O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

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domingo, 17 de maio de 2009

1104) A defensoria publica na diplomacia

Consulta recebida pelo formulário do site:
"O senhor acha que um defensor público de carreira, conhecedor das falácias sociais governamentais, daria um bom Diplomata? Sempre sonhei em ingressar na Diplomacia, e gostaria muito de saber sua opinião a respeito se minha profissão hoje poderia criar alguma dificuldade de adaptação ao corpo diplomático. Desde já, muito obrigado! Abraço, L G"

Minha resposta:
"L,
Eu apenas lhe repetiria o titulo de um romance italiano, que virou tambem um filme: Va dove ti porta il cuore. Você deve fazer aquilo que o seu coração mandar, com um pouco de racionalidade.
Você não precisa ser um bom, ótimo ou mediano diplomata, você apenas precisa ser um bom cidadão, comprometido com a causa pública, no sentido mais lato desse termo, e engajado a serviço, não da diplomacia estrito senso, mas do Brasil, no seu sentido mais largo.
Não considero que os problemas do Brasil possam ou devam ser resolvidos por meio da diplomacia, longe disso. Todos os nossos problemas, sem exceção, são "made in Brazil" e requerem soluções internas, domésticas, nenhum deles resultando de questões externas. A diplomacia no máximo pode trazer oportunidades de acesso a mercados, investimentos, know how, mas o essencial precisa ser feito aqui mesmo.
Em todo caso, vale tentar...
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Paulo Roberto de Almeida
pralmeida@mac.com www.pralmeida.org
http://diplomatizzando.blogspot.com/

sábado, 16 de maio de 2009

1103) A construcao do Apartheid no Brasil: continuam tentando...

O editorial do jornal O Globo, abaixo transcrito, resume bastante bem o que devem pensar muitos brasileiros sobre esse projeto estapafúrdio (e criminoso) de "estatuto da (des)igualdade racial" no Brasil, que estimularia tremendamente aquilo mesmo que se pretende evitar: o racismo institucionalizado, apoiado e construído pelo Estado, oficializando a existência de raças no Brasil.
Como sabem todos aqueles que acompanham as estatísticas oficiais, as últimas pesquisas da PNAD (realizadas pelo IBGE) revelam que nada menos do que 48% -- repito, por extenso: quarenta e oito por cento -- da população se considera "afro-descendente", obviamente com base em auto-declaração devidamente estimulada pela perspectiva oportunista de empregos, cotas universitárias e outras prebendas que seriam fornecidas pelas políticas de cunho racialista em implantação por autoridades dementes e gupos de militantes negros de evidente má-fé.
Mais um pouco, já no próximo Censo, uma maioria de brasileiros vai se autodefinir como negros, pardos, mestiços, afrodescendentes ou variações dessas categorias racialistas cujoúnico objetivo é aquilo mesmo que se pretende promover: sua "redenção", de preferência via empregos públicos, ajudas diversas, ingresso fácil em universidades públicas e coisas desse gênero.
Sendo assim, serão os brancos, reduzidos a minoria, que poderão começar a reivindicar leis de proteção e apoio pelo seu estatuto de "minoria". Absolutamente ridículo, se não fosse patético...

