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sábado, 30 de julho de 2022

Corrida para liquidar tudo no 1o turno? (Estadão)

 Bolsonaro, como  inepto que é, ao insistir em atacar o processo eleitoral, pode ter selado o fim de suas aventuras antidemocráticas. A sociedade reagiu, e ele vai ficar sozinho.

Convergência pró-democracia favorece uma solução eleitoral no 1o turno

Matéria do Estadão:


FORMALIZAÇÃO DA CHAPA LULA-ALCKMIN SELA UMA BUSCA FRENÉTICA PELO VOTO ÚTIL CONTRA BOLSONARO 

ESTADÃO, 30/07/2022


Ausente no lançamento oficial de sua própria candidatura pelo PT, o ex-presidente LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA foi a estrela e fez o discurso contundente na convenção do PSB que formalizou, nesta sexta-feira, 29, o nome do ex-tucano e ex-governador de São Paulo GERALDO ALCKMIN como vice em sua chapa, justamente quando a principal estratégia da campanha petista é buscar o voto útil de líderes e eleitores do ex-PSDB de Alckmin e do MDB, Cidadania, Avante, União Brasil e PSD, sem contar o PDT.


Se CIRO GOMES (PDT) é o mais duro na queda, os candidatos do Avante, ANDRÉ JANONES, e do União Brasil, LUCIANO BIVAR, estão com um pé no barco de Lula contra o presidente Jair Bolsonaro, que disputa a reeleição. GILBERTO KASSAB, manda-chuva do PSD, já está nesse barco desde o início, sem alardear, e Lula também tem sólidos apoios no PSDB e no MDB, o que pode deixar o CIDADANIA sem alternativa.


Lula sendo Lula, bradou que os moradores de rua “tratam melhor dos seus cachorros do que o Estado brasileiro cuida deles mesmos”, defendeu “amor, carinho generosidade” e aprofundou as comparações entre ele e Bolsonaro e entre os dois governos, conclamando os aliados a irem para a rua, mas advertindo que não quer uma campanha de ódio e dando uma ordem: “não vamos aceitar provocações”.


Segundo Lula, Bolsonaro não visitou uma só família vítima de covid, um único órfão, assim como não se reuniu com centrais sindicais, reitores, professores. E, apesar de o lançamento ser da chapa Lula-Alckmin, ou Lula-chuchu (apelido do ex-governador), e de ele ter elogiado os empresários que lideram o manifesto pela democracia, com mais de 400 mil assinaturas, Lula deixou claro que vai governar para os pobres e criará um ministério dos Povos Indígenas, com um ministro indígena.


Se Lula foi Lula, Alckmin foi Alckmin: comedido, sem estridência, definiu a convenção como “a confraternização da esperança no futuro” e bradou: “a esperança é Lula!”. Também descarregou as baterias contra o atual presidente, dizendo que “é hora de Bolsonaro ir embora para casa pelo mal que fez ao País” e atribuindo a ele “barbaridades, erros, desastres, mentiras e um plano ardiloso contra a democracia, que fracassou”.


A improvável aliança Lula-Alckmin é o principal movimento político das eleições de 2022 e consolida a determinação de Lula de ampliar

sua campanha para além do PT e das esquerdas e assim garantir desde cedo um grande leque de forças políticas para ter governabilidade e estabilidade em seu eventual governo a partir de 2023.

domingo, 27 de março de 2022

Um cenário de terra arrasada (não é na Ucrânia, é na política brasileira) - Paulo Roberto de Almeida

Um cenário de terra arrasada (não é na Ucrânia, é na política brasileira) 

 

Paulo Roberto de Almeida

Diplomata, professor

(www.pralmeida.org; diplomatizzando.blogspot.com)

  

Nada do que venha a ocorrer no curso da próxima campanha política presidencial me impedirá de reconhecer exatamente quem são os corruptos, os grandes mentirosos, os incompetentes e até um totalmente psicopata, e também de me confirmar que o estamento político predatório — que de fato se converteu numa categoria à parte no cenário social brasileiro — se apresenta hoje como sendo o pior inimigo do Brasil e dos trabalhadores brasileiros, que estão sendo sistematicamente extorquidos por ladrões organizados.

Vai ser difícil reparar tal sistema necrosado pela corrupção entranhada, totalmente alheio a qualquer ética no serviço público, servindo apenas a si mesmo e confiante na impunidade judicial que seus grandes integrantes construíram para si.

Como chegamos a isso?

Foi um lento acumular de distorções e de deformações banais, que atingiram inclusive as mais altas corporações de Estado, e que produziram um mundo à parte das preocupações mundanas dos brasileiros do setor produtivo, um mundo focado exclusivamente na captura da riqueza criada pelo setor produtivo sob a forma de nacos cada vez maiores do orçamento nacional, sistematicamente desviados para ganhos prebendalistas, o que está no centro do patrimonialismo que nunca deixou de se fortalecer no Brasil.

Nossa decadência política é de um tipo diferente: ela não tem nada de ideológico, pois que todas as correntes de opinião política, todas as tendências do sistema partidário partilham do mesmo afã pelo ganho fácil, pela extorsão legalizada por um sem número de dispositivos e mecanismos dedicados ao objetivo comum de extrair renda do Estado brasileiro.

Os rentistas do estamento político estão unidos no aprofundamento do declínio da nação e prometem aperfeiçoar o sistema de extorsão legalizada justamente no ano em que “comemoramos” o Bicentenário do Estado independente. 

Existe maior ironia do destino do que essa?

 

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 4119, 27 março 2022, 1 p.


sábado, 25 de dezembro de 2021

Chile: escolheu a esquerda para lutar contra as desigualdades - Editorial Le Monde

 O Chile realmente melhorou enormemente a qualidade de suas políticas econômicas a partir da Concertación, nos anos 1990, ou seja, pós-Pinochet. Mas tinha, sempre teve, uma enorme concentração de renda, pois desde sempre foi um país elitista, no sentido mais mesquinho da palavra, e a maior parte dessa desigualdade tinha origem num sistema educacional deficiente. 

Os chilenos votaram bem para a Constituinte e acabam de votar melhor ainda, não tanto ao eleger um “jovem esquerdista” — como a mídia conservadora considera Borič —, mas ao recusar aderir a um fascista-pinochetista declarado, como é o Kast. Esperamos que o “esquerdismo” de Borič não comprometa a qualidade das políticas econômicas.

Paulo Roberto de Almeida 

Le Chili choisit la gauche pour lutter contre les inégalités

ÉDITORIAL
Le Monde, 21 décembre 2021
L’élection à la présidence chilienne de Gabriel Boric, au terme d’un scrutin marqué par une forte participation à l’aune du pays, est avant tout la répudiation d’un modèle économique néolibéral décomplexé. 

