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quarta-feira, 30 de outubro de 2019

Como se reconhece um cretino? - Ricardo Bergamini

Entorno de um sociopata nada pode brilhar além dele (Ricardo Bergamini).

Como se reconhece um cretino?
Ricardo Bergamini
1 – Quando por falta de argumentos, critica a imprensa ao exercer o seu sagrado e legítimo direito de opinião e expressão. 
Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados.... Frase de Millôr Fernandes.
2 – Quando contrariado em suas neuróticas paixões políticas, critica a saudável e aparente desorganização da democracia, que lhe concede o direito de pregar o seu amor pela escuridão e o silêncio da ditadura, mas que o inverso jamais seria possível.
3 – Cria desilusão com as instituições para fortalecer o seu poder: esse é um caminho perigoso, o de colocar pessoas acima das instituições.
Numa ditadura, não daria para fazer uma passeata pela democracia. Na democracia, você pode fazer uma passeata pedindo a ditadura.... Frase de Mário Sergio Cortella. 
Que Deus tenha piedade dos cretinos, e nos mantenha afastados deles (Ricardo Bergamini).
Na política, os extremos são exatamente iguais (Ricardo Bergamini).

LULA, O DEGRADADOR DE INSTITUIÇÕES

Reinaldo Azevedo, fevereiro de 2010

O papel de um governante, de um chefe de estado, não é lamentar que as instituições sejam assim ou assado: a ele cabe seguir as leis e tomar a iniciativa, se achar conveniente, de propor mudanças. Há caminhos para isso.

O papel de um governante, de um chefe de estado, não é lamentar que as instituições sejam assim ou assado: a ele cabe seguir as leis e tomar a iniciativa, se achar conveniente, de propor mudanças. Há caminhos para isso. Costumo afirmar aqui, e fiz isso ainda hoje no seminário de que participei, que aquele que transgride as leis para “fazer  justiça” ou para “promover a igualdade” acaba provocando novas injustiças e mais desigualdade. Sempre aparece alguém para dizer: “Pô, mas a sociedade caminharia para a paralisia; não mudaria nunca!” Quem disse que não? Há os instrumentos próprios para mudar as instituições. Um dos Poderes da República, o Legislativo, tem esse papel. O Executivo também pode encaminhar suas demandas ao Congresso.
Mais: um presidente da República é uma liderança política fortíssima. Torna-se o centro agregador de partidos e bancadas setoriais; tem um poder imenso. Se acredita que algo tem de ser mudado na legislação, seu papel é buscar os caminhos institucionais para fazê-lo.
O que é inaceitável? Justamente o que Lula tem feito: a crítica sistemática aos mecanismos de controle existentes na sociedade, especialmente aqueles destinados a pôr freios no Poder Executivo, sem que tenha, até agora, proposto mudança nenhuma — nem ele próprio nem o seu partido. O INCONFORMISMO DE LULA COM AS LEIS E COM A CONFORMAÇÃO DO ESTADO SERVE AO PROSELITISMO BARATO, à crítica ligeira, às desculpas esfarrapadas. Ao boquejar contra o Tribunal de Contas da União, por exemplo, ele degrada o padrão institucional brasileiro sem propor nada no lugar.
Agora que discorri sobre a questão de princípio, ao fato. 
O Babalorixá de Banânia foi a Fortaleza, onde participou da cerimônia que comemorou os cinco anos do AgroAmigo, um programa de crédito rural ligado à agricultura familiar do Nordeste — ele está inaugurando até qüinqüênios…
E meteu o dedo no gatilho:
“Somos nós, os deputados, os senadores, que vamos fazendo lei, lei, lei, lei. E uma lei vai atropelando a outra, e vai atropelando a outra, e quando a gente tem que xingar alguém, xinga a gente mesmo, que é a gente que vai criando as leis, e vai gerando dificuldade.
(…)
Você tinha um exército de execução falido, mal-remunerado e desmotivado, e você tinha uma baita de uma máquina de fiscalização, bem remunerada. É só ver quanto ganha um engenheiro no Tribunal de Contas [da União] e ver quanto ganha um engenheiro numa obra aqui no Ceará (…) E quando a gente pensa que está tudo pronto, a gente visita uma obra, a oposição fala: é política.”
É isso aí. Ainda que a crítica de Lula fosse procedente, tal realidade não pertence à árvore da vida; é uma construção, uma escolha, que pode ser mudada. O que ele fez para mudar? Ele se contenta em atropelar a ordem legal, como bem sabe o Tribunal Superior Eleitoral. E notem a nada sutil inferência de que a culpa pelas obras emperradas de seu governo é da tal “máquina”; antes, é óbvio, a responsabilidade cabia a
os governantes.
Não, esse, definitivamente, não é um bom caminho, pouco importa se a economia cresce 0,1%, 6% ou 11%. Não é um bom caminho porque se trata de uma agressão à própria democracia. A um governante, num regime democrático, não cabe reclamar das leis. Contente ou descontente com elas, ele tem de segui-las. Se contente, deixa-as como estão; se descontente, propõe mudanças segundo o molde institucional dado.
O resto é vigarice intelectual, é proselitismo que degrada as instituições.

