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quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Academicos gramscianos se excedem na mistificacao - Wanderley Guilherme dos Santos

Raramente eu vi um acadêmico respeitado desde algumas décadas (aliás desde antes de 1964) descer tão baixo na mentira, na mistificação, na deformação das realidades do país em troca do quê, mesmo?
Não tenho certeza, mas parece que é em defesa de um chefe de quadrilha, um mafioso, um bandido da política que pode estar indo para a cadeia no futuro próximo.
Por que esse entusiasmo por um personagem que montou a mais gigantesca máquina de corrupção no Brasil, no hemisfério ocidental, talvez em todo o mundo (com uma notória exceção, uma cleptocracia construída a partir de um serviço secreto)?
Por que essa necessidade de mistificar e deformar as informações correntes sobre a situação do país, em defesa de um cleptocrata tupiniquim?
Confesso que não consigo avaliar porque um sociólogo conhecido arrisca sua reputação para se aliar a corruptos fundamentais.
Estou postando esta informação aqui porque eu realmente não entendo porque pessoas como esse sociólogo arriscam sua reputação, sua credibilidade, até o respeito de colegas, engajando a si mesmo numa campanha de mentiras e mistificações.
Paulo Roberto de Almeida

‘Governo Temer é profundamente antinacional. É pior que 64’. Entrevista com Wanderley Guilherme dos Santos
Em um artigo intitulado “O grande salto para trás de Michel Temer”, publicado em seu blog “Segunda Opinião”, o cientista político Wanderley Guilherme dos Santos prevê dias sombrios para o país e aponta algumas características do bloco que apoia Temer e que pretende implantar uma nova agenda política e econômica no país, sem ser referendada pelo voto popular, com a confirmação da derrubada da presidenta Dilma Rousseff.
“O governo de Michel Temer dá as primeiras passadas, acelerando para o grande salto para trás e a grande queima de estoques. A massa assalariada brasileira está sendo vendida a preços de saldo, com as liquidações iniciais dos programas educativos e sociais. O patrimônio de recursos materiais, como antes, será oferecido como xepa. A repressão à divergência não será tímida. Não há nada a esperar”. Esse é o resumo da obra que será exibida no Brasil nos próximos meses, talvez anos, na avaliação do cientista político Wanderley Guilherme dos Santos, professor aposentado de Teoria Política da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e pesquisador sênior do Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP-UERJ).
A entrevista é de Marco Weissheimer, publicada por Sul21, 29-08-2016.
Disponível neste link: http://www.ihu.unisinos.br/559423

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Petralhas mentirosos (redundancia): salario minimo e preco da gasolina- Roberto Ellery

Enfim, não precisava, ao postar esta análise de Roberto Ellery sobre a valorização do salário mínimo e os preços da gasolina, começar chamando os petralhas (o que eles são) de mentirosos (o que eles também são, e compulsivamente), se não fosse por uma particularidade que justifica a Ouverture: desde várias semanas somos bombardeados por mais uma propaganda mentirosa dos petralhas que pretende afirmar que agora podemos comprar mais gasolina do que no passado graças às maravilhas da NEP da soberana.
Sabia que era um engodo, e uma mustificação, mas não dispunha dos dados primários e da capacidade analítica do Roberto Ellery para denunciar os mentirosos por meio de uma demonstração simples de retrospectiva e onômica como a que é feita aqui.
Pronto: vcs já dispõem de argumentos para calar os mentirosos e terão aprendido um pouco mais sobre a economia brasileira e sua história.
Paulo Roberto de Almeida

Salário Minimo e Preços da Gasolina
Roberto Ellery, 10/02/2015

Nas últimas semanas recebi vários pedidos para comentar a respeito de um meme que está circulando na internet mostrando que hoje um salário mínimo compra mais gasolina do que comprava em 2002. Meu comentário é que isto é mais uma forma de desviar o assunto do aumento do preço da gasolina e desviar a discussão para um outro assunto, qual seja, a valorização do salário mínimo. O fato é que o salário mínimo tem aumentado de forma quase constante desde 1995 quando ocorreu a estabilização, é natural que nos últimos dez anos seja possível a quantidade de gasolina que pode ser comprada com o salário mínimo tenha aumentado. Arrisco que o mesmo pode ser dito para a quantidade de Coca Cola ou de bacon que é possível comprar com o salário mínimo.

A figura abaixo mostra a evolução do salário mínimo desde 1995, considerei o último salário do ano (a data de reajuste mudou no período, ignorei este fato). A linha azul usa o IPCA, índice oficial de inflação, a linha laranja usa o INPC, um índice voltado para famílias com renda entre 1 e 5 salários mínimos (o IPCA pega até 40 salários mínimos) e a linha cinza mostra o salário mínimo em dólares, não vem muito ao caso, está aí porque já vi outros memes comparando salário mínimo em dólares. Note que pela linha azul, a que considera a inflação oficial, o processo de aumento real do salário mínimo começa em 1995, pela linha laranja começa em 1997.



Visto que o aumento do salário mínimo começa antes dos governos do PT é razoável supor que não foi uma consequência do petismo, na realidade a medida fundamental para permitir o aumento do salário mínimo foi a desvinculação do reajuste dos benefícios previdenciários do reajuste do salário mínimo. Quando todos os benefícios da previdência (regime geral) eram reajustados pelo salário mínimo o impacto do aumento do salário mínimo nas contas públicas era muito grande, isto quase forçava o governo a dar reajustes pequenos para o salário mínimo. A desvinculação em si é tema polêmico e não vão discutir aqui, quem sabe em outro post, mas é muito difícil negar que o fim da vinculação permitiu maiores aumentos para o salário mínimo.

Visto que a tendência de aumento do salário mínimo é anterior à chegada do PT ao poder resta outra pergunta: o crescimento ficou mais intenso nos governos petistas? A resposta é sim, mas deve ser qualificada. A primeira qualificação seria dizer que sim no governo Lula e não no governo Dilma. Usando a série corrigida pelo IPCA como referência o aumento médio do salário mínimo entre 1995 e 2002 foi de 3% ao ano, entre 2003 e 2010 foi de 6,4% e entre 2011 e 2014 foi de 2,9% ao ano, se consideramos o INPC o crescimento médio foi maior tanto com Lula quanto com Dilma, mas também ocorre uma queda no governo Dilma em relação aos governos Lula (os números são 1,9%, 5,3% e 2,9%, respectivamente).

A segunda qualificação diz respeito a natureza do momento econômico em cada governo. Como já falei várias vezes aqui no blog o governo FHC tem de ser analisado em um contexto de combate à inflação. Depois de décadas de inflação descontrolada e uma série de fracassos de combater a inflação via controle de preços o governo FHC era o primeiro a tentar combater a inflação por meios convencionais. Os meios convencionais de combater a inflação costumam funcionar, mas tem efeitos colaterais, entre eles aumento no desemprego e queda no salário real, é cruel, mas, como mostra a experiência brasileira, as técnicas alternativas não funcionam. Por sua vez Lula governou em um período de expansão e não teve de combater uma hiperinflação, a inflação alta de 2002 foi pontual e em menos de um ano foi controlada, os efeitos da retomada do crescimento (abortada em 2001 por conta do racionamento) e da recuperação dos salários depois do período de combate à inflação (um efeito que eu demorei para compreender, confesso) não podem ser ignorados na comparação dos dois governos. Já o governo Dilma conseguiu ter o ritmo de crescimento do salário mínimo real um pouco menor que o do governo FHC enquanto via a inflação aumentar, é um feito. Como eu já disse aqui, entre inflação e recessão o governo Dilma escolheu os dois.