ATENTADO RACIALISTA
EDITORIAL
O GLOBO, 16/5/2009

Tramita na Câmara dos Deputados um projeto de lei de importância transcendental, capaz de levar o Brasil a viver a experiência do racismo como jamais se pensou que aconteceria num país cuja imagem se confunde com a miscigenação e o convívio, sem tensões raciais, entre milhões de pessoas de quase todas as origens possíveis — Américas, Europa, África e Ásia.
Pode ser que o fato de o Congresso estar mergulhado em grave crise de imagem sirva de cortina de fumaça para o que se passa na comissão especial criada na Câmara para discutir a proposta do Estatuto da Igualdade Racial, de iniciativa do senador Paulo Paim (PT-RS), e já aprovada no Senado.
Nesta Casa, discutem-se as cotas raciais para o preenchimento de vagas nas universidades públicas.
Mas é o estatuto que revela a dimensão e a profundidade do projeto político e de poder racialista, cujo objetivo é dividir a sociedade entre “brancos”, de um lado, e “negros” e “pardos”, de outro.
Aprovado o projeto, o Brasil naufragará num apartheid de estilo sul-africano. Aqui, porém, destinado a superar “desigualdades raciais” e a dar a “reparação” a supostas vítimas da igualdade.
As cotas no ensino são apenas uma pequena parte de uma grande construção política racialista.
Revogam-se afinidades sociais, sem relação com origem social e renda, e coloca-se em seu lugar o critério da cor da pele, num atentado contra o patrimônio cultural e social da nação.
O estatuto chega a determinar que filmes e programas de televisão tenham no mínimo 20% de atores e figurantes negros — como nas cotas nas universidades, não há qualquer preocupação com mérito e capacidade profissionais.
A mesma regra é estabelecida para peças de publicidade contratadas por estatais e órgãos públicos. A publicidade privada destinada à TV e a cinemas terá de obedecer à mesma cota.
O projeto avança também no mercado de trabalho. Na contratação de servidores, negros terão tratamento especial, com o “incentivo à adoção de medidas similares em organizações privadas”.
Assim, as tensões raciais serão disseminadas também nos ambientes de trabalho, no setor público e nas empresas privadas.
Haverá, ainda, Ouvidorias Permanentes em Defesa da Igualdade Racial, um passo para o ministério público e polícias raciais.
O país se encontra à beira de um pesadelo orwelliano. Coerente com todo este projeto — bem lembrou o sociólogo Demétrio Magnoli, em artigo no GLOBO —, faltará uma lei como a da Proteção do Sangue Germânico, da Alemanha de 1935. Aquela criminalizava o casamento e o sexo entre arianos e judeus; esta proibirá o mesmo entre “brancos” e “negros/ pardos” brasileiros. É o que faltará para o serviço dos racialistas ser completado.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

1102) A crise e a morte (anunciadas, exageradamente) do capitalismo

A crise e a morte anunciada do capitalismo
(provavelmente exageradas, como diria Mark Twain)
Paulo Roberto de Almeida

Sou regularmente contatado, através de meu site, por jornalistas e estudantes de diversas partes do Brasil, que, em função dos materiais que encontram no meu site ou nos blogs que mantenho para diversas finalidades, me procuram para resolver dúvidas informativas, ou mais exatamente didáticas (correspondendo, supostamente, a buscas na internet em torno de algum tema de seu interesse momentâneo). Muitas das questões, nestes tempos incertos, referem-se, obviamente, às origens da crise, seus desenvolvimentos e seu impacto sobre o Brasil. Algumas das questões são mais prosaicas, motivadas provavelmente pela previsível satisfação interior de algum professor alegadamente anti-capitalista, com as turbulências e possível decadência do sistema globalizado.
Assim, recentemente, respondi a perguntas de um estudante de jornalismo sobre a crise e a morte do capitalismo. Com efeito, esse tipo de pergunta não deve sair da cabeça dos próprios alunos, mas deve ter sido lá colocada por algum desses professores desejosos de enterrar o capitalismo, o que apenas reflete uma incompreensão magistral sobre como funciona o mundo real.
Em todo caso aqui vão as perguntas e as minhas respostas:

1) Há a possibilidade de a atual crise econômica ser o início do colapso do sistema capitalista?

PRA: Não existe a menor possibilidade. Quem afirma uma coisa dessas não tem a menor idéia de como funciona uma economia de mercado ou de como funciona o sistema capitalista, que representa uma das muitas formas da economia de mercado. A atual crise econômica, que se desenvolveu a partir de uma bolha financeira, não é a primeira, nem será a última a afetar o sistema capitalista, por vezes de forma mais severa do que outras, como foi o caso 80 anos atrás, na crise das bolsas de 1929, na crise bancária de 1931 e na depressão que se seguiu durante a maior parte dos anos 1930. Para haver colapso do sistema capitalista teria de estar ocorrendo uma crise estrutural da economia de mercado, o que está longe de ser o caso.

2) Quais os fatores que apontam para que isso ocorra?