Le Chili a tourné une page de son histoire le 19 décembre. En portant Gabriel Boric à sa présidence, à une large majorité qu’un premier tour serré remporté par le candidat d’extrême droite José Antonio Kast ne laissait pas deviner, les Chiliens ont choisi de tourner le dos à une politique jugée responsable de profondes inégalités, épousée avec seulement quelques nuances par les majorités de droite comme de gauche qui se sont succédé au pouvoir depuis la fin de la dictature d’Augusto Pinochet.

L’élection de l’ancien dirigeant étudiant venu de l’extrême gauche, qui sera à 36 ans, en mars, le plus jeune président de l’histoire du pays, ne marque donc pas seulement un saut de génération. Sa victoire alimente en Amérique du Sud, à gauche, l’espoir d’un regain qui dépasserait en 2022 les frontières du Chili. Des élections cruciales sont prévues en mai en Colombie et plus tard au Brésil. Elles pourraient entraîner le reflux de la droite dure incarnée par Ivan Duque comme celle encore plus extrême de Jair Bolsonaro, quelles que soient les contorsions politiques de ce dernier.

Les élections législatives partielles en Argentine, en novembre, ont cependant mis en évidence les difficultés du président péroniste de centre gauche Alberto Fernandez, dont le parti a été devancé par l’opposition de centre droit. L’Amérique latine compte aussi des bastions d’une autre gauche, autoritaire, dictatoriale, au Nicaragua, à Cuba et au Venezuela, qui reste assez peu compatible avec la première.

L’élection de Gabriel Boric, au terme d’un scrutin marqué par une forte participation à l’aune du Chili, constitue avant tout la répudiation d’un modèle économique néolibéral décomplexé, incarné jusqu’à la caricature par le président sortant Sebastian Piñera, dont le mandat a été entaché par des accusations d’affairisme. Ce « modèle » chilien a fait la part belle au privé dans les secteurs de l’éducation et de la santé, générant une société à deux vitesses qu’un système de retraite par capitalisation a figée un peu plus.

Fracture sociale

Il a produit des résultats incontestables en matière de croissance du produit intérieur brut, mais au prix d’une fracture sociale mise à nu en 2019 par une lame de fond protestataire. Celle-ci a fourni le socle populaire de la victoire du 19 décembre, balayant les mots d’ordre ultraconservateurs, sécuritaires et anti-immigration de José Antonio Kast.

Gabriel Boric, dont la famille a des racines croates, s’est montré capable de rassembler derrière lui les différentes composantes de la gauche chilienne en promettant que son pays serait le « tombeau » de ce néolibéralisme. Il va s’efforcer de revenir sur les inégalités qui affligent le pays par une fiscalité plus équitable, redistributive, et le retour assumé de l’Etat, en un mot par un programme qui s’inspire, volontairement ou non, de ce qui est déjà en vigueur, et de longue date, au sein de l’Union européenne.

Il lui faudra cependant compter avec une solide opposition de droite au Parlement. Elle pourrait le contraindre aux ajustements dont l’exercice du pouvoir est souvent synonyme. Le nouveau président a déjà promis le dialogue, une nécessité autant qu’un signal encourageant pour le Chili. C’est d’autant plus le cas que le début de son mandat va également coïncider avec une révision constitutionnelle majeure qui pourrait permettre à la fois d’enterrer définitivement les années de plomb subies par le pays et de mieux prendre en compte l’ensemble des minorités chiliennes.


segunda-feira, 29 de novembro de 2021

Chile: mais avanços na democracia social ou retorno ao passado autoritário? - Cesar Maia (Estadão)

 KAST, BORIC E O PARADOXO DA POLÍTICA CHILENA!

Cesar Maia
O Estado de S. Paulo., 25/11/2021 

O segundo turno da eleição presidencial do Chile será uma corrida em direção ao centro, já que a maioria dos eleitores quer mudanças, mas sem radicalismos. Algum dos candidatos conseguirá isso?

Em um primeiro olhar, algo parece inexplicável: apenas um ano depois de 80% dos eleitores terem comparecido às urnas para pedir uma nova Constituição, e seis meses depois de escolherem a Assembleia Constituinte encarregada de redigir a nova Carta, com clara maioria à esquerda, no domingo, os chilenos demonstraram pluralidade no primeiro turno, ao votar em José Antonio Kast, um ex-deputado conservador que se opõe à nova Constituição e tem minimizado violações de direitos humanos cometidas pela ditadura militar.

Com um evidente impulso a seu favor, Kast tem agora chance real de se tornar o próximo presidente do Chile, no segundo turno que será realizado em 19 de dezembro. Estarão os eleitores chilenos se comportando de maneira errática? Estarão arrependidos do processo de redação da nova Constituição?

Eu argumentaria que não, que não há nenhum tipo de confusão nem arrependimento. No ano passado, a maioria dos chilenos queria – e continua querendo até hoje – mudanças pragmáticas e moderadas em políticas sociais e inclusão econômica, mas sem jogar a criança fora com a água do banho. Ainda que os chilenos queiram uma nova Constituição, que lhes conceda mais direitos sociais, eles também querem manter muitos aspectos do modelo econômico que levou seu país a tanta prosperidade ao longo das três décadas recentes. Querem que a nova Constituição garanta mais direitos sociais, mas também um governo que siga a lei e a ordem. A disputa pela presidência deverá ser vencida pelo candidato que articular melhor esse equilíbrio.

RUMO AO CENTRO. Conforme esperado, Kast e Gabriel Boric, esquerdista e deputado no segundo mandato, acabaram em primeiro e segundo lugar no primeiro turno das eleições presidenciais. Kast e Boric receberam, respectivamente, 28% e 25,7% dos votos – em linha com as previsões das pesquisas. Já que os outros 46% dos eleitores optaram por outros candidatos, a corrida para vencer o segundo turno obrigará Kast e Boric a conquistar esses eleitores.

Com um comparecimento às urnas pouco abaixo de 50%, o primeiro turno não atraiu mais eleitores do que as disputas presidenciais anteriores, colocando em dúvida a alegação de que os chilenos estão altamente polarizados e mais interessados em política do que nos pleitos anteriores.

É improvável que o comparecimento às urnas seja muito maior no segundo turno. Por isso, os candidatos terão de conquistar os eleitores cujas primeiras escolhas já não estão na disputa. Será mais fácil para Kast atrair eleitores que votaram no primeiro turno em Sebastián Sichel (12,7%), candidato do atual presidente, Sebastián Piñera. Por sua vez, será mais fácil para Boric atrair quem votou em Yasna Provoste (11,6%), candidata do Novo Pacto Social, de centro-esquerda (coalizão que ocupou o poder na maior parte do período dentre 1990 e 2018), e nos candidatos de esquerda Marco Enríquez-ominami (7,6%) e Eduardo Artés (1,5%).

Mas o grande trunfo serão os eleitores que votaram no candidato que surpreendeu a todos, terminando em terceiro lugar, com 12,9% dos votos: o economista Franco Parisi, que vive nos EUA e fez campanha somente pela internet (já que estava alegadamente impossibilitado de viajar ao Chile em razão de um processo que sofre por falta de pagamento de pensão alimentícia dos filhos). Ele já havia disputado a presidência anteriormente, em 2013, com uma plataforma populista de direita e amigável ao mercado.

