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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

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quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Crude Nation: a destruicao da Venezuela pelo petroleo - Raul Gallegos (Nebraska UPress)

Petróleo é uma maldição, para países mal organizados. O Brasil estaria muito melhor hoje, se não tivesse descoberto o pré-sal. Isso atiçou a sanha dos companheiros mafiosos, e quadruplicou sua vontade de roubar. Certo: eles teriam destruído a Petrobras de qualquer jeito, mas talvez muito antes de toda a tragédia, que continuou a ser alimentada pela exuberância do pré-sal, que elevou as ações da Petrobras, deu-lhe um grau de investimento que ela não teria na ausência do pré-sal, não a teria endividado exageradamente, o bandido do Lula não teria modificado a Lei do Petróleo de 1997, não teria criado a Sete Brasil, uma empresa feita inteiramente para roubar em grande escala, não teria criado um enorme problema constitucional na repartição desses royalties que derivaram da modificação da lei, enfim, a desgraça seria menor, e teria tido um desenlace bem antes da agonia que foram os anos da Madame Pasadena.
No caso da Venezuela, o desastre foi muito maior, e o roubo em escala ainda mais gigantesca. A Alba só existiu em função dos petrodólares chavistas, e deve deixar de existir dentro em breve. Enfim, o petróleo na Venezuela foi a maldição absoluta, e o livro de Raúl Gallegos deve trazer promenores a esse respeito.
Dá para ler um excerto, mas está ainda muito caro para comprar. Em seis meses dá para comprar na Abebooks por poucos dólares.
Paulo Roberto de Almeida



Crude Nation
How Oil Riches Ruined Venezuela
Raúl Gallegos

hardcover2016. 256 pp.
9 photographs, 1 map
978-1-61234-770-7
$34.95 t
 


Beneath Venezuelan soil lies an ocean of crude—the world’s largest reserves—an oil patch that shaped the nature of the global energy business. Unfortunately, a dysfunctional anti-American, leftist government controls this vast resource and has used its wealth to foster voter support, ultimately wreaking economic havoc.

Crude Nation reveals the ways in which this mismanagement has led to Venezuela’s economic ruin and turned the country into a cautionary tale for the world. Raúl Gallegos, a former Caracas-based oil correspondent, paints a picture both vivid and analytical of the country’s economic decline, the government’s foolhardy economic policies, and the wrecked lives of Venezuelans.

Without transparency, the Venezuelan government uses oil money to subsidize life for its citizens in myriad unsustainable ways, while regulating nearly every aspect of day-to-day existence in Venezuela. This has created a paradox in which citizens can fill up the tanks of their SUVs for less than one American dollar while simultaneously enduring nationwide shortages of staples such as milk, sugar, and toilet paper. Gallegos’s insightful analysis shows how mismanagement has ruined Venezuela again and again over the past century and lays out how Venezuelans can begin to fix their country, a nation that can play an important role in the global energy industry.
 
Raúl Gallegos, a senior analyst for the consulting firm Control Risks, has been a featured columnist for Bloomberg View, covering Latin American politics, business, and finance. He has been an oil correspondent with Dow Jones and the Wall Street Journal.
"A timely, important book."—Publishers Weekly

"Crude Nation brilliantly paints the reality, and comprehensively expounds the extent and implications of Venezuela’s mishandling of precious and finite oil riches, and its unpropitious economic mismanagement."—Impeccable Business

“Gallegos provides a compelling, enlightening view into the everyday—challenging readers to understand life in one of the world’s most volatile economies.”—Ian Bremmer, president of the Eurasia Group and author of Superpower: Three Choices for America's Role in the World
 
“An invitation to understand the tragedy of one of the richest economies in the hands of an irresponsible and tyrannical government.”—Álvaro Uribe, former president of Colombia
 
“Venezuela’s tragedy was not inevitable. Why did it happen? How could it have been avoided? Who pushed Venezuelan society into the abyss of misery, death and corruption where it now lies? These pages offer interesting clues to answer these questions.”—Moisés Naím, author of The End of Power 
 
“Raúl Gallegos is a sharp-eyed guide to the alternate universe that is contemporary Venezuela. His new book, Crude Nation, makes for a lively, surprising read.”—Paul M. Barrett, author of Law of the Jungle
 
Crude Nation ponders Hugo Chávez’s legacy: an economy run more on magical realism than on either Keynes or Marx. How does a country with the world’s largest oil reserves fail so miserably in virtually every critical sector? Gallegos has a compelling theory why and has more answers than most.”—Ann Louise Bardach, PEN award–winning journalist and author of Without Fidel: A Death Foretold in Miami, Havana, and Washington
Crude Nation is essential reading for those wanting to understand what is happening in Venezuela today and what it will take to turn that nation around.”—Shannon K. O’Neil, Nelson and David Rockefeller Senior Fellow for Latin American Studies at the Council on Foreign Relations and author of Two Nations Indivisible: Mexico, the United States, and the Road Ahead
 
“Raúl Gallegos does a superb job chronicling Venezuela’s myriad woes. No other account captures in such stark terms and vivid detail how calamitous the utter mismanagement of oil riches can be for an economy and society. Crude Nationtells a tragic, cautionary tale—one with untold costs for most Venezuelans.”—Michael Shifter, president of the Inter-American Dialogue think tank 

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Uma outra maldicao do petroleo: barril acima ou abaixo de 100 dolares (draft de 8/07/2014)

As consequências, num e noutro caso, são obviamente diferentes, e não apenas para produtores (rentistas) e consumidores (vítimas?) dessas políticas de transferência de renda para uns e outros.
Um petróleo muito barato, pode, obviamente, derrubar ditaduras populistas e demagógicas, mas também impedir democracias de desenvolver suas próprias fontes de combustíveis fósseis ou alternativas (renováveis), que são, por definição, mais caras.
Mas um petróleo muito caro vai dar, justamente, sobrevida a essas petroditaduras, além de extraordinários lucros para algumas gigantes da área (o que esquerdistas ingênuos sempre acham indecente). Também tem o poder de desenvolver energias alternativas, ou formas mais baratas de desenvolver derivativos e alternativas.
Em todo caso, esta matéria de um administrador de investimentos é interessante pelas informações que contém.
Paulo Roberto de Almeida
PS: esta postagem é de meados de 2014, e por alguma razão ficou parada em meu blog. Desde então, o barril de petróleo despencou a menos de 60 dólares, onde ele se mantem mais ou menos precariamente. Mas a matéria em si é mais importante do que a data deste artigo, aliás bem mais antigo e por isso mesmo resolvo colocar agora como postagem.
Hartford, 24/02/2015

The Hidden Cost of Oil
By Jeff D. Opdyke, Editor of Profit Seeker
The Sovereign Investor, July 8, 2014

Dear Paulo Roberto,

Editor’s Note: This article is the second in our “Best of Sovereign Investor Daily” series. It was originally published on December 18, 2012. All the information below is unchanged from the original publication.

In the early spring of 2011, events unfolded 6,400 miles east of New York City that I am confident most Americans missed. It had the effect of robbing the wallet of everyone reading these words.

During a televised speech to a tense nation, King Abdullah bin Abdulaziz announced to his rapt audience that the kingdom of Saudi Arabia, by royal decree, would give to all civil servants and military personnel two months of salary. University students would receive a two-month stipend. Job seekers would receive the equivalent of $533 a month while hunting for work. Minimum wages were increased; 60,000 law enforcement jobs were created; and 500,000 new houses were to be built across the kingdom at a cost of nearly $70 billion. And that was just the beginning of a $130 billion spending program…

It was all part of a well-orchestrated — and exceedingly expensive — effort by Saudi Arabia to quell months of protests that had roiled the already-anxious kingdom and which were tied to much-broader clashes across the Middle East and North Africa.

King Abdullah had, in effect, bought the peace — for the time being, at least.

For most Americans, the king’s speech seems entirely irrelevant. But it impacts every single one of us every day.

