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quinta-feira, 16 de novembro de 2017

IPRI, 30 anos; reuniao com coordenadores de pos em RI, na VI CORE, 10/11/2017 - Paulo Roberto de Almeida

O "discurso" abaixo não foi pronunciado, por diversas razões, entre elas por falta de tempo, como sempre acontece nos seminários acadêmicos: começamos sempre tarde, pelos atrasos naturais do modo brasileiro de comportamento em face de horários estritos, e acabamos atrasando todo o desenrolar do seminário porque as pessoas falam demais e ultrapassam o tempo devotado a cada um. Por isso preferi não falar, abrindo imediatamente a palavra aos ex-diretores do IPRI, os que me precederam no cargo (pelo menos o que puderam estar em Brasília para a VI Conferência de Relações Exteriores, organizada pela Funag), para depois dar espaço às falas dos coordenadores de cursos de pós-graduação em RI das universidades brasileiras.
Não foi pronunciado, mas nada impede que se faça o registro de minhas intenções ao escrever estas palavras, um dia antes. Em postagem subsequente, vou trancrever a pequena nota de registro sobre essa reunião.
Paulo Roberto de Almeida 


Saudação aos coordenadores de cursos de pós-graduação em RI

Paulo Roberto de Almeida
 [Objetivo: reunião no quadro da VI CORE; finalidade: saudação aos coordenadores ]


Caros coordenadores, colegas de carreira, demais participantes,
Gostaria, em primeiro lugar, de saudar e agradecer, a cada um de vocês, a presença, nesta reunião que marca os 30 anos do IPRI, do qual sou diretor; no ano passado, na V CORE, realizada em Belém, comemoramos os 45 anos da Funag, presidida pelo embaixador Sérgio Eduardo Moreira Lima; o CHDD, atualmente dirigido pelo embaixador Gelson Fonseca, e que está, aliás, cumprindo os 15 primeiros anos de sua existência formal. Datas simbólicas como estas, envolvendo nossos principais órgãos de interação com a comunidade acadêmica, e com a sociedade civil de modo geral, nos oferecem a oportunidade de fazer um balanço retrospectivo do que conseguimos fazer, no período decorrido desde o marco inaugural, apresentar uma avaliação das iniciativas empreendidas no período recente, e também traçar algumas linhas prospectivas sobre o que gostaríamos, ou sobre o que desejaríamos fazer no período que se abre à nossa frente.
Encontros como este podem, de fato, oferecer essa bem-vinda visão externa que nós, responsáveis internos, necessitamos para reavaliar nosso trabalho, recolher sugestões quanto a novas iniciativas e disponibilizar novamente um espaço de interação entre, de um lado, operadores da política externa, que somos os diplomatas, e, de outro lado, os analistas, os pesquisadores, os estudiosos da política externa, da diplomacia brasileira, e das relações internacionais, de modo geral, o que representa, justamente, uma ponte, um espaço de diálogo e uma nova oportunidade para um recíproco enriquecimento em nossas esferas respectivas de atuação. Diplomatas, por mais pragmáticos que sejam, não se guiam apenas pela agenda de trabalho das organizações internacionais, pelas relações concretas entre Estados no plano bilateral, pelo fluir dos fatos e processos reais no plano do cotidiano, mas se apoiam, igualmente, numa determinada visão do mundo, numa concepção que se têm, que é adquirida, sobre o papel do Brasil no sistema internacional, numa interpretação mais vasta do que é possível fazer para, na famosa equação do ex-chanceler Celso Lafer, transformar oportunidades externas em possibilidades internas de desenvolvimento e de inserção mundial.
Essa visão do mundo, a memória histórica sobre a evolução do sistema internacional no último meio século, os desenvolvimentos recentes nos planos econômico, político, militar e mesmo cultural nos são dados, justamente, pela comunidade acadêmica que gravita em torno da diplomacia, que respira política externa, e que está continuamente examinando, com lupa ou telescópio, por vezes com bisturi ou aparelho de radiografia, a constante mutação das dinâmicas mundiais e a postura do Brasil no confronto com esses processos externos.
O Brasil, como todos podem constatar, vive um momento de transição, não apenas ao recompor as bases materiais de uma conjuntura econômica significativamente afetada pela pior recessão de toda a nossa história, mas também ao preparar-se para um novo período eleitoral, que vai colocar as bases políticas para seu itinerário para uma outra data relevante em nossa trajetória como nação: os dois séculos desde a independência, no ano de 2022, em  comemorações a serem comandadas pelo presidente que elegeremos dentro de pouco menos de um ano. Isso significa que temos cinco anos, aproximadamente, para nos prepararmos para o que eu chamaria de “momento de reflexão”, não apenas sobre os nossos últimos duzentos anos, mas também sobre as próximas etapas da construção da nação, sobretudo no terreno da educação, da pesquisa, do oferecimento de “tijolos conceituais” para essa grandiosa tarefa pertencente ao edifício intelectual de um projeto nacional de desenvolvimento econômico e social.
O que eu gostaria de propor aos pesquisadores de relações internacionais, aos analistas de nossa política externa, aos observadores engajados de nossa diplomacia é justamente um esforço concentrado em torno da perspectiva do Bicentenário, em 2022. Já dispomos, de certa forma, de uma cartografia e de um relato do que fizemos até aqui, e para isso eu me permito citar a obra recentemente publicada do embaixador Rubens Ricupero, “A Diplomacia na Construção da Nação, 1750-2016”, na verdade cobrindo uma cronologia um pouco mais ampla do que essa, pois parte da restauração da soberania portuguesa, em 1680, e assina um prefácio em julho de 2017, já no âmbito do governo atual. Creio que se trata de uma boa base para nossas reflexões e para novas pesquisas em torno dos episódios e processos mais importantes cobertos nessa obra que já nasce clássica.
Nosso papel, o da Funag, o do IPRI e também do CHDD, é justamente o de favorecer uma contínua interação entre operadores da política externa brasileira, os diplomatas, e vocês, que são analistas críticos daquilo que fazemos, ou que poderíamos fazer, no plano complexo e diversificado de nossas relações exteriores, de nossa inserção internacional. Por isso mesmo, abro a palavra, na sequência aqui feita em ordem alfabética, para que possamos registrar suas observações, comentários e sugestões para nosso trabalho conjunto no próximo ano e mais além.
Muito obrigado.


Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 9 de novembro de 2017