Desta vez, Parisi fez campanha como candidato antissistema. Alguns desses eleitores poderão se abster, mas Kast tentará atraí-los com uma mensagem de igualdade de condições no capitalismo e respeito à lei e à ordem, enquanto Boric deverá tentá-los com segurança social e uma agenda moralmente progressista.

Em seu discurso de vitória, Kast falou diretamente com o eleitor médio, enquanto Boric colocou foco mais nos eleitores de esquerda e no grande desafio adiante. Ainda que inflamar as bases seja mais importante para Boric, ele também precisará do apoio de eleitores mais moderados, que se preocupam com sua falta de experiência, pouca idade (35 anos) e suas propostas radicais. Por sua vez, Kast precisará convencer eleitores de que é sensato e precisará abandonar propostas mais populistas de direita (como isenções fiscais e aumentos de gastos).

O campo político de Kast tentará transformar as eleições em uma escolha entre democracia e comunismo, enquanto o campo político de Boric tentará transformá-las numa escolha entre democracia e fascismo. Como ambos tentarão apavorar os eleitores em relação ao rival, veremos muita campanha negativa.

Como em outros segundos turnos de eleições presidenciais, os candidatos buscarão apresentar a si mesmos como moderados e qualificar o rival como radical. A população poderá acabar escolhendo entre o menor dos males e, quando o próximo presidente assumir, sua aprovação poderá despencar rapidamente, à medida que os eleitores se desapontarem com as prioridades de um presidente que não foi sua primeira escolha.

O próximo Congresso também será um ambiente difícil para aprovar reformas, com ambas as Casas tendendo um pouco à esquerda como resultado da votação do domingo, mas sem nenhuma maioria clara para os candidatos.

MENSAGEM. Como os candidatos de ambos os extremos ideológicos foram para o segundo turno, alguns podem se ver tentados a afirmar que os chilenos estão polarizados. Mais eleitores, porém, votaram em candidatos moderados – apesar do apoio fragmentado ter impedido que algum deles passasse para o segundo turno. Além disso, os chilenos sabem que todos os candidatos precisam adotar posições mais moderadas no segundo turno.

O país teve disputas em segundo turno em todas as eleições realizadas desde 1999.

Os chilenos também sabem que o impacto da eleição presidencial deste ano será mais limitado, já que uma nova Constituição está sendo redigida. Se a nova Carta realizar mudanças grandes o suficiente no sistema político, novas eleições poderão ser convocadas quando (e se) a Constituição for aprovada num referendo a ser realizado no segundo semestre de 2022. Colocado de outra maneira: o mandato tanto de Kast quanto de Boric poderia ser encurtado, e o Chile poderia adotar, por exemplo, um sistema parlamentarista.

Isso explica por que o impacto que a Assembleia Constituinte surtirá nas instituições políticas chilenas será muito maior do que qualquer prioridade política que o governo seja capaz de levar adiante. Na realidade, se a Assembleia Constituinte e o novo governo discordarem a respeito de prioridades, a Assembleia Constituinte terá a última palavra, já que completará a redação da nova Constituição meses depois de o novo governo ser empossado.

Como um conflito entre um novo governo que avance com suas prioridades e a Assembleia Constituinte, que tem prioridades próprias, parece possível, os chilenos poderão querer introduzir provisões de pesos e contrapesos votando por um governo capaz de restringir o ímpeto fundamental da Assembleia Constituinte.

De fato, quatro meses após iniciadas suas deliberações, mais chilenos rejeitam do que aprovam o trabalho que a Assembleia Constituinte está realizando. Assolada por escândalos e controvérsias em razão de comentários exagerados de alguns de seus integrantes (como mudar o nome do país ou alterar sua bandeira), a Assembleia Constituinte está começando a causar preocupações entre os que temem que a nova Constituição possa trazer mudanças demais.

Ainda assim, o crescente descontentamento em relação à Assembleia Constituinte não deve ser confundido com uma rejeição à nova Constituição. Da mesma maneira que pais descontentes com a escolha de seus genros, mas animadíssimos com o fato de que serão avós, os chilenos ainda adoram a ideia de ter uma nova Constituição que tornará seu país um lugar mais justo.

IGUALDADE. Mesmo sabendo também que redução de desigualdade de renda e mais oportunidades para todos dependem de uma economia forte, os chilenos parecem ter sinalizado na eleição de 21 de novembro que, agora que a Assembleia Constituinte está colocando o foco nas maneiras de distribuir melhor a riqueza, eles querem um governo que coloque o foco em fazer a economia crescer novamente e priorize a lei e a ordem.

Enquanto a campanha para o segundo turno está só começando, e Boric e Kast precisam duplicar a quantidade de votos que tiveram no primeiro turno para se tornar o próximo presidente do Chile, ainda é cedo demais para sabermos o nome do próximo líder. O que bem sabemos é que os chilenos recompensarão quem fizer um bom trabalho em convencer os eleitores moderados.

domingo, 27 de junho de 2021

Sobre a “solução” para 2022 - Paulo Roberto de Almeida

 Sobre a “solução” para 2022

Paulo Roberto de Almeida


Há um clamor geral por uma 3a via, sem qualquer um dos dois antípodas. Já começaram errando: tentando descobrir, achar, inventar algum nome, qualquer nome, em lugar de estabelecer uma plataforma programática mínima, política, econômica e social, e depois obter larga concordância em torno dos pontos.

A única maneira de evitar a polarização, com a consequente vitória de um ou outro dos “indesejáveis”, passa por afastar o Bolsovirus das eleições, assim como os milicos fizeram com Lula em 2018. 

Uma nova tarefa para os milicos? 

Sabemos que eles são os únicos que poderiam obrigar o capitão a renunciar, ou seja, ele seria renunciado. 

Serão capazes? Terão coragem?

Não creio. Pode ser que sejam covardes ou não querem ser acusados de golpismo (desta vez golpistas do bem).

Um novo impeachment deixará a sociedade, a nação totalmente dividida, como aliás já está.

Não é exatamente uma solução, é apenas um expediente, para evitar o mal maior que está sendo causado ao Brasil por uma classe política em grande medida incapaz e com grandes e experientes corruptos em lugares estratégicos.

Ou seja, não acredito que o estamento político ou o Grande Capital sejam capazes de eliminar o psicopata do poder, e a sociedade não parece, tampouco, capaz de fazê-lo. Sobra o velho expediente do golpismo, nosso conhecido desde 1889, e recorrente desde então.

Estou sendo golpista ou antidemocrata? Não, apenas especulando sobre a “realidade efetiva das coisas”, como dizia Maquiavel.

Isto me lembra que tenho de escrever uma nova versão do Príncipe, revisitado; a que eu fiz nos anos 2000 reproduzia o que era o Brasil, de Sarney a Lula; tenho agora de refletir o que é tornou-se o Brasil, de Lula a Bolsovirus: um país infinitamente muito pior, sobretudo no plano moral.