For you see, the costs that King Abdullah imposed on Saudi Arabia that March day suddenly changed the dynamics of the oil market. A new cost structure was added to each barrel of oil pulled from beneath the desert sands — a social cost. And so long as tensions exist across the region between Arabic leaders and local populations that feel oppressed, that social cost is going nowhere but up.

It’s why those who call for lower oil prices are overlooking a crucial piece of the oil market.

I’ve read a lot of jibber-jabber recently about the miniscule costs countries like Saudi Arabia have for lifting oil out of the ground. Some Saudi fields purportedly have lifting costs of just $2 a barrel. Russia’s lifting costs in some instances are said to top no more than $15.

That may be true. But only the addle-brained believe that either of those countries can profitably sell oil anywhere near those levels. They can’t sell oil profitably at $50 a barrel. And it’s because of the social costs.

Buying the peace is how oppressive governments bribe their people and maintain social order — no easy task in parts of the world where religious minorities often rule over very angry majorities comprised of the religious opposition. In many of those countries, human misery is rife and poverty rates range as high as 60% … and hungry, impoverished people are the foot-soldiers of revolution, as Tunisian, Egyptian and Libyan leaders have learned.

Saudi Arabia and Russia are the world’s #1 and #2 oil-producing countries. They’re also political economies that generate lots of animosity and, on occasion, anti-government protests. To assuage the anger that bubbles up — or to keep it below a boil in the first place — both countries throw around huge sums of riyals and rubles.

And the question is: Where does the money come from?

In Russia, oil generates more than 45% of government revenues. In Saudi Arabia, it’s up near 75%.

Leaders in both countries have no choice but to rely heavily on oil to fund the civic largess … which means they have every incentive to manipulate oil prices through production.

Prior to its $130 billion social-spending spree, Saudi Arabia needed oil prices somewhere north of $70 to balance the kingdom’s budget, according to the International Monetary Fund. Now the per-barrel cost is reportedly approaching $100. Russia needs something close to $120.

To be clear, I am picking on the Saudis and the Russians simply because of the size of their oil industries and the political issues with which those countries struggle. But the reality is that social costs also play a similarly large role in Bahrain, Kuwait, Venezuela, Iran and elsewhere, where oil revenue accounts for up to 90% of domestic income.

The United Arab Emirates, for instance, needs oil prices in the $85 range to balance a budget larded with social programs. Tiny Bahrain needs about $119.

$100 a Barrel is Middle-of-the-Road
This is where the argument goes astray that American energy independence — still a giant question mark — will drop oil prices to $50 or below. Unless America is going to produce enough oil for the world — and, honestly, we will never even produce enough for ourselves — it won’t control prices.

Oil prices sustained at $50 a barrel would crimp the ability of oppressive governments to quiet the angry masses. That would lead to potential revolt or overthrow, which would have the perverse effect of pushing oil prices back up, since the risk exists that a regime intolerant of the West would take power and drastically reduce oil supplies to undermine Western economies.

Thus, any time oil prices get so low that they begin to cause societal tinges wherever governments lean on oil to cover their social costs, those countries will naturally rely on the power of the spigot. All they need do is clamp off production until prices reach a more-adequate level.

$100 is Oil’s New Floor

Take a look at this graph. It’s oil as priced in the Middle East. I’ve highlighted $100 to make the point that it’s clear where the floor for oil rests. It’s not a coincidence that oil is bouncing around the range that leading oil nations need to balance budgets that are overloaded with social costs.

Over the last two years, in fact, Middle Eastern oil has traded below $80 a barrel for just 16 days, and that was largely during the overreaction to European debt woes this past summer. More impressive is the fact that these sustained prices above $100 have occurred even as the top three oil nations have been producing barrels at record levels.

Yes; it’s true that U.S. benchmark crude — West Texas Intermediate — will often trade at cheaper prices, and sometimes down into the $80 or $90 range. But oil is priced regionally all over the world. And if oil in the Middle East were to push continually higher from here as nations pay for their social programs, and then U.S. prices would march higher too.

The Future of Oil
I listen to what the disbelievers write when they say oil prices are headed lower. I think about their rationale for oil at $50 or below. But ultimately, their arguments are simplistic and too often built on the nationalistic hoopla about America’s nascent oil renaissance (and there are so many misconceptions about American oil that even their rationale is seriously flawed).

Even if some fields in America can produce oil at a sub-$50 cost, that oil is still subject to global pricing. And when you have oppressive nations spending money furiously to maintain social order, there’s simply no way oil prices spend any time near $50 a barrel outside of a major, global financial upset.

If you recognize that, and if, in turn, you litter your portfolio with energy-related stocks — oil-field servicers, drillers, rig owners, exploration companies and the energy majors — you will protect your standard-of-living as oil prices inexorably rise over time.

Until next time, stay Sovereign …

Jeff D. Opdyke
Editor, Profit Seeker

Editor’s Note: Cheap oil continues to be little more than a dream for Americans, with crude prices pushing ever higher. In the 18 months that have passed since this article was originally released, we’ve had new civil unrest in Iraq, Russia thumbing its nose at the world as it swallows up Crimea, and Venezuela is struggling through economic collapse — all factors determined to keep oil prices high so these countries can stay afloat.  With Middle East and other oil-producing countries dependent on black gold to keep the wheels of government turning and the people placated, the days of cheap oil are long gone.

terça-feira, 8 de julho de 2014

Uma outra maldicao do petroleo: barril acima ou abaixo de 100 dolares

As consequências, num e noutro caso, são obviamente diferentes, e não apenas para produtores (rentistas) e consumidores (vítimas?) dessas políticas de transferência de renda para uns e outros.
Um petróleo muito barato, pode, obviamente, derrubar ditaduras populistas e demagógicas, mas também impedir democracias de desenvolver suas próprias fontes de combustíveis fósseis ou alternativas (renováveis), que são, por definição, mais caras.
Mas um petróleo muito caro vai dar, justamente, sobrevida a essas petroditaduras, além de extraordinários lucros para algumas gigantes da área (o que esquerdistas ingênuos sempre acham indecente). Também tem o poder de desenvolver energias alternativas, ou formas mais baratas de desenvolver derivativos e alternativas.
Em todo caso, esta matéria de um administrador de investimentos é interessante pelas informações que contém.
Paulo Roberto de Almeida

The Hidden Cost of Oil
By Jeff D. Opdyke, Editor of Profit Seeker
The Sovereign Investor, July 8, 2014

Dear Paulo Roberto,

Editor’s Note: This article is the second in our “Best of Sovereign Investor Daily” series. It was originally published on December 18, 2012. All the information below is unchanged from the original publication.

In the early spring of 2011, events unfolded 6,400 miles east of New York City that I am confident most Americans missed. It had the effect of robbing the wallet of everyone reading these words.

During a televised speech to a tense nation, King Abdullah bin Abdulaziz announced to his rapt audience that the kingdom of Saudi Arabia, by royal decree, would give to all civil servants and military personnel two months of salary. University students would receive a two-month stipend. Job seekers would receive the equivalent of $533 a month while hunting for work. Minimum wages were increased; 60,000 law enforcement jobs were created; and 500,000 new houses were to be built across the kingdom at a cost of nearly $70 billion. And that was just the beginning of a $130 billion spending program…

It was all part of a well-orchestrated — and exceedingly expensive — effort by Saudi Arabia to quell months of protests that had roiled the already-anxious kingdom and which were tied to much-broader clashes across the Middle East and North Africa.

King Abdullah had, in effect, bought the peace — for the time being, at least.

For most Americans, the king’s speech seems entirely irrelevant. But it impacts every single one of us every day.

For you see, the costs that King Abdullah imposed on Saudi Arabia that March day suddenly changed the dynamics of the oil market. A new cost structure was added to each barrel of oil pulled from beneath the desert sands — a social cost. And so long as tensions exist across the region between Arabic leaders and local populations that feel oppressed, that social cost is going nowhere but up.

