O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

Meu Twitter: https://twitter.com/PauloAlmeida53

Facebook: https://www.facebook.com/paulobooks

Mostrando postagens com marcador fracasso garantido. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador fracasso garantido. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Alianca do Pacifico, Desalianca do Atlantico - Editorial Estadao

Caro leitor: a pergunta é prosaica, mas merece ser feita: vc prefere viver num pais que promove o livre comércio ou que incita o protecionismo?
Pense no seu bolso, antes de se declarar  patriota. Como já disse alguém, o patriotismo é o último refúgio dos canalhas. Vc é um ser humano...
Paulo Roberto de Almeida 

Início do conteúdo

A Aliança do Pacífico avança

Editorial O Estado de S.Paulo, 16 de fevereiro de 2014 
A Aliança do Pacífico, bloco formado por México, Colômbia, Peru e Chile, reduziu a zero as tarifas de mais de 90% dos produtos comercializados entre seus membros. Os demais produtos, todos do setor agrícola e considerados sensíveis, serão zerados em até 17 anos. Está liberada também a circulação de capitais e serviços, com integração inclusive de mercados financeiros. Considerando-se que essa aliança existe formalmente há menos de dois anos, os progressos são impressionantes - ainda mais se comparados à letargia do Mercosul, cujos projetos de integração se arrastam há mais de duas décadas.
Em poucas palavras, a diferença entre um e outro está na visão de mundo: enquanto os países do Pacífico apostam no livre mercado, os parceiros do Mercosul dão cada vez mais ênfase ao estatismo - uma doença que empobrece países importantes, como Argentina e Venezuela - e à ideologia, que, em nome de um suposto resgate dos pobres e dos oprimidos, repele investidores, criminaliza o lucro e condena a região ao atraso crônico.
A intenção da Aliança do Pacífico não é modesta: pretende ser o principal polo de atração de investimentos na América Latina e quer ser a ponte para uma eventual integração com a Ásia - China, Coreia do Sul e Japão já são observadores do bloco. A aliança reúne hoje 212 milhões de habitantes, e seu Produto Interno Bruto (PIB) somado representa 36% do PIB latino-americano. Vários países da América Central, como Costa Rica e Panamá, já manifestaram interesse em aderir, para não perder a chance de integrar um projeto que tem sido visto no resto do mundo como a mais importante iniciativa de comércio internacional no continente.
O acordo recém-assinado serve também para resolver o desequilíbrio causado pelos vários tratados de livre-comércio firmados individualmente pelos países do bloco com os Estados Unidos e a União Europeia. Graças a esses tratados, diversos produtos comercializados no interior da Aliança do Pacífico eram menos competitivos do que os artigos americanos e europeus. Agora, com quase todas as tarifas eliminadas, a competição tende a se restabelecer.
Para os signatários do acordo, trata-se de mais uma prova de que a aliança está fundada em políticas que visam a flexibilizar cada vez mais as relações comerciais, que preservam a previsibilidade da política econômica, que reduzem a burocracia e que, principalmente, respeitam os contratos em vigor. Em 2012, quando recebeu a visita de empresários e políticos espanhóis interessados em investir na Colômbia, o presidente Juan Manuel Santos lhes disse: "Aqui não expropriamos" - poucos dias antes, o governo da Argentina havia tomado da petrolífera espanhola Repsol sua participação na YPF.
O Mercosul, por sua vez, está cada vez mais atado ao bolivarianismo, que hostiliza os investimentos estrangeiros, ergue barreiras comerciais e reluta em relacionar-se com os europeus e, principalmente, com os americanos. A presença da Venezuela na presidência do bloco diz tudo sobre a prevalência da fantasia sobre a razão no Mercosul.
Como resultado, seus membros aparecem entre os últimos colocados no ranking do Banco Mundial que analisa o ambiente de negócios na América Latina. O Uruguai é o 12.º entre os 33 países analisados, seguido do Brasil (23.º), da Argentina (26.º) e da Venezuela - a lanterninha. Os da Aliança do Pacífico ocupam quatro das cinco primeiras posições.
Mas nem tudo é contraste entre a Aliança do Pacífico e o Mercosul. Um dos objetivos dos fundadores da Aliança é "promover o crescimento econômico, o desenvolvimento e a competitividade das economias dos países-membros, buscando atingir maior bem-estar, superando a desigualdade socioeconômica e promovendo uma maior inclusão social de seus habitantes". Meta idêntica à do Mercosul, como não se cansam de afirmar seus líderes populistas. No entanto, não será necessário muito tempo para constatar que o modelo da Aliança, baseado no livre-comércio e não no atraso ideológico, é o único capaz de cumprir o que promete.