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 27/06/2021

sábado, 15 de maio de 2021

Os Coletes Amarelos da França pedem a demissão do presidente Macron e dizem que terão candidato(a) nas eleições de 2022

Pronto, mais um país europeu que afunda, estilo Itália, Grécia, Grã-Bretanha, quem mais? A França merece esse tipo de coisa? Se formos observar pelo recente manifesto de militares da ativa e aposentados que pediram o fim do governo Macron, a interrupção da islamização do país, sob risco de GOLPE MILITAR, parece que sim: a França recua, e se desintegra politicamente.

O que diria o General De Gaulle desse "chienlit"? Ele que tinha "une certaine idée de la France"?

A França já não é mais o que era...

Paulo Roberto de Almeida



Ce courrier fut envoyé, en recommandé le 1er MARS 2019, à quatre destinataires, dont 

Emmanuel Macron.

Nous avons fait la grande erreur de ne pas le rendre public... Ce fût comme signer notre arrêt de mort social.

Le voici, en intégralité. 9 pages (14/16 minutes de lecture, en pièce jointe, vous trouverez notre programme et le communiqué du 10 Mai 2021).

 

 Aucun texte alternatif pour cette image

Lettre ouverte à Emmanuel Macron, A Mr Henri De Castrie, Et à Mr Emmanuel Fievet.

Macron,

par la présente, au regard de la situation nationale et européenne, et au nom du bon sens je vous demande de démissionner de votre fonction de chef de l’État Français.

Par ailleurs, j’ai le plus grand honneur et le plus grand bonheur de vous faire part, conformément au code électoral Républicain et à ses protocoles, que, je reste principalement habité d’une beauté lumineuse, et, ne ressentant qu’une seule faim, celle d’une sagesse sans fin, ce, afin d’anéantir absolument toutes forces ténébreuses sclérosant toutes formes d’esprit universel ; je parle de ces nouvelles « valeurs morales » qui vont complètement et totalement à l’encontre de toute forme d’intérêt et de progrès commun, pouvant être partagé et utilisé par l’ensemble de l’humanité.

C’est afin d’entamer, sans soif ni faim aucune, ce combat sans fin, que je n’ai d’autre choix que celui de vous annoncer ma candidature à la prochaine élection de la Présidence de la République tout comme j’avais essayé de le faire le 12/03/2017. Ladite élection, en principe, devrait avoir lieu... Au printemps 2022... Au plus tard...!

A Présent je vais développer quatre points.

Le premier point concerne le service militaire. La Loi du 28 octobre 1997 a mis fin à ce dernier. Ainsi les hommes Français nés après le 31 Décembre 1978 n’avaient plus obligation de le faire... Vous êtes né le 21 Décembre 1977... Pourquoi ne l’avez-vous pas effectué? Pour quel motif vous n’avez pas servi la Nation? De plus, le code électoral Républicain (Loi L-O-127 et L-45) impose d’avoir satisfait aux obligations du Service National pour pouvoir, pour avoir le droit, simplement le droit, d’être candidat à une élection. Deux questions me viennent immédiatement en tête, Macron. Premièrement, est-ce pour raison de santé que vous n’avez pas servi la France dans le cadre du service militaire? Deuxièmement, comment est-il possible que vous ayez pu être candidats à la dernière élection Présidentielle sans avoir satisfait aux obligations militaires? Les réponses à ses deux questions, vous les devez au Peuple de France.

Le deuxième point:

Aucun texte alternatif pour cette image

Le 21/04/2016, soit UN AN, un an AVANT LA DERNIÈRE ÉLECTION PRÉSIDENTIELLE, j’ ai écrit un long courrier officiel à Mr le Procureur de la République de Marseille ainsi qu’au Grand Maître du Grand Orient de France (à l’époque j’étais Franc-Maçon, au courant de certaines connaissances occultes), en conclusion il y avait:

“je soutiens totalement Mr le Président de la République (Votre prédécesseur, Mr le Président de la République François Hollande...), qui n ’a eu que six mois en 2012 pour penser à la tête de l ’état. Je n ’ai jamais vu un homme prendre autant de coups tout en ayant l’air de rien, je l’admire triplement, pour sa solidité, pour son courage, mais surtout pour son altruisme et son dévouement à la patrie. Il y aura son bulletin dans mon enveloppe l ’année prochaine. Pas besoin de vous préciser que nous pouvons devenir un pays de « winner ’s» si au deuxième tour l’année prochaine nous avons un duel « François - François » ou « François - Alain ou un autre ponte de droite »... en revanche si nous avons un petit « Emmanuel - Marine » avec une large et remarquable victoire d'Emmanuel... on ne sera plus qu’un peuple de collabos... ”

C’était un an avant votre élection, Macron.

Par la suite, au courant de certaines dispositions de plusieurs candidats (Mme Le Pen, Mr Fillon et vous...), j’avais essayé de candidater à ladite élection afin de me positionner en “lanceur d’alerte.

Je ne souhaitais pas particulièrement être élu, simplement je souhaitais avoir un petit espace médiatique afin d’Alerter le Peuple de France. Pour cela, conformément au code électoral, j’avais écrit au Chef de l’Etat et au Conseil Constitutionnel un courrier recommandé pour les informer de ma candidature comme le veut le protocole. Comptant sur ma communauté d’origine pour avoir quelques parrainages, j’avais aussi écrit en Corse, à la Collectivité Territoriale. Les trois courriers A/R furent envoyés le 13/03/2017 par le bureau de poste Marseille-vieux port. Devant arriver le mardi 14 ou le mercredi 15/03/2017, cela me laissait 2 à 3 jours avant la date butoir du vendredi 17/03/2017, 18h, où les 500 parrainages d’élus doivent être déposés par les candidats au Conseil Constitutionnel. 2 à 3 jours, c’était largement suffisant pour alerter le Peuple de France via les Médias. Pas un, ni deux, les trois, les trois courriers A/R ont mis... une semaine pour arriver à destination!!!! Et forcément la date butoir fut dépassée. C’est avec l’intime conviction que, derrière cette “ lenteur postale”, ce phénoménal ralentissement administratif, il y a la DGSI. C’est une atteinte majeure à la démocratie Française.

Aussi, demandant l’accès aux fichiers et dossiers classés “Secret Défense” où mon nom ressort, ceci afin de vous destituer, car j’ai la certitude du caractère caduc et invalide de la dernière élection Présidentielle.

Le troisième point concerne votre désastreuse politique.