It’s why those who call for lower oil prices are overlooking a crucial piece of the oil market.

I’ve read a lot of jibber-jabber recently about the miniscule costs countries like Saudi Arabia have for lifting oil out of the ground. Some Saudi fields purportedly have lifting costs of just $2 a barrel. Russia’s lifting costs in some instances are said to top no more than $15.

That may be true. But only the addle-brained believe that either of those countries can profitably sell oil anywhere near those levels. They can’t sell oil profitably at $50 a barrel. And it’s because of the social costs.

Buying the peace is how oppressive governments bribe their people and maintain social order — no easy task in parts of the world where religious minorities often rule over very angry majorities comprised of the religious opposition. In many of those countries, human misery is rife and poverty rates range as high as 60% … and hungry, impoverished people are the foot-soldiers of revolution, as Tunisian, Egyptian and Libyan leaders have learned.

Saudi Arabia and Russia are the world’s #1 and #2 oil-producing countries. They’re also political economies that generate lots of animosity and, on occasion, anti-government protests. To assuage the anger that bubbles up — or to keep it below a boil in the first place — both countries throw around huge sums of riyals and rubles.

And the question is: Where does the money come from?

In Russia, oil generates more than 45% of government revenues. In Saudi Arabia, it’s up near 75%.

Leaders in both countries have no choice but to rely heavily on oil to fund the civic largess … which means they have every incentive to manipulate oil prices through production.

Prior to its $130 billion social-spending spree, Saudi Arabia needed oil prices somewhere north of $70 to balance the kingdom’s budget, according to the International Monetary Fund. Now the per-barrel cost is reportedly approaching $100. Russia needs something close to $120.

To be clear, I am picking on the Saudis and the Russians simply because of the size of their oil industries and the political issues with which those countries struggle. But the reality is that social costs also play a similarly large role in Bahrain, Kuwait, Venezuela, Iran and elsewhere, where oil revenue accounts for up to 90% of domestic income.

The United Arab Emirates, for instance, needs oil prices in the $85 range to balance a budget larded with social programs. Tiny Bahrain needs about $119.

$100 a Barrel is Middle-of-the-Road
This is where the argument goes astray that American energy independence — still a giant question mark — will drop oil prices to $50 or below. Unless America is going to produce enough oil for the world — and, honestly, we will never even produce enough for ourselves — it won’t control prices.

Oil prices sustained at $50 a barrel would crimp the ability of oppressive governments to quiet the angry masses. That would lead to potential revolt or overthrow, which would have the perverse effect of pushing oil prices back up, since the risk exists that a regime intolerant of the West would take power and drastically reduce oil supplies to undermine Western economies.

Thus, any time oil prices get so low that they begin to cause societal tinges wherever governments lean on oil to cover their social costs, those countries will naturally rely on the power of the spigot. All they need do is clamp off production until prices reach a more-adequate level.

$100 is Oil’s New Floor

Take a look at this graph. It’s oil as priced in the Middle East. I’ve highlighted $100 to make the point that it’s clear where the floor for oil rests. It’s not a coincidence that oil is bouncing around the range that leading oil nations need to balance budgets that are overloaded with social costs.

Over the last two years, in fact, Middle Eastern oil has traded below $80 a barrel for just 16 days, and that was largely during the overreaction to European debt woes this past summer. More impressive is the fact that these sustained prices above $100 have occurred even as the top three oil nations have been producing barrels at record levels.

Yes; it’s true that U.S. benchmark crude — West Texas Intermediate — will often trade at cheaper prices, and sometimes down into the $80 or $90 range. But oil is priced regionally all over the world. And if oil in the Middle East were to push continually higher from here as nations pay for their social programs, and then U.S. prices would march higher too.

The Future of Oil
I listen to what the disbelievers write when they say oil prices are headed lower. I think about their rationale for oil at $50 or below. But ultimately, their arguments are simplistic and too often built on the nationalistic hoopla about America’s nascent oil renaissance (and there are so many misconceptions about American oil that even their rationale is seriously flawed).

Even if some fields in America can produce oil at a sub-$50 cost, that oil is still subject to global pricing. And when you have oppressive nations spending money furiously to maintain social order, there’s simply no way oil prices spend any time near $50 a barrel outside of a major, global financial upset.

If you recognize that, and if, in turn, you litter your portfolio with energy-related stocks — oil-field servicers, drillers, rig owners, exploration companies and the energy majors — you will protect your standard-of-living as oil prices inexorably rise over time.

Until next time, stay Sovereign …

Jeff D. Opdyke
Editor, Profit Seeker

Editor’s Note: Cheap oil continues to be little more than a dream for Americans, with crude prices pushing ever higher. In the 18 months that have passed since this article was originally released, we’ve had new civil unrest in Iraq, Russia thumbing its nose at the world as it swallows up Crimea, and Venezuela is struggling through economic collapse — all factors determined to keep oil prices high so these countries can stay afloat.  With Middle East and other oil-producing countries dependent on black gold to keep the wheels of government turning and the people placated, the days of cheap oil are long gone.

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Pre-sal: a maldicao brasileira do petroleo - Leandro Roque, Bernardo Santoro

A maldição do petróleo continua a atormentar o Brasil

Instituto Ludwig Von Mises Brasil, terça-feira, 22 de outubro de 2013

Quando o governo Lula anunciou, com a fanfarra que lhe era habitual, a existência de petróleo na camada pré-sal do litoral brasileiro, ainda em 2006, a exultação foi enorme.  Quando, em 2008, a Petrobras extraiu pela primeira vez petróleo do pré-sal, a promessa era a de que todos os problemas do Brasil já estavam solucionados.  Bastava apenas extrair o petróleo lá das profundezas, e todos os problemas da educação e da saúde seriam miraculosamente resolvidos com o dinheiro que seria obtido com a exportação deste petróleo.
No entanto, não era necessário ser nenhum especialista em geologia para entender que a aposta era arriscada.  Bastava apenas entender o básico de economia.  A extração de petróleo da camada pré-sal não é uma operação qualquer.  Não é tão simples quanto a tradicional extração de petróleo da camada de pós-sal.  Veja a figura abaixo.

Uma coisa é extrair petróleo a 2.000 metros de profundidade, sem grandes obstáculos.  Outra coisa, completamente distinta, é extrair petróleo a 6.000 metros de profundidade, tendo de superar duas camadas (camada de pós-sal e camada de sal) para se chegar ao pré-sal.  Esta operação é tecnicamente cara.  Logo, só é economicamente viável se o preço do barril de petróleo estiver acima de um determinado valor.
E é aí que começa a encrenca.
Quando a euforia do pré-sal estava em seu apogeu, em meados de 2008, o preço do petróleo também estava em níveis recordes, chegando a bater em US$145 o barril, o que de fato tornava economicamente viável a exploração do pré-sal.  Logo, sob este aspecto, havia algum sentido político em se fazer demagogia e proselitismo a respeito dos supostos milagres que a extração do petróleo do pré-sal traria ao país. 
O problema é que esta alta do petróleo não se sustentou.  No final de 2008, o preço do barril desabou de US$145 para US$35 e, desde 2011, vem oscilando entre US$80 e US$100. Veja a evolução no gráfico abaixo.

