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segunda-feira, 8 de julho de 2013

China perto do estouro da bolha de credito: o pior cenario para o Brasil - Minxin Pei

O artigo não trata do Brasil, em nenhum momento, mas não podemos esquecer que o país é o primeiro parceiro comercial do Brasil (em grande medida graças aos estímulos dos companheiros, que criaram essa "dependência" -- como Lula se referia ao fato de os EUA terem essa posição anteriormente, revelando, aliás, que não entende nada de comércio internacional), e qualquer coisa que ocorra na China, terá imensa repercussão no Brasil.
Esperemos que o cenário catastrófico não ocorra, mas se ocorrer, será difícil para o Brasil enfrentar as consequências do esfriamento chinês.
Paulo Roberto de Almeida

Minxin Pei
Project Syndicate, 06 July 2013

SINGAPORE – The recent financial turmoil in China, with interbank loan rates spiking to double digits within days, provides further confirmation that the world’s second-largest economy is headed for a hard landing. Fueled by massive credit growth (equivalent to 30% of GDP from 2008 to 2012), the Chinese economy has taken on a level of financial leverage that is the highest among emerging markets. This will not end well.
Indeed, a recent study (http://pg.jrj.com.cn/acc/Res/CN_RES/MAC/2013/3/15/cb9c260d-ada0-4ad6-a211-95923c36c7a7.pdf) by Nomura Securities finds that China’s financial-risk profile today uncannily resembles those of Thailand, Japan, Spain, and the United States on the eve of their financial crises. Each crisis-hit economy had increased its financial leverage – the ratio of domestic credit to GDP – by 30 percentage points over five years shortly before their credit bubbles popped.
Economists who insist that China’s financial leverage is not too high are a dwindling minority. Certainly the People’s Bank of China, which engineered a credit squeeze in June in an attempt to discourage loan growth, seems to believe that financial leverage has risen to dangerous levels. The only questions to be answered now concern when and how deleveraging will occur.
At the moment, China watchers are focusing on two scenarios. Under the first, a soft economic landing occurs after China’s new leadership adopts ingenious policies to curb credit growth (especially through the shadow banking system), forces over-leveraged borrowers into bankruptcy, and injects fiscal resources into the banking system to shore up its capital base. China’s GDP growth, which relies heavily on credit, will take a hit. But the deleveraging process will be gradual and orderly.
Under the second scenario, China’s leaders fail to rein in credit growth, mainly because highly leveraged local governments, well-connected real-estate developers, and state-owned enterprises (SOEs) successfully resist policies that would cut off their access to financing and force them into insolvency. Consequently, credit growth remains unchecked until an unforeseen event triggers China’s “Lehman” moment. Should this happen, growth will collapse, many borrowers will default, and financial chaos could ensue.
Two intriguing observations emerge from these two scenarios. First, drastic financial deleveraging is unavoidable. Second, Chinese growth will fall under either scenario.
So, what impact will the coming era of financial deleveraging and decelerating growth have on Chinese politics?
Most would suggest that a period of financial retrenchment and slow GDP growth poses a serious threat to the legitimacy of the Chinese Communist Party (CCP), which is based on economic performance. Rising unemployment could spur social unrest. The middle class might turn against the party. Because economic distress harms different social groups simultaneously, it could facilitate the emergence of a broad anti-CCP coalition.
Moreover, massive economic dislocation could destroy the cohesion of the ruling elites and make them more vulnerable politically. Indeed, members of the ruling elite will be the most immediately affected by financial deleveraging. Those who borrowed recklessly during China’s credit boom are not small private firms or average consumers (household indebtedness in China is very low), but local governments, SOEs, and well-connected real estate developers (many of them family members of government officials). Technically, successful financial deleveraging means restructuring their debts and forcing some of them into bankruptcy.
By definition, such people have the political wherewithal to mount a fierce fight to preserve their wealth. But, given the huge size of China’s credit bubble and the enormous amounts of money needed to recapitalize the banking system, only some of them will be bailed out. Those who are not will naturally harbor resentment toward those who are.
Slower GDP growth undermines elite unity according to a different political dynamic. The current Chinese system is a gigantic rent-distributing mechanism. The ruling elites have learned to live with each other not through shared beliefs, values, or rules, but by carving up the spoils of economic development. In a high-growth environment, each group or individual could count on getting a lucrative contract or project. When growth falters, the food fight among party members will become vicious.
The people who should be most concerned with financial deleveraging and slower growth are President and CCP General Secretary Xi Jinping and Prime Minister Li Keqiang. If the deleveraging process is quick and orderly, they will emerge stronger in time for their reappointment in 2017 (the Chinese political calendar thus dictates that they turn the economy around by the first half of that year).

Xi and Li are inseparably linked with the CCP’s promise of economic prosperity and national greatness, embodied in the official catchphrase, “China dream.” What, then, will they do when faced with a political nightmare?