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Brasil persiste no erro da ajuda ao desenvolvimento do ultimo meio seculo

Ajuda ao desenvolvimento raramente traz desenvolvimento. Só ajuda elites corruptas a manterem estruturas espoliativas dos mais pobres. Leiam William Easterly para comprovar o que digo: paises "ajudados" nunca se desenvolveram, só se tornam dependentes da ajuda externa.
Brasil persiste no erro. 
Paulo Roberto de Almeida 

Brasil eleva ajuda a países da América Latina e África


Lígia Formenti / BRASÍLIA
O Estado de S.Paulo, 23/09/2013

Relatório do Development Initiatives que será lançado nesta segunda-feira, 23, na Assembleia-Geral das Nações Unidas mostra que o Brasil é o quarto maior financiador de projetos de cooperação fora do Comitê de Ajuda ao Desenvolvimento, da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) - atrás de Japão, Noruega e Alemanha. Em 2010, o Brasil destinou US$ 1 bilhão para 124 países. A maior parte (69%) para América Latina e Caribe. A África Subsaariana recebeu 23% dos recursos.
Os números refletem o esforço do País para ampliar sua participação no cenário internacional. Entre 2005 e 2010, os recursos destinados à cooperação mais que dobraram. O crescimento foi direcionado sobretudo para operações de paz e ações de assistência humanitária. E com endereço certo: o Haiti. Em 2010, 80% dos financiamentos para operações de paz foram feitos para aquele país - US$ 301 milhões do total de US$ 377 milhões.
Depois de operações de paz e assistência humanitárias, o Brasil financiou projetos de cooperação técnica, científica e de cunho educacional. Apenas parte dos projetos de cooperação técnica teve como alvo países pobres - o principal foco nesta área foi buscar parceiros dentro da América Latina.
Saldo. Embora tenha ampliado sua participação nos financiamentos, o Brasil continua a figurar como receptor de recursos. O País recebe a mesma quantia que destina aos financiamentos: US$ 1 bilhão.
O relatório indica que os projetos de assistência ao Brasil cresceram, em números absolutos, 70% entre 2000 e 2001. No entanto, quando comparado à renda nacional, os investimentos caíram. O levantamento destaca a redução significativa do número de pessoas vivendo com menos de US$ 1,25 por dia. De 1999 a 2009, caiu de 20 milhões para 12 milhões.

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Fracassos de um governo que nao acredita em setor privado - Celso Ming

Falhou

O Estado de S.Paulo, 16 de setembro de 2013 | 20h00
Celso Ming

A principal fonte das apreensões que cercam mais um malogro em leilões de concessões de serviços públicos é a reação imatura do governo federal, que reflete despreparo.
Não houve interesse para as obras da BR-262, a rodovia que liga os Estados de Minas Gerais e do Espírito Santo, que integram o primeiro lote de leilão de concessões da área. A outra, a BR-050, entre Minas Gerais e Goiás, teve oito consórcios interessados, mas, entre eles, nenhuma empresa estrangeira.

Mantega. “Questões políticas” (FOTO: Hélvio Romero/Estadão)
Há meses o modelo de concessões vem sendo apontado pelo governo Dilma como símbolo da virada no crescimento do PIB e como aposta para a nova era da infraestrutura nacional. Só o pacote para rodovias, ferrovias, portos e aeroportos prevê quase R$ 200 bilhões em investimentos. Nos discursos pronunciados nas últimas semanas, a presidente Dilma vinha reforçando a perspectiva de sucesso. O tom previamente triunfalista, na base do “agora, sim, vocês vão ver”, levava jeito de tentar compensar o fracasso do leilão do trem-bala, em agosto, e de concessões rodoviárias anteriores (BR-040, BR-116 e BR-262).
desenxabida surpresa do governo com o fiasco do leilão da BR-262 é a principal nota negativa. Depois de tanta expectativa, nem o ministro dos Transportes, César Borges, nem o ministro da Fazenda, Guido Mantega, a quem foi confiada a liderança das negociações preparatórias do empreendimento, tinham noção do que acabaria acontecendo, sinal de que, de fato, não controlaram o processo.
Em seguida, as declarações de Mantega, que atribuíram o fracasso de uma obra com repercussões perenes no Brasil “a questões políticas” menores, reforçam a impressão de erros nas negociações. Se, como declarou logo em seguida o ministro, os maiores empecilhos foram de natureza política paroquial (e não técnica), então o governo falhou na tarefa de viabilizar politicamente o novo jogo, especialmente quando se sabia que partem de dentro do governo as maiores resistências às concessões de serviços públicos.
Desta vez, há grande interesse do governo em atrair capitais estrangeiros para os novos investimentos. Os ministros Guido Mantega e Gleisi Hoffmann, da Casa Civil, se encarregaram de vender os empreendimentos em “road shows” no exterior. No entanto, até agora, esses capitais se mantiveram arredios, como já ficara evidente no cancelamento do leilão do trem-bala.
Tudo isso sugere que a modelagem dos leilões carrega vícios que precisam de pronta correção. A fragilidade das regras do jogo deve ser um deles. Por pressões do governo federal, reajustes de pedágio previstos em contrato foram revogados para atender às pressões das manifestações de junho. A falta de comprometimento do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) também está sendo apontada como obstáculo à remuneração pelas obras da BR-262.
Deficiências em estudos preliminares podem ser outra explicação para o insucesso. No entanto, a falta de confiança num governo que mantém em postos importantes gente para a qual o capital privado é sempre suspeito e não deve ser convenientemente remunerado “porque as concessões envolvem risco zero” pode ser o maior problema.

