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terça-feira, 16 de julho de 2019

Embaixador do Brasil nos EUA: Marcilio Marques Moreira destaca credenciais

'Espero que nomeação seja repensada’, diz ex-embaixador sobre Eduardo Bolsonaro

Marcílio Marques Moreira questiona intenção do presidente de indicar filho para a embaixada brasileira nos Estados Unidos

Embaixador em Washington entre 1986 e 1991, o ex-ministro da Fazenda Marcílio Marques Moreira afirmou ao Estado que uma eventual nomeaçãodo deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) para a representação diplomática do Brasil nos Estados Unidos deveria ser "repensada". "Essa indicação tem de ser considerada a partir de uma visão objetiva sobre o que representa para o Brasil o embaixador em Washington", disse ele, citando nomes que passaram pelo posto, o mais importante da diplomacia brasileira, e depois assumiram cargos de ministros, como ele próprio. 
Antes de liderar a embaixada em Washington, Marcílio concluiu o curso de preparação para a carreira diplomática no Instituto Rio Branco, se formou em direito na Universidade do Estado do Rio de Janeiro e, mais tarde, concluiu mestrado em ciência política pela Universidade de Georgetown, nos EUA. 
Atuou ainda na própria embaixada no fim dos anos 1950 e início dos anos 1960, onde trabalhou com três embaixadores diferentes. Também acumulou quase duas décadas de experiência no setor privado, no Unibanco. 
Como avalia a intenção do presidente Jair Bolsonaro de nomear o filho Eduardo para assumir a embaixada do Brasil em Washington?
Essa escolha tem de ser analisada do ponto de vista da própria história da embaixada do Brasil em Washington. Ela foi criada no momento em que o Barão do Rio Branco, em 1904, se convenceu de que o eixo da política e do poder mundial estava se transferindo da Inglaterra para os Estados Unidos. Então, nomeou Joaquim Nabuco, uma grande figura nacional, de nossa representação em Londres para Washington. E elevou de legação para embaixada o posto de Washington. Na história da embaixada nos Estados Unidos, que é longa, houve outras grandes figuras: Oswaldo Aranha (1934-1937), Walther Moreira Salles (1952-1953 e 1959-1961), Roberto de Oliveira Campos (1961-1964). Uma característica da embaixada é ser liderada por alguém que se distinga - no Brasil e no exterior - como uma figura importante da cultura, da economia ou da política brasileira. 
Analisando justamente essa história, os últimos embaixadores em Washington tiveram uma grande trajetória antes de chegarem a esse posto.
Exatamente. Os Estados Unidos são uma sociedade muito complexa. O embaixador tem de ter não só uma boa imagem, mas uma boa representatividade junto ao presidente, ao Congresso americano, ao Judiciário. É uma sociedade que não permite nenhum exagero, nenhuma passagem dos limites legais. Também é preciso ter uma grande capacidade de falar com a comunidade acadêmica, com empresários, intelectuais, jornalistas. São credenciais que parecem não existir (em Eduardo Bolsonaro). Espero que essa nomeação seja repensada. É uma indicação que tem de ser considerada a partir de uma visão objetiva sobre o que representa para o Brasil o embaixador em Washington. É uma grande responsabilidade. O trabalho está ligado a problemas nacionais, de comércio, da dívida externa, do crédito, não é meramente político. É um cargo de política pública, de Estado, e não de governo. É preciso ser uma pessoa multifacetada. A experiência que mais me preparou para o cargo foi ter trabalhado com embaixadores de alto nível e muito bom estilo em Washington. Foi um preparo muito importante. E também eu tinha trabalhado quase 20 anos em um banco. 
Um dos argumentos é de que Eduardo tem uma relação muito próxima com o presidente, o que poderia dar fluidez à relação. Como avalia esse argumento?
O embaixador tem de ter total confiança do presidente. Pude ter essa confiança em dois presidentes. Com isso fica claro, inclusive, que é uma função de Estado, e não de governo. Fui nomeado e exerci a embaixada dois anos e meio com o presidente José Sarney e depois com o Fernando Collor, numa política bastante diferenciada. E ele me manteve lá. Só vim a sair para ser ministro da Economia, Fazenda e Planejamento. Acresce que a boa relação com o presidente Donald Trump é uma coisa positiva no curto prazo, mas estamos à beira de uma nova eleição presidencial e do Congresso nos Estados Unidos. O embaixador tem de ter uma relação muito fluida com o Executivo, mas também com os congressistas.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Brasil-Israel em controversia diplomatica: mini-crise sobre um mini-problema

