one of the first books published on the Gutenberg press.

"Pacioli's important manuscript made him instantly famous, and he was invited to Milan to teach mathematics at the Court of Duke Lodovico Maria Sforzo in Milan. One of his pupils would be Leonardo da Vinci. During the seven years Pacioli and da Vinci spent together, the two would help each other create two masterpieces that would withstand the test of time. Da Vinci illustrated Pacioli's next and second most important manuscript De Divina Proportione ("Of Divine Proportions"). Pacioli taught da Vinci perspective and proportionality. This knowledge allowed da Vinci to create one of his greatest masterpieces, a mural on the north wall of the Santa Maria de Gracia Dominican cloister. This mural is the most famous painting of the fifteenth century, known as "The Last Supper." The geometry Pacioli taught to da Vinci would occur in many of da Vinci's later works. Da Vinci mentions Pacioli many times in his notes.

"In the years that followed Pacioli's relationship with da Vinci, he continued to teach and write. In 1509, De Divina Proportione and a work on Euclid were published in Venice. In the same year, Pacioli gave an important lecture on "Proportion and Proportionality," a lecture that emphasized the relationship of proportion to religion, medicine, law, architecture, grammar, printing, sculpture, music and all the liberal arts.

"In 1510, Pacioli was appointed director of the Franciscan monastery in Sansepulcro, much to the dismay of his fellow monks. In 1514, Pope Leo III called Pacioli to the papacy in Rome to become a teacher there. Scholars are unsure about what happened to Pacioli afterwards, but they are fairly certain that he never made it to Rome. Pacioli probably died on June 19, 1517 in the monastery in Sansepulcro." - Paul M. Goldwater, Ph.D.

"Perhaps the best proof that Pacioli's work was considered potentially significant even at the time of publication was the very fact that it was printed on November 10, 1494. Guttenberg had just a quarter-century earlier invented metal type, and it was still an extremely expensive proposition to print a book.

"The trial balance (summa summarium) is the end of Pacioli's accounting cycle. Debit amounts from the old ledger are listed on the left side of the balance sheet and credits on the right. The the two totals equal, the old ledger is considered balanced. If not, says Pacioli, that would indicate a mistake in your Ledger, which mistake you will have to look for diligently with the industry and intelligence God gave you." - Canham Rogers (Note 1)

"Among the many translations and adaptations of De Computis was a work by Domenico Manzoni, a native of Oderzo, published in 1540 and entitled Quaderno doppio col suo giornale ... : ``The Double Ledger with its Journal, newly composed and organized with extreme care, following the custom of Venice.'' I used a modern reprinting of the Quaderno, in Opere Antiche di Ragioneria, Milan 1911.

"The Quaderno is a textbook, and, as far as I can tell, the first book to use a realistic, fully worked out example to explain how double-entry bookkeeping works, an expository technique still used today. Manzoni leads us through a year in the life and fortunes of a Venetian merchant, one Alvise Vallaresso. We learn a lot about Alvise, because Manzoni's exposition begins with a complete inventory of the man's belongings and possessions as they were on the first of March 1540, and continues day by day tracking every lira of income and every soldo, grosso, and picciolo of expenses of his business (and of his household; the accounts were not kept separate) until the last day of February of the next year.

* "A note on currency. Merchants in Venice used a system of lire, soldi, grossi, piccioli akin to the pounds, shillings and pence recently abandoned in Britain: 32 piccioli make one grosso, 12 grossi make one soldo, and 20 soldi make a lira. Thus a lira was a substantial amount of money; a rough equivalent might be $1000 in today's currency. Another denomination is the ducato, which is 2 soldi or 24 grossi, like the old British florin. Prices are usually quoted in ducati and grossi; while the books are kept in lire, soldi, grossi, and piccioli.
On our rough scale a ducato is $100, a tenth of a lira. Even though translating this currency into dollars may be meaningless, it does give an easily grasped and accurate impression of relative costs.

* "A note on language. The Quaderno is written in Italian, but contains many words in their Venetian pronunciation (staro for staio, feze for fece, etc.) and in addition many words peculiar to Venetian. My reference for these words has been the Dizionario del Dialetto Veneziano by Giuseppe Boerio (Venice, 1856). In particular Boerio gives modern equivalents of the measures miro and bigonzo. For the translation of carisee and zambelotti I am indebted to Luca Molà of Warwick University, an expert on the Venetian textile trade. Thanks also to my colleague Lori Repetti for help with these questions."

"In this column we will let Domenico Manzoni teach us double-entry bookkeeping as we follow Alvise Vallaresso through a busy and tumultuous year in 16th-century Venice." - AMS Tony Phillips, Stony Brook

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Note 1: All quotes from L. Pacioli, Summa de arithmetica. Chapter: Particularis de computis et scripturis, Venecia (1494). Translation e.g. John Bart Geijsbeek (1914), reprinted in: Ancient double-entry bookkeeping, Scholars Book Co, Houston, Texas, USA (1974)

Pacioli's "Summa" has been reprinted by the Pacioli Society, Albers School of Business, Seattle University, 900 Broadway, Seattle, WA 98122-4338 (206) 296-5723

Juxstaposition: Sy, Aida and Tony Tinker Bury Pacioli in Africa: A Bookkeeper's Reification of Accountancy. Blackwell Publishing. Abacus Volume 42 Issue 1, Page 105 - March 2006

Sources:
Paul M. Goldwater, Ph.D. - University of Central Florida | Canham Rogers, Chartered Accountants and Management Consultants, Toronto | AMS.org American Mathematical Society: "The Romance of Double-Entry Bookkeeping" | L. Lauwers and M. Willekens Tijdschrift voor Economie en Management, Vol. XXXIX, 3, 1994. "Five Hundred Years of Bookkeeping. A Portrait of Luca Pacioli"