domingo, 21 de julho de 2013

O fracasso da "matriz economica" do governo - Editorial O Globo

ECONOMIA
Editorial O Globo, 20/07/2013

A prévia da inflação de julho, dada pelo IPCA-15, foi de 0,07% contra 0,38% em junho. Confirma-se, assim, a esperada diminuição da pressão inflacionária neste início de segundo semestre. Em bases anualizadas, o IPCA volta a ficar abaixo do teto da meta (6,5%) — o que não significa que ele esteja “dentro da meta”, na verdade, de 4,5%, com dois pontos percentuais a mais ou a menos.
Desanuvia-se um pouco o cenário econômico, dentro de sua mediocridade. O ministro Guido Mantega acha que a economia poderá crescer este ano entre 2,5% e 3%. Como ministro da Fazenda é um otimista profissional, chegar aos 2,5% será um resultado muito bom, depois do 0,9% de 2012.
O front inflacionário, por sua vez, continua insolúvel, até onde a vista alcança. Na melhor hipótese, fechará o ano nas redondezas dos 6%, talvez um pouco abaixo, se tudo der certo, e não será muito diferente em 2014, quando a presidente Dilma encerrará o mandato sem ter alcançado a meta de 4,5% — já elevada, até para os padrões de economias emergentes.
E há problemas pela frente, devido à contenção artificial de preços administrados — combustíveis, tarifas de transportes, por exemplo. Um dia, mostra a própria experiência brasileira, estes preços terão de ser descomprimidos, por razões fiscais. Com um óbvio efeito na inflação.
No plano das contas externas, há a ameaça de um déficit comercial, o primeiro desde 2000. Existem, por trás desta previsão — impensável há pouco tempo —, efeitos da queda de cotações de commodities, provocada pelo desaquecimento chinês, e da incapacidade brasileira de, por meio da redução consistente do “custo Brasil”, dotar a economia de capacidade de competição em outros segmentos, além das matérias-primas. Ao contrário, a reação tem sido o protecionismo defensivista. Não se irá a qualquer lugar por esta rota — como também mostra a história da economia brasileira, rica em experimentos heterodoxos fracassados.
Todo este quadro pouco animador deriva de um meticuloso projeto — hoje visivelmente fracassado — de desmontagem da política do “tripé” — câmbio flutuante, metas rígidas de inflação e de superávit primário —, substituído por uma “nova matriz econômica”. Sem que esta mudança fosse assumida formalmente.
A operação-desmonte do “tripé”, iniciada a partir do final do primeiro mandato de Lula, foi acelerada com Dilma na Presidência: queda de juros, sem maiores cuidados com a inflação e gastos públicos.
O BC foi hábil em aproveitar o agravamento da crise europeia e cortar a Selic. Os exageros nos gastos e o turbinamento excessivo no consumo, somados ao desestímulo ao investidor privado devido a um intervencionismo preocupante do governo, produziram a atual conjuntura de baixo crescimento, inflação alta, escassos investimentos e pouco dinamismo exportador.

O BC já começou a agir na luta contra a inflação. Falta o resto.

domingo, 5 de maio de 2013

Fracasso da reforma agraria dos companheiros, de qualquer reforma agraria...

Na verdade, não é por falta de assistência técnica que esse projeto, como tantos outros, aliás a maioria, fracassou. Mesmo se houvesse assistência técnica ele teria fracassado três vezes. Simplesmente, os militantes do MST que forçaram a reforma numa grande propriedade capitalista não tinham capacidade, competência, nenhuma cultura camponesa, ou simplesmente rurícola, para tocar o projeto adiante. Se tratava apenas de uma tese política, a luta contra o capitalismo e o agronegócio, não de reforma agrária, que já tinha ficado ultrapassada no final dos anos 1960. Os companheiros nunca perceberam que o futuro do Brasil está no agronegócio, não na reforma agrária, e a pequena propriedade poderia conviver tranquilamente com esquemas de mercado do agronegócio (do qual também faz parte, na sua escala especializada), desde que princípios de mercado tivessem sido aplicados.
Ninguém pode achar que assistência permanente -- o que significa dependência -- é a solução para os pobres do campo, manipulados por esse partido político neobolchevique que se chama MST.
O Brasil perdeu anos e anos com bobagens, e milhões de reais foram consumidos inutilmente, com as fantasias esquizofrênicas dos companheiros e dos criminosos do MST.
Paulo Roberto de Almeida


De antigo império da soja à maior favela rural no interior do Brasil

GERMANO OLIVEIRA, ENVIADO ESPECIAL
O Globo, 5 Maio 2013

  • Assentamento em MS é símbolo de reforma agrária fracassada, sem assistência técnica