Segundo estimativas otimistas, o início da produção do pré-sal brasileiro pode levar de 5 a 10 anos, a depender da geologia do local e dos investimentos feitos.  E o pico da produção pode levar 15 anos para ser atingido.  É tempo demais para um empreendimento tão caro e de preço final tão volátil. 
Essa total suscetibilidade aos preços futuros do barril de petróleo cria uma enorme incerteza ao empreendimento do pré-sal.  Por exemplo, qualquer descoberta de novas jazidas em qualquer parte do mundo, ou até mesmo a confirmação de novas fontes de energia, poderá derrubar o preço do petróleo, tornando ainda mais inviável o pré-sal.
No momento, a maior ameaça para os prosélitos do pré-sal vem dos EUA, onde surgiu um novo fenômeno que pode colocar tudo a perder: o gás de xisto.  Esta nova fonte de energia está fazendo com que o custo da energia venha caindo vigorosamente nos EUA.  No momento, em decorrência de um pesado lobby de gigantes industriais como Dow, Alcoa, Celanese e Nucor, a exportação de gás de xisto foi proibida pelo governo americano, o que vem garantindo energia abundante e barata a essas empresas dentro dos EUA e impedindo que o preço da energia caia ao redor do mundo.  No entanto, caso um futuro governo americano libere a exportação do gás de xisto, o pré-sal pode se tornar imediatamente inviável.
Segundo estimativas da Administração de Informação sobre Energia (EIA — Energy Information Administration), a reserva americana de gás de xisto é de 2,7 trilhões de metros cúbicos, o que seria suficiente para abastecer o mercado americano por mais de 100 anos.  No entanto, a produção de gás de xisto vem sofrendo pesadas restrições impostas por poderosos grupos ambientalistas, pois, segundo eles, a tecnologia utilizada na extração — popularmente chamada de fracking, que é um sistema de fratura hidráulica que consiste na injeção de grandes volumes de água a profundidades superiores a três quilômetros para liberar gás — apresenta risco de contaminação de fontes de água potável.
Além do gás de xisto, é preciso considerar que sempre há a possibilidade de o governo americano liberar a extração de petróleo na reserva selvagem de ANWR, no Alasca, o que garantiria mais 10 bilhões de barris de petróleo, o suficiente para alimentar os EUA por dois anos.
Não bastassem todas essas "ameaças", há também o fato de que os estados americanos de Colorado, Utah e Wyoming possuem as maiores reservas de xisto petrolífero do mundo, capazes de produzir, segundo estimativas da United States Geologic Survey, mais de 1,5 trilhão de barris.  No momento, a produção ainda é inviável, justamente por causa do atual preço do petróleo, considerado ainda baixo.  Vale enfatizar que as empresas são um tanto reticentes a este tipo de investimento por causa de uma desventura ocorrida no passado: durante a crise do petróleo da década de 1970, as petrolíferas imaginaram que os preços ficariam altos em definitivo (naquela época, US$70 o barril), e investiram somas consideráveis na extração deste xisto petrolífero.  No entanto, o preço do petróleo convencional caiu na década de 1980, e vários destes investimentos se tornaram inviáveis.  No dia 2 de maio de 1982, dia que ficou conhecido como o Domingo Negro, a Exxon cancelou um projeto de US$5 bilhões de dólares no Colorado por causa da queda do preço do petróleo, demitindo mais de 2.000 trabalhadores.  Em decorrência dos prejuízos da década de 1980, essas empresas se tornaram relutantes a fazer novos investimentos desse tipo.
Todos esses fatores concorrem para gerar incertezas quanto ao preço futuro do petróleo.
Nas atuais condições, para que a extração de petróleo do pré-sal brasileiro seja economicamente viável, ou o preço do barril de petróleo no mercado internacional teria de disparar ou a empresa exploradora teria de usufruir grandes benefícios tributários.  Fora isso, sempre há a terceira opção: entregar a exploração a empresas estatais, que não operam de acordo com o sistema de lucros e prejuízos e, consequentemente, não têm de se preocupar com o preço do petróleo.  Elas podem simplesmente espetar a conta nos pagadores de impostos.
Ao que tudo indica, as petrolíferas de fato pensam assim, e uma boa comprovação pôde ser testemunhada ontem, dia 21 de outubro, no leilão do campo de Libra realizado pelo governo brasileiro.  Propagandeado como a maior reserva de petróleo do Brasil e a maior área para exploração de petróleo no mundo, cujo potencial poderia se aproximar dos 12 bilhões de barris, o governo brasileiro esperava atrair pelo menos 40 empresas para o leilão de Libra.  Quantas realmente se candidataram?  Apenas quatro: duas estatais chinesas (CNPC e CNOOC), uma empresa francesa (Total) e a anglo-holandesa Shell.  As quatro formaram um único consórcio, o que significa que não houve nenhuma concorrência no leilão.  Gigantes do setor, como Chevron, Exxon Mobil, BHP Billiton, Statoil, BP e Repsol não se interessaram.
Como presente de grego, essas quatro empresas vencedoras terão a Petrobras como sócia compulsória e majoritária.
Toda a lambança começou com o regime de exploração escolhido pelo governo.  Havia duas opções: o regime de concessão — que é o utilizado desde 1997, e que ajudou a elevar sobremaneira o volume de petróleo produzido no Brasil —, e o regime de partilha, um monstrengo inventado por motivos puramente ideológicos.
Nenhum destes dois modelos representa uma privatização genuína.  Ambos são uma parceria público-privada, que nada mais é do que um arranjo corporativista no qual estado e grandes empresas se aliam para, sob o manto de estarem realizando serviços, extorquir os cidadãos e dividir entre si o butim, dando em troca algo que lembra um pouco, com muita boa vontade, uma prestação de serviço.  No entanto, o regime escolhido pelo governo, o de partilha, é o pior dentre os dois.
Em uma PPP tradicional — que continua sendo adotado nas áreas de petróleo existentes no pós-sal —, todos os gastos e todos os riscos da produção, bem como a propriedade dos hidrocarbonetos, são do consórcio que obteve a concessão.  Em troca, o consórcio paga ao Tesouro impostos e participações especiais sobre o valor da produção, além de pagar royalties aos estados e municípios onde a atividade é realizada. 
No arranjo adotado, que foi o "regime de partilha", o dono do petróleo é o Tesouro.  Neste arranjo, o estado fica com uma parcela da produção física em cada campo de petróleo.  O consórcio paga um bônus à União ao assinar o contrato e, se encontrar petróleo, será remunerado com uma parcela deste petróleo que seja suficiente para cobrir seus custos e garantir algum ganho.  Todo o resto do petróleo ficará para a União (daí o nome de "partilha").  Além disso, todas as decisões de investimento serão, em última instância, autorizadas ou negadas pela Petrobras, que também usufruirá uma participação mínima obrigatória de 30% entre as empresas componentes do consórcio — no caso de Libra, ela terá 40%.  
Como que para comprovar a irracionalidade da coisa, o modelo de partilha obriga a Petrobras a desembolsar R$6 bilhões, que correspondem a 40% do bônus de assinatura do contrato.  Dado que o senhor Mantega veio a público jurar que a Petrobras tem essa quantia, podemos então ter a certeza absoluta de que ela não tem, e terá de pegar com o Tesouro ou com o BNDES (leia-se: de nós).  No modelo de concessão, a Petrobras e o governo não teriam de pagar nada. 
Por último, a cereja do bolo: o governo obrigará as plataformas a terem um "elevado conteúdo de fabricação nacional", um privilégio nacional-desenvolvimentista que servirá para as indústrias fornecedoras aumentarem seus preços e encarecer ainda mais o processo produtivo.
Sabendo de tudo isso, é realmente de se estranhar que tenha havido um interesse quase nulo das petrolíferas privadas?  Quem iria se sujeitar a um marco regulatório tão arbitrário e politicamente subjetivo quanto este?  Dado que a Petrobras detém 40% de participação no consórcio, e é hoje a empresa mais endividada do mundo, por acaso seria algum exagero prever que todos esses direitos assegurados ao governo brasileiro é que irão ditar os investimentos e as decisões de desenvolvimento?  Como afinal será o critério para decidir qual será o volume de petróleo suficiente para cobrir os custos da produção e suficiente para garantir algum ganho às empresas? 
Não é nada surpreendente que as grandes e experientes petrolíferas privadas nem sequer tenham se apresentado para participar dessa presepada, deixando a encrenca para as estatais chinesas. 
O que está acontecendo, portanto, é um agigantamento do estado no setor petrolífero.  E isso está sendo vendido ao público como "privatização".  Realmente, é desesperadora a situação do debate econômico no Brasil.
Solução
Os problemas de um setor petrolífero nas mãos do estado são óbvios demais: ele gera muito dinheiro para políticos, burocratas, sindicatos e demais apaniguados.  Isso é tentador.  A teoria diz que toda e qualquer gerência governamental sobre uma atividade econômica sempre estará subordinada a ineficiências criadas por conchavos políticos, a esquemas de propina em licitações, a loteamentos de cargos para apadrinhados políticos e a monumentais desvios de verba.  No setor petrolífero, Venezuela, Nigéria e todos os países do Oriente Médio comprovam essa teoria.
Um setor ser gerido pelo governo significa apenas que ele opera sem precisar se sujeitar ao mecanismo de lucros e prejuízos. Todos os déficits operacionais serão cobertos pelo Tesouro, que vai utilizar o dinheiro confiscado via impostos dos desafortunados cidadãos. Um empreendimento estatal não precisa de incentivos, pois não sofre concorrência financeira — seus fundos, oriundos do Tesouro, em tese são infinitos.  O interesse do consumidor é a última variável a ser considerada.