En moins de deux ans, vous avez créé plus d’impôts et de taxes qu’il en fût créé depuis 2007. A côté de ça, environ 70% de vos appuis, de vos fragiles appuis, c’est à dire vos proches collaborateurs et vos ministres vous ont lâché. Ce “phénomène” signifie tout simplement que vous n’êtes pas à votre place, Macron. Vous n’êtes pas un “leader”. Il ne vous reste plus que Mrs Castaner et Philippe... Pour combien de temps encore? Quand à la carte de magicien “Grand Débat National” que vous avez sorti de votre manche, ce n’est qu’une vulgaire opération de propagande électorale, qui ne vous coûte pas un centime, 100% au frais du contribuable, en vue des prochaines Européennes, dans l’espoir de dépasser les 5%, seuil que vous n’atteindrez pas! La France, que vous avez transformée en Sous-France, n’est pas un peuple d’Abrutis ni un troupeau de moutons ou de caniches.

Le quatrième et dernier point s’adresse à vos Chefs, Macron, à Mr Henri De Castrie, Président du Club Bilderberg, et Mr Emmanuel Fievet, PDG de la Banque Rothschild, et à travers eux, aux 140 dirigeants du Club Bilderberg, ainsi qu’à leurs nombreux subordonnés de part le monde:

 

Messieurs, c’est en “imaginant” que vous êtes tous initiés à l’art Royal qu’est censé être la Franc-Maçonnerie, c’est à dire que vous êtes tous “enfants de la veuve” et “apôtres de St Jean”, que, par le biais de ce courrier adressé à la personne qui occupe momentanément la fonction de chef d’Etat Français, je me permets, humblement, d'essayer de vous interpeller.

La première chose que je souhaite vous dire, c’est que dans le cas de figure où, parmi vous, se cachent certaines personnes qui ont financé et/où commandité des actes terroristes, actes dont est frappé l’ensemble de l’humanité depuis la fin de la guerre froide, si c’est le cas, je vous invite vivement à vous désolidariser d’eux et à les montrer du doigt afin que ses derniers soient traduits en Justice.

Deuxièmement, en tant que Franc-Maçons, vous ne pouvez ignorer les paroles du Christ retranscrites par Saint-Jean l’Evangéliste: “...Les biens du Monde ont une légitime destinée Universelle... Aimez vous les uns et les autres comme moi, fils de Dieu, je vous ai tous aimés.". Aussi, dans cette perspective, Nous, Gilets Jaunes Européens, nous vous invitons à vous asseoir à la table, à la grande table de l’humanisme, du partage et du progrès Universel.

Nous vous demandons d’effacer et d’éteindre toutes les dettes... sur terre. Toutes dettes contractées par des particuliers et/où des professionnels publics où privé.

Nous vous demandons aussi de créer un impôt Universel sur toutes transactions boursières sur terre, quel que soit le marché, ceci afin de financer le fonctionnement des Etats - Nations de l’ensemble du Monde, et de financer le RIUCH (Revenu Inconditionnel Universel de Condition Humaine), afin que

chacun sur Terre puisse Respirer, Boire et Manger, Éliminer et se Mouvoir, se reposer et dormir tranquille, se laver, éviter tous dangers, communiquer et agir selon ses croyances en respectant le vieil adage “La Liberté des Uns s’arrête où commence celle des autres..s’occuper, travailler et se réaliser, se recréer et se divertir, et Apprendre... Apprendre sans cesse, de tous, de tout le monde, des uns et des autres, de l’Etranger et du Familier.

Certes, les nombre de chiffres avant la virgule de vos comptes en banque risque de diminuer, mais cette disposition ne sera que transitoire, soyez-en sûrs. En effet, si PAUVRETÉ et MISÈRE sont éradiquées de la planète, certes, cela demande dans un premier temps un très gros investissement, mais, par la suite, peu de temps après, automatiquement, les productions et les plus-values seront, sur l’ensemble de la terre multipliées par un coefficient important, et, la croissance Mondiale économique universelle sera colossale.

Ainsi, vous obtiendrez un solide retour sur investissement. Actuellement, la fortune monétaire mondiale s’élevait en 2016 à 317 000 milliards de dollars (institut de recherche du Crédit Suisse (CSRI) 2016), 41 200 dollars par habitant de la terre, et augmente chaque année de 3 à 5%. Nous sommes 7 700 000 000 hommes sur terre. Chaque jour, sur terre, sur l’ensemble des places boursières, se sont 4000 milliard de dollars qui sont échangés. oui 4000 milliards minimum;

Sans Misère sur Terre, immanquablement la croissance Universelle sera de 15/20% annuels, c’est un axiome.

En aucun cas et à aucun moment vous ne perdrez de votre pouvoir et vos trains de vie resteront, quoi qu’il arrive, inchangés. Mais, les 7 700 000 000 de femmes d’enfants et hommes que nous sommes avons besoin de vous, vraiment.

Venez vous positionner à nos côtés, nous Gilets Jaunes d’Europe et du Monde, MAINTENANT, ainsi, vous gagnerez, chacun d’entre vous, une gloire lumineuse et universelle sur terre et aux cieux, à l’orient eternel, accompagnée de l’estime et la reconnaissance quasi éternelle de l’ensemble de l’humanité. Nous vous invitons, nous gilets jaunes, à écrire la plus belle page de toute l’histoire de l’humanité.

Bien entendu, cela va de soi, nous vous demandons tous de lâcher Macron, et

de nous laisser le destituer. Humblement, chacun d’entre nous vous demande de totalement l’abandonner. En effet, dans votre monde très fermé, il fait... tâche d’huile répugnante. Il est beau-père, père par alliance d’enfants. plus âgés que lui. Il est l’opposé du leadership. Enfin bref, laissez-le tomber, il ne peut que vous nuire. Laissez-le se faire lyncher, se faire découenner, par l’ensemble de la presse et des médias internationaux qu’il croit tenir dans sa main . »

Quand à vous Macron, vous pouvez me faire arrêter, me faire descendre où bien m’interner, mais sachez que, pour l’ensemble des peuples d’Europe et du Monde, vous incarnez l’opposé de l’humilité et vous ne savez pas apprendre de vos erreurs, donc vous les reproduisez sans cesse, ce qui est, complètement antagoniste avec votre fonction.

Vous n’êtes qu’un “Robin des bois” à l’envers!!! C'est pourquoi, comme vous l'a suggéré monsieur le Président de la République Nicolas Sarkozy, conformément aux besoins de la France, conformément aux désirs du peuple français je vous demande par la présente de démissionner et, très vite de vous faire oublier.

En effet vous n'êtes qu'un outrage Macron, un outrage à la France, un outrage à l' Europe et à toute la communauté internationale, vous n'êtes qu'un outrage au genre humain et à la vie.

Salutations distinguées,

 

Fait, le 1er Mars 2019, à Paris, par : Sébastien Peretti De Belgamor

 

https://www.linkedin.com/pulse/un-gilet-jaune-écrit-à-emmanuel-macron-le-1er-mars-sébastien/?published=t

 

https://www.linkedin.com/pulse/communiqué-flavo-gilet-jaune-10-mai-2021-peretti-de-belgamor/?published=t

 

https://www.facebook.com/FlavoGiletsJaunespolitique

 

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Responsable de l’Association Flavo-Politique.