Itamarati é alvo de especulação imobiliária e não garante renda aos trabalhadores rurais
Foto: Michel Filho / O Globo
Itamarati é alvo de especulação imobiliária e não garante renda aos trabalhadores rurais Michel Filho / O Globo
PONTA PORÃ (MS) — O ex-militante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Ilmo Ivo Braun, um catarinense de 64 anos, mal consegue caminhar. O pé inchado não o deixa andar pela lavoura de milho, plantada em seu pequeno lote de seis hectares, recebido a título de reforma agrária. Ele mora sozinho, sem filhos, na casinha sem reboco, construída com os R$ 15 mil recebidos do Instituto de Colonização e Reforma Agrária (Incra), há 11 anos. Esse foi o único subsídio recebido desde que ele obteve a terra, depois de passar um ano acampado numa barraca de lona à espera do tão sonhado quinhão de terras. Sem apoio para plantar, Ilmo arrenda o lote para grandes fazendeiros da região. Dinheiro que complementa os R$ 678 que ganha de aposentadoria.
O arrendamento é ilegal. Mas foi a alternativa que encontrou para não cometer o mesmo crime de vizinhos, que aceitaram a tentadora oferta de R$ 150 mil para vender a propriedade.
— Lutei para ter este lote. Não vendo por nada. Seria pior se estivesse na cidade. Já teria morrido de fome. Aqui tenho uns porquinhos e umas galinhas. Vou morrer aqui — prevê Ilmo, um dos agricultores que receberam lotes no Assentamento Itamarati, em Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul, na divisa com o Paraguai, como parte do maior projeto de reforma agrária implantado no país.
Pequenos agricultores não têm crédito e assistência
Ilmo é um exemplo acabado de que a reforma agrária fracassou no local. O governo gastou R$ 245 milhões para desapropriar a área de 50 mil hectares da Fazenda Itamarati, que pertencia ao então “rei da soja” Olacyr de Moraes. Com o empresário à beira da falência, o local foi invadido pelos sem-terra em 2000 e lá foram assentadas pelo Incra a partir de 2002 um total de 2.837 famílias ligadas ao MST, à CUT, à Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetagri) e à associação dos ex-funcionários da propriedade. O Incra perdeu o controle da imensa área, jogando as 16 mil pessoas que lá habitam hoje a toda sorte de infortúnios.
Sem financiamentos ou assistência técnica, os pequenos agricultores não conseguem sobreviver da lida no campo. Até traficantes de drogas arrendam terras por lá. Tem fazendeiro que arrenda até 15 lotes. Para sobreviver, pelo menos 2.000 famílias de assentados recebem Bolsa Família, segundo o prefeito de Ponta Porã, Ludimar Novaes (PPS).
A pobreza do campo ganhou ares de favela na área de 400 hectares que o Incra reservou para ser a vila urbana do assentamento, hoje administrada pela Associação dos Moradores do Assentamento Itamarati (Ampai), com 360 famílias, que moram em barracos sem luz, sem água encanada e com ruas esburacadas. Quase todos ali são invasores, como diz o presidente da Ampai, José Roberto Roberval Barbosa Leila.
— O problema maior é a falta de apoio do Incra. Estou assentado aqui há oito anos e só no ano passado consegui um financiamento de R$ 21 mil do Pronaf. Muitos passam fome, vivem de Bolsa Família ou cestas básicas dadas pelas igrejas e acabam vendendo os lotes para morar na cidade e lá trabalhar como ajudante de pedreiro — resume Barbosa Leila.
O Incra promete iniciar este ano, com atraso de três anos, a titulação das terras, que ainda pertencem à União. Sem documentação, os bancos não liberam financiamentos.
Esse é o caso de José Brasil dos Santos, há oito anos no lote. Nunca conseguiu financiamentos.
— Meu pai pensa em arrendar a terra. Este ano meu tio plantou milho aqui, o que deu uma pequena renda, mas só para a gente não passar fome — diz seu filho José Carlos dos Santos.
MPF denunciou “imobiliária”
Além da dificuldade para a obtenção de empréstimos, o próprio Incra paralisou a análise de novos projetos no estado há três anos, depois que o órgão mergulhou numa profunda crise. O ex-superintendente Waldir Cipriano Nascimento, demitido em agosto de 2010, chegou a ser preso na “Operação Tellus”, desencadeada pela Polícia Federal e Ministério Público Federal (MPF) contra a venda de lotes da reforma agrária no Sul do estado. O desvio apurado no esquema é de R$ 12 milhões. No Itamarati, o escritório do Incra está inativo há dois anos.
Os que conseguem sobreviver da agricultura e ter renda melhor são os que se dedicam à produção de gado e leite. Muitos venderam seus lotes. Estima-se que 1.200 famílias, ou 40% do total assentadas, já comercializaram lotes, mas o Incra só admite que 550 negociaram as terras. No fim do ano passado, o MPF denunciou integrantes do que chamou de uma “imobiliária” que comercializava lotes.
A antiga fazenda Itamarati, transformada no maior assentamento agrário do país, foi praticamente destruída. Silos e armazéns de grãos estão apodrecendo. A casa-sede da fazenda hoje é ocupada pelos padres do assentamento. A prefeitura de Ponta Porã aguarda até o dia em que o Incra conceda a área para o município. Ali, quer que nasça uma nova cidade.
 http://oglobo.globo.com/pais/de-antigo-imperio-da-soja-maior-favela-rural-no-interior-do-brasil-8294519#ixzz2SR1D60JR
© 1996 - 2013. Todos direitos reservados a Infoglobo Comunicação e Participações S.A. Este material não pode ser publicado, transmitido por broadcast, reescrito ou redistribuído sem autorização. 