A terceira qualificação diz respeito a definição dos períodos. Quem me acompanha aqui no blog ou no FB sabe que não considero adequada a divisão por governos, prefiro dividir por políticas econômicas. Pensando assim trato o período 1995 a 2005 como o período das reformas, 2006 como o início da transição que foi comprometida pela crise de 2008 de forma que o período das contra reformas começa mesmo com Dilma em 2011 e dura até hoje. Por esta classificação o salário mínimo real cresceu a uma taxa de 4,1% ao ano no período das reformas, 6,2% ao ano durante a transição (5% se tiramos o reajuste excepcional de 2006) e 2,9% durante o período de contra reformas. Os contra reformistas de Dilma prometeram reduzir juros na marra para reduzir os ganhos do rentistas e entregaram redução no crescimento do salário mínimo real, a vida é dura.

Uma quarta qualificação seria quanto a sustentabilidade do aumento do salário mínimo e da renda do trabalho como um todo. Participei de um estudo junto com a Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República (SAE/PR) a respeito do tema (link aqui), grosso modo a conclusão é que o aumento da renda do trabalho só será sustentável se ocorrer um aumento na produtividade do trabalho. Particularmente (é redundante, mas ressalto que o que segue é conclusão minha e não da SAE/PR) acredito que os ganhos de produtividade necessários para manter o crescimento da renda do trabalho só virão com a retomada da agenda reformista, mas isto é outra conversa.


E a gasolina? A esta altura espero que tenha percebido que uma questão não tem relação com a outra, o problema da gasolina é que o governo quase quebrou a Petrobras tentando controlar o preço para abaixo e agora vai quase quebrar um monte de gente controlando o preço para cima. Como assim? O governo erra quando coloca o preço para baixo e quando coloca o preço para cima?! Não tem um pouco de má vontade aí? Não. O erro do governo não é colocar o preço para cima ou para baixo, o erro é tentar determinar o preço, o resto é consequência.



Um comentário:

  1. Utilize a serie histórica disponível na ANP para o preço da gasolina e faça a analise completa. Coloque no seu gráfico o preço da gasolina. Não é difícil fazer? É? http://www.anp.gov.br/?pg=66510

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Eleicoes e mistificacoes: as mentiras companheiras - Samuel Pessoa


Bruna Marquezine e a retórica petista
Samuel Pessoa  
Folha de S.Paulo, 12/10/2014
via Instituto Millenium, 13/10/2014 
 
Com o início da campanha do segundo turno na quinta-feira, o programa eleitoral da presidente Dilma Rousseff apresentou diversas manchetes de jornais com vários dados referentes à década de 90 e outros referentes à década de 2000. Há nesta estratégia uma série de truques de retórica.
Ao primeiro chamaremos de “efeito Bruna Marquezine”. Circula na internet um divertido meme com a foto da criança Bruna nos anos FHC, e outra, da bela mulher em que se transformou, nos anos Lula. A brincadeira é que a retórica petista sugere que a transformação é consequência das políticas dos governos petistas.
Inúmeras melhoras ocorridas na sociedade brasileira nos últimos 30 anos são avanços vegetativos associados à evolução natural da sociedade. Boa parcela da queda da desigualdade na última década segue da melhora educacional –que tem ocorrido desde os anos 40, com forte aceleração em seguida à redemocratização– em associação ao fim de nossa transição demográfica. Pela primeira vez somos uma sociedade com escassez de trabalho. Nada disto deve-se ao PT no governo.
O arsenal retórico do PT pode ajudar a reeleger Dilma. Em nada ajuda a evolução da sociedade
A propaganda petista gosta de apresentar números impressionantes que fulguram ante cifras bem menores da era FHC. Em muitos casos essas comparações representam a evolução natural de programas e realizações a partir de largadas necessariamente modestas na fase que se seguiu ao fim do caos hiperinflacionário. Foi um período no qual o país teve de concentrar recursos escassos e energia política nas penosas reformas estruturantes, que foram a base para os avanços posteriores e contra as quais o PT lutou com todas as forças.
O segundo truque retórico é a descontextualização da informação. Por exemplo, a dívida pública no governo FHC cresceu. O que não se fala é que mais da metade do crescimento da dívida pública no período resultou da assunção de dívidas passadas que não estavam contabilizadas. Este fato está bem documentado no texto para a discussão de janeiro de 2004 do Ipea “Os Passivos Contingentes e a Dívida Pública no Brasil: Evolução Recente (1996-2003) e Perspectivas (2004-2006)”.
Por exemplo, afirmar que a inflação foi mais elevada com FHC do que com o PT é não reconhecer que antes de FHC havia hiperinflação e que a sociedade melhorou: 7% ao ano no período FHC é conquista; 7% hoje é derrota.
O terceiro truque retórico, que remete ao gênio da comunicação nazista Joseph Goebbels, é repetir uma mentira até que seja verdadeira. Por exemplo, repetir que FHC quebrou o país três vezes quando naquele período nunca quebramos. Monica de Bolle na seção “Tendências e Debates” da Folha de sexta-feira (10) elucida a questão.
O quarto truque retórico é escolher estatísticas e bases de comparação de forma oportunista. Este é o caso quando se afirma que o desempregou caiu 7,6 pontos percentuais, dos 13,0% de 2003 para os 5,4% de 2013. Esta informação de desemprego refere-se à Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE. Abrange somente seis regiões metropolitanas. A taxa de desemprego medida pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do IBGE, que abrange todo o território nacional, apresenta redução de 3,2 pontos percentuais, de 9,7% em 2003 para 6,5% em 2013.
Se tomarmos como base de comparação 2002, último ano de FHC, o desemprego caiu 2,6 pontos percentuais, de 9,1% para 6,5%. Queda bem menos brilhante se considerarmos a dinâmica demográfica muito favorável.
O quinto truque retórico é simplificar um debate ao máximo de forma a demonizar seu adversário e incutir medo na população. Esta estratégia foi empregada à larga para desconstruir Marina Silva.
Fui recentemente alvo dessa estratégia. Na coluna de 29 de junho abordei o tema da cobrança de mensalidade em universidades, públicas ou privadas. O tema foi tratado de forma conceitual e no contexto das dificuldades de financiamento da USP e do reconhecimento do enorme sucesso do Fies, uma das vitrines, com todos os méritos, do atual governo. Na retórica petista eu quero privatizar as universidades federais, algo que nunca passou pela minha cabeça.
O arsenal retórico do PT pode ajudar a reeleger Dilma. Em nada ajuda a evolução da sociedade.
Sobre:
Samuel Pessoa
Samuel de Abreu Pessôa é professor da pós-graduação em economia da Fundação Getulio Vargas no Rio de Janeiro (EPGE/FGV), chefe do Centro de Crescimento Econômico do Instituto Brasileiro de Economia (IBRE/FGV) e editor da revista “Pesquisa e Planejamento Econômico”. É doutor em economia pela Universidade de São Paulo (USP), bacharel e mestre em física pela mesma universidade. É especialista em crescimento, flutuações e planejamento econômico. Participou da organização do livro "Desenvolvimento econômico - Uma perspectiva brasileira" (Editora Campus, 2012).

sábado, 31 de maio de 2014

Eleicoes 2014: comecaram as mistificacoes companheiras...