PRA: Isso não está ocorrendo, justamente, nem vai ocorrer. O que está havendo é mais uma crise recorrente, previsível, e até “normal” para as condições em que operam as economias de mercado e o próprio capitalismo. Toda economia de mercado é inerentemente instável, pelo próprio dinamismo econômico, que produz descompassos entre setores, assimetrias de informação, desequilíbrios entre oferta e demanda, busca incessante de retornos mais elevados, mesmo à custa de maior exposição ao risco, diferenças de mecanismos regulatórios entre as economias nacionais – na ausência de mecanismos supranacionais, ou internacionais, que possam monitorar todos os tipos de ativos transacionados – ainda mais num sistema capitalista que funciona, em larga medida, com base nas iniciativas individuais dos detentores de ativos e nos tomadores de créditos. Em algum momento, o desejo de ganhos extraordinários vai superar a propensão à cautela pelos agentes de mercado, e quando, por algum motivo sempre imprevisto, alguém desconfia que aqueles ganhos não vão se realizar, começa uma retirada maciça das aplicações naquele mercado. Como todo o sistema funciona com base na confiança, e como os agentes costumam ter o comportamento de manada, é óbvio que haverá um descompasso entre os ativos efetivamente existentes no mercado e aqueles valores transacionados no mercado de futuros com base numa valorização hipotética (por definição, sempre acima das possibilidades reais do mercado). Apenas para se ter uma idéia das dimensões envolvidas nesses vários mercados, considere-se que o PIB mundial – isto é, a soma dos valores agregados por todos os países, durante um ano, nos seus respectivos processos produtivos nacionais, situa-se ao redor de 50 trilhões de dólares; a soma dos ativos transacionados efetivamente nos mercados financeiros, sob diversas formas, aproximava-se, antes da crise, da casa dos 200 trilhões de dólares, ou seja, quatro vezes mais o valor da produção anual; já a soma de todos os ativos financeiros virtualmente existentes, ou mesmo realmente, incluindo dívidas dos governos, mercados futuros, valores patrimoniais de casas, ações, etc, alcançava a cifra de 500 ou trilhões de dólares, ou seja, mais de dez vezes o valor do PIB mundial. Esses 400 trilhões de dólares acima das transações de mercado representam uma valorização hipotética, ou virtual, que poderia, ou não, ser realizada, se todas as transações fossem realizadas em algum momento em todos os mercados existentes no mundo, mas isso compreende muita riqueza artificial, ou seja, valorização indevida ou exagerada de ativos, como ocorre em toda bolha financeira (por exemplo, uma casa de 100 mil dólares, estar sendo estimada no mercado a 150 mil, e com base nesse valor, servir de lastro, ou aval, a uma outra operação de empréstimo de mais 50 ou 60 mil dólares, inflando artificialmente a carteira de ativos de um banco, sem que o detentor original do bem consiga realizar aquela venda hipotética). Em algum momento a bolha estoura e todos perdem, mas no momento do jogo, todos estão supostamente ganhando. Esse é o capitalismo, nem bom, nem mau, apenas permitindo a realização de muitos negócios com base na confiança, ou na expectativa, de que tudo corra bem.

3) O capitalismo se fortalece com a atual crise?

PRA: Certamente, posto que algumas regras serão criadas, para diminuir a possibilidade de repetição desse tipo de crise, o que evitará, de alguma maneira, o exagero da especulação nesse tipo de modalidade. Mas, como o capitalismo é muito criativo, outros instrumentos financeiros e outros mecanismos de transações serão criados, de maneira que a próxima crise ocorrerá, certamente, mas de maneira diferente da atual. Os que falam de enfraquecimento do capitalismo ou de sua crise estrutural não têm idéia de como funciona o sistema, justamente permitindo enorme expansão dos negócios, muita especulação – durante a qual muitos ficam ricos, pois alguns sempre arriscarão seu dinheiro com novos negócios – e uma circulação de riqueza de maneira muito dinâmica. As tentativas de controlar o sistema são não apenas inócuas, como contra-produtivas, pois diminuiriam o seu dinamismo natural.

4) Quais são as soluções para o atual panorama econômico?

PRA: As de sempre: regulação das transações com ativos, para evitar uma exposição ou alavancagem muita exagerada dos intermediários financeiros; maior transparência nas informações relativos a títulos transacionados; exigência de garantias quanto a depósitos, mas que não podem ser exageradas, pois isso diminuiria o poder da especulação, que é sempre positivo, pois ela permite negócios que normalmente não seriam feitos, na ausência de motivação para ganhos extraordinários.
Os que pedem um capitalismo sem riscos, sem especulação, sem crises, não sabem do que estão falando, pois todo e qualquer sistema de mercado está exposto aos riscos das assimetrias de informação nesses mercados. O sistema sem risco é aquele sem dinamismo, como eram os antigos sistemas socialistas. Eram tão “estáveis” que estagnaram e desapareceram, e suponho que ninguém – salvo alguns utópicos irrecuperáveis – esteja pedindo a volta do socialismo, de resto impossível, pouco prático e irrealizável.
Haverá, também, um pouco mais de sistemas de ajuda emergencial, com maiores volumes de recursos sendo disponibilizados para empréstimos a países em situações de desequilíbrio grave, como aliás já existe atualmente, mas com um volume financeiro não compatível com as eventuais necessidades de mercado.