domingo, 30 de dezembro de 2012

Economia dilmista: dois anos de fiasco - Editorial Estadao

Comentário inicial Paulo Roberto de Almeida:
Não existe novo modelo econômico, ou se existe não é modelo, e não é econômico, e sim uma vontade política, inscrita na mesma vertente autoritária que caracteriza o partido dos companheiros, e que pretende baixar os juros por decreto, e aumentar o consumo, como se isso garantisse crescimento. O que o governo está conseguindo é maior inflação e menor investimento, e portanto menor taxa de crescimento, em face das crescentes intervenções improvisadas do governo na economia. O ambiente macroeconômico é o mais confuso possível, pois não se sabe o que o governo vai ainda encontrar para o que ele chama de estímulo à economia. Manifestamente, o governo não confia nos mercados, e prefere usar seus próprios recursos para produzir, politicamente, crescimento. O que consegue, na verdade, é menos crescimento e mais inflação.
Paulo Roberto de Almeida  

Dois anos de fiasco econômico
Editorial O Estado de S.Paulo, 30/12/2012

A presidente Dilma Rousseff completa meio mandato com um balanço econô­mico assustador - dois anos de produ­ção estagnada, in­vestimento em que­da, inflação longe da meta, exporta­ção emperrada e contas públicas em deterioração. Desemprego baixo e um consumo ainda vigoroso são os dados positivos, mas insuficientes pa­ra garantir a reativação de uma indús­tria sem músculos para disputar espa­ço nos mercados. Sobram palavras: um discurso triunfal sobre um "novo modelo macroeconômico", baseado em juros mais baixos e câmbio me­nos valorizado, promessas de gran­des obras de infraestrutura e de refor­mas de amplo alcance. De concreto, houve a redução dos juros, o que cer­tamente contribuiu para o aumento da popularidade de Dilma. Um balan­ço provisório basta para mostrar o al­to custo dos erros cometidos em dois anos pelos condutores da política eco­nômica, liderados, é bom lembrar, por uma presidente voluntariosa.
O crescimento econômico deste ano está estimado em torno de um por cento por economistas do Banco Central (BC), do mercado financeiro e das consultorias mais importantes. Esse resultado seria em em qual­quer circunstância, mas no caso brasileiro há uma circunstância especial.
No ano anterior o Produto Interno Bruto (PIB) havia aumentado apenas 2,7%. O País perdeu o passo entre os emergentes de todo o mundo. Este detalhe é importante, porque desqua­lifica as tentativas de atribuir o mau desempenho brasileiro à crise global, ao tsunami monetário criado pelos bancos centrais do mundo rico e à má vontade dos deuses.
Os problemas são internos, todos fabricados no Brasil por uma política há muito tempo defeituosa e piorada pela teimosia do atual governo. Se­gundo o Tesouro, os investimentos do governo central foram de janeiro a novembro 22,8% maiores que os de um ano antes e atingiram R$ 54,9 bi­lhões. Mas isso eqüivale a pouco mais de 50% do total previsto no Orçamen­to. Além disso, o valor inclui os finan­ciamentos do programa Minha Casa, Minha Vida e boa parte dos desembol­sos foi de restos a pagar. Se depender da eficiência federal, continuarão fal­tando investimentos tanto para reati­var a economia em 2013 quanto para garantir um crescimento mais vigoro­so nos anos seguintes,
Tudo somado, o valor investido pe­lo setor privado, pela administração pública direta e pelas estatais deve ter ficado em torno de 18% do PIB. Em outros países latino-americanos ja proporção ultrapassa 25% e nos emergentes da Ásia supera 35%. Além disso, é preciso levar em conta a qualidade dos projetos e a eficiência da execução. Não basta investir. Os al­vos podem ser mal escolhidos e o dinheiro, desperdiçado. O histórico dos projetos federais, tanto da administração direta quanto das estatais, tem sido muito em há vários anos. Aparelhamento, loteamento de car­gos, incompetência e corrupção têm custado muito caro.
A inflação alta contrasta com o bai­xo ritmo de atividade. Em outros paí­ses, tolera-se alguma alta de preços para garantir algum impulso à econo­mia, e sempre por um tempo muito li­mitado. No Brasil, o governo vem mantendo há vários anos a meta de 4,5%, muito alta quando comparada com os padrões internacionais. Neste ano, o BC cortou juros e renunciou a combater o aumento de preços, em troca de um crescimento econômico humilhante para um Brics.
Os preços ao consumidor medidos pela Fundação Getúlio Vargas e in­cluídos no IGPM subiram 5,79% nes­te ano, De novembro para dezembro houve aceleração de aumentos em seis dos oito componentes do indica­dor, O IPCA, calculado pelo IBGE e usado como referência para a política oficial, aumentou 5,53% nos 12 meses terminados em novembro. A alta in­ternacional dos preços agrícolas foi obviamente apenas uma parte dessa história.
A balança comercial refletiu a fra­queza da indústria diante dos compe­tidores, o erro de uma política de estí­mulos voltada para o consumo e, naturalmente, a dependência excessiva das vendas de matérias-primas à Chi­na. Até novembro, o valor exportado foi 4,9% menor que o de um ano an­tes, pela média dos dias úteis, e o sal­do comercial, 31,1% inferior ao de igual período de 2011. Os números fi­nais do ano devem sair na quarta-fei­ra e confirmarão, com certeza, o alto custo de vários erros políticos.