Parece que o local de residência de um representante diplomático designado tem também de ser  objeto do escrutínio do Estado receptor: vai precisar de um CV completo, a partir de agora, para saber se o indivíduo não transgrediu nenhuma normal do novo dicionário do politicamente correto.
A mim me parece uma crise sem sentido, sem motivo, sem final feliz...
Paulo Roberto de Almeida

Israel pressiona Brasil a aceitar indicação de Dayan como embaixador
POR FELIPE BENJAMIN
REUTERS, 28/12/2015

Vice-chanceler adverte que resistência de Brasília em aceitar ex-líder de movimento de assentamentos judaicos pode levar a uma crise diplomática
Benjamin Netanyahu fará apelos diretos à presidente Dilma para que Dani Dayan seja aceito

RIO — A disputa envolvendo a indicação do israelense Dani Dayan para o cargo de embaixador no Brasil ganhou um novo capítulo ontem, com uma entrevista na TV local. No canal 10, a vice-ministra das Relações Exteriores, Tzipi Hotovely, afirmou que o governo israelense não tem qualquer intenção de substituir a indicação de Dayan, e que a resistência de Brasília em aceitá-lo pode levar a uma crise diplomática entre os dois países. No canal 2, Dayan afirmara na véspera que o episódio não reflete uma crise bilateral entre Brasil e Israel, mas sim uma questão de “BDS” (boicote, d esenvolvimento e sanções) levantada por ativistas israelenses e abraçada por palestinos e brasileiros.

— Medidas serão tomadas para que Brasília entenda que Dayan é um homem respeitado, digno e aceito no espectro político israelense — afirmou Hotovely. — Faremos isso para dizer ao Brasil: “Aprove-o, ou teremos uma crise nas relações entre os dois países, algo que não vale a pena”.

Entre os planos citados pela vice-chanceler estão uma campanha pública no Brasil, a mobilização da comunidade judaica do país e a recusa em apontar um outro nome para substituir o embaixador Raed Mansour, que retornou a Israel há duas semanas.

MEDIDAS EM ESTUDO

No canal 2, Dayan afirmara na noite anterior que a questão verdadeiramente em debate não é sua indicação, mas sim se um judeu morador da região da Judeia e da Samaria — nome dado oficialmente pelo governo israelense à região da Cisjordânia, com exceção da porção oriental de Jerusalém — pode exercer o cargo de embaixador em outro país. O atual embaixador israelense nos Estados Unidos, Salai Meridor, e o enviado do país ao Canadá, Alan Baker, também são moradores de assentamentos judaicos na região.

— Assim como Israel reagiu de maneira enérgica na questão dos rótulos dos produtos, deve reagir quando pessoas são rotuladas, o que é muito pior — afirmou Dayan, em referência à decisão da União Europeia de exigir que produtos fabricados em áreas ocupadas por colonos judeus na Cisjordânia recebam rótulos indicando essa procedência. — Caso contrário, estaremos concordando com a ideia de que 700 mil judeus não são dignos de ocuparem a posição de embaixador.

Segundo Dayan, o principal negociador da Organização pela Libertação da Palestina (OLP), Saeb Erekat, está envolvido no assunto “até o pescoço”. Na semana passada, Erekat afirmou que o Brasil perderia a confiança dos palestinos caso aceitasse “os crimes de guerra, apartheid e colonização que Dani Dayan representa”, e classificou o empresário israelense como “um colono ilegal cujo trabalho é justificar a colonização criminosa que Israel exerce sobre os palestinos”.

Para o cônsul honorário de Israel no Rio de Janeiro, Osias Wurman, a resistência a Dayan é fruto de campanha negativa feita sobre o governo brasileiro por ativistas que defendem boicotes contra o país.

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— Quando era chanceler de Israel, Avigdor Lieberman visitou Brasília diversas vezes, e foi sempre recebido da melhor maneira. Ele é morador de um assentamento, e isso nunca foi motivo para tensões antes — afirmou Wurman ao GLOBO. — Além disso, os assentamentos nunca foram construídos sobre solo palestino. Quando Israel anexou a Cisjordânia, em 1967, o território era jordaniano.

A polêmica envolvendo a indicação de Dayan surgiu em agosto, logo após seu anúncio pelo primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu. Ontem, o assessor de política externa de Netanyahu, Jonathan Schachter, se reuniu com Hotovely e com o diretor-geral do Ministério das Relações Exteriores, Dore Gold, para discutir os passos a serem tomados para garantir que o Brasil aceite o empresário como embaixador.

Hotovely atribuiu a resistência à crise política enfrentada pela presidente Dilma Rousseff, que, ameaçada pela possibilidade de um impeachment, precisaria de todo o apoio — inclusive da extrema-esquerda, que demonstra a maior rejeição a Dayan — para permanecer no poder.

Já Wurman destaca a importância do empresário no cenário israelense.