Minxin Pei is Professor of Government at Claremont McKenna College and a non-resident senior fellow at the German Marshall Fund of the United States.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Atencao Cidadao: o governo planeja roubar 5pc da sua renda...

Na verdade, o governo planeja roubar -- e vai fazer -- muito mais: perto de 38% nominais -- e provavelmente mais de 50% reais -- da sua renda, a títulos de impostos, taxas, contribuições e extorsões de diversos tipos.
O 5% referido no título é apenas a tolerância do governo com a inflação: como todos os "desenvolvimentistas" de araque e de fancaria, personagens do governo acham que se pode aceitar um pouco mais de inflação para, supostamente, se ter um pouco mais de crescimento e de emprego. Na verdade, como a experiência ensina, sempre se tem apenas perdas inflacionárias -- sobretudo para os pobres --, baixo crescimento e, como não desconfia o governo, mais desigualdade distributiva, já que os pobres não tem como se defender da inflação.
O governo sempre canta bravatas, fala muito e faz pouco, quase nada, em termos de reformas e ajustes; sempre quer estimular o crédito, o consumo, o investimento, e na verdade acaba criando bolhas que vão explodir mais adiante, como essa do estímulo -- já é o segundo ou terceiro, desse governo -- às montadoras, como se o problema do brasileiro fosse comprar carro.
O post abaixo, do economista do Ipea Mansueto Almeida, explica muito bem todas as falácias do discurso governamental.
Paulo Roberto de Almeida 

Entrevista do Ministro da Fazenda

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, deu uma interessante entrevista ao jornal folha de São Paulo neste final de semana (clique aqui). Tenho dúvidas quanto a algumas declarações do ministro e destaco três passagens da entrevista.
1) DEMANDA SEM FÔLEGO: “Acho isso quase uma piada. O endividamento das famílias brasileiras é dos menores do mundo. Sabe qual é o comprometimento de orçamento das famílias brasileiras [com o pagamento de dívidas]? Em torno de 20% a 22%. Sabe quanto é nos Estados Unidos? Na maioria dos países, é acima de 80%. Nós somos o lanterninha em termos de endividamento.”
Não é possível que uma família gaste 80% da sua renda com o serviço da dívida. Na verdade, o gasto com juros de uma família americana refere-se ao serviço da dívida com financiamento habitacional que alcança 31,5% da renda das famílias (clique aqui). E no caso de financiamento habitacional, esse tipo de divida está atrelada a um ativo que, em épocas normais, se valorizava ao longo do tempo.
Isso é bem diferente das pessoas se endividarem para comprar um carro que tem uma elevada depreciação e, a depender dos juros e da entrada na compra do veículo, em pouco tempo você pode acabar com uma dívida maior do que o valor do bem financiado.
Neste domingo o jornal Estado de São Paulo fez uma matéria sobre esse assunto baseado em estudo da MB Associados que mostra que o comprometimento com o serviços da dívida das famílias de baixa renda já é próximo de 30% da renda familiar e que, em muitos casos, essas dívidas foram contraidas para financiar a compra de um carro novo, que depois é vendido a preço de banana.
Ao que parece, o Ministro da Fazenda acredita que o espaço para aumentar o consumo via crédito ainda é enorme e por isso a cruzada para os bancos emprestarem mais à qualquer custo. Seria bom as pessoas lembrarem que, se não conseguirem pagar a escola dos filhos ou seus gastos com comida e vestuário porque compraram um carro novo, o Ministro da Fazenda não vai pagar a conta.
2) PLANO B PARA CRISE: “Nós temos todos os instrumentos para neutralizar…… A situação fiscal é melhor que em 2008. Temos já a expertise. Aprendemos em 2008 e 2009. Ali, a gente estava começando. Então, às vezes, demorava um mês, dois, para bolar uma medida. Agora somos muito rápidos.”
Isso, infelizmente, não é verdade e economistas do governo por diversas ocasiões já desmentiram essa tese do ministro. A situação fiscal de 2008 era muito melhor do que a situação fiscal atual. Em 2008, por exemplo, a despesa primária teve uma redução de 0,7 ponto do PIB (passou de 17,12% do PIB em 2007 para 16,42% do PIB em 2008), apesar do crescimento do investimento público de 0,82% para 0,93% do PIB.
O ano de 2008 foi um ano no qual a despesa de pessoal, previdência, gastos com subsídios e outras despesas de custeio caíram em relação ao PIB. A folga fiscal foi tão grande que o governo capitalizou o Fundo Soberano com R$ 14,2 bilhões, aumentou o investimento e ainda cumpriu o primário cheio. Adicionalmente, ao contrário de 2011, a arrecadação federal cresceu apenas 0,38 ponto do PIB e a receita líquida do Tesouro Nacional foi levemente reduzida.
Nada disso vale para 2011-2012. Quando se tem o cuidado de retirar a receita e despesa decorrente do processo de capitalização da Petrobras, o famoso truque contábil de 2010, a arrecadação federal passou de 22,41%, em 2010, para 23,91% do PIB em 2011; crescimento de 1,49 pontos do PIB. Infelizmente, esse crescimento tão forte da arrecadação não se transformou em um crescimento do investimento público, apesar de, recentemente, o Tesouro Nacional ter revisado o dado de investimento público de 2010 e 2011 (diminuiu o investimento de 2010 e aumentou o de 2011). Mas mesmo com essa revisão, a expansão do investimento público foi pequena (0,10 ponto do PIB) frente ao crescimento da receita.
Por fim, para aqueles que não se lembram, no inicio de 2008, o estoque dos empréstimos do Tesouro Nacional para o BNDES era de menos de R$ 10 bilhões. Esse valor, em fevereiro deste ano, já era de R$ 311 bilhões; o que significa que, ao contrário do que afirma ministro, o poder de fogo do governo federal pela via da expansão dos empréstimos do Tesouro para o BNDES também é mais limitado.
3) INFLAÇÃO EM 2012: Será menor que a do ano passado. Por enquanto, está na casa do 5,2%, 5,1%. No ano passado, foi 6,5%. Se ficar onde está, fica bom para nós.
O que significa esta frase do ministro que “se ficar onde está, fica bom para nós?” Acho que agora está claro que o governo não tem intenção de perseguir mais o centro da meta (4,5%). Para o governo, parece que uma inflação de 5% ou mesmo 5,5% ao ano não faz muita diferença. Resta saber se o Banco Central pensa igual ao governo federal.
Em resumo, não acho que haja espaço para o crescimento do crédito ao consumidor como o ministro fala (olhem o trabalho da MB Associados), a questão fiscal hoje é pior que em 2008 e o saldo dos empréstimos do  Tesouro ao BNDES já é muito elevado. Tudo isso significa que, mesmo com a recupearação do crescimento do PIB no próximo ano, o nosso ritmo de crescimento mudou de patamar (para baixo).