quinta-feira, 22 de março de 2012

La Journee des Dupes (ou, os enganados voluntarios)

Existem pessoas que gostam de enganar; existem pessoas que gostam de, ou pelo menos admitem, ser enganadas. Existem pessoas que brincam de enganar os outros e fingem acreditar que os outros acreditam nas enganações ativas que praticam.
Enganadores ativos, ou passivos, são basicamente hipócritas, ou seja: em lugar de discutir questões reais, os fundamentos verdadeiros dos problemas detectados, ficam brincando de soluciomática, isto é, identificam uma causa qualquer, geralmente errada, do problema em causa e apontam, invariavelmente, a solução errada, que apenas posterga o problema, e sua solução (que pode ser penosa).
Esses enganadores ativos e passivos acham que todos são idiotas, e vão acreditar nesse balé de mentiras convenientes, de hipocrisias mutuamente consentidas que proclamam.
Enfim, quem quiser passar por idiota, e se deixar enganar, passe bem. Comigo não funciona...
Paulo Roberto de Almeida

PR CONVIDOU GRANDES EMPRESÁRIOS PARA PEDIR MAIS INVESTIMENTOS. 
PR convidou um grupo de 28 grandes empresários e banqueiros do país para conversar e solicitar mais investimentos no setor produtivo, de forma que o Brasil venha a crescer, pelo menos, 4% em 2012. 
A lista de convidados traz nomes dos setores siderúrgico, financeiro, grandes obras, mineração e aviação, entre outros. Pretende mobilizar, motivar e dar o exemplo - como vem dando com as medidas adotadas de defesa comercial e de redução de custo da produção, desoneração da folha de pagamentos e da Resolução 72/2010, por exemplo. 
O governo vem investindo, apesar do esforço para manter o superávit primário: mantém o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e os programas sociais. Ainda as concessões na infraestrutura, e as estatais, como Petrobras e Eletrobras, que mantêm um programa sustentável de investimentos até 2014. O cenário atual da economia brasileira, de equilíbrio macro-econômico, garante ao empresário condições de planejar e investir tanto no mercado externo – particularmente na América Latina - como no interno, que continuará a crescer. O governo ainda aponta para a criação do Eximbank brasileiro e a aprovação, pelo Congresso, da reforma tributária, já que, no front monetário, os juros básicos estão caindo e o governo já deu provas que não vai mais tolerar a guerra fiscal e a comercial, mesmo que tenha que controlar a entrada de capitais especulativos.

GOVERNO VAI REFORÇAR MEDIDAS DE APOIO À INDÚSTRIA. 
A PR discutiu com empresários a ampliação dos investimentos no setor produtivo, governo e empresários firmaram o compromisso de ampliar os investimentos para acelerar o crescimento da economia. O governo vai reforçar medidas de apoio à indústria, como a desoneração da folha de pagamento. A reunião da manhã do presente marcou a convergência entre governo e setor privado em vários aspectos. No entendimento de ambos, o país tem de ser competitivo, porém à "maneira brasileira"e não copiando fórmulas e instrumentos que outros países vêm adotando. Há que preservar o trabalhador, ganhando mais e exercendo o mercado consumidor (políticas de inclusão). A massa salarial crescendo significa a demanda crescendo e estimulando investimentos. O governo vai manter a política de intervenção no câmbio, considerada crucial pelos empresários para dar competitividade à indústria brasileira. Além disso, a equipe econômica pretende acelerar a desoneração da folha de pagamento e os investimentos em infraestrutura e logística. O governo planeja  criar ainda mais facilidades para reduzir o custo dos investimentos, reduzir tributos sobre investimentos, o custo da folha salarial, dos juros, ou seja, viabilizar mais investimentos, para reduzir custos e dificuldades em geral, ante as quais se depara o investidor.
Alguns empresários presentes:
 Jorge Gerdau, presidente do Grupo Gerdau e presidente da preside a Câmara de Políticas de Gestão, Desempenho e Competitividade;
Luiza Trajano, dona do Magazine Luiza e provável futura Ministra das MPMEs;
Paulo Skaf, presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp);
Eike Batista, Grupo EBX; entre outros.