No setor petrolífero brasileiro, o dinheiro é retirado do subsolo e despejado no buraco sem fundo da burocracia, da corrupção, dos privilégios e das mamatas.  Todos os governos estaduais e todos os políticos do país querem uma fatia deste dinheiro para subsidiar suas burocracias e programas estatais preferidos.  Consequentemente, em todos os setores em que esse dinheiro é gasto, ele é desperdiçado.  Como é economicamente impossível o governo produzir algo de real valor, ele na prática apenas consome os ativos e a riqueza do país.
Caso o setor petrolífero estivesse sob o controle de empresas privadas, todo o dinheiro retirado do subsolo seria de propriedade destas empresas e de seus acionistas.  Sim, haveria impostos sobre esse dinheiro.  Mas a maior parte dele ainda iria para mãos privadas.  É assim nos EUA e em vários países da Europa.  Tal arranjo mantém o dinheiro longe das mãos do governo e dos demais parasitas, e garante que a produção e a distribuição sempre ocorrerão estritamente de acordo com interesses de mercado, e não de acordo com conveniências políticas.
Sendo assim, qual a maneira efetiva de se desestatizar o setor petrolífero do Brasil?  Legalizando a concorrência.  Para isso, bastaria o estado se retirar do setor petrolífero, deixando a Petrobras à sorte de seus próprios funcionários, que agora não contariam com nenhum monopólio, nenhuma proteção e nenhuma subvenção.  O estado não venderia nada para ninguém.  Apenas sairia de cena, aboliria a ANP e nada faria para impedir a chegada concorrência estrangeira.  
A Petrobras é do povo?  Então, nada mais coerente do que colocar este mantra em prática: após a retirada do governo do setor petrolífero, cada brasileiro receberia uma ação da Petrobras que estava em posse do governo.  E só.  Ato contínuo, cada brasileiro decidirá o que fazer com esta ação.  Se quiser vendê-la, que fique à vontade.  Se quiser mantê-la, boa sorte.  Se quiser comprar ações das outras empresas petrolíferas que agora estarão livres para vir operar aqui, sem os onerosos fardos da regulamentação da ANP, que o faça.  Se a maioria dos acionistas brasileiros quiser vender suas ações para investidores estrangeiros, quem irá questionar a divina voz do povo?  Se o povo é sábio o bastante para votar, então certamente também é sábio o bastante para gerenciar as ações da Petrobras. 
O objetivo supremo é fazer com que o dinheiro do petróleo vá para as mãos do povo, e não para o bolso de políticos e burocratas.  É assim que acontece em outros países, principalmente nos EUA, onde não há autossuficiência e a gasolina é bem mais barata que a nossa.
Conclusão
É claro que isso nunca será feito.  Isso significaria capitalismo genuíno.  Significaria cidadãos privados participando ativamente da riqueza gerada pela indústria petrolífera, e se beneficiando dela — algo proibido em arranjos socialistas como o que vigora no Brasil. 
Sem o estado participando ativamente do setor petrolífero, não mais seria possível ocorrer as manipulações, as indicações políticas e os jogos de favorecimento a companheiros no alto comando da Petrobras. 
Mas nenhum governo de nenhum partido fará esse tipo de reforma.  Imaginar que políticos irão voluntariamente abrir mão dos privilégios gerados pela Petrobras é tão lógico quanto imaginar que cupins irão voluntariamente abdicar da madeira.  O governo é naturalmente formado por insaciáveis praticantes da espoliação pública.  Tais pessoas não apenas querem utilizar o dinheiro do petróleo para financiar seus próprios projetos eleitoreiros, como também querem ter o governo subsidiando esses seus buracos sem fundo.  Só nos resta aguentar.

Leandro Roque é o editor e tradutor do site do Instituto Ludwig von Mises Brasil.

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Ainda sobre o leilão de Libra
BERNARDO SANTORO*

A banda “Nirvana” tinha uma música chamada “Lítio”. Não tem a ver com a Bolívia mas é tão depressiva quanto as políticas desse país.
O assunto relativo ao leilão dos campos de libra já foi magistralmente esgotado pelo artigo definitivo de Leandro Roque no IMB, que recomendo vivamente, onde o autor demonstra que o petróleo do pré-sal só é viável se o preço do barril estiver muito alto e que o modelo de partilha adotado vai sangrar os cofres públicos nacionais.
Mas cabe comentar, rapidamente, o dia seguinte desse leilão e a incrível reação da oposição política brasileira ao tema, que se recusa a tomar um papel de vanguarda racional em qualquer discussão nacional.

O candidato supostamente liberal, Aécio Neves, declarou, de maneira jocosa que houve uma privatização do campo de Libra, como se privatizar fosse ruim, e que nós precisamos reestatizar a Petrobras, entregar a Petrobras novamente aos brasileiros e aos seus interesses”.
Uma boa medida da irracionalidade de um discurso é quando o PSOL o apoia. O Dep. Ivan Valente, do PSOL-SP, declarou, na mesma medida, que “o que foi feito ontem foi um crime contra a soberania nacional. É privatização sim, e é a maior de todas, maior que a da Telebrás e da Vale“.
É com psolistas que Aécio Neves pretende marchar em 2014?
Como esclareceu o Presidente do IL em seu blog ontem, Dilma está certa ao dizer que não houve privatização. Uma privatização de verdade é conduzida de modo em que os efeitos benéficos do livre-mercado se faça presente na atividade econômica. Nada disso aconteceu no evento desta semana.
Senão vejamos: a Petrobras, e o governo, ainda são os sócios majoritários da exploração, o que significa que essa exploração vai atender a interesses políticos do governo, e não econômicos da população. Não haverá concorrência na exploração do campo, que foi entregue de maneira monopolística ao consórcio vencedor. Haverá a extrema regulação de quantidade e preço de petróleo extraído, sob a supervisão da ANP. E ainda temos uma estranha participação do governo chinês na exploração, o que significa que também vamos ter de atender interesses políticos do governo chinês.
A única parte lúcida do discurso de Aécio Neves ontem foi que o pagamento de 15 bilhões de reais feitos pelo consórcio ao governo ainda vai servir para fechar as contas dessa administração perdulária e descumpridora da Lei de Responsabilidade Fiscal, a qual vive driblando com truques contábeis e mercadológicos como este que vimos na segunda.
E enquanto isso vamos imitando o modelo boliviano sobre o lítio. A Bolívia tem 50% das reservas mundiais de lítio, que é um ótimo metal para uso em baterias, o que seria uma imensa riqueza no momento em que os carros elétricos estão se popularizando. A Bolívia impede de todos os meios a exploração do elemento em escala industrial, o que está levando países avançado a descobrir novos materiais para substituí-lo. Em breve a Bolívia estará em cima de um monte de “riquezas” que não valerão um tostão.
Que isso não aconteça com o sub-explorado petróleo brasileiro. (alguém falou em gás de xisto aí?)

