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quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Stefan Zweig: 75 anos de sua morte - Casa Stefan Zweig de Petropolis tem eventos


Stefan Zweig foi considerado o best-seller de sua geração na Europa, embora para muitos, especialmente no Brasil, ficou conhecido apenas após sua trágica morte em Petrópolis. E é na Cidade Imperial onde hoje funciona um memorial da vida e obra do escritor austríaco, a Casa Stefan Zweig. Mais do que o trabalho de Zweig, o museu é dedicado aos refugiados da Europa nazista durante os anos 1930 e 1940 e é um dos atrativos que integram o Passaporte Cultural de Petrópolis. Neste ano, o espaço terá um calendário especial de eventos no primeiro semestre para marcar os 75 anos de morte de Stefan Zweig, completados nesta quinta-feira (23.02).

Um patrimônio de Petrópolis e do mundo, o museu está localizado na casa onde o escritor e a esposa Lotte se exilaram por cinco meses até que não suportaram a depressão, solidão, as notícias da guerra que se intensificavam e puseram fim às suas vidas. Zweig e Lotte ingeriram veneno e morreram em sua última morada em Petrópolis, no número 34 da Rua Gonçalves Dias.

Mais do que a triste lembrança de sua morte, Zweig deixou um legado com seus pensamentos e textos, muito à frente do seu tempo, chegando a ser o autor mais traduzido do mundo, best-seller em mais de 50 países. Suas biografias como Maria Antonieta, Fouché, Erasmo de Roterdã e Magalhães são reeditadas até hoje. Parte de sua obra, inclusive, teve o país que escolheu como sua pátria, ainda que temporariamente, como inspiração, como o livro “Brasil um país do futuro”. Nele, Zweig narra e exalta as qualidades da terra tupiniquim, mais ainda da pluralidade e hospitalidade do povo que o acolheu.

E é essa humanidade característica do povo brasileiro que encantou o escritor, conhecido por seu estilo pacificador, que ambienta a Casa Stefan Zweig. O museu, inaugurado em 2012, foi criado para lembrar de Zweig e de todos os outros exilados que compartilharam com ele o destino do exílio. O espaço, que recebe visitantes do Brasil e do mundo inteiro, também já se tornou uma referência para pesquisadores. O local, no entanto, não transmite a tristeza que levou o casal a tirar sua vida, mas a herança que Zweig deixou, entre ela pensamentos que traduzem com perfeição os dias de hoje.



“Não é uma casa de tristeza, lembrando morte. Queremos lembrar a vida e o legado que ele deixou. É um museu informativo, no qual queremos passar o trabalho incrível que ele fez. O visitante chega e tem a oportunidade de conhecer quem foi Stefan Zweig”, contou a coordenadora da CSZ, Dora Martini.



Casa Stefan Zweig tem programação especial



Um centro cultural ativo, com exposições, recitais, palestras, campeonatos de xadrez e oficinas para professores, a Casa Stefan Zweig está integrada ao roteiro cultural de Petrópolis, sendo um dos atrativos do Passaporte Cultural com programação variada. Neste ano especial, para homenagear os 75 anos de morte de Stefan Zweig - cuja obra teve um "revival" no mundo inteiro através da reedição de livros, de novos filmes e de artigos na imprensa dos principais países – o museu preparou um extenso calendário de eventos culturais ao longo do primeiro semestre com atividades na CSZ e em outros espaços.

Já está em cartaz a exposição “Stefan Zweig, escritor de cartas”, que pode ser visitada de sexta a domingo, de 11 às 17h, mesmo horário de funcionamento da CSZ, que tem entrada gratuita. Em março, será ministrado minicurso sobre o escritor austríaco, em parceria com a UCP, no Museu Imperial e acontece a pré-estreia no Brasil do filme “Depois da Aurora” (Vor der Morgenröte), de Maria Schrader. A data ainda não foi divulgada.

Em parceria com a editora Memória Brasil, a CSZ lança o livro “Unidade espiritual do mundo”, conferência proferida por Zweig por ocasião de sua primeira viagem ao Rio de Janeiro, em 1936.  O livro será lançado durante o simpósio “Stefan Zweig e o Brasil”, que acontecerá no Itamaraty, em Brasília, no dia 21 de março, e, depois, em São Paulo, Petrópolis, Rio de Janeiro, Florianópolis e Curitiba.

Em maio, no dia 2, começa na Casa da Europa (antiga Maison de France), no Rio de Janeiro, a exposição “Três humanistas: Stefan Zweig, Romain Rolland e Joseph Roth”. No dia 9, no Dia da Europa, haverá um simpósio sobre os três escritores e um coquetel com lançamento do livro “Unidade Espiritual do Mundo”.

Também será lançado, pela Zahar, o volume “A curar pelo espírito”, com posfácio de Alberto Dines e tradução de Kristina Michahelles, com perfis de Sigmund Freud, Franz Mesmer e Mary Baker-Eddy, assim como a correspondência inédita entre Zweig e Freud.



Programação permanente



Além da programação especial, o visitante pode conferir as atividades que são oferecidas permanentemente no espaço. No museu, que é multimídia, logo que chega o visitante pode assistir a um breve filme intitulado "A última morada de Stefan Zweig". O vídeo ambientaliza o visitante e o ajuda a entender o processo de depressão do autor. Talvez o maior estudioso, pesquisador e divulgador no Brasil da vida e obra de Stefan Zweig, além de presidente-diretor da CSZ e o grande idealizador do projeto, o jornalista Alberto Dines narra um vídeo no qual conta a história da famosa casa no Valparaíso. Além desse, narra outro filme exibido nas sessões multimídias, uma conversa com o também jornalista Flávio Tavares sobre a novela “Xadrez”, escrita por Zweig na casa.

Todos os meses, sempre no último sábado, acontece exibição de filmes sobre o exílio. No dia 25 de março serão perfis dos críticos e tradutores Otto Maria Carpeaux, Herbert Caro e Paulo Rónai. No dia 29 de abril perfis dos fotógrafos Kurt Klagsbrunn, Jean Manzon e Hans-GünherFlieg. Já em maio, no dia 27, tem perfis dos dramaturgos Gianfrancesco Guarnieri, Zbigniew Ziembinski e ZygmuntTurkow. E no dia 24 de junho, os livreiros Eva Herz, Walter Geyerhahn e Erich Eichner e Susanne Bach.

terça-feira, 15 de dezembro de 2020

Stefan Zweig e o Brasil: exílio e integração, Kristina Michahelles - livro da Casa Stefan Zweig, 2020


 

Stefan Zweig e o Brasil: exílio e integração

Livro da Casa Stefan Zweig, 2020

A Casa Stefan Zweig recebe o apoio da KAS para publicar a cartilha Stefan Zweig e o Brasil: exílio e integração. A publicação apresenta e estimula o debate sobre várias das questões mais em evidência na atualidade, como migração, refúgio e exílio. A obra é dedicada a um amplo público, incluindo jovens, alunos de nível médio e estudantes universitários.

Coordenação editorial: 

Kristina Michahelles

Projeto gráfico: Ruth Freihof, Passaredo Design


Sumário: 


Apresentação, 6 

O viajante, de Luiz Aquila, 8

Artigo: Exílios - Renato Lessa, 11

Exposição | Legado do exílio, 15

Livro: Dicionário dos refugiados do nazifascismo no Brasil, 28

Perfil: Lore Koch, única discípula de Volpi, 35

Grupo de Estudos: Stefan Zweig no país do futuro, 40

Download: 

https://www.kas.de/documents/265553/265602/Stefan+Zweig+-+Ex%C3%ADlio+e+Integra%C3%A7%C3%A3o.pdf/69c28c71-5df3-efd1-cb7f-f2a08d3d9a6f?version=1.1&t=1607529230018


Grupo de estudos

Stefan Zweig no país do futuro


O Grupo de Estudos Stefan Zweig foi criado em junho de 2020 com o objetivo de ampliar a rede de especialistas na obra e a vida do autor austríaco nas universidades brasileiras. Coordenado por Kristina Michahelles, o encontro inicial contou com a presença de Larissa Fumis, Marina de Brito e Carlos Eduardo do Prado. 

Mariana Holms acaba de se juntar ao grupo.

Larissa Fumis é de São José do Rio Preto, SP. Fez mestrado em Literatura com uma tese dissertação sobre Stefan Zweig e seu livro Brasil, um país do futuroNo doutorado, fará uma análise contrapondo o mesmo livro ao Romanceiro Brasileiro, do também exilado Ulrich Becher. 

Marina Brito mora em Viena. Em sua tese de mestrado, fez um estudo comparativo das traduções para o português - em um intervalo de sete décadas - das duas obras icônicas de Zweig, Brasil, um país do futuro e a autobiografia O mundo de ontem.

Carlos Eduardo do Prado é professor de francês da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e se doutorou em Estudos de Literatura – Literatura Comparada pela Universidade Federal Fluminense com um estudo comparativo entre as biografias de Balzac e Zweig, com base na obra Balzac, eine Biographiede Zweig.

Mariana Holms é doutoranda em Língua e Literatura Alemã pela Universidade de São Paulo. Depois de focar em Stefan Zweig no mestrado, atualmente concentra sua atenção na vida e obra da escritora e pintora austríaca Paula Ludwig, exilada no Brasil entre 1940 e 1953. 

As reuniões serão trimestrais. O site da CSZ (www.casastefanzweig.org) criou uma nova seção para abrigar trabalhos acadêmicos sobre Stefan Zweig no Brasil. 




quarta-feira, 17 de novembro de 2021

Stefan Zweig: cerimônia de entrega póstuma de condecoração Grã-Cruz da Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul - Paulo Roberto de Almeida

3208. “Stefan Zweig: cerimônia de entrega de condecoração”, Brasília, 12 dezembro 2017, 2 p. Texto oferecido como proposta de discurso do Sr. Ministro de Estado, em cerimônia de condecoração póstuma, com a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul, ao grande escritor austríaco, entregue à embaixadora da Áustria no Brasil, em 18/12/2017, para ser entregue à Casa Stefan Zweig, de Petrópolis.


 


Stefan Zweig: cerimônia de entrega de condecoração

 

IPRI-Funag: proposta de discurso do Sr. Ministro de Estado

[Objetivo: pronunciamento em cerimônia; finalidade: atribuição de comenda]

 

[Palavras protocolares de abertura (cerimonial),]

 

O motivo desta cerimônia de atribuição da Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul, no grau de Grã-Cruz, em homenagem a um dos maiores escritores austríacos de todos os tempos, Stefan Zweig, possui um significado especial para o Brasil, como país singularizado em sua vasta produção literária e intelectual, mas também para este ministério, que o acolheu com todas as honras, quando de sua primeira viagem ao país, em 1936. Naquela ocasião, Stefan Zweig foi homenageado com um banquete oferecido pelo chanceler José Carlos de Macedo Soares, a quem Stefan Zweig retribuiu com a entrega dos originais, em alemão, de sua famosa conferência, feita depois em francês, sobre “A Unidade Espiritual do Mundo”. Esse texto, traduzido em cinco línguas e objeto de nova publicação por iniciativa da Casa Stefan Zweig, de Petrópolis, e da editora Memória Brasil, sob a direção de Israel Beloch, esteve no centro da homenagem que prestamos novamente ao escritor, neste ano, em cerimônia no Instituto Rio Branco, com a presença do ex-chanceler Celso Lafer, que assinou uma bela introdução ao livro.

Ao reverenciarmos, novamente hoje, a sua memória e sua obra excepcional, não podemos deixar de mencionar que o nome de Stefan Zweig está para sempre ligado à imagem otimista que ele traçou de nosso país. Em seu trabalho sobre o Brasil como país do futuro, um dos seus últimos escritos no exílio, antes que ele assinasse suas memórias sobre “O Mundo de Ontem”, Zweig destacou especialmente uma das características que distinguem ainda hoje nosso país em face da diversas nações deste hemisfério e mesmo do mundo: a capacidade da nação em operar uma feliz mistura de raças, a fusão das mais diversas tradições culturais, nossa tolerância religiosa, o sincretismo harmonioso de tantas contribuições étnicas e sociais, o que constitui, justamente, uma realidade que combina com o título da sua conferência de 1936: uma “unidade espiritual”. 

Naquela conjuntura sombria, a Europa caminhava para a guerra, já antecipada na guerra civil espanhola que recém começava, para precipitar-se, pouco mais adiante, nos horrores do holocausto racial, ambos promovidos pelo bárbaro regime nazista, que também engolfou o seu país de origem, e que foi um dos motivos de seu primeiro exílio, na Inglaterra. Naquele momento, ele já tinha publicado a sua biografia de Erasmo, o símbolo da tolerância e do humanismo, nome que hoje batiza um dos mais famosos e apreciados programas europeus de integração educacional. Pouco depois, Stefan Zweig soube ver no Brasil as marcas da diversidade e da tolerância, características que ainda hoje distinguem o nosso povo e a nossa sociedade. Já famoso em todo o mundo, como grande autor de novelas e peças de teatro, Zweig se tornou imediatamente popular no Brasil, onde continua sendo lido e devidamente homenageado, notadamente por meio das muitas exposições e iniciativas culturais da Casa Stefan Zweig de Petrópolis. 

Ao fazer a entrega, hoje, das insígnias e do diploma da Ordem do Cruzeiro do Sul à embaixadora da Áustria, Irene Giner-Reichl, este ministério e o governo brasileiro desejam reafirmar toda a nossa admiração pelo escritor que reafirmou a posição impar do Brasil no mundo, justamente pela imagem que ele soube consolidar de um país multirracial, como nos orgulhamos de ser, uma nação diversa, multicolorida, mas unida espiritualmente, tolerante com todas as raças e credos, uma sociedade, finalmente, imune a comportamentos xenófobos e exclusivistas. 

A Europa, como aliás recomendou a Economist em editorial de um ano atrás, deveria ler, ou reler, Stefan Zweig, sobretudo em sua mensagem em favor de uma Europa tolerante, infensa aos temores raciais, novamente unida espiritualmente em torno da ideia do congraçamento universal dos povos. Esta é mensagem que Stefan Zweig nos legou, e com a qual nós nos sentimos, mais do que nunca, profundamente identificados. Receba, senhora embaixadora, os símbolos de nossa contínua admiração pelo grande austríaco que, enterrado em nosso solo, continua reverenciado como um dos grandes amigos do Brasil, um traço de união entre nossos dois países. 


Brasília, 12 de dezembro de 2017.

 

 

quinta-feira, 29 de maio de 2014

Stefan Zweig, Austrian Novelist, Rises Again - (The New York Times)



The New York Times, MAY 28, 2014

Zweig, who committed suicide in Brazil in 1942, is an object of current fascination and the subject of a new biographical study. 

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Stefan Zweig (1881-1942).CreditHulton-Deutsch Collection/CORBIS

In the decades between the two world wars, no writer was more widely translated or read than the Austrian novelist Stefan Zweig, and in the years after, few writers fell more precipitously into obscurity, at least in the English-speaking world. But now Zweig, prolific storyteller and embodiment of a vanished Mitteleuropa, seems to be back, and in a big way.
New editions of his fiction, including his collected stories, are being published, with some appearing in English for the first time. Movies are being adapted from his writing; a new selection of his letters is in the works; plans to reissue his many biographies and essays are in motion; and his complicated life has provided inspiration for new biographies and a best-selling French novel.
“Seven years ago, when I told friends who are writers what I was going to be doing, they looked at me with silence and incomprehension,” said George Prochnik, the author of “The Impossible Exile,” a biographical study of Zweig’s final years, published this month by Other Press. “But Zweig has become an object of fascination again.”
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Ralph Fiennes in “The Grand Budapest Hotel,” set in Europe between the wars, the milieu of much of Stefan Zweig’s work. CreditFox Searchlight Pictures
Born in Vienna in 1881, into a prosperous Jewish family, Zweig grew up in what he would later describe as a “golden age of security.” Success and acclaim came to him early and never left, but the rise of Nazism forced him into a painful and enervating exile, first in Britain, then the United States and, finally Brazil, where he and his wife, Lotte, committed suicide in February 1942.
The reasons for Zweig’s resurgence at this particular moment are not necessarily obvious, and that has provoked much speculation in literary circles. Zweig was, in many ways, an old-fashioned writer: His fiction relies heavily on plot, with some developments telegraphed long before they occur, and the tales he tells are often melodramatic, their language sometimes florid.
But that conventionality of structure and tone is accompanied by insights into character, emotion and motivation that were unusual, even revelatory, for their time and continue to resonate today. Not surprisingly, Zweig and Sigmund Freud were friends and mutual admirers — Zweig even delivered a eulogy at Freud’s funeral — and one of his eternal themes was the workings of the human mind.
At an event at the McNally Jackson bookstore in SoHo last week, the authors André Aciman, Katie Kitamura and Anka Muhlstein joined Mr. Prochnik in a discussion of what made Zweig relevant and appealing to modern readers. They immediately zeroed in on that perspicacity.
“The man is an absolutely brilliant psychologist,” Mr. Aciman said, placing Zweig at the head of a group of writers who “are very pointed in their ability to understand what makes human beings tick.” Ms. Kitamura added that Zweig was particularly astute in “the way he handles women” and their yearnings and frustrations.
There also appears to be an element of nostalgic curiosity in the renewed interest in Zweig, especially as the centennial of the outbreak of World War I approaches. He called his memoir, published in 1942 and reissued in paperback last year, “The World of Yesterday,” and some of his best-known works take place in elegant, long-vanished settings, like ocean liners, spas in the Alps or a cavalry regiment serving on the frontier of the Hapsburg Empire, a world evoked by Wes Anderson in his recent film “The Grand Budapest Hotel.”
“I think it partly can be attributed to a larger ongoing interest in the disaster of the 20th century and taking its pulse,” said Edwin Frank, editorial director of New York Review Books Classics, which has published Zweig’s novel “Beware of Pity” and four of his novellas in recent years. “Zweig was both a chronicler of that world and a victim of the disaster, which makes him an intriguing figure.”
Some of the most recent interest obviously stems from Mr. Anderson’s film. He acknowledges Zweig’s work as inspiration, and the film, whose main character, played by Ralph Fiennes, even looks like Zweig, addresses some of the questions that preoccupied the writer, like the emergence of borders, passports and other impediments to mobility and freedom.
“The interest was already there, but it has accelerated hugely” since Mr. Anderson’s film opened at the Berlin Film Festival in February, said Adam Freudenheim, managing director of Pushkin Books, which has published more than a score of Zweig titles. “It’s not just about the film being seen. It’s also the fact that people are hearing and talking about Zweig on social media in a way that wasn’t true six months ago, and that has a direct impact on our sales.”
In “The Society of the Crossed Keys,” a sort of companion book to his film that is available in Britain but not yet in the United States, Mr. Anderson selects some of his favorite passages from Zweig’s work and, in a conversation with Mr. Prochnik, explains what about them appeals to him. Zweig provides “details of a universe most of us have no experience of, and that’s great to discover,” he says in their conversation.
In his lifetime, Zweig’s easily digestible style and penchant for short works made him an author whose writing was frequently adapted to film. More than 70 movies have been made from his stories. “Letter From an Unknown Woman,” a disturbing account of obsession and what today would be considered stalking, was filmed four times and also made into an opera.
Even before Mr. Anderson’s film, that seemed to be happening again: “A Promise,” an adaptation of “Journey Into the Past,” directed by Patrice Leconte, was released last month, and another French director, Bernard Attal, has made “The Invisible Collection,” in which Zweig’s story of the same name is adapted to modern-day Brazil.
In continental Europe, where Zweig never quite disappeared the way he did in the English-speaking world, there are other signs of revived interest. Laurent Seksik’s novel“The Last Days,” a French-language account of Zweig’s final six months, recently published in the United States by the Pushkin Press, has been a best seller there, and Volker Weidermann’s “Ostend: 1936, Summer of Friendship,” a German-language study of Zweig’s relationship with his fellow Austrian novelist Joseph Roth, has just been published to strongly positive reviews.
The enthusiasm about Zweig is by no means universal, as evidenced by a notorious takedown in The London Review of Books in 2010, in which the poet, critic and translator Michael Hofmann described Zweig’s work as “putrid” and dismissed him as “the Pepsi of Austrian writers.” But even Mr. Hofmann’s outpouring ended up contributing to Zweig’s greater visibility.
Zweig may also be benefiting from Anthea Bell’s sparkling new translations. Ms. Bell, who previously translated the Asterix comic books and the fairy tales of Hans Christian Andersen, has been praised for bringing a crisper, more contemporary tone to Zweig.
The Brazilian writer Alberto Dines, who met Zweig as a child and is the author of the biography “Death in Paradise: The Tragedy of Stefan Zweig,” notes that this is not the first Zweig revival. There was also a flicker of interest after World War II, with the posthumous publication of Zweig’s late work, and again around 1981, at the centennial of his birth.
The difference this time, Mr. Dines argues, is that the current round of what he calls Zweigmania runs the risk of “creating a mythology that subtly transforms him into a character in one of his own stories,” with fiction and reality confused.
It is perhaps best to think of Zweig, he continued, as an apostle of “pacifism, tolerance and fellowship” who, in the end, was overwhelmed by the ascent of obscurantism. “Every generation has its own Zweig,” he said, “and this is ours, the fruit of an imprecise nostalgia and yearning.”
A version of this article appears in print on May 29, 2014, on page C1 of the New York edition with the headline: Austrian Novelist Rises Anew.

Video com Alberto Dines sobre a Casa Stefan Zweig em Petropolis: https://www.youtube.com/watch?v=5Dc_ZSEl_Uw

terça-feira, 15 de novembro de 2016

Stefan Zweig no Brasil: livro sobre sua primeira viagem, em 1936

Já sob o impacto da Lei de Segurança Nacional, mas ainda antes do Estado Novo. Em todo caso, ele foi muito bem recebido, com todo o apoio do Itamaraty, como convinha ao maior escritor da época, um dos grandes intelectuais do século.
Paulo Roberto de Almeida

Versal Editores, Casa Stefan Zweig e Goethe-Institut apresentam

8O ANOS DA CHEGADA DE STEFAN ZWEIG AO BRASIL

Em 21 de agosto de 1936, o RMS Alcântara atracou no porto do Rio de Janeiro trazendo a bordo uma celebridade: o austríaco Stefan Zweig, um dos maiores sucessos literários do mundo. De passagem para uma conferência do P.E.N. Club em Buenos Aires, essa escala de pouco mais de uma semana no Rio de Janeiro foi decisiva: Zweig se encantou pelo país. Registrou suas impressões no texto que intitulou "Pequena viagem ao Brasil", precursor do famoso "Brasil, um país do futuro".

Outras duas vezes Zweig haveria de desembarcar no mesmo porto: em 1940 e em 1941, já para vir morar em Petrópolis, onde ele e sua segunda mulher, Lotte, decidiram pôr um fim à vida em fevereiro de 1942, no meio da Segunda Guerra Mundial. Como diz seu biógrafo Alberto Dines em Morte no paraíso, a tragédia de Stefan Zweig: "Morreu pouco depois de completar 60 anos. De tanto retornar, revive. Stefan Zweig matou-se, mas recusa desaparecer. Está vivo."

Para falar dos 80 anos desde que Zweig pisou pela primeira vez no Brasil, a Versal Editores e o Goethe-Institut convidam dois diretores da Casa Stefan Zweig de Petrópolis: Tobias Cepelowicz (que, garoto, testemunhou a ida de Zweig a uma escola judaica no Rio) e Kristina Michahelles, tradutora de diversas livros de sua obra.

PALESTRANTES: Kristina Michahelles (Jornalista, tradutora de diversas obras do autor e diretora da Casa Stefan Zweig) e Tobias Cepelowicz (Diretor da Casa Stefan Zweig)
DIA E HORÁRIO: 18 de novembro, das 18h30 às 19h45
LOCAL: Biblioteca do Goethe-Institut Rio de Janeiro (Rua do Passeio, 62, 2° andar - Centro)
ENTRADA FRANCA

Convite
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quinta-feira, 8 de março de 2012

Lotte e Zweig: uma vida para contar, uma morte para lamentar

Lotte e Stefan Zweig se suicidaram, conjuntamente, no Carnaval de 1942, em Petropolis, 70 anos atrás, portanto.
A história está bem contada no magistral livro de Alberto Dines, Morte no Paraíso, que recomendo, vivamente.
Estou lendo, neste mesmo momento, O Mundo de Ontem (em edição francesa), o último livro de Zweig, e o único autobiográfico, que talvez já tenha sido concebido e escrito como uma espécie de despedida de tudo e de todos, seu depoimento sobre um mundo que literalmente se acabou (mas isso já tinha ocorrido desde a Primeira Guerra Mundial).
Agora surge um novo livro, publicado no Brasil, por autor brasileiro. 
Vale a pena conhecer...
Paulo Roberto de Almeida 
Lotte & Zweig, a vida e a morte
Deonisio Silva
Observatório da Imprensa, 8 de março de 2012
No livro Lotte & Zweig, o escritor Deonísio da Silva faz uma reconstrução poética da vida e morte de Stefan Zweig, um dos escritores mais lidos na Alemanha, e de sua mulher, Charlotte Altmann.
Rico, pacifista radical, Zweig trocou cartas com Gorki e Freud, biografou Dostoievski, Napoleão e Maria Antonieta. Opositor de Hitler, deixou a Alemanha com a mulher em 1934 depois que a casa foi invadida pelo exército do ditador. Fugiram para a Inglaterra. Sete anos depois desembarcaram no Brasil para morrer. O suposto suicídio do casal na noite de 22 de fevereiro de 1942, em Petrópolis (RJ), até hoje é um mistério. No ano em que se completam 70 anos da morte, Deonísio recupera os últimos dias do casal e faz um desenho delicado de Charlotte que, pela primeira vez, ganha voz na tragédia. O autor joga luz sobre uma história que jamais deve ser esquecida.
A apresentação do livro é feita por Alberto Dines, mais um escritor que foi seduzido por aquela noite misteriosa. Com olhar mais investigativo do que poético, Dines escreveu Morte no Paraíso, que terá em breve sua quarta edição. Em 2005, o cineasta catarinense Sylvio Back transformou o livro de Dines no filme Lost Zweig.
A seguir confira a entrevista que o escritor Deonísio da Silva concedeu ao DC.
A visita à Casa Stefan Zweig
Stefan Zweig era escritor bem-sucedido quando virou alvo dos nazistas. O intelectual que biografou figuras como Dostoievski, Dickens, Balzac, Nietzsche... de repente fica sem pátria, sujeito às perseguições nazistas. Como foi reconstruir esta vida, já que a ficção vem de uma história real?
Deonísio da Silva– Primeiro me permita dizer que Lotte & Zweig é meu livro mais bonito e mais bem cuidado. A capa de Arlinda Volpato é um show. E a Michele Roberta da Rosa preparou muito bem o original antes de ele chegar à editora. Mas o berço do livro foi o seguinte: um dia estava assistindo a um documentário e vi que o Nilo, um dos maiores rios do mundo, começa com umas gotinhas escorrendo de umas pedras. Com meu romance Lotte & Zweig deu-se algo assim. Li as biografias de Stefan Zweig que fizeram o jornalista Alberto Dines e Donald Prater. Até então só tinha lido as biografias que Stefan Zweig fizera de célebres personalidades, como essas que você cita, e mais uma novela muito bem escrita, 24 Horas na Vida de uma Mulher. Todas essas leituras foram, porém, pequenas gotinhas no grande rio ou mar que deve ser um romance. Um conto é um riacho, uma lagoa, uma laguna, mas um romance, não! Fiquei com vontade de fazer um romance sobre Stefan e o neonazismo, mas a inspiração me levou a escrever outro livro, Orelhas de Aluguel, que publiquei em 1987 e do qual Stefan Zweig está ausente. A vida me levou a morar no Rio de Janeiro, onde vivo desde 2004. Eu não queria morar no Rio. Mas, como comecei a trabalhar muito cedo, aos 54 anos estava aposentado por tempo de serviço e não queria parar de trabalhar. Gosto de ser professor, gosto de ensinar, embora goste mais de escrever. Quando os jornalistas que me pautam na imprensa escrevem sob meu nome escritor e professor, é isso mesmo que eu sou. À luz dessas leituras, comecei a viajar, cada vez com mais frequência, a Petrópolis, onde viveram Stefan Zweig e Charlotte, sua segunda mulher, quase 30 anos mais jovem do que ele. A visita à casa, hoje Casa Stefan Zweig, mantida com verba da Alemanha, me permitiu ver os lugares que ambos dividiram: a sala, a cozinha, o quarto, o banheiro, a varanda, o jardim etc.
Algo de muito estranho aconteceu
Na recomposição de uma vida esquartejada o que foi possível perceber do ânimo do escritor em relação à vida? Será que Zweig desistiu de viver por desacreditar da possibilidade de voltar a ter uma vida normal ou de não se permitir uma vida normal?
D.S.– A melhor metáfora da perda da liberdade, das asas, de não ser pássaro, ser outra coisa, é ser pássaro preso na gaiola. Stefan era isso. Não apenas ele, os dois estavam presos do lado de fora. Eu acho que pelo menos ela não se suicidou. Não há indício nenhum disso. Lotte não escreveu nenhum bilhete de despedida, não disse nada sobre isso. Stefan Zweig disse, mas se cometeu o gesto extremo não temos certeza. De todo modo, ele não disse que fez um pacto com ela. Não disse e não escreveu! O presidente Getúlio Vargas, que passava os dias de pós-Carnaval em Petrópolis – eles morreram na noite de 22 para 23 de fevereiro de 1942 – proibiu a autópsia e impediu que os judeus levassem os corpos para enterrarem no Rio. Ora, os judeus não dão enterro a suicidas em seus cemitérios. Então, por que razão queriam os corpos? Quanto a ficar preso ao passado, isto, sim: ele e ela. Ela era judia-polonesa. Ambos estavam enredados numa teia terrível. E os nazistas estavam ganhando a Segunda Guerra Mundial, em 1942. E mais: o Brasil só rompeu com a Alemanha um mês antes de os dois morrerem! Há muitos mistérios nessas duas mortes.
No livro, você dá voz – ainda que silenciosa – para Lotte. A mulher que acompanhou o escritor sempre em segundo plano, ganha ares de quase-heroína nas horas que se seguiram à tragédia. Qual elemento fez com que você decidisse dar visibilidade a ela?
D.S.– Eu já estava escrevendo o romance, que comecei em 2007, quando Alberto Dines me disse: “Consegui as cartas de Lotte, foram publicadas em inglês.” Ele me mandou uma cópia e comecei a ler essas cartas. O romance tinha então 400 laudas. Abandonei quase tudo o que tinha escrito e recomecei de outro ponto de vista. Fiz um romance como se eu fosse um engenheiro. Os alicerces são o que foi a vida real de Stefan, mas sem o silêncio que os biógrafos impuseram a Lotte. No meu romance, a mulher dele tem o que dizer e diz muitas coisas, às vezes sem proferir palavra alguma, como é próprio das mulheres que, ao contrário do apregoado, mais fazem do que falam, porque se ficassem falando o tempo todo, como dizem, não seriam o que são, as figuras referenciais na vida de qualquer homem. Os dois viveram asfixiados, tanto no Rio quanto em Petrópolis. E Lotte, além desses sofrimentos, tinha o da asma. Aliás, foi por causa disso que foram em busca dos bons ares da cidade imperial de Petrópolis. O que me fez dar visibilidade para Lotte foi que morto sempre fala. Naquela noite, algo de muito estranho aconteceu. E ninguém sabia até agora. Agora, quem ler o livro, saberá. Eu inventei. A literatura é isso: é a história proibida das pessoas, das personagens. Ao inventar, encontramos verdades incômodas. Se mortos falam, o certo é que até agora só tinha falado o marido! A mulher dele, não!
“Senhor, dai-me a castidade, mas não já!”
Em Lotte: Pedaços de um Diário, longe de ser uma mulher submissa, ela aparece como uma pessoa culta e atenta ao que acontecia à sua volta. A submissão foi uma arma de domínio?
D.S.– Lotte era fluente em cinco línguas. E ajudava muito o seu amado, um homem mais velho, por quem ela se apaixonou no frescor dos seus verdes anos. Mas ele não falou dela nas despedidas que fez. Então, valeu a pena Lotte esperar por mim, sem vaidade eu digo, mas com orgulho! Betty Milan, psicanalista e escritora, sempre me diz: “Deo, você dá muita atenção às mulheres em seus romances e contos! Por quê?” Eu acho que é pela falta que elas me fizeram na adolescência: só tive professoras no primário e na universidade. Todo o ensino médio me foi ministrado por padres, que nem homens completos eram porque o celibato os privava de conhecer a mulher, que acabavam conhecendo por frestas, as confissões, confidências contidas. Padres que foram meus professores nos seminários de São Ludgero e de Tubarão, vieram me contar, em outra idade, quando os reencontrei por volta dos meus 40 anos, quando muitos deles não eram mais padres, que um homem sem mulher, por mais que se esforce, não é um homem pleno. Não me refiro apenas ao sexo, este pode ser obtido de outras formas. Eu me refiro à mulher, cuja ausência é tão sentida por todos nós, homens! Eu ouvi Lotte em confissão, digamos assim. Fui uma espécie de padre ou psicanalista para essa mulher extraordinária que tem tanto o que dizer. Afinal morreu abraçada ao cadáver do marido, tornando-se cadáver ela também!
Não é paradoxal que o homem que escreveu o livro que virou uma espécie de slogan Brasil – O País do Futuro– foi justamente escolher este mesmo país para acabar com o seu futuro?
D.S.– Nós precisamos tomar cuidado para não cair nas armadilhas da História. Nero foi um imperador sanguinário? Foi! Mas, antes de se suicidar (será que se suicidou, mesmo?), depois de um golpe de Estado, fez uma reforma agrária na África, uma reforma que prejudicou os generais e seus amigos latifundiários. Eu descobri isso lendo o que Santo Agostinho escreveu sobre música! Eu gosto muito desse santo que é filósofo e teólogo, e rezava assim: “Senhor, dai-me a castidade, mas não já!” Ele teve um filho, o Adeodato, com uma jovem a quem ninguém dá nome, mas eu descobri que se chamava Melânia. Todos só falam da sogra dela, Santa Mônica, mãe de Santo Agostinho. E Agostinho fala das mulheres como se não falasse. É dele a frase célebre “Mulier, janua Diaboli”, traduzida para “mulher, janela do Diabo”. Mas janua em latim é porta. Janela é fenestra. Portanto, é porta aberta para o Diabo, não janela apenas, entendendo aqui por Diabo tudo o que se opunha à doutrina cristã, como os deuses pagãos.
Os nazistas queriam matar apenas Zweig
Na sua opinião o que aconteceu realmente naquela noite de 1942?
D.S.– Stefan Zweig era inimigo público dos nazistas. Albert Speer, arquiteto de Hitler, disse a Alberto Dines pouco antes de morrer que a morte de Zweig foi muito comemorada na Alemanha. Aliás, Speer morreu minutos antes de dar uma entrevista à BBC. Muitas mortes tidas como suicídios foram depois comprovadas como assassinatos. Eu acho que os assassinatos de Stefan Zweig e sua mulher Charlotte Altmann Zweig, ocorridos na noite de 22 para 23 de fevereiro de 1942, ainda não foram comprovados. Só isso. Naquela noite teve seu desfecho um plano diabólico, concebido e executado muito tempo antes por doutores em matar os outros, de modo a fazer com que as mortes parecessem suicídios. Não posso provar isso, mas eu não preciso provar nada! Sou um romancista, não um historiador. Os romancistas mentem menos do que os historiadores, pode crer! Nenhum deles comprovou que foi suicídio. Por que não foi feita autópsia? E todo escritor tem um lado feminino, o da intuição. Quando uma mulher diz que não foi com a cara de alguém, eu fico procurando onde esse cara me enganou, já que não percebi o que apenas ela percebeu! Eu acho também que a morte de Lotte foi um acidente. Ela deve ter aparecido ou acordado em momento impróprio. Os nazistas queriam matar apenas Zweig. Na verdade, talvez não tenham ido lá para matá-lo, mas para sequestrá-lo, mas daí seria contar o romance e este prazer eu não vou tirar dos leitores.
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[Deonísio da Silva é escritor, doutor em Letras pela USP e autor de 34 livros. Os mais recentes são A placenta e o caixão (crônicas), A língua nossa de cada dia (colunas de língua portuguesa) e Lotte & Zweig (romance). É um dos vice-reitores da Universidade Estácio de Sá

quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

Stefan Zweig homenageado postumamente com a Ordem do Cruzeiro do Sul

Lembram-se  deste anúncio?

Eu tinha preparado, com a gentil cortesia da família de David Levine, que cedeu os direitos para o uso desta famosa caricatura, um convite para uma sessão especial que fizemos em março último em torno da figura do grande escritor austríaco Stefan Zweig, por ocasião da publicação no Brasil, graças à cooperação entre a Casa Stefan Zweig, de Petrópolis, e a  "Memória Brasil", do pesquisador e historiador Israel Beloch, do livro "A Unidade Espiritual do Mundo", uma edição universal em cinco línguas, com introdução de Celso Lafer, evento realizado no Auditório do Instituto Rio Branco, como informado abaixo.

Agora, Stefan Zweig será agraciado, em caráter póstumo, com a Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul, no grau de Comendador, a ser entregue à embaixadora da Áustria no Brasil, e provavelmente será entregue para exposição permanente na Casa Stefan Zweig.

Graças ao empenho de meu amigo e colega Antonio de Moraes Mesplé, encerramos com essa atribuição a merecida homenagem a um grande escritor mundial, que se afeiçou ao Brasil, e aqui repousa na companhia de sua segunda esposa, Lotte Altmann.

  Paulo Roberto de Almeida 

Brasília, 13 de dezembro de 2017

 

Stefan Zweig e o Brasil: nota à imprensa




A Fundação Alexandre de Gusmão (FUNAG), o Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais (IPRI) e o Instituto Rio-Branco (IRBr) promovem nesta data, 21 de março, no auditório Embaixador João Augusto de Araújo Castro, debate sobre a obra do escritor austríaco Stefan Zweig (1881-1942) e sua estada no Brasil.

O debate começará às 15h. A entrada é franca. Terá a participação do ex-ministro Celso Lafer, professor emérito da Universidade de São Paulo; de Kristina Michahelles, jornalista, tradutora e diretora da Casa de Stefan Zweig em Petrópolis; e do historiador Israel Beloch, que coordenou a edição do Dicionário Histórico-Biográfico Brasileiro, editado pela Fundação Getúlio Vargas.

Jornalista na juventude, Stefan Zweig tornou-se, a partir da década de 1920, um dos escritores mais famosos e vendidos em todo o mundo. Em 1936, visitou o Brasil pela primeira vez, sendo homenageado pelo Governo brasileiro. Pronunciou, no Rio de Janeiro, a palestra “A Unidade Espiritual do Mundo”, em que repudiava a visão xenófoba e intolerante à época dominante na sua própria patria e na Alemanha. Com a ascensão do nazismo, exilou-se, a partir de 1934, na Inglaterra, visitando novamente o Brasil, ainda que rapidamente, em 1940, quando recolhe elementos para escrever, em 1941, “Brasil, País do Futuro”, obra em que enaltecia a diversidade presente na formação do povo brasileiro. Depois de breve estada em Nova York, mudou-se para o Brasil no segundo semestre de 1941, mas decidiu-se pelo suicídio em fevereiro de 1942, em Petrópolis, onde tinha instalado residência, profundamente deprimido com o avanço do nazismo na Europa. Ali terminou suas memórias, “O Mundo de Ontem”, na qual descreve o ambiente de liberdade e segurança desfrutado na Europa antes da Grande Guerra. Em sua carta de despedida, reafirmou seu amor pelo Brasil, cuja diversidade e tolerância eram, para ele, motivo de admiração diante de uma Europa que se autodestruía com a Segunda Guerra Mundial.

Depois do debate, o Professor Celso Lafer e o Doutor Israel Beloch autografarão o livro universal (em cinco línguas) editado por este último a partir da conferência de Stefan Zweig no Brasil, sobre “A Unidade Espiritual do Mundo”, que será lançado na ocasião, e que conta com estudo de Lafer sobre o pacificismo de Zweig.

O auditório do Instituto Rio-Branco fica no SAFS Quadra 05, lotes 2 e 3. Tem capacidade para 117 pessoas.

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Addendum:

Oportunamente, transcreverei aqui os discursos e uma descrição da cerimônia de concessão da Ordem  do Cruzeiro do Sul, a ser feita no dia 18/12/2017, no Palácio Itamaraty.