— Dani Dayan é uma personalidade em Israel. Apesar de defender os assentamentos, não é fanático ou ortodoxo — alega o cônsul honorário. — É somente um empresário que resolveu organizar a região em que vivia, e foi indicado a contragosto para embaixador.

Dayan acredita que o governo israelense tentou vencer a resistência brasileira pelo cansaço, e encontrou uma tentativa semelhante por parte do governo brasileiro. Fontes diplomáticas israelenses próximas ao empresário indicaram que ele poderia renunciar à indicação ao posto em Brasília.

— Até agora, o Ministério das Relações Exteriores (de Israel) acreditou em uma política que consiste em sentar e não fazer nada — afirmou. — Da mesma forma, acredito que muitos esperam que eu simplesmente abra mão da minha indicação, resolvendo o problema por eles.

Procurado, o Itamaraty informou que não comentaria o assunto.

— Israel não pode aceitar que um morador da Cisjordânia seja preterido e tratado como um cidadão de segunda classe. Rejeitar Dayan ou outro morador de um assentamento é uma atitude semelhante às estrelas amarelas nas camisas usadas (por judeus) na Alemanha durante o período nazista. — diz Wurman. — Isso é algo que nunca mais poderemos aceitar.

A constante tensão nos territórios ocupados se intensificou nos últimos meses, com aumento nos casos de violência na região e em Israel. Uma onda de ataques a faca e atropelamentos de judeus israelenses por palestinos e árabes-israelenses já deixou cerca de 20 judeus e pelo menos 130 palestinos mortos desde o atentado com coquetéis molotov que matou o bebê Ali Dawabsha — de um ano e meio — na aldeia de Duma. Posteriormente, os pais dele também morreram. Ontem, ultranacionalistas acusaram o Shin Bet, serviço de segurança interna de Israel, de torturar integrantes do movimento suspeitos de participarem do ataque.

sábado, 20 de setembro de 2014

Embaixadores mantidos no limbo (que alias foi extinto pela Igreja)

Ai, ai, ai: todos esses embaixadores são mantidos no limbo, que não existe mais (o que eu lamento, pois seria o lugar que eu escolheria ficar com os meus livros...).
Não se trata de uma simples questão de protocolo, como se os embaixadores continuassem embaixadores, apenas sem cumprir um mero ritual que é a entrega de suas credenciais. Sem isso, eles, na verdade, não são embaixadores, e não podem assinar uma simples nota para o MRE, e obviamente não podem assinar acordos ou tratar de certas matérias.
Trata-se de uma ofensa aos países, e uma tremenda falta de cortesia com esses embaixadores. Não se poderá talvez estranhar se embaixadores brasileiros nesses países ficarem na geladeira por número equivalente de meses...
Pois é: interessante vai ser se os países assim atingidos observarem estrita reciprocidade...
Paulo Roberto de Almeida
  • Diário do Poder, Coluna de Cláudio Humberto, 19/09/2014

    Além da conhecida repulsa por diplomatas brasileiros e pelo Ministério das Relações Exteriores, a presidenta Dilma Rousseff também não dá a menor pelota para diplomatas de outros países, negligenciando um dos seus papéis institucionais mais importantes: receber credenciais de embaixadores designados para atuar no Brasil. Até agora, 22 embaixadores estrangeiros aguardam que Dilma agende a cerimônia.
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  • O embaixador do Paraguai, Manuel Cáceres, chegou ao Brasil em novembro de 2013. Até hoje não conseguiu entregar as credenciais.
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  • O embaixador paraguaio anterior, Evelio Arévalos, chegou em março de 2012 e foi embora há um ano sem conseguir entregar credenciais.
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  • Para Dilma, todos diplomatas são como o ex-ministro Antônio Patriota. Ignora que o Itamaraty é um centro de excelência do serviço público.
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sábado, 25 de fevereiro de 2012

Relacoes internacionais (emboladas) do Brasil: todo mundo junto?

Primeiro a notícia (de alguns dias atrás):


Ontem, a presidente Dilma Rousseff recebeu as credenciais dos embaixadores da República da Guiné, Hungria, Fiji, Guiana, Tunísia, Israel, Suécia, Burkina Faso, Sri Lanka, Costa do Marfim, Peru, Síria, Malta, Gabão, Nova Zelândia, Argentina, China, República da Guiné, Honduras, Irã e Tailândia…


Agora as perguntas, dentro da categoria "Perguntar não ofende":
Todo esse povo chegou junto ao Brasil?
Eles combinaram de se encontrar no Planalto, para fazer economia pela concentração?
Estamos inaugurando super-saldão de credenciais?
A agenda muito ocupada do Planalto resolveu liquidar todo mundo no mesmo dia?