*DIRETOR DO INSTITUTO LIBERAL

terça-feira, 22 de outubro de 2013

"O Petroleo e' nosso"?: demonstracao de atraso - Joao Luiz Mauad

Arautos do Atraso

JOÃO LUIZ MAUAD *

Assistimos nesta segunda feira, durante o leilão de privatização do campo de Libra, a mais uma demonstração de nacionalismo tosco do Sindicato dos Petroleiros, da CUT e de mais uma dezena de organizações e partidos de extrema esquerda. A palavra de ordem era “o petróleo é nosso” ou “estão entregando as nossas riquezas aos gringos”.
“A fundação do primeiro centro de defesa do petróleo, na ABI: para atrapalhar os sonhos dos grandes trustes internacionais” [imagem: VEJA na História]
São sintomas da velha xenofobia terceiro-mundista que, aliada à mais profunda ignorância econômica, trata os recursos naturais como riquezas, mesmo antes de serem retirados do seio da “Mãe natureza”. É claro que, embora as palavras de ordem digam o contrário, a maioria está ali para defender interesses individuais e não o interesse coletivo. O problema é que tais manifestações costumam sensibilizar uma boa camada da opinião pública, completamente ignorante economicamente e, por isso mesmo, suscetível a essas falácias. Tentemos, então, desmistificar um pouco a questão.
O Banco Mundial publicou, em 2006, um extenso e detalhado trabalho intitulado “Onde está a Riqueza das Nações”, cujo objetivo foi medir a participação de três diferentes tipos de capitais – natural (recursos naturais), produtivo (bens de capital) e intangível (capital humano e qualidade das instituições) – na produção de riqueza de 120 países.
Os resultados mostram que, quanto mais desenvolvidas (em termos de renda per capta) são as nações, menos elas dependem dos recursos naturais e mais utilizam os chamados capitais intangíveis na produção de suas riquezas. Neste aspecto, a comparação dos índices verificados entre os dez primeiros e os dez últimos do ranking analisado é bastante ilustrativa. Enquanto a participação dos capitais naturais no produto total de nove dos dez países mais ricos varia entre exíguos 0 e 3% (a exceção é a Noruega, com 12%), nos países mais pobres ela nunca é inferior a 25%. Por outro lado, os capitais intangíveis têm um peso médio superior a 80% nas economias avançadas, à medida que navegam por índices que vão de 40 a 60% na maioria dos dez países mais pobres.
Esses resultados reafirmam, empiricamente, algo de que já se suspeitava há muito tempo: a inexistência de correlação entre desenvolvimento econômico e disponibilidade de recursos naturais. Do contrário, como explicar a prosperidade de nações como Japão, Cingapura e Suíça, por exemplo, localizados em regiões geologicamente pobres e geograficamente inóspitas, em contraste com tantas outras onde o subdesenvolvimento persiste, apesar da relativa abundância de riquezas naturais?
Com efeito, não surpreende que, de toda riqueza produzida no mundo, o estudo do BIRD tenha estimado em apenas 5% a contribuição dos capitais naturais, contra 17% dos capitais produtivos e nada menos que 77% dos intangíveis.
Um excelente referencial da superioridade dos capitais intangíveis sobre os demais está no Oriente Médio. Dentre os Estados árabes daquela região, o mais próspero é exatamente aquele cujas reservas de petróleo são ínfimas. O Emirado de Dubai tem hoje uma economia vibrante, baseada num dinâmico entreposto aduaneiro, no turismo e nos serviços financeiros e de alta tecnologia, enquanto os seus vizinhos, donos de reservas petrolíferas imensas, permanecem socialmente estagnados.
Infelizmente, na contramão da moderna teoria econômica encontram-se também diversas nações dessa (cada vez mais) atrasada América Latina. Apesar de todas as evidências acima, alguns de seus líderes – apoiados por boa parte da opinião pública – mantêm uma fé inabalável na velha lenga-lenga nacionalista (temperada com doses cavalares de marxismo) e insistem no extemporâneo receituário da estatização de empresas e recursos naturais, como se aí estivesse a chave do progresso.
Esses verdadeiros arautos do subdesenvolvimento desprezam o exemplo dos países ricos, especialmente no que concerne às instituições e ao ambiente de negócios. Expressões como Estado de direito, previsibilidade jurídica, respeito à propriedade privada, liberdade econômica, cumprimento de contratos, desburocratização, combate à corrupção, eficiência e parcimônia com o gasto público não têm qualquer significado para eles. Além disso, não aceitam o fato de que o grande protagonista do desenvolvimento é a iniciativa privada, não o governo.
* DIRETOR DO INSTITUTO LIBERAL

Os aprendizes de feiticeiro no comando da economia brasileira - Jose Serra

Texto de José Serra sobre o recente "leilão" -- que não foi leilão, mas simples concessão a um único consórcio -- dos recursos do pré-sal, numa operação mal conduzida pelos companheiros, incompetentes como sempre, e no comando de setores estratégicos da economia brasileira, e ajudando a afundá-lo em razão de seu total despreparo para o setor.
Paulo Roberto de Almeida

O PT transformou uma facilidade, que era o sistema de concessões na área do petróleo, numa dificuldade, que é esse regime de partilha. A obrigatoriedade da Petrobras de participar com um mínimo de 30% de cada empreendimento vai muito além da capacidade financeira e administrativa atual da empresa. E isso se tornou especialmente sádico no contexto das dificuldades que a Petrobras enfrenta, decorrentes dos péssimos investimentos em refinarias, que a obrigam a importar volumes crescentes de combustíveis e acumular grandes prejuízos, em razão da defasagem de preços. Os governos do PT conseguiram criar a situação mais crítica da historia de 60 anos da empresa, apesar de ela ser um monopólio, de ter recebido um aporte do Tesouro de 150 bilhões de reais, de possuir grandes reservas do óleo, dos preços superiores a 100 dólares o barril e do domínio da tecnologia de extração em águas profundas.

O regime de partilha afastou empresas da concorrência pela exploração dos campos de Libra. Deixou de proporcionar mais recursos ao país. Mais ainda: para viabilizar o único grupo que se dispôs a entrar no leilão, a Petrobras obrigou-se a participar com 40% do projeto. Portanto, dos 15 bilhões de reais que o governo deveria receber como bônus, 6 bilhões caberão à Petrobras. Ela não tem esse dinheiro. Provavelmente os sócios chineses a financiarão. Por isso mesmo e por outras razões, as estatais da China, que entraram com 20% do projeto, terão uma força maior no comando da exploração. A economia brasileira é hoje dependente da chinesa, e a postura do governo brasileiro em relação aos chineses é sempre reverente e concessiva. Não tenham a menor dúvida: em matéria de exploração do nosso petróleo, o Brasil teria muito mais força ao lidar com empresas privadas internacionais do que com as estatais chinesas. Estas não são
objeto, no seu país de origem, de manipulação política e de negócios especiais. E pertencem a um governo que tem visão de médio e longo prazos, por incrível que isso possa parecer no Brasil de hoje. 


Antes mesmo do leilão de hoje, técnicos do governo já falavam em off para a imprensa que no futuro o modelo da partilha deve mudar, que não é adequado, etc. Ou seja, as grandes questões do país continuam a ser objeto de experimentação, de gente que transforma soluções em problemas, que vai para o governo fazer curso de graduação em administração pública. Isso tem duas consequências: atrasar os investimentos e fazer coisas malfeitas.
José Serra, 22/10/2013

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Leilao de Libra, do pre-sal: o Brasil se expoe ao ridiculo internacional - France Info

Um país que não consegue livremente debater a forma de exploração de seus recursos naturais, e que se submete à chantagem de grupelhos radicais, realmente se expõe ao ridículo internacional, por ser incapaz de determinar seu futuro pelas vias democráticas, tendo de assistir a essas deploráveis cenas de enfrentamento entre a polícia e manifestantes violentos.
Tudo isso é muito triste.
Paulo Roberto de Almeida

Addendum: um governo que tem competência mínima, só pode obter o mínimo

Shell, Total y firmas chinas se hacen con el mayor yacimiento de Brasil

Las petroleras China National Corporation (CNPC), China National Offshore Oil Corporation (CNOOC), la francesa Total y la anglo-holandesa Shell se adjudicaron este lunes la licitación del campo de Libra, el mayor yacimiento de hidrocarburos hasta ahora descubierto en Brasil.