Falar em neoliberalismo é o mais rastaquera dos deja-vus, nos quais se comprazem aqueles que não têm nada de mais inteligente a dizer. Os companheiros são especialistas nesse tipo de desonestidade subintelectual, que só contentam os ingênuos e os beócios. Quem diz isso não é idiota, mas mentiroso, e pensam que todos os outros são idiotas como os seus...
Paulo Roberto de Almeida 

Sem citar Aécio, Dilma diz que rival quer trazer de volta "figurino neoliberal"
A presidente Dilma Rousseff disse nesta sexta-feira em Belo Horizonte, sem citar o pré-candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves, que o tucano quer trazer de volta um "figurino neoliberal" e um modelo que, segundo ela, "já fracassou".
Em encontro do diretório do PT de Minas Gerais, Estado governado por Aécio por oito anos, a presidente disse ainda que os adversários querem "trazer de volta a recessão" e afirmou que os tucanos "nunca se interessaram" por questões sociais.
"Tem candidato dizendo, por exemplo, que quer ser eleito para aplicar medidas impopulares, que não tem medo da opinião pública, que está se lixando para a reação que pode provocar essas medidas e que vai derrubar qualquer barreira para impor o seu figurino neoliberal", disse a presidente, numa referência a declarações recentes de Aécio de que estaria disposto a adotar "medidas impopulares" se eleito, caso fosse necessário.
"Eles querem trazer de volta um modelo que já fracassou. A partir daqui, de Minas Gerais, querem trazer de volta a recessão, o desemprego, o arrocho salarial, o aumento da desigualdade e o aumento da submissão que o Brasil tinha no passado ao Fundo Monetário, por exemplo", acrescentou Dilma durante o encontro, que serviu para confirmar a pré-candidatura do petista Fernando Pimentel ao governo do Estado.
A presidente também fez referência à proposta aprovada nesta semana pela Comissão de Assuntos Sociais do Senado (CAS), de autoria do presidenciável tucano, que estende o benefício do Bolsa Família por até seis meses no caso do beneficiário aumentar sua renda em decorrência de atividade profissional ou econômica.
A proposta foi duramente criticada pelo governo, que entende que ela desfigura o Bolsa Família ao retirar limites de renda e de tempo de permanência no programa. [ID:nL1N0OF02A]
"Hoje eles estão tentando aparecer como grandes defensores do BolsaFamília, quando a gente lembra que chamavam o Bolsa Família de Bolsa Esmola. Nunca foram a favor das políticas, sempre acharam que fazer política social era jogar o dinheiro pela janela", disparou.
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"Nós temos de proteger o nosso projeto do assanhamento de um pessoal que, quatro em quatro anos, sempre acredita que, finalmente, eles vão ter hora e vez. Hora e vez e a oportunidade de enganar o povo de novo."
Em tom claramente eleitoral, Dilma previu sua vitória na campanha pela reeleição.
"Eles querem ganhar na marra. Vão descobrir pela quarta vez que nós e o povo brasileiro não nos deixamos enganar", disse ela se referindo às duas vitórias de Lula --em 2002 e 2006-- e ao seu próprio triunfo sobre os tucanos em 2010.
COPA DO MUNDO
No discurso, Dilma também criticou aqueles que pretendem torcer contra a seleção brasileira, lembrando que, quando foi presa pelo regime militar, era ano de Copa do Mundo e ela, "de cabeça erguida", torceu pela seleção brasileira "porque ela é do povo brasileiro".
"Hoje em plena democracia, não torcer pela seleção brasileira é de uma sem-cerimônia incrível. É simplesmente não ser capaz de ter orgulho do seu país. É ter um imenso complexo de vira-lata", disse.
(Reportagem de Eduardo Simões)

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

A mistificacao da historia pelos mentirosos de sempre: o caso Jango -Marco Antonio Villa

Grato a meu amigo Orlando Tambosi pela seleção, da qual sou cliente habitual.
Paulo Roberto de Almeida 