5) Quem a crise econômica atinge diretamente no Brasil? Por quê?

PRA: Primeiro pelo canal do crédito, sobretudo comercial, pois sabemos que o comércio internacional se faz, em grande medida, com base em letras de câmbio e outros modos de financiamento de curto prazo. Depois pela própria ausência de recursos para investimentos ou empréstimos de maior prazo. Também pelo aumento dos juros internacionais, o que é um resultado da diminuição dos volumes globais de recursos transacionados no sistema financeiro. Isso acaba afetando a produção, gerando, em conseqüência, desemprego setorial, ausência de investimentos e eventualmente até inadimplência, de empresas ou até dos países, que não dispõem de recursos próprios. Como o Brasil não emite uma moeda de aceitação internacional, como o dólar, ele depende de divisas estrangeiras para se relacionar comercial e financeiramente com o mundo: na ausência desses dólares, ele tem de usar reservas próprias, o que ainda é o caso, mas isso um dia pode acabar.

6) O dólar continuará sendo moeda padrão, do comércio?

PRA: Sim, ainda que outras moedas possam ser usadas adicionalmente, complementarmente ou até em substituição ao dólar. Supondo-se que o dólar se desvalorize, o que não ocorreu até agora – mas pode vir a ocorrer – pessoas, empresas e países buscarão outras moedas, que preservem o seu poder de compra e o seu valor internacional – isto é, que não se desvalorizem – e que possam vir a fazer parte de suas poupanças, investimentos, transações. Pode ser o euro, pode ser o iene, o yuan chinês, o rublo russo, ou até o real brasileiro, dependendo das circunstâncias. Tudo é uma questão de confiança: se as pessoas acreditam naquela moeda, e sobretudo, naquela economia, elas continuarão a aceitar essa moeda e a investir naquela economia, do contrário ela será rejeitada por todos. Tudo depende do dinamismo e do vigor econômico de um país. Como a Europa cresce pouco, é uma economia pouco flexível, como o Japão é um país relativamente fechado, como a China ainda não inspira confiança no mundo, por se tratar de um regime ditatorial, sem muita transparência, e como o Brasil ainda é uma economia pequena, de baixo dinamismo e sem uma moeda conversível, é provável que o dólar continue exercendo seu papel de moeda de troca e de reserva internacional ainda durante algum tempo. Paulatinamente, outras moedas poderão se fortalecer e outras podem desaparecer...

7) Muitas empresas e grupos econômicos apontam a sustentabilidade como uma medida de sobrevivência para o futuro, No entanto, o que se avançou em termos práticos e como as empresas tem investido nessa questão?

PRA: Sustentabilidade é um conceito vago, que apenas quer dizer que devemos usar os recursos do planeta de maneira a não esgotá-los ou extingui-los. Mas não há muita clareza do que isso signifique no plano setorial: quanto petróleo, quanta energia renovável, quantas terras agrícolas, quanta produção biotecnológica, etc. A tecnologia e os mercados terão respostas para os desafios do futuro, mas nem sempre existe uma consciência clara que é possível, ou preciso fazer, de quais são os meios ou técnicas mais apropriados para o crescimento e a manutenção no bem estar das populações, e sobretudo de quais seriam as prioridades de investimentos em novas tecnologias – que têm custos muito diferenciados entre as várias possibilidades e alternativas – em face do chamado custo-oportunidade, ou seja, como utilizar os recursos (por definição escassos) em função das alternativas e dotações diferenciadas no plano prático. As empresas mais proclamam do que praticam, de fato, a sustentabilidade, porque se tornou politicamente correto, por uma questão de imagem pública e de pressão de grupos ambientalistas, dizer que seus processos produtivos são sustentáveis. Mas tudo isso pode mudar rapidamente, com descobertas nos terrenos dos novos materiais (nanotecnologia), da energia, da biotecnologia. De toda forma, melhor confiar na pesquisa científica e nas comprovações empíricas do que em crenças pouco fundamentadas no conhecimento pouco objetivo do mundo real, como fazem alguns grupos ambientalistas, que praticam terrorismo ecológico dotado de pouca base científica.