Este consorcio fue el único que pujó en la subasta, realizada en un hotel de Río de Janeiro, y ofertó entregarle al Estado un 41,65% del petróleo excedente, el mínimo exigido por el Gobierno.

Según las normas de la licitación, las empresas ganadoras serán socias de la estatal brasileña Petrobras, que será la operadora y tendrá una participación del 40 % en el consorcio.






France Info, Le 21 Octobre 2013 à 17h par Lucas Roxo



Le Brésil met aux enchères les concessions d'un de ses gisements pétroliers les plus importants. "Libra", plus grande concession de pétrole pré-salifère dans tout le pays, pourrait doubler la production de pétrole du pays. Onze compagnies pétrolières sont sur les rangs, dont Total. La vente aux enchères se déroule sous haute tension, des heurts entre manifestants et policiers ayant déjà eu lieu à Rio de Janeiro.  



L'ambiance était tendue aux abords de l'hôtel Windsor, ce lundi. Manifestants et policiers se sont affrontés, et ces derniers n'ont pas hésité à faire usage de gaz lacrymogènes et de flash-ball à l'encontre des personnes sur place. 
Protester Marcelo Tigre, shot with rubber bullets in the ear and leg. Photo: Ricardo Moraes/Reuters #Libra #Rio pic.twitter.com/Y8TzudxCRP
— Kety Shapazian (@KetyDC) October 21, 2013
La raison de cet emballement est simple : c'est à l'hôtel Windsor que se déroule ce lundi une vente aux enchères complètement inédite et fondamentale pour l'avenir du Brésil. 
Les réserves brésiliennes multipliées par deux
La mise aux enchères porte sur 70% de Libra, ce gisement de pétrole offshore brésilien en eaux profondes, découvert en 2010. Mais Libra n'est pas qu'un simple gisement. Situées dans le bassin de Santos, dans une couche antésalifère, ses réserves totales se chiffreraient entre 8 et 15 millars de barils de pétrole.
Ce qui en ferait simplement le plus grand gisement de pétrole découvert depuis celui de Cantarell, au Mexique, en 1976, mais aussi et surtout le premier gisement brésilien. Pour pas faire les choses à moitié, Libra multiplierait par deux les réserves pétrolières du Brésil. 
Une vente aux enchères inédite
Alors, pourquoi une vente aux enchères ? Car les gisements brésiliens ont un potentiel considérable, mais pour pouvoir les exploiter, il faut une quantité énorme d'investissements (autour de 500 milliards de dollars). C'est pourquoi le Brésil a organisé la vente de 70% de son gisement (30% sont déjà réservés à Petrobras, la compagnie nationale). 
Onze compagnies pétrolières participent aux enchères, qui se tiendront à 14h heure brésilienne (18h en France). Petrobras, contrôlée par l'Etat brésilien, sera bien évidemment présente, mais y figurent également des groupes chinois, néerlandais, colombien... et français, car Total sera présent. Par contre, aucun groupe américain n'a souhaité participer
Un consortium de cinq groupes
Le groupe pétrolier français est l'un des favoris, puisque c'est sans doute vers un consortium que se dirige la vente aux enchères. On parle d'un partenariat entre Total et Petrobras, deux groupes chinois CNPC (China National Corporation) et CNOOC (China National Offshore Oil Corporation), et une dernière entreprise dont le nom n'est pas encore connu. 
En réalité, cette vente aux enchères est à moitié jouée d'avance, puisque c'est celui qui rétrocèdera le plus grand pourcentage de pétrole à l'Etat brésilien qui devrait l'emporter. D'autant que la compagnie nationale Petrobras détient obligatoirement 30% du gisement. Or, les entreprises chinoises devraient, proposer de procéder 50%. 
Les syndicats mobilisés contre la vente
Les syndicats pétroliers brésiliens sont montés au créneau pour contester la vente. Ils dénoncent ce qu'ils nomment la plus grande privatisation de l'histoire des ressources du pays, et ont donc entamé une "grève illimitée", jeudi 17 octobre. La Fédération unique des travailleurs du pétrole (FUP), leader du mouvement, réclame la suspension immédiate des enchères. Elle dénonce les risques pour la souveraineté et les pertes que la nation brésilienne subira si des compagnies pétrolières multinationales s'approprient Libra. Le gouvernement s'en défend.
► ► ► A LIRE AUSSI | La fin du pétrole n'est pas pour demain
"Nous ne sommes pas en train de privatiser le pétrole du pré-salifère, au contraire, nous nous approprions cette richesse immense qui se trouve sous la mer et à l'intérieur de la terre", a déclaré le ministre des Mines et de l'Energie. A l'initiative de l'ex-président Lula, une loi a également été instaurée visant à consacrer la manne pétrolière à l'Education (75%) et à la Santé (15%). 
700 militaires mobilisés
Rio now: National troops (sent by president Dilma Rousseff to make sure Libra auction goes as planned) using teargas pic.twitter.com/dCTzRMUXUo
— Kety Shapazian (@KetyDC) October 21, 2013
Dès 11 h locales, un groupe de 200 manifestants, dont certains masqués, a tenté de forcer un barrage policier près de l'hôtel avant d'être repoussé par les forces de l'ordre, qui ont fait usage de gaz lacrymogènes et de balles en caoutchouc. Pour l'occasion, Dilma Roussef avait envoyé 700 militaires et plusieurs centaines de policiers devant l'hôtel de luxe Windsor pour sécuriser la vente aux enchères.

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

A "maldicao do petroleo" e a maldicao de um governo rentista -Alexandre Schwartsman

Esta semana, a presidente afirmou ser “importante que as empresas privadas cresçam junto com a produção de óleo e gás no país para evitar que o país sofra da chamada ‘maldição do petróleo’, quando uma nação é rica em recursos, mas o povo é pobre”. Ao ler isto quase me empolguei, pois seria sinal que, finalmente, algo importante mudaria no que diz respeito à exploração de petróleo, mas, ao ler a matéria, vi que os problemas continuam rigorosamente no mesmo lugar.

A “maldição de recursos naturais”, da qual o petróleo é um caso particular, tipicamente ocorre quando um recurso valioso em determinado país tem sua exploração controlada, em geral, pelo governo, de modo que a renda gerada por aquela atividade se torna objeto de disputa política. A exploração mineral (petróleo, “diamantes de sangue”, etc) costuma se prestar bem a este tipo de arranjo, pois as jazidas são geograficamente concentradas, facilitando ao poder público exercer seu monopólio.

Em contraste, a exploração de recursos agropecuários, por exemplo, não oferece caracteristicamente as mesmas oportunidades monopolistas, tratando-se de atividade dispersa, dificultando o controle governamental.

Em países com instituições políticas ruins (“extrativistas”, para usar o termo de Daron Acemoglu e James Robinson), o controle governamental abre espaço para que determinados grupos se aproximem do centro político com o objetivo de extrair as rendas associadas à exploração daquele recurso. Casos mais extremos podem, inclusive, redundar em conflito (armado até) de diferentes grupos pelo poder, precisamente pelo acesso que este oferece às fontes de renda.

Mesmo sem conflitos abertos, este arranjo acaba implicando baixo crescimento, pois será sempre mais interessante investir na proximidade com o setor público, em busca dos seus favores, do que na inovação e competição, as molas mestras da expansão capitalista. Isto está documentado cuidadosamente no livro “Why Nations Fail” dos autores acima, que recomendo a todos interessados no assunto.