sexta-feira, 30 de março de 2012

AAs (Anonimos Adesistas) e a esquizofrenia economica...

Um Anônimo Adesista, ou seja, alguém que tem mais vergonha de defender o governo do que de atacar este simples blogueiro -- que não tem nenhum outro poder, a não ser o do teclado e o da postagem --, enviou um comentário a propósito deste post: 



Anônimo deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Tentando entender, e nao entendendo: quem entender...": 

Eu explico ao senhor: políticas de austeridade *fiscal*; políticas expansionistas *monetárias*. 
Inteligência não é o seu forte mesmo. 

Ou seja, ele não explicou absolutamente nada, mas pensa ter me dado uma lição.
Ele deve pensar, certamente, que a fiscalidade se exerce com fiscais, ou que talvez, a austeridade fiscal seja gastar menos abobrinhas, menos melancias, menos bananas.
Em outros termos, o governo gasta menos abobrinhas e, em contrapartida, como ele tem uma política expansionista monetária, como admite este AA, ele pode colocar mais dinheiro no mercado, e isso se combina perfeitamente com a austeridade fiscal.
Entenderam?
Pois é, a gente sempre aprende economia com os doutos e inteligentes que por aqui aparecem...
Paulo Roberto de Almeida 

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

FMI: sempre se mete onde nao deve...

Mas quem pensa que é o FMI, para se meter assim despudoradamente na boa gestão macroeconômica brasileira, para vir dar lições de bom comportamento monetário e creditício, quando justamente o governo se esforça para preservar empregos, escapar da recessão e fazer com que todos possam consumir como merecem?
Esse FMI precisa aprender a cuidar desses irresponsáveis europeus...
Paulo Roberto de Almeida

ALÉM DO CÂMBIO, FMI ALERTA SOBRE "BOLHA" DO CRÉDITO NO BRASIL!

(BBC, 22/09/2011). O FMI alertou nesta quarta-feira que o rápido crescimento do crédito no Brasil representa um risco à estabilidade.  No “Relatório sobre a Estabilidade Financeira Global", lançado nesta quarta-feira, em Washington, o FMI cita o exemplo do Brasil ao lado da também emergente Turquia.  "(Nesses países) A qualidade dos empréstimos parece forte na superfície, mas a rápida expansão do crédito doméstico representa um desafio chave para a estabilidade futura", diz o documento. O risco de aumento excessivo do crédito já motivou medidas do governo brasileiro para restringir a concessão de empréstimos e controlar a inflação. Segundo o FMI, os grandes fluxos de capital que invadiram muitos emergentes – entre eles o Brasil – após a crise econômica mundial ajudaram a alimentar a expansão na liquidez e no crédito.