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domingo, 5 de junho de 2016

Cronicas do cerrado central: o interino escreve para a afastada - Paulo Miranda

Do em exercício para a licenciada
Paulo Miranda
4/06/2016

Dilmiúcha,

Já não disponho de tempo para compor a sequência à Anônima Intimidade, que te fez sonhar acordada. Mas vê bem: ao cabo deste meu breve interinato, somado a dois mandatos de quatro anos, voltarei com toda carga. Até lá, Michelzinho já estará ingressando na vida política, a recatada, bela e do lar já terá domada sua volúpia da paixão, e mergulharei então nesse meu divino ofício da escrita. E tenho a plena convicção de que o imortal Ribamar me acolherá de braços abertos no Petit Trianon. Um dos Quarenta, enfim.

Demais, já tenho a segurança do bom e fiel Machado de que me apoiará nas publicações. Indagou-me até se me apeteceria mais a broxura, ou a capa dura. Que opinião tens a respeito? Aliás, nada duvido se, no curso deste licenciamento não estiveres compondo obras de cunha, de cunho, corrijo-me, plutôt scientifique do naipe de Mulier Sapiens, ou
de Estocagem do Vento. Poderíamos, de cambulhada, habilitarmo-nos a um duplo Nobel, respectivamente, na Literatura e nas Ciências.

Acabei de ver a transmissão esportiva de Los Angeles e não posso dizer que fiquei satisfeito com o nosso esquadrão, em sua estréia na Copa América. Terei que poupar o Dunga, que é de seu time, e que deve estar se sentindo injustiçado por não ter folga como os demais. Estou pensando em inovar, e que fique em off entre nós, até eu fazer o
anúncio oficial: vou escalar Renata Fan. É uma maneira de reparar uma inadvertência de minha parte de não termos uma mulher na frente de batalha. Como estás agora mais inclinada a ir ao Rio Grande do Sul do que alhures, peço-te que a sonde informalmente. E a resposta pode vir pelo fiel Bessias.

Fico feliz que tenhas gostado de minha medidas inicais de Governo. Começamos com aquela bela vitória da meta fiscal, reparamos a defasagem dos salários do funcionalismo e, com os 14.400 novos cargos a serem criados, damos um Ypon no fantasma do desemprego.

Outra novidade, também em off: estou cogitando seriamente reabilitar o Machado com uma Pasta Ministerial. Sua eficiência no levantamento de fundos e na sua distribuição aos mais necessitados é algo fenomenal. E que discrição...Pena que seja tão reservado, pouco se expondo ao público.

Aliás, por falar em exposição, o que me falta confirmar para minha aparição na abertura dos Jogos Olímpicos agora é tão-somente um novo e impactante complet, que é terno, em francês. O rigor sartorial, bem sabes, é minha desabrida paixão.

Vou recolher-me neste instante, tendo como livro de cabeceira o dilema entre o Alquimista de Paulo Coelho e uns contos do Count Dracula. Sabendo que tens tido alguns problemas no abastecimento do Alvorada, te aguardamos para o desjejum no Jaburu.

Ósculos, Mi

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Cronica sobre um leitor compulsivo: quem sera'? - Paulo Wangner de Miranda


Recebi, de um colega de "desprofissão" (como ele mesmo classifica sua atual atividade), Paulo Wangner de Miranda, uma saborosa crônica sobre um curioso personagem, que adquiriu o hábito de leitura desde bebezinho e depois saiu por aí, lendo nas horas mais impróprias, nas ocasiões mais inusitadas, causando até pequenos acidentes de trânsito e confusões variadas.
 Quem será?
Não pode ser este que aqui escreve, pois só aprendi a ler na tardia idade de sete anos, ainda que eu tenha procurado descontar o atraso desde então.  
 Ainda assim, essa crônica está extremamente saborosa, e por isso vai aqui publicada, sempre respeitando os direitos autorais de que a escreveu, em prosa decassílaba, se ouso dizer. 
Vocês vão reparar que tem algumas rimas espalhadas aqui e ali, o que recomenda leitura atenta.
Mas creio que só alguns leitores, habituados a escritos bizarros e de outras latitudes, entenderão certas alusões a situações e personagens...
Em todo caso, seja quem for o personagem em questão, posso dizer que gostei muito...
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Paulo Roberto de Almeida

this one is 4 u:

Dia desses vi no sítio virtual de um xará, e colega de desprofissão, uma confissão de amor pela leitura. Mais que amor, compulsão, sim senhor. Do tipo que faria questão de acompanhar o pai ao cartório para ler, em primeira mão o registro de seu nascimento.

E fazer observações, e ementas, sobre a grafia, soletrar e regras de acentuação ao pai e ao tabelião. E não contente com sua prodigalidade leitoral - de que a miopia de dois dígitos é prova - o danado pesquisa e ainda escreve sobre o que lê. O homem não é só o que lê. Pode escrevê!

Isso naturalmente não o impediu de nos devidos e indevidos tempos de flertar, olhar pras pernas e mesmo comer sopa de letras. Se o m andava de quatro pra ver se lhe escapava ao fino e permanente escrutínio, o o, ó, é que dava mais dó, pois com essa sua forma rotunda era vítima da cobiça mais profunda.

Eu mesmo, com todas as poucas letras de meus muitos textículos, não me vi 'neamoins' protegido de sua estranha sanha: numa volta de carro que fizemos, na encantadora cidade de Berna, que parece de fato hiberna, ele no volante, enquanto papeava, também furiosamente, papelava, folheando furibundo um jornal local. Em alemão, ou nalguma língua cantonal. E se jactava de já ter batido - de leve - o automóvel em faceiras traseiras em função daquela compulsão de besteiras.

Autuado pela infração todo texto legal leu até que o guarda, sem aguardar, escafedeu.

ab, Paulo