 

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terça-feira, 11 de agosto de 2020

As eleições presidenciais nos EUA e o Brasil - Rubens Barbosa

AS ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS NOS EUA E O BRASIL

Rubens Barbosa

O Estado de São Paulo, 11/08/2020

Em 90 dias, o mundo conhecerá o futuro presidente dos EUA. As pesquisas de opinião pública indicam hoje uma vitória de Biden sobre Trump com margem de cerca de 10 pontos percentuais. Esse número daria a vitória a Biden, caso a eleição fosse majoritária. Cabe, porém, um elemento de cautela, visto que nos EUA a eleição para presidente é decidida em colégio eleitoral, composto por delegados de todos os Estados, eleitos a partir dos resultados nas votações locais. Refletindo a profunda divisão da sociedade americana, a eleição deverá ser decidida nos Estados que oscilam entre conservadores e democratas, (Pensilvânia, Michigan, Wisconsin, Florida, Idaho) e Trump ameaça contestá-la.

A mudança do cenário eleitoral nos últimos três meses deveu-se à percepção negativa sobre a forma como Trump vem conduzindo as medidas contra a pandemia, a queda no crescimento econômico, o aumento do desemprego e sua reação aos movimentos raciais que se espalharam por todo o país. Passou a haver assim uma chance de Joe Biden vencer as eleições de novembro com mudanças significativas nas políticas econômica, ambiental e de política externa.

O partido democrata no governo tentará uma política econômica que recupere o dinamismo da economia e reduza o desemprego. Deverá prevalecer viés nacionalista, que incluirá forte componente ambiental (Green New Deal), modificações no sistema de saúde e busca de liderança no combate à pandemia. Os EUA voltarão a dar prioridade aos organismos multilaterais, com o retorno à Organização Mundial de Saúde, o fortalecimento da OMC e com adesão ao Acordo de Paris. As crescentes tensões geopolíticas entre os EUA e a China, no governo democrata, deverão continuar e mesmo ampliar-se. Nesse contexto, deverão aumentar a pressão sobre governos autoritários e a defesa da democracia, agravando as tensões nas áreas comerciais, tecnológicas e militares, pois Beijing é tratada hoje como um adversário pelo establishment norte-americano.

Como ficariam as relações Brasil-EUA com um presidente democrata?

Em uma de suas “lives” semanais, o presidente Jair Bolsonaro, ao comentar o cenário da eleição presidencial americana, confirmou que torce por Donald Trump, mas que vai tentar aproximação, caso Joe Biden seja o vencedor. "Se não quiserem, paciência", simplificou. Bolsonaro ouviu e está seguindo o conselho de John Bolton, ex-secretário de segurança nacional de Trump, de buscar fazer pontes com o candidato democrata.

Costumo fazer distinção entre a relação pessoal Bolsonaro-Trump e a relação institucional entre as burocracias brasileira e norte-americana.

Caso Biden seja eleito, vai terminar a relação pessoal estabelecida com Trump por influência ideológica. Manifestação de Eduardo Bolsonaro a favor de Trump recebeu imediata resposta de deputado democrata, presidente da Comissão de Relações Exteriores: “a família Bolsonaro precisa ficar fora da eleição dos EUA”.

Em termos institucionais, o relacionamento bilateral continuará a ter baixa prioridade e o novo presidente poderá até fazer alguns gestos para afastar o Brasil da China. As críticas continuarão, como vimos recentemente, quando, por conta da política ambiental e de direitos humanos em relação aos indios, Comitê de Orçamento da Câmara, relatório do Departamento de Estado e carta de deputada democrata criticaram o governo brasileiro e pediram que não seja negociado nenhum acordo comercial com o Brasil e que haja sanções contra Brasília e que seja vetada ajuda na área de defesa ao Brasil como aliado da OTAN. O alinhamento com os EUA, nem sempre concretizado nas relações bilaterais, tornou-se automático nas votações de resoluções sobre costumes, mulheres, direitos humanos, saúde e sobre o Oriente Médio nos organismos multilaterais (ONU, OMS, OMC). Em muitos casos, o Brasil fica isolado com EUA e Israel e, nas questões de costumes, fica acompanhado de países conservadores, como Arábia Saudita, Líbia, Congo e Egito. Com a mudança na política de Biden nos organismos multilaterais, o Brasil tenderá a ficar ainda mais isolado, sem a companhia dos EUA.

A geopolítica será o dilema mais sério para o governo brasileiro, caso Biden vença a eleição. A crescente presença da China na América do Sul está na raiz da decisão de Washington de apresentar candidato a presidência do BID contra um representante brasileiro, e pode ser indício de um renovado interesse político dos EUA para conter Beijing com pressão financeira sobre os países da região. Seria a volta da Doutrina Monroe. O apoio brasileiro à proposta dos EUA para discutir se países que não são economia de mercado podem ser membros da OMC, - o que, na prática, excluiria a China - e uma eventual decisão contra a empresa chinesa na licitação do 5G indicariam que o Brasil teria escolhido seu lado no confronto. Será que os EUA levarão o governo brasileiro a se chocar com a China? Não convém ao Brasil ajudar a trazer a disputa geopolítica para a região, nem tomar partido por um dos lados em uma longa disputa que está apenas se iniciando. Permanecer equidistante é o que defende o VP Mourão.

Menos ideologia e geopolítica e mais interesse nacional é o que o bom senso recomenda nesse momento de incerteza nos rumos da relação Brasil-EUA.

Rubens Barbosa, Presidente do IRICE

quinta-feira, 31 de outubro de 2019

Uruguai puxa a orelha do embaixador brasileiro por declaração intrometida de Bolsonaro

Uruguay le pidió explicaciones a Brasil | Bolsonaro... 