Algumas autoridades presentes:
Fernando Pimentel, MDIC;
Guido Mantega, MF;
Gilberto Carvalho, SG/PR;
Luciano Coutinho, BNDES; entre outros

sábado, 5 de novembro de 2011

Mon sejour en France (2): explicando fracasso de Cannes

Postando aqui um artigo analítico sobre o fracasso da cúpula de Cannes e a liderança de Sarkozy: faltou falar das primeiras tentativas reformistas de Sarkozy, não só "reformar Bretton Woods", o que por si só já seria impossível, como, ainda mais lunático, controlar os mercados de commodities de par le monde, o que, além de impossível, já seria altamente prejudicial ao Brasil.
Mas, enfim, o mundo é assim mesmo: difícil de reformar.
A França, então, não é difícil: simplesmente impossível. Melhor desistir...
Paulo Roberto de Almeida 


Rescuing Cannes from failure
November 3, 2011

After George Papandreou’s surprise decision to ask the Greek people if they would prefer five years of austerity or five years of austerity with a side order of chaos, Nicolas Sarkozy’s best-laid plans for Cannes have had to be, well, canned. He launched his presidency of the Group of 20 leading nations with calls for a new Bretton Woods – a wholesale reconstruction of the international monetary system – and a global plan for renewed growth. Even though the referendum has now been scraped, these grand French aims, some of which were unrealistic anyway, will inevitably take second place to the eurozone’s worsening agonies. Cue the visiting Americans and Chinese calling on the Old Continent to get its act together.
That is unfortunate, and Mr Sarkozy should try to wrest at least part of the agenda back on to the longer-term issues. Behind the scenes, on the lower slopes below the summit, a group of ‘sherpas’ have been working hard. There has been little appetite for fundamental reform a la française. The so-called mutual assessment process, which was supposed to lead to a set of indicators to measure global imbalances, and promote action to correct them, has run into predictable opposition from China, in particular.
But something could be rescued from the wreckage. Of course there will have to be a general commitment to sustaining economic growth. It will only be of value, however, if it is buttressed by specific commitments to strengthen the resources of the International Monetary Fund (and the European financial stability facility) to provide help to the walking wounded, whose problems threaten to derail the summit and, more importantly, the global economy. There is a clear common global interest there, and sometimes peering into the abyss, as the summiteers are now doing, can shift entrenched positions.
A British-led group has been working on unglamorous issues surrounding the Financial Stability Board, proposing that it be given a legal identity and added teeth. That would be a step forward. There are clear signs that the early enthusiasm for global regulatory agreements has dissipated, with many countries going their own way, creating damaging uncertainty in financial markets. That is partly because, between summits, there is no sustained global leadership.
Another group has been working on infrastructure finance. There is a huge need today for investment in transport networks and energy generation in particular. When long-term interest rates are so low there must be some positives from reconnecting finance with investment needs.
We cannot expect an earth-shattering headline deal from Cannes. But often the Palme d’Or winner at the film festival is a disappointment, while some of the second rank offerings can be rewarding, and longer-lasting. That may be the best we can expect this weekend. Ce n’est pas magnifique, but it’s the nature of the economic war we’re in.

The writer is professor of practice at Sciences Po in Paris, and former chairman of the Financial Services Authority, former deputy governor of the Bank of England and former director of London School of Economics.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

A marcha segura do Brasil ao protecionismo: antidumping preventivo

George W. Bush tinha uma doutrina do "ataque preventivo". Podemos condenar, mas era explícita.
O Brasil agora tem uma "doutrina" (se o termo se aplica) do "dumping retroativo", provavelmente usando alguma lacuna, ou ambiguidade, da legislação da OMC sobre antidumping, o que faz do Brasil um país defensivamente protecionista e ativamente obstrutor do comércio exterior.
Acho, pessoalmente, que não vamos chegar a lugar nenhum dessa maneira, a não ser proteger temporariamente algumas empresas, que vão ficar incapacitadas de disputar qualquer mercado, interno ou externo, até que a realidade as alcance em algum momento futuro.
O Brasil pretende continuar enxugando gelo, em lugar de fazer o que é certo, de fazer a única coisa que deveria fazer: corrigir as condições de competitividade internamente.
Paulo Roberto de Almeida


Posted: 12 Sep 2011 07:14 AM PDT
IOB 12.09.11

Resolução CAMEX nº 64, de 09.09.2011 - DOU 1 de 12.09.2011

Disciplina a cobrança retroativa de direitos antidumping e compensatórios.

O Conselho de Ministros da Câmara de Comércio Exterior, com fundamento nos incisos VIII e XV do art. 2º do Decreto nº 4.732, de 10 de junho de 2003, e tendo em vista o disposto no art. 8º da Lei nº 9.019, de 1995, no art. 54 do Decreto nº 1.602, de 1995, e no art. 64 do Decreto nº 1.751, de 1995,

Resolve:

Art. 1º Os direitos antidumping definitivos poderão ser cobrados sobre produtos importados objeto de dumping que tenham sido despachados para consumo em até noventa dias antes da data de aplicação das medidas antidumping provisórias, sempre que se determine, com relação ao produto em questão, que:

I - há antecedentes de dumping causador de dano, ou que o importador estava ou deveria estar ciente de que o produtor ou exportador pratica dumping e de que este causaria dano; e

II - o dano é causado por volumosas importações de um produto a preços de dumping em período relativamente curto, o que, levando em conta o período em que foram efetuadas e o volume das importações objeto de dumping e também o rápido crescimento dos estoques do produto importado, levará provavelmente a prejudicar seriamente o efeito corretivo dos direitos antidumping definitivos aplicáveis, desde que tenha sido dada aos importadores envolvidos a oportunidade de se manifestar sobre a medida.