Jango e o realismo fantástico brasileiro

Teorias conspiratórias fomentadas pelo lulopetismo levaram adiante a hipótese de que Jango foi assassinado. Balela. O ex-presidente era cardiopata, com vida sedentária, comida inadequada e muita bebida. Morreu disso. Não foi o mito em que tentam transformá-lo, reescrevendo a história: deixou o país em estado caótico e com instituições desmoralizadas, abrindo caminho para duas décadas de ditadura. Artigo do historiador Marco Villa, publicado hoje no jornal O Globo, vai ao ponto:
O Brasil é um país fantástico. Mais ainda, é um país do realismo fantástico, onde ficção se mistura com história e produz releituras ao sabor dos acontecimentos. A última tem como tema a morte do ex-presidente João Goulart, o Jango, na Argentina.
A Câmara dos Deputados fez uma investigação, ouviu dezenas de testemunhas e elaborou um longo relatório. Concluiu que não havia indícios de assassinato. Em entrevista a Geneton Moraes Neto, publicada no livro “Dossiê Brasil: as histórias por trás da História recente do país”, a senhora Maria Tereza Goulart descartou qualquer suspeita de assassinato do seu marido: “Eu estava ao lado de Jango o tempo todo, nos últimos dias. Jango morreu do coração. Tinha feito um regime violento e mal controlado. Chegou a perder 17 quilos em dois meses. E estava fumando muito. O médico já tinha dito que ele não poderia fumar.”
Jango era um cardiopata. E de longa data. No México, a 10 de abril de 1962, em visita oficial, assistindo a uma exibição do balé folclórico mexicano, no Teatro Belas Artes, o presidente teve um ataque cardíaco. Ficou desfalecido por um minuto. Atendido por médicos mexicanos, ficou impossibilitado de continuar a cumprir a agenda presidencial, sendo substituído por San Tiago Dantas. No retorno ao Brasil, o grande assunto era o estado de saúde de Jango e a possibilidade de que renunciasse à Presidência. Afinal, era o segundo ataque cardíaco em apenas oito meses. Dois meses depois, quando da recepção em palácio da seleção brasileira que partiria para a Copa do Mundo no Chile, Pelé manifestou preocupação com a saúde do presidente: “Presidente, como vão estas coronárias?” E Jango respondeu: “Estão boas, mas não tanto quanto as suas.”
Às vésperas do célebre comício da Central (13 de março de 1964), seu estado de saúde inspirava cuidados. Foi advertido que poderia ter sérias complicações com o coração. Jango desdenhou e manteve seu ritmo costumeiro de vida sedentária, alimentação inadequada, excesso no consumo de bebidas e vivendo em permanente estresse. No exílio uruguaio, também devido aos problemas com o coração, foi atendido pelo dr. Zerbini. Na França, onde esteve várias vezes, foi cuidar do coração e chegou a tentar uma consulta com o dr. Christian Barnard, na África do Sul, médico que dirigiu a equipe que fez o primeiro transplante de coração.
A transformação de Jango em um perigoso adversário do regime militar — tanto que o seu assassinato teria sido planejado pela Operação Condor — não passa de uma farsa. No exílio uruguaio, especialmente nos anos 1970, não tinha qualquer atuação política.
Tudo não passa de mais uma tentativa de mitificação, da hagiografia política sempre tão presente no Brasil. O figurino de democrata, reformista e comprometido com os deserdados foi novamente retirado do empoeirado armário. Agora pelos seus antigos adversários, os petistas. Mero oportunismo. É que a secretária dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, pretende ser candidata ao Senado pelo Rio Grande do Sul. E, como boa petista, não se importa de reescrever a história ao seu bel-prazer.
O cinquentenário dos acontecimentos de março/abril de 1964 é uma boa oportunidade para rever o governo Jango. O início dos anos 1960 esteve marcado pela agudização das mais variadas contradições. O esgotamento do ciclo econômico que alcançou seu auge na presidência JK era evidente. A grande migração tinha criado uma sociedade urbana e novas demandas que os governos não sabiam como atender. A tensão gerada pela Guerra Fria azedava qualquer conflito, por mais comezinho que fosse.
É nesta conjuntura que Jango tentou governar. E foi um desastre. Raciocinava sempre imaginando algum tipo de ação que significasse o abandono da política, do convencimento do adversário. Era tributário de uma tradição golpista, típica da política brasileira da época.
Nunca fez questão de esconder seu absoluto desinteresse pelas questões mais complexas da administração pública, distantes da politicagem do dia a dia. Celso Furtado, nas suas memórias (“A fantasia desorganizada”), relatou que entregou o Plano Trienal — que buscava planejar a economia nos anos 1963-1965 — ao presidente depois de exaustivas semanas de trabalho. Jango mal passou os olhos pela primeira página. Em entrevista à revista “Playboy”, em abril de 1999, Furtado foi direto: Jango “era um primitivo, um pobre de caráter”.
No polo ideológico oposto, o embaixador Roberto Campos, também nas suas memórias (“A lanterna na popa”), contou que escreveu um documento de 30 páginas relatando os contenciosos do Brasil com os Estados Unidos, em 1962, quando da visita do presidente a Washington. San Tiago Dantas, ministro das Relações Exteriores, pediu ao embaixador que reduzisse ao máximo a extensão do texto, pois com aquele volume de páginas o presidente não leria. Obediente, o embaixador sintetizou os problemas em cinco páginas, que foram consideradas excessivas. Diminuiu para três páginas. Mesmo assim, segundo Campos, Jango não leu o documento.
As reformas de base, palavra de ordem repetida à exaustão naqueles tempos, nunca foram apresentadas no seu conjunto. A definição — ainda que vaga — apareceu somente na mensagem presidencial encaminhada ao Congresso Nacional quando do início do ano legislativo, a 15 de março de 1964. E lembrar que foram apresentadas como soluções de curto prazo — mesmo sendo mudanças estruturais — durante três anos…
Deixou um país dividido, uma economia em estado caótico e com as instituições desmoralizadas. E abriu caminho para duas décadas de arbítrio.
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Minitratado de uma fraude eleitoral: o Bolsa Familia e os desonestos fundamentais - Reinaldo Azevedo

O governo precisa de sua ajuda, caro leitor: se vc encontrar algum pobre por aí, perdido, sem saber o que fazer, encaminhe-o a algum posto de assistência pública, para ele ser inscrito no Bolsa Família.
Começou com apenas 5 milhões de famílias, os pobres e miseráveis que tinham sido deixados pelo governo neoliberal, e chegou a 13 milhões no final do governo do guia genial dos povos. Deve andar na casa dos 14 milhões agora, praticamente 45 milhões de pessoas (uma Argentina inteira), um quarto da população total do Brasil, nas que continua aumentando...
Vc pode ajudar o governo, caro leitor, pois ele ainda está caçando pobres por aí, ele precisa aumentar continuamente o número de beneficiários, para se orgulhar de ter a maior vergonha mundial em termos de curral eleitoral.
Paulo Roberto de Almeida 
A VEJA.com desta segunda publica uma excelente reportagem de Gabriel Castro sobre o Bolsa Família. Já escrevi aqui algumas vezes que uma das medidas do sucesso do programa seria a diminuição do número de famílias atendidas, certo? Não preciso explicar os motivos, acho… Mas quê! Em Banânia, dá-se justamente o contrário: o governo bate no peito, cheio de satisfação, quando cresce o número de atendidos.
Pensem um pouquinho: faz sentido o país estar com o menor desemprego de sua história e com o Bolsa Família em expansão? Faz, mas de um modo que muito talvez não suspeitem (leiam a reportagem). Nessa história toda, muita coisa está errada — envolta em mistificações — desde a origem. Pra começo de conversa, a renda derivada do trabalho informal não entra na conta do estabelecimento da linha de corte para a concessão do benefício. Vamos ao extremo: consumidores de crack que vagam pelas cracolândias Brasil afora, sem casa, sem mais nada, consomem em pedra um valor muitas vezes superior aos R$ 70 per capita que habilitam alguém a se candidatar ao programa.
Recorro a esse exemplo extremo porque esse grupo acaba sendo uma espécie de emblema de pessoas que vivem à margem da sociedade. Atenção! Um consumidor de crack pode gastar com a droga R$ 70 por dia — não por mês. E qual a origem dessa “renda”? A esmola e pequenos serviços prestados informalmente.
Só 1%
Os mistificadores agora deram para acusar de crueldade os críticos da expansão do Bolsa Família porque, afinal, o programa consome apenas 1% do PIB brasileiro, e isso não passaria de uma migalha. Por outro lado, o governo gastaria muito mais com os tais “rentistas” (são os alvos da hora dos esquerdopatas) por intermédio do pagamento de juros.

É uma crítica que concentra várias formas de vigarice. Começo pelo mais óbvio: o governo paga aos ditos “rentistas” pelo dinheiro que é obrigado a tomar emprestado em troca de títulos que põe no mercado. E só faz isso porque precisa de recursos para se financiar. E só precisa fazer isso porque gasta mais do que arrecada, já que concede mais benefícios — se quiserem, a pobres e ricos — do que teria condições de fazê-lo e porque a máquina é cara e ineficiente.
Em segundo lugar, fica parecendo que o Bolsa Família é o único programa social vigente no país. Não! É preciso colocar na conta a saúde, educação e programas de moradia — nas três esferas da administração — e a Previdência Social. O 1% do PIB do Bolsa Família é, com efeito, a menor fatia do desembolso social.
O problema é que o programa se converteu — vejam os números na reportagem — numa ação que tem forte apelo eleitoral; na verdade, eleitoreiro. Não há corrente política no país capaz de falar com a parte da sociedade que paga a conta; todos preferem ter como interlocutores os beneficiários. Nas disputas eleitorais de 2006 e 2010, os petistas fizeram terrorismo aberto, acusando a oposição de querer pôr fim ao programa. Desta feita, o PSDB se blindou da fofoca: Aécio Neves apresentou um projeto incorporando o Bolsa Família aos benefícios permanentes, que não dependam da boa vontade de governos. É uma medida eleitoralmente prudente, dada a vigarice oficial. Mas é inescapável constatar que isso só nos distancia de uma resposta adequada.
Sem medo de ser feliz
E pensar que, de fato, o Bolsa Família foi criado pelo PSDB. Não é mera questão de opinião, não. É matéria de fato. Como já demonstrei aqui por A + B, quem achava que programas de bolsa deixavam o pobre vagabundo é Lula. No dia 9 de abril de 2003, com o Fome Zero empacado, ele fez um discurso no semiárido nordestino, na presença de Ciro Gomes, em que disse com todas as letras que acreditava que os programas que geraram o Bolsa Família levavam os assistidos à vagabundagem. Querem ler? Pois não! Em vermelho.

Eu, um dia desses, Ciro [Gomes, ministro da Integração Nacional], estava em Cabedelo, na Paraíba, e tinha um encontro com os trabalhadores rurais, Manoel Serra [presidente da Contag - Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura], e um deles falava assim para mim: “Lula, sabe o que está acontecendo aqui, na nossa região? O povo está acostumado a receber muita coisa de favor. Antigamente, quando chovia, o povo logo corria para plantar o seu feijão, o seu milho, a sua macaxeira, porque ele sabia que ia colher, alguns meses depois. E, agora, tem gente que já não quer mais isso porque fica esperando o ‘vale-isso’, o ‘vale-aquilo’, as coisas que o Governo criou para dar para as pessoas.” Acho que isso não contribui com as reformas estruturais que o Brasil precisa ter para que as pessoas possam viver condignamente, às custas do seu trabalho. Eu sempre disse que não há nada mais digno para um homem e para uma mulher do que levantar de manhã, trabalhar e, no final do mês ou no final da colheita, poder comer às custas do seu trabalho, às custas daquilo que produziu, às custas daquilo que plantou. Isso é o que dá dignidade. Isso é o que faz as pessoas andarem de cabeça erguida. Isso é o que faz as pessoas aprenderem a escolher melhor quem é seu candidato a vereador, a prefeito, a deputado, a senador, a governador, a presidente da República. Isso é o que motiva as pessoas a quererem aprender um pouco mais.
Notaram a verdade de suas palavras? A convicção profunda? Então…
No dia 27 de fevereiro de 2003, Lula já tinha mudando o nome do programa Bolsa Renda, que dava R$ 60 ao assistido, para “Cartão Alimentação”. Vocês devem se lembrar da confusão que o assunto gerou: o cartão serviria só para comprar alimentos?; seria permitido ou não comprar cachaça com ele?; o beneficiado teria de retirar tudo em espécie ou poderia pegar o dinheiro e fazer o que bem entendesse?
A questão se arrastou por meses. O tal programa Fome Zero, coitado!, não saía do papel. Capa de uma edição da revista Primeira Leitura da época: “O Fome Zero não existe”. A imprensa petista chiou pra chuchu.
No dia 20 de outubro, aquele mesmo Lula que acreditava que os programas de renda do governo FHC geravam vagabundos, que não queriam mais plantar macaxeira, fez o quê? Editou uma Medida Provisória e criou o Bolsa Família? E o que era o Bolsa Família? A reunião de todos os programas que ele atacara em um só. Assaltava o cofre dos programas alheios, afirmando ter descoberto a pólvora. O texto da MP não deixa a menor dúvida (em vermelho):
(…) programa de que trata o caput tem por finalidade a unificação dos procedimentos de gestão e execução das ações de transferência de renda do Governo Federal, especialmente as do Programa Nacional de Renda Mínima vinculado à Educação – “Bolsa Escola”, instituído pela Lei n.° 10.219, de 11 de abril de 2001, do Programa Nacional de Acesso à Alimentação – PNAA, criado pela Lei n.° 10.689, de 13 de junho de 2003, do Programa Nacional de Renda Mínima vinculado à Saúde – “Bolsa Alimentação”, instituído pela medida provisória n.° 2.206-1, de 6 de setembro de 2001, do Programa Auxílio-Gás,instituído pelo Decreto n.° 4.102, de 24 de janeiro de 2002, e do Cadastramento Único do Governo Federal, instituído pelo Decreto n.° 3.877, de 24 de julho de 2001.

Compreenderam? Bastaram sete meses para que o programa que impedia o trabalhador de fazer a sua rocinha virasse a salvação da lavoura de Lula. E os assistidos passariam a receber dinheiro vivo. Contrapartidas: que as crianças frequentassem a escola, como já exigia o Bolsa Escola, e que fossem vacinadas, como já exigia o Bolsa Alimentação, que cobrava também que as gestantes fizessem o pré-natal! Esse programa era do Ministério da Saúde e foi implementado por Serra.
E qual passou a ser, então, o discurso de Lula?
Ora, o Apedeuta passou a atacar aqueles que diziam que programas de renda deixavam acomodados os plantadores de macaxeira, tornando-os vagabundos, como se aquele não fosse rigorosamente o seu próprio discurso. No dia 23 de março de 2005, em Cuiabá, atirava contra as pessoas supostamente contrárias ao Bolsa Família. Leiam e confrontem com o que ele próprio dizia em 2003:
Eu sei que tem gente que fala: “Não, mas esse presidente está com essa política do programa Fome Zero, do Bolsa Família, isso é proselitismo, isso é esmola.” Eu sei que tem gente que fala assim. Lógico, o cidadão que toma café de manhã, almoça e janta todo santo dia, para ele Bolsa Família não significa nada, ele não precisa. E ainda mais se ele puder fazer uma crítica a mim tomando uma Coca-Cola em um bar, um uísque ou uma cerveja. Agora, tem pessoas que, se a gente não der essa ajuda, não conseguem comer as calorias e as proteínas necessárias à vida humana. E se for uma criança de antes de seis anos de idade, nós sabemos que essa criança poderá ter o seu cérebro atrofiado e nunca mais se recuperar.

Fora do horário eleitoral; imprensa crítica
Estudar como se deu a mudança desse discurso explica, em boa parte, como se construiu a hegemonia petista. Em 2002, havia nada menos de 5 milhões de famílias atendidas por alguma das bolsas do governo FHC — que depois foram reunidas sob a rubrica Bolsa Família.

As concessões, acreditem, não foram usadas pelo PSDB na campanha eleitoral de 2002. Ao contrário até: havia certo esforço para escondê-las. Não se deve criticar apenas o partido por isso. Quem consultar o noticiário da época vai constatar que a própria imprensa — contaminada pelo petismo — dispensava às bolsas tratamento semelhante ao de Lula: NÃO PASSAVAM DE ESMOLAS.
Os analistas “de esquerda”, isentos como um táxi, tachavam os programas de meras “medidas compensatórias” para minimizar os efeitos de um suposto ajuste neoliberal na economia, que teria sido operado por FHC. Era conversa mole; era bobagem, mas a coisa colou. Assim, o PSDB preferiu esconder, em 2002, que havia 5 milhões de famílias recebendo benefícios — o que atingia bem uns 25 milhões de pessoas. Os tucanos, vejam vocês!, na verdade, se envergonhavam daqueles programas e achavam que eles depunham contra o Brasil. No particular, então, concordavam com… Lula!
Com menos de um ano de poder, o Apedeuta percebeu que poderia transformar o que considerava uma titica em ouro eleitoral puro. Como se vê acima, unificou todos os programas num só, chamou de “Bolsa Família”, anunciou a redenção dos pobres e, três anos depois, já havia dobrado o número de famílias beneficiadas: 10 milhões. Na eleição de 2006, sugeriu que os tucanos é que achavam os beneficiários “vagabundos”, não ele.
E, é fato, na imprensa, o Bolsa Família passou a ter um prestígio realmente inédito. Também os analistas isentos como um táxi acreditam que só reacionários de maus bofes criticam o Bolsa Família; também eles acham que o aumento de pessoas atendidas é uma medida de sucesso do governo.
E assim vamos.

quarta-feira, 12 de junho de 2013

PAC da propaganda, PEC da mentira, PIC da embromacao, POC dos enganos, PUC da mistificacao - Editorial Estadao

Editorial O Estado de S.Paulo, 12/06/2013

Como de hábito, soa auspicioso o balanço oficial da execução da segunda etapa do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Também como de hábito, porém, os números grandiosos apresentados pela ministra do Planejamento, Miriam Belchior, não revelam a real situação de obras essenciais para melhorar a infraestrutura do País, que é a finalidade principal do PAC, e incluem valores que não significam investimentos. Além de inflado, o balanço da execução até abril é impreciso.
Visto pelos olhos do governo, o PAC vai muito bem. De acordo com o balanço oficial, já foram investidos R$ 557 bilhões desde o início do atual governo. Esse valor corresponde a 56,3% do total de investimentos programados até o fim de 2014, quando termina o mandato da presidente Dilma Rousseff. Não é um número ruim, pois, até o fim de abril, a presidente tinha cumprido 58,3% de seu mandato de 48 meses.
O exame dos valores investidos de acordo com a fonte dos recursos e com a forma de aplicação, no entanto, mostra que eles não resultam apenas do esforço do governo – quase metade dos investimentos é de responsabilidade das empresas estatais (27,4% do total) e do setor privado (20,3%) – nem foram integralmente para obras de infraestrutura.
Como vem ocorrendo há bastante tempo, cerca de um terço dos valores que o governo diz ter executado do PAC não foi aplicado nessas obras. Do balanço divulgado na segunda-feira, R$ 178,8 bilhões, ou 32,1% do total, referem-se a financiamentos habitacionais concedidos do início de 2011 até abril.
Crédito imobiliário, como vêm advertindo especialistas em contas públicas, nada têm a ver com programas de infraestrutura, que implicam investimentos em rodovias, ferrovias, portos, aeroportos, energia, infraestrutura urbana, entre outras áreas. Dos investimentos das estatais, por sua vez, a maior parte é de responsabilidade da Petrobrás, que tem um programa próprio de longo prazo, revisto anualmente.
Quanto aos investimentos do governo, de R$ 291,6 bilhões até abril, o balanço contém uma extensa lista de obras, classificadas de acordo com os eixos que compõem o PAC, como transportes, energia, infraestrutura urbana, área social (educação, cultura, saúde, esportes, lazer), habitação, água e energia elétrica.
Da lista fazem parte os grandes projetos anunciados pelo governo, independentemente do estágio das obras. Basta o contrato ter sido assinado para integrar o relatório. Na área de ferrovias, por exemplo, são citadas as obras da Norte-Sul e da Oeste-Leste, que enfrentam dificuldades de execução.
Na área de rodovias, está o asfaltamento da BR-163 na Região Norte – que facilitará o acesso aos portos da região e poderá desafogar os do Sul e do Sudeste -, que deveria ser concluído em 2013, mas só deverá ficar pronto em dezembro de 2015.
Sem investir o que poderia ter investido, o governo petista teve de se render à necessidade de atrair investimentos particulares – aos quais sempre se opôs – para recuperar, modernizar e ampliar a infraestrutura necessária para assegurar o crescimento da economia. Diante da notória degradação da malha rodoviária federal, da escassez de ferrovias, dos custos excessivos e da lentidão das operações portuárias, do risco de novas crises no setor aéreo por causa de aeroportos mal equipados e mal dimensionados, entre outros graves problemas de infraestrutura que não conseguiu resolver, o governo agora tem pressa em atrair o capital privado.

Em setembro, mais de um ano depois de ter anunciado o necessário Programa de Investimentos e Logística, deverão ser realizadas as primeiras licitações de rodovias. Antes tarde do que nunca. Mas, nos últimos meses do ano, haverá uma concentração de leilões, entre os quais o do trem de alta velocidade, dos aeroportos de Confins e do Galeão, de áreas nos portos públicos (inclusive Santos) e do primeiro campo do pré-sal, que vem sendo apontado pelo governo como “o maior leilão do mundo”. Haverá capital para tudo isso em tão pouco tempo?

domingo, 11 de dezembro de 2011

Sobre a fraude quilombola: mais uma mistificacao dos petistas e militantes do Apartheid

Um amigo me envia este artigo sobre a indústria dos quilombos, fabricados artificialmente para não se sabe que finalidades políticas, econômicas ou sociais. Certamente não estão sendo inventados para melhorar o Brasil, mas talvez sim a vida de certos companheiros...
Paulo Roberto de Almeida 


Sobre Quilombo e caviar

            Roque Callage Neto, Doutor em Ciências Sociais pela UNB
Recentemente, o presidente da Fundação Palmares brindou o público com um artigo no jornal Zero Hora do Rio Grande do Sul, intitulado “Quilombo e caviar”, no qual traçava analogia entre ambos. Sugerindo ser a apreciação cultural sobre quilombo uma refinada iguaria e preciosidade como o caviar, lamentava o que chamava de ignorância que cerca o assunto.
            A analogia não poderia ser mais feliz, contribuindo para demarcar perfeitamente como devem ser a análise e  debate sobre tão relevante tema. Para que os brasileiros possamos todos apreciar  e respeitar a memória da africanidade  de resistência à escravidão de nossos irmãos negros, é preciso porém atentar que quilombos necessariamente são raros e poucos – pois  correspondem a um período passado, do qual restaram como remanescentes. .Por isto mesmo apreciados como preciosidade no espaço nacional.
Entretanto , não é isto o que tem ocorrido, porque vulgarizam-se declarações de autodefinição, multiplicando-se em progressão geométrica a partir do decreto lei 4.887/2003 na presidência Lula da Silva, que pretendeu regulamentar o Artigo 68 do Ato das Disposições Constitucionais Transitorias da Constituição de 1988. Dando às comunidades a prerrogativa da autodefinição como remanescentes de quilombos, e sempre usando critérios ambíguos e abstratos, considera terras ocupadas pelos remanescentes as “utilizadas para garantia de sua reprodução física, social, econômica e cultural”. E ainda aponta que para  medição das terras, serão levadas em conta os “critérios de territorialidade apontados pela comunidade”.
Para ampliar ainda mais a insegurança jurídica e a incerteza conceitual que predominam na questão, antropólogos  afoitos ou mesmo militantes da causa, declararam em documentos que a noção de quilombo deve ser “móvel” ou em deslocamento, sofrendo  ressignificação ou ressemantização, pois ela não deve ficar “congelada” no tempo. Crtiticaram a noção colonial do jurista Perdigão Malheiros ou do Conselho Ultramarino, que consolidavam uma visão de quilombos como negros fugidos em arranchamento ou não em números definidos, sendo mais do que cinco. Assim, quilombo deveria ser uma visão dinâmica que se estenderia no tempo, para atingir situação contemporânea de uma resistência sempre presente.
Ledo engano.
Para entendimento preliminar deve-se dizer, desde logo, que quilombo não é uma abstração inerente a cada sujeito social particular, ou auto identificação suposta a cada grupo que assim o deseje segundo suas reminiscências específicas. Mas uma organização social com características de cidadania civil, perfeitamente identificável por sua rebeldia contra a ordem colonial e  monárquica nos séculos XVIII e XIX; formada por comunidades majoritariamente africanas (incluindo outros participantes), com hierarquia politica e estabilidade e permanência mínima no território.Visava abrigar fugitivos, construindo esboço de uma ordem política republicana, ou seja, conflagrando-se à ordem política existente. Não pode haver quilombo sem esta representação diferenciada sobre a ordem então existente – a ordem imperial monárquica ou ordem colonial e inclusive esta é sua auto-definição sociológica, tipificada pela antropologia jurídica.. Não tratamos aqui das diversas conotações que quilombo possa ter na terminologia ancestral africana, mas sim da que teve no território colonial e imperial brasileiro. É desta que os Constituintes de 1988 trataram.
Seja qual fôr o tamanho e a proporção do quilombo, estaremos diante de uma organização social com direitos civis diferentes dos súditos da Coroa portuguesa ou brasileira , hierarquizados politicamente por obediência a chefes constituidos de forma precocemente republicana. Foram variados no Brasil, e os quilombos de Minas Gerais chegaram a ter ampla constituição territorial, lideranças consentidas ou legitimadas pelos liderados, comercio ativo entre suas subdivisões territoriais, fluxo constante de produtos, abastecimento, grande divisão e  especialização de trabalho, especialização doméstica e vários ofícios.
Quilombolas, são, portanto, os representantes desta comunidade, e não têm qualquer conotação étnica, mas sim representam uma identidade civil de várias etnias africanas.Mais bem caracterizando uma etnia social compósita, antes que se viesse a formar a vasta macro-etnia de afro-brasileiros.
            A partir da abolição mas principalmente da República, não há o menor sentido falar-se em “quilombos” , e por isto mesmo,  exemplarmente os Constituintes de 88, no Ato das Disposições Constitucionais Transitórias escreveram que .."aos remanescentes das comunidades dos quilombos que estejam ocupando suas terras é reconhecida a propriedade definitiva, devendo o Estado emitir-lhes os títulos respectivos".
            Os negros ex-escravos se tornarão após camponeses em comunidades rurais, proletários urbanos, artesãos, serviçais ou peregrinarão pelas cidades buscando ocupações. Por certo, este período representará uma das mais injustas páginas da história brasileira, onde as terras, principalmente terras públicas, foram negadas a quem certamente deveria nelas trabalhar.Mas o que realmente ocorre, é a formação de mocambos, cortiços, favelas, nunca de quilombos. Estes não existem mais, apenas, bem acentuaram os Constituintes de 88, como remanescentes.
Por isto mesmo, são raros e poucos, merecendo a analogia com o caviar, feita pelo presidente da Fundação Palmares. E são raridades que nos convocam à seriedade, , cuidado, apreciação e até reverência.Um País que se quer uma potência social e econômica certamente deseja um futuro onde esta lembrança ocorra mais como metáfora do que como realidade de injustiça.
Entretanto, a  justiça deve ser feita sem cometer outra.
Nos últimos anos, a partir do decreto já citado, que equivocamente franqueou a auto-atribuição do imaginário mítico como regra fundamental para caracterização e  delimitação de quilombos, proliferaram pedidos de reconhecimento em todo o Pais. Um surto de novos quilombolas se estabeleceu de norte a sul. Enquanto de 1995 a 2002, haviam sido identificados 743 quilombos , a partir de 2003 até 2009, depois do decreto 4887, este numero passou para 3.524, sendo que 1.342 foram certificados pela Fundação Palmares. Até 2011, o total de certificações atingiu 1.711. A certificação é o passo inicial para a ação do Incra e a eventual desapropriação.
Se o movimento quilombola  acusava o governo anterior de lentidão em fazer justiça, o posterior passou a ser geométrico, certificando quilombos em toda a parte. A partir do decreto 98/2007, houve alguma sobriedade, e a Fundação Palmares passou a exigir maiores procedimentos ao que era simples reconhecimento completo de auto-definição. Mesmo assim, os movimentos sociais continuam a pressionar por reivindicações duvidosas, que não resistem a laudos criteriosos de contestação à sua demanda. Simplesmente, camponeses rurais não são quilombolas, e agricultores negros tampouco o são, faltando o essencial: sua definição civil e sua organização hierárquica básica que os caracterizaram como descendentes do periodo em questão como contestadores   à ordem existente.
O passo posterior normalmente requerido é o do laudo antropológico  e o relatório técnico, quando então estas comunidades podem vir a ser em tituladas. A titulação é coletiva, criando uma propriedade comunista do solo com usufruto, algo que já está sendo contestado pelos próprios beneficiários. Todas as experiências mundiais de comunização da agricultura fracassaram pela falta de produtividade e ambição individual em produzir, e basta-se verificar o que ocorreu nos kolkhozes soviéticos para se ter certeza na inevitabilidade deste fracasso. Se os ancestrais quilombolas a praticavam na ordem monárquica , nada indica que os contemporâneos a desejem.
            É justamente toda esta concepção de fazer justiça que está congelada, contrariando o que dizem alguns antropólogos, até reunidos em associações profissionais. Laudos se apressam a justificar reivindicação de amplas áreas para supostos quilombolas com argumentos de que as comunidades precisam reproduzir seu histórico modo de vida . Mesmo que se admitisse  suposta hereditariedade quilombola em várias regiões reivindicadas, pesquisas demonstram que netos e bisnetos de quilombolas não têm o menor interesse em trabalhar na terra como seus antepassados e muito menos de viver em territórios negros fechados. Mas sim em usufruirem da vida urbana , de estudarem e terem bom emprego moderno.Não têm o menor vínculo com suposto ritual mítico que os unificaria a uma causa quilombola, mas sim, uma interação constante com suas familias miscigenadas, ativos na brasilidade de suas vidas republicanas nas cidades e em seus projetos de classe média .Consideram-se sim, afro-ibero-europeus-brasileiros e mantém estas conquistas étnicas como patrimônio, desejando desenvolvê-las. Para eles, a identidade civil de quilombola  não é relevante. Não estão congelados no tempo e não querem ser congelados por antropólogos que lhes prometem o apartheid social.
            Estes antropólogos, influenciados por teorias antropológicas internacionais que visualizam o conflito permanente como forma de uma consciência diacrítica (diferenciadora)  da identidade, subscrevem documentos de apoio à segregação étnica e à constituição de territórios racialmente homogêneos. Isto acaba revivendo a noção antropogeográfica de “espaço vital”, surgida com Friedrich Ratzel e que levou ao nacional-socialismo. Não há o menor sentido em aplicar políticas de identidade sobre territórios fechados, denominados como “quilombolas”, expulsando agricultores familiares brancos ou miscigenados, incluindo familias mistas brancas e negras - todas convivendo há mais de um século em aceitação recíproca.E há muitos casos assim..
            A política quilombola terá que necessariamente passar por profunda revisão. A  melhor forma de homenagear os sobreviventes culturais de um passado de injustiça que se quer eliminar para o futuro , mantendo-o somente como metáfora simbólica em patrimônio cultural não congelado, é expor este patrimônio à convivência diária multicultural com vizinhos bem contemporâneos de nossa civilização brasileira em construção.Titulando a quem mereça, mas sem desapropriações absurdas e fantasiosas.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

O mito e a fraude: a doenca como arma politica...

Nota liminar: mais um post que tinha ficado escondido na seção de rascunho do meu blog. Muitas vezes, seja por absoluta falta de tempo, seja por problemas de conexão, uma postagem não vai levada a termo. Estou revisando as que ficaram no estoque dos rascunhos, eliminando as puramente conjunturais, e postando as que merecem divulgação, por sua atualidade permanente, se ouso dizer.
Esta aqui é sobre a exploração da doença pelo ex-presidente, como sempre explorada politicamente, como ele sempre fez com tudo, no seu exacerbado oportunismo e caráter mais do que duvidoso.
O comentário abaixo, tinha sido feito à época, e o mantenho tal qual.
Paulo Roberto de Almeida 


Já tínhamos a mentira, a propaganda enganosa, o autoengano, a mistificação, a fraude, numa só palavra, encarnadas num personagem exemplar de tudo o que existe ... na política brasileira (os três pontinhos ficam para cada leitor preencher segundo suas conveniências, crenças, preferências, etc.). 
Agora teremos tudo isso em dose dupla, tripla, multiplicadas por "n" vezes, com a ajuda da imprensa, dos médicos, dos colunistas a soldo, das almas piedosas, dos oportunistas e carreiristas, enfim, do próprio personagem, que não vai se eximir, um único segundo, de explorar suas novas virtudes de sobrevivente de uma doença ela mesma mítica.
Ele já era um símbolo de alguma coisa mitificada e mistificada pela imprensa e pelos partidos e militantes de certa esquerda fraudulenta. Depois se tornou um mito, alimentado a milhões de propaganda oficial, paga com nosso dinheiro, claro.
Agora está a caminho de se converter em semideus. Imbatível.
Teremos a fraude por mais alguns anos, e o Brasil vai ficando o que é graças a ele e a personagens como ele, e toda a sua tribo de seguidores e crentes ingênuos (e muitos menos ingênuos).
Paulo Roberto de Almeida 

NA POLÍTICA E NA DOENÇA

Lula vai virar o novo Padim Ciço?

Lula não se fará de rogado para usar a sua luta contra o câncer para tentar fazer aumentar a devoção à sua figura? Por Hugo Souza

Opinião e Notícia, 1/12/2011 
Uma observação nada sutil do articulista do jornal O Estado de S.Paulo José Nêumanne sobre a doença do ex-presidente Lula feita na última segunda-feira, 28, está causando grande ronrom. Participando de um evento intitulado “Liberdade de Imprensa vs. Politicamente Correto”, em São Paulo, Nêumanne profetizou: “O câncer vai fazer Lula se tornar o Padre Cícero”.
Talvez entusiasmado com o tema do seminário do qual participava, José Nêumanne colocou de uma forma mais, digamos, midiática, ou pelo menos politicamente incorreta, o que muito já se comentou na imprensa nacional e internacional sobre o efeito que o tumor na laringe do ex-presidente terá sobre a vida política brasileira.
Vide a recente reportagem da principal revista de econômica e política do mundo, a The Economist, sobre as implicações políticas do diagnóstico de Lula, na qual se diz que “as palavras que ele proferir serão difíceis de ignorar. O sentimento de solidariedade com ele dará mais peso às suas indicações de candidatos e pedidos de unidade na coalizão”.
Devoção e mistificação
“Ele vai fazer o que quiser com o PT e com o Brasil”, disse ainda José Nêumanne, prevendo que Lula se tornará um colosso político ainda maior depois da cura, desfecho bastante provável do tratamento do ex-presidente, segundo os médicos.
Tais afirmações de José Nêumanne têm como substrato a suspeita de que Lula e seu círculo político não se farão de rogados para usar a sua luta contra o câncer a fim de tentar fazer aumentar a devoção à sua figura. Para alguns, o estratagema já está em curso, tendo começado mais exatamente quando o ex-presidente apareceu em um vídeo gravado no hospital Sírio-Libanês após a primeira sessão de quimioterapia para agradecer “a solidariedade e o carinho do povo brasileiro” e para dizer que a luta contra a doença “não é a primeira nem última batalha” que ele irá enfrentar.
No vídeo sobre o câncer, falou o político messiânico: “Não existe espaço para pessimismo, para ficar lamentando que o dia não foi bom. Sem perseverança, sem muita persistência, sem muita garra, a gente não consegue nada. Nós temos que lutar. Foi para isso que eu vim, para lutar, para melhorar a vida de todo mundo”.
O mistério do mindinho
A dita devoção a Lula foi construída, sim, com um carisma que o faz quase que imantado, mas também com boas doses de mistificações que foram se criando em torno de sua história de vida e de sua vida política.
Acerca de tais mistificações, o próprio Nêumanne questiona a história que Lula conta sobre a perda do dedo mindinho da sua mão esquerda. Segundo o ex-presidente, ele estaria trabalhando no torno quando um colega bêbado chegou e prensou seu dedo. Lula teria sido obrigado a seguir trabalhando porque o patrão não o teria deixado ir ao médico. Quando finalmente chegou ao pronto-socorro, depois do expediente, o plantonista teria amputado seu dedo por puro comodismo.
“Aí, eu pergunto: quem era esse bêbado? Quem era o patrão? Quem eram esses amigos? Quem era o médico? Ninguém sabe!”, disse Nêumanne em sua noite politicamente incorreta em São Paulo. A mesma noite na qual ele levantou a bola de que o Lula de câncer curado, será o novo “Padim Ciço”, como diz a gente pobre do sertão. E completou: “É a mesma história das outras contadas pelo Lula: ele sempre é o herói e sempre tem um filho da p… para atrapalhar”.
Caso se confirme o cenário de uso político do câncer de Lula pelo próprio doente, algo como uma volta por cima “como nunca antes na história deste país”, o ex-presidente estará legitimando por completo as campanhas que surgiram desde o seu diagnóstico pedindo que ele trate seu tumor pelo SUS, e não no Sírio-Libanês – campanhas diante das quais muita gente se escandalizou exatamente por não admitir a mistura de Lula com Luis Inácio, ou seja, da política com a doença.