Paulo Roberto de Almeida, diplomata e professor.
(Indianapolis, Indiana, EUA, 11.04.2009)

quarta-feira, 13 de maio de 2009

1101) Falacias academicas: uma opiniao dissidente

Não se pode contentar a todos, obviamente, em especial a propósito de temas tão sensíveis no mundo acadêmico como o marxismo, o neoliberalismo, o Consenso de Washington, a revolução cubana, o golpe de 1964, e tantos outros mais, que vêm sendo objeto de meus trabalhos agrupados na série "Falácias Acadêmicas" (ver o post 1092, de 6 de maio de 2009, que apresenta o conjunto dos ensaios publicados até aqui, neste link).
Justamente, acabo de receber uma mensagem de alguém que está fortemente incomodado com os meus artigos, tanto que me escreveu uns tantos adjetivos para condenar o meu trabalho.
Transcrevo a mensagem, omitindo obviamente o nome e o local do meu correspondente descontente -- apenas indicando que se trata de uma grande universidade federal -- e coloco mais abaixo a mensagem de resposta que acabo de lhe mandar.

[Começo de transcrição]
On 13/05/2009, at 18:29, Xxxxxxxx Xxxxxxxx wrote:

Mensagem enviada pelo formulário de Contato do SITE.

Nome: Xxxxxxxx Xxxxxxxx
Cidade: Xxxx Xxxxxxxxx
Estado: XX
Email: xxx.ufxx@gmail.com
Assunto: Opiniao
Mensagem: Caro professor lendo somente os títulos de alguns de seus artigos - obviamente que não se faz necessário lê-los na íntegra para entendermos sua ideologia patrocinada - conclui-se facilmente que o mundo produz cada vez mais um maior número possível de idiotas. Seus próprios seguidores se encaixam perfeitamente neste crescente rol. E por falar em "falácias", sua obra inteira pode ser intitulada de "Falácias de um representante de uma ideologia falida", tamanho o festival de baboseiras escritas por quem frequentou por tantos anos o mundo acadêmico.

[Fim de transcrição]

Essa a mensagem, simpática, como se pode constatar. Eis a minha resposta:

Caro Xxxxxxxx,
Uma das caracteristicas do mundo academico é o debate aberto, sustentado em argumentos empíricos ou de lógica formal. Acredito que adjetivos não se encaixem nessa categoria.
Como você parece ter opiniões muito sólidas em torno de determinadas questões, faço a sugestão que você escreva um ou vários artigos rebatendo, refutando todos os meus artigos, e indicando por que, exatamente, esses meus artigos seriam falácias.
Eu me comprometo a levá-lo a exame do Conselho Editorial para tê-lo publicado na REA.
Dessa forma teriamos um verdadeiro debate aberto, como convém ao meio acadêmico...
-------------
Paulo Roberto de Almeida
www.pralmeida.org

PS: Aguardo resposta, ainda...

1100) Turismo academico: a serie completa da viagem aos EUA

Turismo Acadêmico: um mês como Visiting Scholar nos EUA, abril de 2009

Brasília, 2004: 13 maio 2009, 38 p.
Compilação e reestruturação dos posts publicados no blog Diplomatizzando sob a rubrica turismo acadêmico, relatando as etapas sucessivas de meu périplo de estudos e de viagens pelos EUA, em abril de 2009. Postado de maneira completa, com nova introdução, no blog Textos PRA, em 13.05.2009, neste link.

1099) Brazil in the Global Economy: um estudo sobre ganhos de comercio

Brazil in the Global Economy
(um estudo sobre os ganhos a serem obtidos pelo Brasil, com base num modelo econométrico, com a conclusão de uma rodada de negociações comerciais multilaterais)

The purpose of this study is to contribute to the knowledge base upon which the Brazilian government, as well as the international community, evaluates the policy choices the country faces in the realm of trade. The paper simulates a range of possible trade agreements as well as other changes in the global economy that could affect Brazil, exploring the effects of these changes on the Brazilian economy.