Assim, ao ler que a presidente via as empresas privadas como uma forma de lidar com a “maldição”, sofri um lapso de empolgação. Quem sabe alguém no governo teria afinal compreendido que nosso modelo de exploração de petróleo, que coloca o governo no centro do processo, apresenta chances consideráveis de exacerbar as tentativas de extração de renda, minando ainda mais nosso parco crescimento?

Mas, não. O papel das empresas privadas a que a presidente se referia não é análogo ao adotado nos EUA (com imenso sucesso, diga-se) para a exploração do gás de xisto, responsável pelo aumento de 30% da produção americana nos últimos seis anos. A produção de petróleo seguirá devidamente monopolizada pelo setor público, concedida a quem se dispuser a se associar aos diferentes braços do governo.

Às empresas privadas nacionais caberá o papel de fornecimento dos equipamentos, com reserva de mercado. A pretexto, portanto, de evitar a “maldição do petróleo”, o que se oferece ao setor privado é a oportunidade de partilhar as rendas da exploração deste recurso através da redução da competição externa, permitindo preços mais elevados, precisamente o fenômeno descrito por Acemoglu e Robinson.

Não é por outro motivo que nosso desempenho nacional tem sido medíocre nos últimos anos, quando se esgotaram a abundante mão-de-obra e o efeito positivo do aumento dos preços internacionais decommodities. Uma vez vencida a etapa do crescimento “fácil”, pela incoporação dos desempregados, a expansão econômica agora exige que a produtividade tome as rédeas do processo.


No entanto, o governo ainda acredita na distribuição de favores – em oposição aos incentivos à produtividade – como estratégia para crescimento. Os bafejados pelos favores governamentais ficarão ricos, mas não será isto que nos tirará da pobreza.

terça-feira, 16 de abril de 2013

A maldicao do petroleo atingira' o Brasil?

Pode ser, e se depender da cupidez dos companheiros, certamente.
Mas uma coisa, o petróleo já aguçou: o espírito rentista de políticos e outros "expertos".
Paulo Roberto de Almeida

Presalt Oil Discoveries
Pablo Fajnzylber, Daniel Lederman and Julia Oliver
World Bank (4/2013)

Presalt oil discoveries and the long-term development of Brazil by Pablo Fajnzylber, Daniel Lederman and Julia Oliver published by World Bank (4/2013). "Newly discovered oil reserves off the coast of Brazil present a unique opportunity for the country to boost an already successful trajectory of growth and developmente. This note examines potencial choices for the government when it contemplates how to disburse this newfound wealth. This review suggest that Brazil would be well served by saving a large amount of the windfall, ensuring that the country's increased wealth reaches the poor, puting in place strong fiscal planning to guide efficient investment, and building the country's research and development capacity."
http://bit.ly/16P6Yue

quinta-feira, 21 de março de 2013

A conta salgada do pre-sal, e outras saladas governamentais...

O aprendiz de feiticeiro -- eram vários, mas o feiticeiro-mor era quem tomava as decisões monocraticamente, com base na sua imensa sapiência técnica e tirocínio econômico --  fez uma confusão dos diabos, ao alterar a lei do petróleo e reestatizar e remonopolizar o setor, achando que o berço esplêndido tinha passado a ser uma imensa província petrolífera que renderia zilhões para o povo brasileiro (eufemismo, claro). Tiramos um bilhete premiado, dizia ele, esquecendo que uma vaca petrolífera torna-se objeto de cobiça de muito aventureiro.
Como todos são rentistas neste país, ou seja, pretendem viver à custa do Estado ou dos outros, se acha normal que os estados, os políticos, todo mundo se sinta no direito de meter a mão nessa fortuna que ainda nem se sabe se vai efetivamente existir (depende do preço do barril do petróleo nos mercados internacionais e do custo de extração a 7 mil metros...) e quando vai se materializar.
A única coisa estranha é considerar "municípios produtores" os que estão em face de 250kms de mar, e mais os 7 kms de profundidade. Se compreende que esses municípios e estados sofrem, em todos os sentidos da palavra, com os trabalhos associados à extração, mas não são exatamente municípios produtores...
Em todo caso, a confusão foi criada pelos companheiros e o Brasil vai viver nela durante muito tempo. Qualquer que seja a solução, se por acaso houver uma, ela vai deixar sequelas terríveis em todos os protagonistas, diretos e indiretos. Se trata de um mar, de um oceano inteiro de encrencas.
Pior até que os bilhões perdidos ou ganhos aqui e ali, é justamente o reforço do comportamento rentista, essa maldição do petróleo, que vai deteriorar a economia, a vida pública e as instituições no Brasil.
Maldito pré-sal. Seria muito melhor que ele não existisse.
Paulo Roberto de Almeida


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Celso Ming
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Sucessão de encrencas

21 de março de 2013 | 2h 12

Celso Ming - O Estado de S.Paulo
A questão dos royalties do petróleo já é uma encrenca enorme e pode se tornar maior ainda.
Convém, primeiro, resumir o que está em jogo. A Constituição Federal (art. 20, § 1.º) prevê o pagamento de uma "compensação financeira" a Estados e municípios produtores de recursos minerais, entre os quais estão petróleo e gás.
Essa compensação passou a ser conhecida pela expressão inglesa royalty, plural royalties. O governo Dilma entendeu que, no caso do pré-sal, esses royalties deveriam ser pagos não só aos Estados e municípios onde se localizam os poços produtores, mas que fossem estendidos a todos os Estados e municípios.
Sob o argumento de que as riquezas do subsolo são da União, e não dos Estados e municípios onde estão os poços produtores, o Congresso mudou o projeto de lei e foi ainda mais radical: reconheceu o direito de todos os Estados e municípios aos royalties provenientes não apenas das novas áreas do pré-sal, mas também de todas as áreas de exploração de petróleo e gás. Sob o argumento de que essa decisão do Congresso atropela um direito adquirido dos Estados e municípios produtores, a presidente Dilma vetou essa extensão. No entanto, há duas semanas, o Congresso derrubou o veto. Com isso, os royalties de toda a produção de petróleo e gás (e não só do pré-sal) teriam de ser distribuídos a todos os Estados e municípios.
Na segunda-feira, o Supremo Tribunal Federal (STF) concedeu liminar aos Estados do Rio, Espírito Santo e São Paulo, os principais produtores, que se sentiram lesados em seus direitos constitucionais, e suspendeu a redistribuição dos royalties até que o mérito da questão seja julgado.
Alguns deputados criticaram o Supremo por "judicializar a política" e atropelar decisão tomada pela maioria do Congresso. É grave equívoco. O que está sendo garantido pela liminar do STF são direitos constitucionais, que se sobrepõem a eventuais decisões dos políticos. O primeiro deles é o respeito ao que já estava contratado, consubstanciado em perdas de receitas por parte dos Estados e municípios produtores que, conforme algumas projeções, podem atingir até R$ 27 bilhões até 2020.
O Supremo pode entender que não basta respeitar os contratos já existentes. E que será preciso atender à Constituição quando define o caráter compensatório dos royalties devidos a Estados e municípios produtores de minerais, por perdas e transtornos causados pela exploração. Assim, toda a lei nova do rateio dos royalties ficaria prejudicada e que abriria espaço para a volta do regime antigo, de pagamento apenas aos Estados e municípios de onde são extraídos os minerais.
Esse ponto de vista já foi externado pela ministra do STF, Cármen Lúcia (foto), na sentença que concedeu a liminar. Foi o bastante para que alguns políticos sentissem ameaçada a sua galinha de ovos de ouro e já se dispõem a elaborar projeto de lei de emenda à Constituição que muda o conceito de royalty e lhe tira o tratamento de "como compensação".
É tamanha a fome por royalties que, aparentemente, uma emenda dessas poderia garantir enorme mobilização dos políticos e alcançar a maioria qualificada de dois terços para sua aprovação. Mas isso levaria tempo e poderia atrasar ainda mais as novas licitações de exploração de petróleo e gás. Não seria apenas uma encrenca; seria uma sucessão de encrencas.