Página12, 31/10/2019

La cancillería uruguaya convocó al embajador brasileño para pedirle una explicación por las declaraciones de Jair Bolsonaro. El presidente de Brasil había dicho que esperaba el triunfo del opositor al gobierno uruguayo, el candidato del Partido Nacional Luis Lacalle Pou, porque es más cercano a “su equipo”. Lejos de agradecerle el apoyo, el candidato que tiene grandes chances de ganar las elecciones, salió a criticarlo.
Fiel a su verborragia, Bolsonaro no pudo evitar referirse al resultado de las elecciones presidenciales de Uruguay del domingo pasado. "Uruguay va a una segunda vuelta y la oposición (al gobernante Frente Amplio) está más alineada con nuestros pensamientos liberales y económicos. Esperamos que se produzca la elección de alguien más cercano a nuestro 'equipo'. Ahí tendríamos a Uruguay con más afinidad con nosotros", sostuvo Bolsonaro el martes pasado en diálogo con O Estado de San Pablo. "No tuvimos ningún problema con Uruguay en materia económica con el actual presidente (Tabaré Vázquez). Pero tenemos que prepararnos siempre para lo peor, porque no se puede decir que uno se ve sorprendido con los hechos. La política no ocurre de un momento a otro", sostuvo el presidente de Brasil.
El gobierno uruguayo se tomó unos días pero finalmente emitió una nota pidiendo explicaciones al embajador de Brasil, Antonio Simoes. “El Ministerio de Relaciones Exteriores convocó al embajador de la República Federativa de Brasil en Uruguay, señor Antonio Simões y le solicitó explicaciones sobre las expresiones vertidas por el señor presidente Jair Bolsonaro (…) relacionadas con el proceso electoral que se desarrolla en nuestro país", dice la nota oficial. 
El pasado domingo se dio la primera vuelta de las elecciones presidenciales en Uruguay . Allí obtuvo la mayor cantidad de votos el candidato oficialista del Frente Amplio, Daniel Martinez. Se impuso con 39.17 por ciento de los votos, que lo obligan a competir en ballotage con el candidato del Partido Nacional, Luis Lacalle Pou. Si bien este candidato de derecha obtuvo el 28.59 por ciento de los votos, los que le siguen en el tercer y el cuarto lugar, manifestaron que apoyan su candidatura en la segunda vuelta . Lo que lo deja muy cerca a obtener la presidencia de Uruguay.
Sin embargo, Lacalle Pou salió a depegarse de Bolsonaro. "Me parece que no es buena cosa que los distintos políticos y en este caso distintos gobernantes incidan, opinen, en lo que puede llegar a pasar en otro país", dijo en declaraciones a El Observador. "Uruguay, por suerte, no decide lo que piensan los brasileños, decide lo que le pasa y lo que necesitan los uruguayos", sostuvo el abogado de 46 años que competirá el 24 de noviembre para definir al próximo presidente de Uruguay.

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Uruguai convoca embaixador no Brasil após declarações de Bolsonaro

Ouça: Uruguai convoca embaixador no Brasil após declarações de Bolsonaro 0:00 100% Audima
O governo do Uruguai convocou seu embaixador no Brasil, Antonio Simões, para prestar esclarecimentos sobre declarações dadas pelo presidente Jair Bolsonaro em relação às eleições presidenciais no país.
A convocação foi anunciada nesta quinta-feira, 31, em comunicado do Ministério das Relações Exteriores do Uruguai. 
A questão é referente a uma entrevista dada por Bolsonaro ao jornal Estado de S.Paulo, durante sua viagem pela Arábia Saudita. Na entrevista, Bolsonaro traçou um panorama das relações diplomáticas entre o Brasil e seus vizinhos sul-americanos, após as eleições presidenciais que ocorrem em diferentes países da região. 
O foco da entrevista era a recente eleição de Alberto Fernández na Argentina. Peronista, Fernández tem como vice a ex-presidente Cristina Kirchner. No entanto, Bolsonaro também mencionou suas preferências nas eleições uruguaias.
Na entrevista, ao ser questionado se a vitória de Fernández dificulta a relação entre Brasil e Argentina, Bolsonaro disse que, no momento, o governo não pensa em romper relações com o país vizinho, mas espera que o próximo governo mantenha as práticas de Mauricio Macri de “abertura” e de “liberdade econômica”. 
“Mas nos preparamos para o pior, porque o que foi anunciado até o momento no pacote econômico do presidente eleito, essa receita já sabemos, como em parte foi adotada no Brasil no passado, não tem como dar certo”, completou o presidente. 
Em seguida, Bolsonaro entrou na questão das eleições presidenciais no Uruguai, que serão disputadas em segundo turno, em 24 de novembro, pelos candidatos Luis Lacalle Pou, de centro-direita, e Daniel Martínez, de esquerda. Sem citar diretamente nenhum dos candidatos, Bolsonaro expressou apoio à chapa de Pou, à qual considerou “mais alinhada” ao “seu time”. 
“O Uruguai foi para o segundo turno, tem a situação, que vem da política do Pepe Mujica, e uma oposição que é mais alinhada com nossos pensamentos liberais e econômicos. Esperamos, torcemos que aconteça a eleição de alguém mais ligado ao nosso time, aí teríamos o Uruguai afinado conosco. […] Não tivemos nenhum problema com o Uruguai no tocante à economia com o atual presidente, mas temos de nos preparar sempre para o pior, porque você não pode dizer que foi surpreendido com os fatos. A política não acontece de uma hora para outra”, disse o presidente brasileiro.
A declaração de Bolsonaro repercutiu mal no Uruguai, por ser considerada uma intervenção que desrespeita os princípios da diplomacia. 
O candidato de centro-direita à presidência do Uruguai, Luis Lacalle Pou, rejeitou o apoio de Bolsonaro no segundo turno das eleições. 
“Se eu fosse o presidente e houvesse um processo eleitoral no Brasil, por mais que eu goste mais de um do que de outro, esperaria os resultados porque tenho que ter uma boa relação com o vencedor. […] Por sorte, no Uruguai os brasileiros não decidem”, afirmou Lacalle Pou. 
A postura do presidenciável uruguaio é oposta à adotada por Bolsonaro durante o processo eleitoral argentino, que culminou na vitória de Alberto Fernández. Ao longo de todo o pleito, o presidente brasileiro declarou sua preferência pelo então presidente Mauricio Macri, se posicionando contra a eleição de Fernández.
Em maio, Bolsonaro pediu para que os argentinos tivessem “paciência” com Macri, afirmando que a Argentina poderia se transformar em uma Venezuela no caso de vitória da chapa de Fernández. No mês seguinte, pediu que os argentinos votassem com “responsabilidade”. 
Já em agosto, Bolsonaro afirmou que o Rio Grande do Sul poderia se tornar “um novo estado de Roraima”, caso a chapa peronista vencesse. A referência de Bolsonaro foi com o êxodo de venezuelanos para o Brasil por Roraima. Já na semana que antecedeu o pleito presidencial, Bolsonaro ameaçou isolar a Argentina no Mercosul caso Macri perdesse.
Os posicionamentos de Bolsonaro quebraram a tradição da diplomacia brasileira – repetida em grande parte dos países democráticos do mundo – de manter um posicionamento neutro em processos eleitorais de outros países. A estratégia mantida pelo Brasil até então foi de esperar o resultado das eleições para ter um diálogo aberto com o candidato vencedor.
As afirmações de Bolsonaro contra a chapa peronista se mantiveram até mesmo após a vitória de Fernández. O presidente brasileiro afirmou que a Argentina “escolheu mal”. Em seguida, disse que não iria parabenizar o presidente argentino eleito pela vitória.
Ao contrário de Bolsonaro, diferentes presidentes da América do Sul cumprimentaram publicamente Alberto Fernández pela vitória. Entre chefes de Estado sul-americanos que parabenizaram o candidato vencedor estão Mario Abdo Benítez, do Paraguai, e Sebástian Piñera, do Chile, que se posicionam próximos a Bolsonaro, além de Nicolás Maduro, da Venezuela, e Evo Morales, da Bolívia. O secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, também expressou o desejo de manter a cooperação bilateral com a Argentina. 
O futuro presidente uruguaio será decidido no próximo dia 24 de novembro. Lacalle Pou deve receber parte substancial dos votos dos candidatos Ernesto Talvi, de viés liberal, e Guido Manini Ríos, de extrema-direita. Ambos declararam apoio ao presidenciável. 
Já Daniel Martínez, da Frente Ampla, conta com o histórico da coalizão a seu favor, que governa o Uruguai desde 2005, mantendo o discurso progressista. A coalizão é vista como principal responsável por avanços na área social, como a legalização do casamento gay, a descriminalização do aborto e a legalização da maconha.