domingo, 5 de junho de 2016

A deterioracao institucional do Brasil na era companheira - Paulo Roberto de Almeida

Este texto, elaborado pouco tempo depois da minha volta ao Brasil, no final de 2015, mais exatamente em janeiro de 2016, tinha ficado inédito desde então, e assim permaneceu nos últimos cinco meses, pois estávamos na agonia do regime companheiro.
Eu tinha esquecido completamente dessas reflexões subjetivas, feitas sem maiores cuidados num momento de nova instalação em Brasília, e teriam permanecido inéditas se, por acaso, eu não repassasse ao acaso minha relação de trabalhos do corrente ano.
Creio que agora já não possuem novidade para ninguém, em face do verdadeiro descalabro que descobrimos ter sido o regime criminoso, imoral, vergonhoso do lulopetismo, quando revelações e mais revelações são feitas sobre os anos e anos de corrupção e de roubalheiras generalizadas, de degradação moral, sob o domínio do partido neobolchevique, e mafioso, que pretendia monopolizar o poder no Brasil.
Mas cabe registrar minhas impressões de corpo presente, num momento em que eu me incorporava ao trabalho no Brasil (ainda não feito totalmente).
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 5 de junho de 2016


A deterioração institucional da administração pública na era dos companheiros: observações subjetivas

Paulo Roberto de Almeida


Eu sempre considerei, desde o início da era Lula, que haveria uma deterioração das instituições e da qualidade das políticas públicas, observando o amadorismo, ou a ignorância crassa dos apparatchiks e militantes de baixa extração que foram “transportados” (esse é o termo) para Brasília, para assumir cargos nos vários escalões dos ministérios e de todas as demais agências públicas. Tendo acompanhado, mesmo à distância (pois estava em Washington) o trabalho da equipe de transição instalada no Centro Cultural Banco do Brasil entre outubro e dezembro, sob a égide da lei de meados de 2002 de FHC sobre a transição entre mandatos presidenciais, eu logo percebi que tudo aquilo era figuração, que o resultado seria simplesmente jogado nas gavetas e esquecido, e que os acadêmicos gramscianos que trabalharam nesse grande teatro de enganação não seriam levados para o governo, pois o Grão-Vizir (JD) não os queria; esse pessoalzinho da academia acha que sabe mais que os militantes e os sindicalistas, e tendem a pensar com suas próprias cabeças, e portanto não serviam para os fins pretendidos, que era ter um exército de robôs disciplinados, pagantes, que jamais iriam contestar qualquer ordem dos apparatchiks dirigentes. Os militantes de “chinelo de dedo” do interior, como eu os chamo, vieram deslumbrados a Brasília, de modestas prefeituras do interior, ou das máquinas partidárias dos Estados, e se contentaram com os DASs, em pagar não só o dízimo do partido e a cota percentual dos cargos de confiança (nunca se calculou quanto o partido arrebanhou com esses milhares de militantes devotados incrustados na máquina do Estado), mas obedeciam cegamente qualquer coisa.
Encontrei muitos nos restaurantes de Brasília, esbanjando o dinheiro fácil que ganhavam sem muito esforço em toda a esplanada.
Mal eu sabia então (estou falando de meados dos anos 2000) que a coisa se multiplicaria.
Agora, depois de anos fora do Brasil, quando circulo por Brasília, e entro em escritórios de luxo, por outros motivos, em todos eles, quando não em prédios exclusivos, também de luxo, ou construídos expressamente para essa finalidade, encontro invariavelmente um, ou mais, as insígnias metálicas dos muitos tentáculos da enorme, gigantesca, administração pública, milhares de “Aspones” que se multiplicaram como coelhos ou como os mosquitos Aedes Egipty, e que pululam em todas as direções dos dois grandes eixos de Brasília. Eles estão em todas as partes, e parece que continuam a se multiplicar…
O próprio MRE inchou, talvez justificadamente, de mais ou menos 800 diplomatas antes da era do Nunca Antes, para mais de 1.400 atualmente. Também foi afetado pela doença de pele das cotas raciais e do feminismo rastaquera, que longe de ser uma modernização natural foi feita a golpes de martelo pela militância diplomática (sim, também temos alguns bolivarianos no Itamaraty, ainda que a maioria seja simplesmente oportunista e carreirista, como soe acontecer). 
O Estado obeso não é uma figura de estilo, mas uma realidade terrível, e o mandarinato sabe como aumentar seus ganhos, pela pressão, pela chantagem, pela esperteza, a começar pela magistratura e por todas as corporações fascistas que existem de forma mais ou menos organizada nessa selva burocrática autista, entrópica e autossuficiente (mas nunca satisfeita).
A sociedade brasileira vai pagar muito caro, durante anos a fio, pela expansão tentacular do Estado iniciada por Vargas, continuada pelo regime militar, parcialmente revertida sob Collor e FHC, e aumentada espetacularmente, irracionalmente, escandalosamente pelos neobolcheviques totalitários que nos governam. 

Brasília, 21 de janeiro de 2016, 2 p.