The paper finds that all explored trade agreements will have positive, but very modest, effects on the Brazilian economy and on Brazilian households as a whole. Furthermore, a Doha agreement would increases employment of unskilled labour by more than an agreement among the large developing countries alone. Yet, the paper figures that a Doha agreement would be more favourable for skilled labour.

At the same time, the paper indicates that under all the trade scenarios, small overall gains in real income mask somewhat larger changes for different sectors, producing both winners and losers. In this context, a Doha agreement would generally favour agricultural sectors but deal losses to some manufacturing sectors. The impact of different South–South free trade agreements varies considerably within the agricultural sector, reflecting the elimination of existing high tariffs imposed by one or more partners. The paper points that Brazilian manufacturing sectors tend to lose under any of these agreements, with the exception of the automotive sector.

The paper concludes that increased global economic engagement may still be seen as beneficial for the Brazilian economy. Nevertheless, it is important in policy debates that the nature and costs of structural adjustment be taken into account and that the pattern of trade achieved serves the country’s long-term development goals.

http://www.carnegieendowment.org/files/brazil_global_economy.pdf

1098) Itamaraty no YouTube

Ministério das Relações Exteriores terá canal no site Youtube
12/05/2009

O Ministério das Relações Exteriores terá um canal de vídeos no site Youtube com o objetivo de ampliar os meios de informação para todos que se interessam pela política externa do Brasil.
De acordo com comunicado divulgado nesta terça-feira (12), no endereço é possível encontrar vídeos de entrevistas coletivas concedidas pelo ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, acompanhado ou não de autoridades estrangeiras.
Segundo informa agência de notícias Efe, o Ministério declarou que o "objetivo é permitir que jornalistas, acadêmicos e todo o público interessado em assuntos de política externa brasileira tenham acesso a gravações em vídeo de coletivas de imprensa, entrevistas, briefings e visitas de autoridades ao Palácio do Itamaraty".
Clique aqui para conhecer a página do Ministério no Youtube

1097) Brazil Initiative - University of Wisconsin-Madison

BRAZIL INITIATIVE, UNIVERSITY OF WISCONSIN-MADISON

In response to the growing global importance of Brazil in economic and political spheres, the University of Wisconsin-Madison’s Division of International Studies and the Latin American, Caribbean & Iberian Studies (LACIS) Program have begun an interdisciplinary initiative aimed at producing collaborative research, teaching and outreach projects focused on Brazil.
The overarching goal of this Brazil Initiative is to bring faculty and alumni together with private foundations, businesses and state agencies to help Wisconsin better understand and engage with Brazil as an emerging global economy. The Brazil Initiative
will also work to expand UW-Madison’s Study Abroad Programs in Brazil. This initiative builds on Wisconsin’s long-standing involvement with Brazil. Portuguese language instruction at UW-Madison goes back almost 70 years and the Summer Intensive Portuguese Institute, supported by the U.S. Department of Education’s Title VI program, has been in operation since 1985.
Professor Severino Albuquerque, from the Department of Spanish and Portuguese, is the appointed faculty lead and director of the Brazil Initiative for 2009-2011. Professor Albuquerque will convene a faculty steering committee to oversee the activities of the Brazil Initiative.

ACTIVITIES OF THE BRAZIL INITIATIVE
• A series of workshops for Wisconsin businesses with interest in trade and exchange with Brazil. Sponsors: UW-Madison School of Business/CIBER and Wisconsin Department of Commerce. Partially supported by the Baldwin Wisconsin Idea Fund. (Launch - summer
2009).

• A Tinker Visiting Professorship. Professor Glauco Arbix, from the University of Sao Paulo will teach and conduct research on Brazil’s socio-economic and political issues at the UW-Madison School of Business (Fall semester 2010).

• Major conference on US-Brazil relations beginning with follow up to the Nabuco and Madison conference, under the direction of Emeritus Professor of Law David Trubek. (Fall 2010).

• A Writer in Residence Program at UW-Madison, in collaboration with the Consulate of Brazil in Chicago (beginning with Fall 2009).

• Appointment of Honorary Fellows to conduct independent research on Brazil – U.S. economic and political relations. First fellow: Professor Wilson Almeida, Professor of International Relations at the Universidade Catolica de Brasilia (2008-2009).