Parágrafo único. Não serão cobrados direitos sobre produtos que tenham sido despachados para consumo antes da data de abertura da investigação.

Art. 2º Para fins de aplicação do disposto no art. 1º, será considerado que:

I - há antecedentes de dumping causador de dano, quando:

a) os produtos importados objeto de dumping foram objeto de medida antidumping, provisória ou definitiva, aplicada no Brasil.

b) os produtos importados objeto de dumping são ou foram objeto de medida antidumping, provisória ou definitiva, aplicada em terceiro país; e

II - o importador estava ou deveria estar ciente de que o produtor ou exportador pratica dumping e de que este causaria dano, quando a data do conhecimento de embarque dos produtos importados a preços de dumping for posterior à data da publicação da Circular SECEX que deu início à investigação.

§ 1º Os fatores que levaram à conclusão quanto à existência de volumosas importações de um produto a preços de dumping em período relativamente curto constarão da Resolução CAMEX que recomendar a cobrança retroativa de direitos antidumping.

2º Para fins de não pagamento do direito em decorrência do disposto do inciso II, cabe ao importador comprovar, junto à Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), que a data do conhecimento de embarque é anterior à data da publicação da Circular SECEX que deu início à investigação.

Art. 3º Os direitos compensatórios definitivos poderão ser cobrados sobre produtos importados subsidiados que tenham sido internados para consumo em até noventa dias antes da data de aplicação das medidas compensatórias provisórias, sempre que se determine, com relação ao produto em questão, que o dano foi causado por importações volumosas, em período relativamente curto e com possibilidade de prejuízo sério ao efeito corretivo dos direitos compensatórios definitivos aplicáveis.

§ 1º Não serão cobrados direitos sobre produtos que tenham sido despachados para consumo antes da data de abertura da investigação.

§ 2º Os fatores que levaram à conclusão quanto à existência de volumosas importações de um produto em período relativamente curto constarão da Resolução CAMEX que recomendar a cobrança retroativa de medidas compensatórias.

Art. 4º As decisões sobre a cobrança retroativa de direitos antidumping e compensatórios da Câmara de Comércio Exterior (Camex) serão instruídas por Parecer da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

ALESSANDRO GOLOMBIESWKI TEIXEIRA

Ministro de Estado do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Economistas avestruzes: keynesianos keynesianistas e keynesianófilos...

Interessante o que acabo de ler no jornal de hoje: realizou-se no Rio de Janeiro o 4o. Encontro Internacional da Associação Keynesiana Brasileira.
Até aí, tudo normal: crentes da mesma igreja devem realmente se encontrar.
Mas o que poderia acontecer num encontro acadêmico?
Convidarem economistas de diversas correntes, para um saudável debate.

Como? Não fizeram isso?
Só keynesianos keynesianistas e keynesianófilos participaram do encontro???!!
Mas que bela oportunidade perdida...

Eles ficam se confortando mutuamente, entre keynesianos, e o mundo à volta pega fogo.
Voltam para casa felizes e contentes, tendo falado para si mesmos e ouvido exatamente aquilo que queriam ouvir.

Bonito, não é?
Teve até um keynesiano brasileiro que recomendou que o governo usasse a sua "mão forte" (mas de "maneira suave", esclareceu ele), para fazer uma "depreciação a frio" do câmbio, ou seja, um pouco como aqueles dentistas de antigamente que arrancavam dente no alicate, ou aqueles médicos do século 19 que mandavam o sujeito tomar uma garrafa de uisque (bourbon, seria o caso), e depois abriam a barriga "a frio", sem anestesia.
Bela recomendação.

Enfim, meus cumprimentos atrasados aos keynesianos avestruzes pelo seu congresso.

Por fim, leio, estarrecido que:
1) uma economista da UniCamp (só podia ser da Unicamp) disse que "O único meio de conter o déficit não é fazer contenção fiscal, é crescer"!!! (vocês entenderam?)
2) o coordenador do encontro disse que (transcrevo do jornal) "é preciso que se abandone a ideia de austeridade fiscal e se busque responsabilidade no investimento do setor público". (que gracinha!: o Estado investindo mais, ou seja, retirando um pouco mais de dinheiro da sociedade.)

Eu me pergunto em qual planeta vivem esses economistas ditos keynesianos??!!
Não deve ser neste meu planetinha aqui, neste meu Brasil com contas públicas em desequilíbrio, deve ser em outro lugar, cujas coordenadas desconheço.

Rápido, vamos fazer uma vaquinha para comprar um GPS para a Associação Keynesiana Brasileira...

Paulo Roberto de Almeida