segunda-feira, 10 de setembro de 2018

NAO sou eleitor de Bolsonaro, nem vou integrar seu governo; ja tenho candidato firme, e tendencia de voto util - Paulo Roberto de Almeida

Pela terceira vez em menos de dois meses, sou surpreendido com boatos, circulados entre amigos e colegas, de que eu teria sido escolhido como chanceler do candidato Bolsonaro, ou seja, de que eu seria simpático à sua candidataria e já teria aceito trabalhar em seu governo.
Pela terceira vez no mesmo período, sou obrigado a desmentir formalmente tais informações, como declarei abertamente em julho último: 

3300. “Uma revelação surpreendente, uma explicação necessária”, Brasília, 15 julho 2018, 3 p. Sobre um boato de que eu estaria trabalhando na equipe de certo candidato de direita e integraria seu ministério, meus comentários. Divulgado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2018/08/sobre-alguns-boatos-persistentes-um.html).

Já tenho candidato e já declarei meu voto, em João Amoedo aqui expresso: 

3312. “Por que votarei em João Amoedo?”, Brasília, 3 agosto 2018, 4 p. Digressão sobre um Brasil melhor. Publicado no blog Diplomatizzando(link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2018/08/por-que-votarei-em-joao-amoedo-paulo.html); publicado na revista digital Amálgama (27/08/2018; link: https://www.revistaamalgama.com.br/08/2018/por-que-votarei-em-joao-amoedo/),

com tendência a exercer voto útil, caso necessário, em Geraldo Alckmin.
Não sou candidato a nenhum cargo em nenhum governo, de qualquer tendência.
Sou apenas candidato a escrever dois novos volumes de continuidade à minha obra sobre a história da diplomacia econômica do Brasil, o que já estou devendo há muitos anos, depois de meu livro: 

1257. Formação da Diplomacia Econômica no Brasil: as relações econômicas internacionais no Império. 3ra. edição, revista; Brasília: Funag, 2017, 2 volumes; Coleção História Diplomática; ISBN: 978-85-7631-675-6 (obra completa; 964 p.); Volume I, 516 p.; ISBN: 978-85-7631-668-8 (link:http://funag.gov.br/loja/index.php?route=product/product&product_id=907) e Volume II, 464 p.; ISBN: 978-85-7631-669-5(link: http://funag.gov.br/loja/index.php?route=product/product&product_id=908).Divulgado no blog Diplomatizzando(link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2017/09/formacao-da-diplomacia-economica-no_9.html). Relação de Originais n. 1351 (prefácio à 2aedição) e 3083 (prefácio à 3aedição).

Para desmentir uma terceira vez tais assertivas, e aproveitando a publicação do programa do candidato da direita, publiquei esta crítica em meu blog:

3321. “Um programa insuficiente de política externa: comentários pessoais”, Brasília, 15-16 agosto 2018, 5 p. Comentários à parte de política externa do programa do candidato Bolsonaro. Divulgado no blog Diplomatizzando (https://diplomatizzando.blogspot.com/2018/08/um-programa-insuficiente-de-politica.html).

Quem acredita que eu teria escrito, colaborado ou contribuído com esse ajuntamento de frases desconexas sobre algumas interfaces externas do Brasil, não me conhece, não conhece meus escritos sobre diplomacia e política externa e se baseia em informações infundadas.

A que posso atribuir esses boatos e especulações, sobre os quais não sou responsável?
Acredito que pelo fato de ter sido um crítico declarado, quando não um inimigo reconhecido dos horrores da diplomacia lulopetista, da política externa esquizofrênica conduzida pela organização criminosa travestida de partido político, pelo bando de meliantes mafiosos que subordinaram nossa política externa aos comunistas cubanos, por essas posições sem ambiguidades, denunciando a máfia petista, talvez eu possa ter sido confundido com algum partidário da direita, o que não sou, absolutamente.

Os que pretendem conhecer meu pensamento em matéria de política externa e de diplomacia brasileira fariam melhor em ler este meu livro:
Nunca Antes na Diplomacia...: a política externa brasileira em tempos não convencionais
(Curitiba: Appris, 2014; e-book: 2017).

Paulo Roberto de Almeida
Brasília 10 de setembro de 2018

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Addendum em 24/09/2019: 

Como continuam a ser disseminadas informações ou boatos desencontrados sobre minhas posições a respeito do presente (2018) processo eleitoral presidencial, eu poderia, neste momento, agregar uma firme declaração de princípios sobre o que eu considero aceitável e não aceitável nesse terreno pantanoso das opções políticas e preferências eleitorais.
Sou terminantemente contrário a quaisquer movimentos antidemocráticos, autoritários, totalitários, populistas, demagógicos, salvacionistas, excludentes, intolerantes, fascistas, comunistas, maoistas, cubanistas, stalinistas, militaristas e outros "istas" e "ismos".
Por isso mesmo, consideraria uma terrível tragédia política para o Brasil a vitória de qualquer um dos polos que se apresentam atualmente no processo eleitoral que vai desembocar em outubro próximo. Recuso, em primeiro lugar, a volta dos companheiros ao poder, pois conheço a natureza da organização criminosa que está por trás do candidato dito "poste", pela imprensa, assim apelidado por ter se prestado ao indigno papel de representante de um chefão mafioso, justamente condenado e encarcerado por crimes comuns (corrupção passiva e lavagem de dinheiro). Espero a condenação do dito cujo por muitos outros crimes mais, a pelo menos 300 anos de cadeia firme. Creio ser patética a postura do poste, ao servir a tão indigno projeto.
Recuso, em segundo lugar, a postura de um candidato despreparado, defensor da ditadura militar, admirador de um torturador, e defensor de medidas extralegais para a resolução de determinados problemas sociais. Acredito que seria um convite a uma crise política permanente e a uma formidável confusão nas políticas econômicas e setoriais, pelo comportamento intempestivo e autoritário do candidato em questão, podendo nos precipitar em nova agonia política por mais alguns anos.
Considero a vitória de qualquer um dos dois nefasta para a democracia no Brasil, e por isso declaro desde já minha abstenção preventiva, caso estas sejam as opções. Dito isto, considerarei legítima a eleição, por se tratar da escolha livre dos cidadãos eleitores, ainda que eu possa declarar minha desconformidade, por ser fruto da ignorância, da inconsciência, dos instintos mais baixos em matéria política.

A postagem total figura neste link: