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sexta-feira, 20 de junho de 2014

Petrobras: a vaca petrolifera dos companheiros obrigada a desinvestir (nao tem jeito...)

Recebo o seguinte comunicado da (ops) "vaca petrolífera":



Rio de Janeiro, 20 de junho de 2014 – Petróleo Brasileiro S.A. – A Petrobras esclarece sobre notícias divulgadas na imprensa sobre possível venda de ativo.
Conforme já comunicado ao mercado, o Plano de Negócios e Gestão da Petrobras prevê desinvestimentos de ativos no exterior e no Brasil. O total de desinvestimentos previsto ao longo do período 2014-2018 é entre US$ 5 e US$ 11 bilhões, a depender da evolução dos indicadores financeiros da Companhia.
Assim, a Petrobras está analisando oportunidades de desinvestimentos alinhados aos objetivos traçados em seu Planejamento Estratégico e manterá o mercado informado sempre que ocorrerem fatos que requeiram divulgação.
  
Atenciosamente, 
Relacionamento com Investidores. 

Bem, depois do estrago comandado, ordenado, organizado, implementado e escondido pelos companheiros, parece que não havia mesmo outra coisa a fazer. Mas o tema Petrobras não se resume a isso.
Existe o aspecto "vaca petrolífera", ou seja, a grande oportunidade sempre sonhada pelos companheiros para realizar, como já disse um corrupto-mor, a sua "independência financeira", e de verdade eles se empenharam ativamente em construi-la, transferido um bocado de dinheiro para fora. Como sempre argumentado aqui, Pasadena é o que menos importa, poderia ser qualquer coisa: o importante era a operação em si.
E existe o aspecto da economia esquizofrênica companheira, aquela que obrigou a Petrobras a assumir perdas sobre perdas, mantendo o preço de ativos congelados, enquanto os insumos estavam submetidos às leis do mercado. Em consequência, a empresa foi afundada: passou de uma valorização de mercado de mais de 340 bilhões de dólares, quatro ou cinco anos atrás, para menos de 120 bilhões atualmente, graças aos aprendizes de feitiçarias econômicas do partido totalitário dos keynesianos de botequim.

O pior é que tudo isso está sendo escondido pelos companheiros, subtraído ao conhecimento da sociedade, pelo controle que os pilantras conseguiram no Congresso e pela sua manipulação dos meios de comunicação.
Um dia tudo isso terá de vir à tona, mesmo que seja como "cold case". Os responsáveis, se não forem punidos, pelo menos tem de ser apontados, para serem julgados pela história.
No que me concerne, eu já sei quem são os criminosos econômicos, apenas não tenho meios de denunciá-los.
Paulo Roberto de Almeida

terça-feira, 27 de maio de 2014

Crimes economicos do lulo-petismo: Fundo Soberano, perdeu tres Pasadenas

Os crimes econômicos do governo Lula, e do lulo-petismo em geral, nunca foram contabilizados por algum jornalista econômico, ou simplesmente investigativo.
E, no entanto, eles são de tal monta, e causaram tantos prejuizos ao país, que mereceriam uma série de reportagens na imprensa e depois estudo, eventualmente processo para investigação desses crimes, pelo Ministério Público Federal, pelo Tribunal de Contas, pela Corregedoria, pelo Congresso e por todas as instâncias que visam defender o patrimônio público contra a sanha criminosa da gangue que ocupa o poder.
Começou com projetos mal concebidos de OGMs, que causaram imensos prejuízos a muitos agricultores, continuou com uma orientação esquizofrênica, aliás até hoje, dada à questão do biodiesel, chegou no pré-sal -- com problemas ainda pendentes no Supremo Tribunal Federal -- e na Petrobras (e ainda não foram contabilizados todos os crimes econômicos, os roubos e desvios acumulados nessa vaca petrolífera) e se estendeu a diversos outros terrenos de atividade onde os incompetentes meteram as quatro patas.
Eu já havia detectado aqui -- podem buscar no blog -- os crimes cometidos, até do ponto de vista constitucional, nesse assunto do Fundo Soberano, a começar pelo fato de que o Brasil NUNCA teve os requerimentos básicos, e necessários, para ostentar essa coisa, que constitui mais uma das manipulações econômicas do governo incompetente.
A coluna do jornalista Carlos Brickmann dá apenas uma pequena ideia das perdas desse Fundo, que simplesmente não devia existir.
Estamos falando apenas de custos detectados, e não do custo-oportunidade provocado por essas falcatruas deliberadas ou involuntárias (ou seja, por incompetência).
Um levantamento completo de todos os crimes econômicos -- sem falar das perdas por projetos mal concebidos, tipo transposição do São Francisco, ferrovia Norte-Sul, refinaria do Maranhão -- exigiria um livro inteiro, e as cifras passariam de dezenas de bilhões de dólares, senão de centenas de bilhões.
Junto com os equívocos de política econômica, a era do lulo-petismo representou o maior atraso já experimentado pelo Brasil em décadas, nos níveis econômico, político, institucional, moral...
Paulo Roberto de Almeida

Pasadena é só um troquinho
Coluna Carlos Brickmann
28/05/2014

A estranha operação da Refinaria de Pasadena, se tudo o que se fala estiver correto, deu prejuízo de pouco mais de um bilhão de dólares. Coisa pequena: o Fundo Soberano do Brasil é mais caprichado, custou muito mais caro.

Fundo Soberano é um fundo de investimentos controlado por Governos nacionais, para aplicar em países estrangeiros. Seu objetivo é aproveitar sobras de recursos e, com os rendimentos, garantir projetos futuros. A Noruega, por exemplo, criou um Fundo Soberano para aplicar a renda do petróleo, com o objetivo de fortalecer a Previdência Social (com o envelhecimento da população, há mais gente para receber e menos para pagar) e garantir a prosperidade do país quando não houver mais rendimentos das jazidas petrolíferas do Mar do Norte.

O Brasil criou nosso Fundo Soberano em 2008, quando começou a crise da bolha imobiliária americana. Objetivo declarado pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega: financiar empresas brasileiras que investissem no Exterior. E como foi usado até agora? Um bom exemplo: o Fundo Soberano do Brasil comprou R$ 12 bilhões em ações da Petrobras. Pagou R$ 29,65 pelas ações ordinárias, com direito a voto, e R$ 26,30 pelas preferenciais, sem direito a voto. As ações despencaram - azares de mercado. Mas, no momento em que atingiram seu nível mais baixo, dois anos depois, o Fundo Soberano vendeu tudo. Comprou na alta, vendeu na baixa e perdeu R$ 4,5 bilhões. Do seu, do meu, do nosso dinheiro.

É prejuízo de uns dois bilhões de dólares. De deixar Pasadena com vergonha.

Quem fez

O Fundo Soberano é chefiado por Arno Augustin, secretário do Tesouro. Sempre que a pressão para tirar Guido Mantega aumenta, surgem informações de que seu substituto será Augustin. Imediatamente Mantega passa a ser ótimo.

terça-feira, 15 de abril de 2014

Petrobras-Pasadena: As curtas pernas da mentira - Coluna Carlos Brickmann

As curtas pernas da mentira
Coluna Carlos Brickmann, 15/04/2014


A presidente da Petrobras, Graça Foster, disse que a empresa perdeu US$ 530 milhões com a compra da refinaria de Pasadena, no Texas, EUA. "Definitivamente não foi um bom negócio". O ex-presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, acha que foi um bom negócio e que a refinaria de Pasadena dá lucro.

São duas opiniões, de duas pessoas que têm experiência no negócio. São opiniões divergentes; mas numa democracia é normal a divergência de opiniões.

Só que números são números. Segundo Gabrielli, a Petrobras pagou US$ 486 milhões pela Refinaria de Pasadena. Segundo Graça Foster, a Petrobras pagou US$ 1, 25 bilhão.

Há uma diferença de valores, entre o ex-presidente e a presidente atual, de US$ 764 milhões. Número não é opinião, não admite divergências. No caso de Pasadena, um dos dois está errado - muito, muito errado.

Diz a regra do jogo político que, antes de mentir, é preciso combinar direitinho com os demais participantes, para que todos mintam a mesma mentira. Essa precaução elementar foi esquecida: a diferença de um número para outro é escandalosa, tão escandalosa que não pode ser explicada como um simples engano. Alguém está querendo enganar a opinião pública. Sem entrar no mérito da questão, já que não entende nada de petróleo, este colunista lembra que Sérgio Gabrielli é político, hoje secretário de Estado na Bahia, e foi um dos aspirantes petistas ao Governo baiano (o escolhido acabou sendo outro secretário, Rui Costa). Graça Foster não é política, mas funcionária de carreira da Petrobras.

Relembrando

A Refinaria de Pasadena foi comprada pela Astra Oil, belga, em 2005, por US$ 42,5 milhões. Em 2006, a Petrobras comprou metade da refinaria, pagando à Astra US$ 326 milhões (segundo Gabrielli, presidente da empresa na época) ou US$ 360 milhões, "pelo menos" (segundo Graça Foster, presidente da empresa, hoje). O valor inclui metade do estoque de petróleo de Pasadena. Em 2012, a Petrobras comprou a outra metade da refinaria, por US$ 820,5 milhões.

Bom negócio, segundo Gabrielli; definitivamente, não foi bom negócio, segundo Graça.

sábado, 29 de março de 2014

Brasil: um pais em que ate o passado e' incerto, mas onde o Estado e' oprincipal fora da lei

S&P estima que bancos podem perder R$ 12 bi com planos econômicos

Os números da agência encontram-se na menor faixa das estimativas do mercado, que vão de 8,4 bilhões de reais a 341 bilhões de reais

Veja.com, 28/03/2014
Fachada da Standard & Poor's, em Nova Iorque. A agência de risco vê chances de novo rebaixamento da nota de crédito dos Estados Unidos - 06/08/2011
Fachada da Standard & Poor's, em Nova Iorque. A agência de risco vê chances de novo rebaixamento da nota de crédito dos Estados Unidos - 06/08/2011 (Stan Honda/AFP)
A Standard & Pooor's estima que os bancos brasileiros terão de desembolsar um total de 12 bilhões de reais para ressarcir correntistas que protestam no Supremo Tribunal Federal (STF) contra perdas na caderneta de poupança durante os planos econômicos das décadas de 1980 e 1990.
Os números da agência, que no início da semana rebaixou os ratings do Brasil para o mais baixo grau de investimento, "BBB-", encontram-se na menor faixa das estimativas do mercado, que vão de 8,4 bilhões de reais a 341 bilhões de reais.
"Nós assumimos que cerca de 50% disso deve recair sobre os bancos estatais", afirmou Sebastian Briozzo, analista da S&P para o Brasil. No futuro, os bancos privados poderiam processar o governo para tentar recuperar o prejuízo, acrescentou ele.
O novo rating do Brasil, com perspectiva estável, já incorpora o potencial impacto do julgamento do STF sobre as finanças do governo, afirmou Briozzo. Nesta semana, a S&P cortou notas de crédito de treze instituições financeiras brasileiras e deixou 27 grupos em observação negativa.
As treze instituições que tiveram o rating em moeda estrangeira reduzido foram Caixa Econômica Federal, Itaú Unibanco, BNDES, Bradesco, Banco do Brasil, Santander Brasil, Itaú BBA, HSBC Brasil, Banco Citibank, Banco do Nordeste, SulAmérica, SulAmérica Companhia Nacional de Seguro e Allianz.

sábado, 30 de novembro de 2013

Petrobras dos companheiros se afunda em dividas e nos prejuizos: que presente de 60 anos....

A Petrobras passou a maior parte da sua vida útil sem encontrar muito petróleo, mas sendo sugada por políticos, sindicalistas, oportunistas, e toda espécie de aproveitadores conjunturais.
Quando ela começou a melhorar, devido às reformas feitas por pessoas sensatas, e ser administrada como uma companhia comercial que é -- claro, deveria ter sido privatizada desde o início do processo, mas não foi, por causa dos mitos que cercam o petróleo no Brasil, e por causa da ignorância majestosa de políticos e jornalistas -- aí chegaram os companheiros e deram início ao processo de desmonte. Primeiro voltando a sugar a companhia, para alimentar ainda mais aproveitadores do que antes, porque os companheiros são insaciáveis em sua auri sacra fames...
Isso e mais a gestão incompetente de ministros, chefes de gabinete civil e ainda mais alto escalão, fizeram o resto, e a companhia é isso que vocês sabem, estão vendo e acham que algo aconteceu, mas não sabem como.
Eu conto: má gestão, incompetência, inépcia, burrice, desonestidade, e outras coisas mais...
A constatação está na primeira matéria; a incompetência, na segunda.
Paulo Roberto de Almeida

Petrobrás é a empresa com mais dívidas no mundo

Segundo relatório do BofA, a dívida da empresa cresceu muito por causa do programa para elevar a produção offshore


19 de outubro de 2013
FERNANDA GUIMARÃES - O Estado de S.Paulo
A Petrobrás é agora a empresa mais endividada do mundo, segundo relatório divulgado pelo Bank of America Merril Lynch. "A dívida da Petrobrás cresceu rapidamente com a empresa implementando um ambicioso programa de investimento de US$ 237 bilhões para o crescimento de sua produção offshore", informa o documento.
Segundo o BofA, um importante fator para a Petrobrás reverter a tendência de alta da sua alavancagem seria impulsionar o seu Ebitda (geração de caixa), o que ocorreria com um aumento de produção.
"Sem uma produção maior, a alavancagem continuará a crescer a menos que ocorra um forte aumento nos preços da gasolina e uma forte redução no programa de capex (investimento)", segundo o documento. Para a equipe de análise, a produção da estatal deveria crescer para 3,8 milhões de barris por dia para que a alavancagem da empresa comece a cair.
"Os próximos 6 a 18 meses serão, esperançosamente, o início de uma importante virada para a Petrobrás em termos de produção", ainda de acordo com o documento.
Outro ponto relevante é o aumento dos preços. "De acordo com a diretoria, um aumento adicional de preços é possível no curto prazo", afirma a analista que assina o documento, Anne Milne, que julga difícil "dada a fraqueza no crescimento da economia, pressão inflacionária, um real fraco e risco de protestos sociais".
Outro ponto que poderia ajudar na redução do endividamento da petrolífera seria a redução do programa de investimentos. "A empresa identificou US$ 29,5 bilhões em projetos que estão com baixa valorização", destaca a analista. Ela frisa que movimento de venda de ativos e de joint ventures pode ajudar a Petrobrás, além de um amplo programa de redução de custos.

Brazil raises fuel prices holds off changes to subsidies
By Samantha Pearson in São Paulo
Financial Times, November 29, 2013

Brazil’s state-controlled oil company, Petrobras, has agreed to raise fuel prices but failed to deliver a transparent pricing policy for the future, dealing a blow to investors and the country’s struggling ethanol industry.
The Rio de Janeiro-based company said late on Friday that it’s board had agreed to raise petrol and diesel prices by 4 and 8 per cent respectively as of Saturday morning.

Under Brazil’s unofficial fuel subsidies agreement, Petrobras is forced to import fuel and sell it at a loss in the domestic market to help the government control inflation.
The practice has cost its refining unit over R$40bn since the beginning of 2011, raising doubts about its ability to deliver its $237bn five-year investment plan. It has also caused great anger among minority shareholders around the world.
The moderate fuel price increases announced on Friday should help limit losses but investors had been hoping for more after the company had promised greater transparency on fuel subsidies.
Petrobras said in a surprise announcement last month that it had prepared a methodology that would help match domestic prices to international prices. However, the move needed the approval of the board, led by Finance Minister Guido Mantega.
In its statement on Friday, Petrobras said the price increases were part of the “implementation of its diesel and petrol price policy”. However, it said the policy would remain private, prompting criticisms that the company had, in fact, made no significant changes to its practices at all.
Brazil’s ethanol industry body, Unica, said on Friday that the announcement would not help as it gave no clarity on future fuel prices.
Producers of the biofuel have suffered widespread losses over the past few years as they are unable to compete with subsidised petrol prices. In Brazil, almost all cars are built to run on ethanol or petrol, leaving drivers to choose depending on which fuel is cheaper at the pump.
“We continue without any system, without a formula with clear and stable parameters, which would make it possible to understand the basis on which petrol prices are maintained or adjusted,” Unica said in a statement on Friday.
While Petrobras’s management have been keen to push through a transparent methodology, the government is concerned it would boost fuel already high inflation and decided to block the move, according to local media.
Annual inflation in Brazil was last recorded at about 5.8 per cent – below the 6.5 per cent ceiling of the tolerance range but above the 4.5 per cent target.
On Wednesday, the central bank raised the benchmark interest rate by 50 basis points to 10 per cent, adding to what has become the world’s biggest tightening cycle this year.

segunda-feira, 8 de julho de 2013

BNDES: seu desmantelamento na gestao companheira

Patrimônio do BNDES recua 38% com dividendos ao governo e perda na Bolsa

Lu Aiko Otta
O Estado de S.Paulo07 de julho de 2013 

Em dois anos, patrimônio líquido do banco caiu de R$ 75,6 bilhões para R$ 46,8 bilhões, o que, segundo economistas, pode ter impacto no mercado de crédito


BRASÍLIA - Na contramão do mercado, o patrimônio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) encolheu 38% entre março de 2011 e março de 2013, enquanto a média de cinco grandes bancos públicos e privados registrou crescimento de 25%. É o que mostra levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV).
Para os economistas José Roberto Afonso e Gabriel Leal de Barros, ambos do Ibre, essa é uma clara evidência de que o governo está enfraquecendo os bancos públicos, principalmente o BNDES, com sua política de recolher dividendos antecipados. Essa é a tese que eles defendem no estudo Receitas de Dividendos, Atipicidades e (Des) Capitalização.
"O governo fala em capitalização, mas na verdade o que está acontecendo é descapitalização", frisou Afonso. "O Tesouro sacou reserva de lucro acumulado sem um aumento de capital compatível com o crescimento do crédito." Outra causa para esse desempenho são as "violentas" perdas sofridas pelo banco com ações de Petrobrás, Embratel e Vale, por exemplo. Para ele, essa perda de fôlego pode ter consequências negativas no mercado de crédito.
Questionado, o BNDES apontou as perdas no mercado acionário como a principal causa para a redução do patrimônio. "O impacto negativo dessa oscilação no patrimônio líquido do BNDES foi de R$ 23 bilhões, quase o dobro do que foi pago em dividendos líquidos de aumento de capital no mesmo período", diz o banco. "Portanto, é equivocado atribuir a redução do patrimônio líquido, majoritariamente, à distribuição de dividendos nos anos citados."
Queda. De acordo com o levantamento, o patrimônio líquido do BNDES caiu de R$ 75,602 bilhões em março de 2011 para R$ 46,799 bilhões em março passado, uma redução de 38%. No mesmo período, o Itaú Unibanco registrou aumento de 17% em seu patrimônio e o Bradesco, de 35%. O patrimônio líquido do Banco do Brasil teve expansão de 19%.
O patrimônio menor diminui a capacidade de o banco emprestar. As instituições brasileiras precisam seguir regras internacionais de prudência na concessão de crédito. Elas seguem o Acordo de Basileia, cuja norma básica é que, para cada R$ 100 emprestados pelo banco, ele precisa ter um patrimônio de pelo menos R$ 11. Nesse exemplo, o banco teria um Índice de Basileia de 11%.
No caso do BNDES, esse índice recuou de 21,9% em março de 2011 para 14,5% em março deste ano. "Eu não questiono o índice, que ainda está acima do mínimo permitido, mas a trajetória", observa Afonso. Foi uma queda de 34% em apenas dois anos.
De acordo com informações da área econômica, o índice do BNDES caiu ainda mais. Não foi por acaso que o governo editou, no início de junho, a Medida Provisória 618, que autoriza o Tesouro a aumentar o capital da instituição em R$ 15 bilhões. A explicação oficial é exatamente de que o dinheiro será injetado para melhorar o Índice de Basileia do banco.
Um eventual estreitamento na possibilidade do BNDES de emprestar afetaria a principal aposta do governo para "virar" o humor na economia: o programa de concessões em infraestrutura.
Apenas em rodovias e ferrovias, o investimento previsto é de R$ 133 bilhões, dos quais R$ 79,5 bilhões ocorreriam nos próximos cinco anos. A promessa é que o banco de desenvolvimento financiará 70% dos empreendimentos - ou o equivalente a R$ 93,1 bilhões.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Venezuela: oleo companheiro nao aparece, ou nao serve...

Mais um exemplo de decisões absolutamente erradas, completamente equivocadas, tomadas mais por simpatia ideológica do que por avaliação econômica racional.

PDVSA oferece petróleo por sociedade com Petrobras
 Folha de S. Paulo, 19/02/2013

Participação da venezuelana em refinaria em PE, acertada há 7 anos, ainda não foi fechada
A estatal venezuelana PDVSA propôs à Petrobras entregar petróleo cru, em vez de dinheiro, como pagamento por sua participação na refinaria Abreu e Lima (PE).
A Petrobras aguarda há sete anos uma definição da PDVSA sobre sua entrada na sociedade. Para não prejudicar as obras (que sofreram atraso de quatro anos e devem terminar no fim de 2014), a estatal brasileira tocou sozinha o projeto até agora.
Inicialmente orçada em US$ 2,3 bilhões, a refinaria vai custar, ao menos, US$ 17,1 bilhões. Mais da metade já foi injetada pela Petrobras.
A ideia da PDVSA, que deveria ficar com 40% da unidade, é fornecer ao Brasil 70 mil barris/dia em troca do aporte que deveria fazer.
A proposta sofre rejeição dentro da Petrobras, que prefere receber em dinheiro. A decisão final, porém, também passará pelo Planalto.
Fechada pelos governos de Hugo Chávez e Lula, a sociedade com a PDVSA nunca agradou a Petrobras. Entre os motivos do estouro do orçamento da refinaria, estão a entrada da venezuelana no projeto e a posterior indefinição sobre a sua participação.
A Petrobras teve de planejar "duas refinarias" em paralelo em um mesmo empreendimento, pois era incompatível processar, em uma mesma unidade industrial, o óleo venezuelano, ultrapesado, e o brasileiro, mais leve.
Com a demora da PDVSA em acertar a sociedade, a Petrobras decidiu alterar o projeto e prever apenas o refino do óleo brasileiro.

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Republica companheira (2): Petrobras dos prejuizos S.A.

Parece que os companheiros não gostam de lucros: companhias públicas, para eles, tem de dar prejuízos, supostamente para beneficiar o público. Acaba afastando acionistas, e levando a companhia para o buraco. Eles sempre foram assim: primeiro preocupações supostamente sociais, depois os resultados econômicos. Acabam produzindo resultados negativos nas duas frentes...
Paulo Roberto de Almeida

Alívio passageiro
Editorial Folha de S.Paulo, 31/01/2013

Há quase sete anos, em abril de 2006, num prenúncio da euforia com as descobertas do pré-sal, o então presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, enterrou R$ 37 milhões numa campanha publicitária laudatória da autossuficiência alcançada pelo país.

De lá para cá, o entusiasmo evaporou, assim como os resultados da Petrobras. A instrumentalização da maior empresa do país como arma de propaganda governista deu no que não poderia deixar de dar: deterioração acelerada do desempenho da companhia.

Não só a autossuficiência não livrou o Brasil do deficit na balança comercial de combustíveis como o país vem importando quantidades crescentes deles --sobretudo gasolina, que é vendida no mercado interno por preços inferiores aos do mercado internacional, defasagem que causa prejuízos bilionários à petroleira.

Não é com o aumento da gasolina e do diesel para distribuidores (6,6% e 5,4%, respectivamente) anunciado anteontem, contudo, que a Petrobras se verá livre da sangria. O reajuste ficou longe de zerar a defasagem. As estimativas variam, mas ela ainda estaria, após a alta, na faixa de 7% a 15% de diferença entre os preços domésticos e os internacionais.

O prejuízo mensal da Petrobras com esses combustíveis, calculado em cerca de R$ 2 bilhões, cairia para algo mais próximo de R$ 1 bilhão. Ainda assim, um subsídio considerável para seu consumo, bancado por uma empresa que deveria lutar por resultados melhores para apresentar aos acionistas.

Na segunda-feira devem ser divulgados os novos números do desempenho da Petrobras, e as expectativas são pessimistas --espera-se o anúncio de queda na produção de petróleo em 2012, por exemplo. O próprio reajuste dos combustíveis, acredita-se, teria sido um expediente para contrabalançar as más notícias iminentes.

Outro fator que explica o momento escolhido para o aumento é a inflação. O governo federal --que representa o acionista controlador da Petrobras, a União-- vinha represando o preço dos combustíveis para evitar a alta dos índices. A folga obtida com a redução das tarifas de energia elétrica, anunciada há uma semana pela presidente Dilma Rousseff, permitiu acomodar a majoração que traz algum alívio para a petroleira.

Há indicações de que Graça Foster, presidente da estatal, defendia alta maior para a gasolina, da ordem de 7,5%. Teve de contentar-se com 6,6% (que devem resultar em cerca de 4,6% para o consumidor).

Não será a primeira nem a última vez em que a Petrobras submete o interesse dos acionistas particulares aos interesses do Planalto.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Lembram-se da autossuficiencia em petroleo? Pois e'...

Não só a política do petróleo, e dos combustíveis, está fundamentalmente errada, desde o início, mas o governo também conseguiu perturbar profundamente a própria matriz energética do Brasil, começando por estímulos artificiais -- e totalmente antieconômicos -- ao biocombustível de mamona (um erro crasso, sem qualquer cálculo econômico), com implicações inclusive para a política externa, ao flertar com o gasoduto chavista, ao permitir expropriação de ativos da Petrobras no exterior, ao se lançar numa mudança irracional, rentista, demagógica, irresponsável da legislação sobre extração, produção e distribuição de recursos fósseis, e um pouco em todas as outras áreas da energia, sem esquecer a produção e distribuição de eletricidade.
Enfim, um caos completo, uma incompetência que só se salvou justamente em função da importação de todos os combustíveis (petroleo, gas, etanol), o que terá o seu preço em termos de transações correntes.
Paulo Roberto de Almeida

O elevado déficit que vem da importação de petróleo

02 de janeiro de 201
Editorial O Estado de S.Paulo
 
O déficit comercial provocado pelo aumento da importação de petróleo e derivados atingiu US$ 9,8 bilhões, até novembro, segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, e foi estimado em US$ 11,8 bilhões, em 2012, pela consultoria Tendências. Além de ser o maior déficit em 17 anos, a presidente da Petrobrás, Maria das Graças Foster, admitiu que esse valor deverá crescer em 2013.
A autossuficiência em petróleo, proclamada pelo ex-presidente Lula em meados da década passada, só existiu em 2009, quando o déficit (diferença entre as importações e as exportações de petróleo e derivados) foi de apenas US$ 250 milhões, pouco mais de 2% do previsto para 2012.
O desequilíbrio crescente atual deve-se, em parte, à política de estímulo ao consumo, inclusive de veículos. "A demanda por combustível vai continuar crescendo e, enquanto não aumentar a capacidade de refino, será necessário comprar de fora", disse à Folha de S.Paulo um analista da Tendências, Walter de Vitto.
A presidente da Petrobrás, em entrevista a O Globo, notou que foram importados 114 mil barris por dia de gasolina em novembro e a quantidade prevista era de 178 mil barris/dia em dezembro.
Os números mostram as deficiências da política energética dos últimos anos. A manutenção de preços artificialmente baixos para gasolina e diesel desestimulou a produção de álcool e estimulou o aumento de importações. Em 2012, até outubro, o consumo de gasolina aumentou 11,8% e 7,0% o do diesel. O déficit na conta-petróleo agrava o da conta corrente do balanço de pagamentos.
Ao atrasar a correção dos preços da gasolina e do diesel, a Petrobrás fatura menos e passa a depender de mais recursos de terceiros para cumprir seus planos de investimento. Graça Foster admite uma defasagem de 6% dos preços da gasolina.
Em 2013, o déficit na conta-petróleo deverá atingir US$ 17,2 bilhões, prevê a Tendências. O valor cairá com o aumento da capacidade de refino, mas só em 2015 deverá começar a funcionar a Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. No longo prazo, o Brasil poderá reduzir - ou até eliminar - o desequilíbrio da conta-petróleo, à medida que cresça a exploração dos campos do pré-sal. Mas a Petrobrás só prevê aumento da produção de óleo bruto em 2014.
Está em teste, portanto, a reforma da Lei do Petróleo, de 2010. O temor é de que tenha havido o erro estratégico de jogar toda a responsabilidade nos ombros da Petrobrás.