• A series of visiting invited speakers in diverse fields with expertise on Brazil (2009-11)

• A series of visiting officials of governments, industry, business and commerce, beginning with Diana Page, immediate past U.S. consul in Recife, Brazil (April 2009).

• Expand exchange programs such as the existing agreement between the UW Law School and the Pontifical Catholic University in Rio de Janeiro.

• Foster interdisciplinary research and academic activities in areas of shared interest for Brazil and the United States.

• Expand study abroad, field work and internship opportunities for undergraduate and graduate students interested in Brazilian studies.

• Convene Brazilian UW alumni and other Brazilianists in conjunction with the Latin American Studies Association (LASA) conference in Rio de Janeiro to initiate new collaborative efforts (June 2009).

The UW-Madison Division of International Studies is the campus unit that coordinates international activity at the University of Wisconsin-Madison. The mission of International Studies is to promote international education and cooperation both on and
off-campus.

Latin American, Caribbean and Iberian Studies (LACIS) at the University of Wisconsin-Madison is a U.S. Department of Education Title VI National Resource Center, established in 1973. LACIS coordinates and supports teaching, research
& outreach on campus; offers over 250 courses, an undergraduate major, a Master’s Degree, a Ph.D. concentration; offers research support & conferences for faculty & students; and visiting faculty & scholars programs.

terça-feira, 12 de maio de 2009

1096) A Ordem Mundial e as Relações Internacionais do Brasil: curso de ferias na ESPM-SP, em julho

A Ordem Mundial e as Relações Internacionais do Brasil
Curso de atualização, de ferias, por Paulo Roberto de Almeida

Breve descrição: Uma atualização crítica sobre aspectos políticos, econômicos e tecnológicos da ordem internacional contemporânea. Serão enfocados os principais problemas da agenda diplomática mundial e a forma como o Brasil interage em cada uma dessas vertentes, no contexto da globalização e da internacionalização de seu sistema econômico.

Data: de 13 a 17/07/2009, 40 vagas
Duração: 15 h, noturno; Horário: das 19h às 22h30
Custo: R$ 700,00 (preço 2: R$ 770,00)
Local: ESPM-SP - Rua Dr. Álvaro Alvim, 123 - Vila Mariana - 04018-010 - São Paulo, SP; (Mapa de localização)
Mais informações pelo telefone (11) 5085-4600 ou pelo e-mail ci@espm.br
Outras informações sobre o curso e inscrições: neste link

Conteúdo do curso: O atual contexto geopolítico mundial e a estrutura econômica internacional contemporânea constituem as duas grandes vertentes deste curso, que tem por meta atualizar os participantes a respeito da agenda internacional e do posicionamento do Brasil neste cenário. Uma atualização crítica: a idéia é pensar o mundo de forma macro. O programa é dividido em cinco partes, uma para cada dia de aula: “A ordem política mundial do início do século 21 e a posição do Brasil”, “A ordem política mundial do início do século XXI e o Brasil”, “A ordem econômica mundial e a inserção internacional do Brasil”, “Economias emergentes no contexto mundial: desafios e perspectivas”, “O Brasil no contexto dos Brics: anatomia de um novo grupo” e “O regionalismo sul-americano e o papel político-econômico do Brasil”.

Metodologia: As aulas são apoiadas em uma apostila e uma ampla bibliografia, na exposição de conceitos e na discussão em sala, em interação com os alunos sobre as questões selecionadas e outras sugeridas durante o curso.

Professor: Paulo Roberto de Almeida, diplomata de carreira, doutor em Ciências Sociais pela Universidade de Bruxelas, mestre em Planejamento em Econômico, professor de Economia Política Internacional no mestrado em Direito do Uniceub (Centro Universitário de Brasília), orientador do mestrado em Diplomacia do Instituto Rio Branco, do Ministério das Relações Exteriores. Site: www.pralmeida.org

Objetivos: Informar, analisar e debater, com os participantes do curso, os aspectos políticos, econômicos e tecnológicos da ordem internacional contemporânea. Serão enfocados os principais problemas da agenda diplomática mundial e a forma como o Brasil interage em cada uma de suas vertentes, no contexto da globalização e da internacionalização de seu sistema econômico.

A quem se destina: A estudantes de humanidades em geral, de cursos de Relações Internacionais, em particular, mas também a todos os que estudam temas de alguma forma afetos aos negócios globais, em nível de graduação ou especialização em administração (com foco em global business). Deve interessar, igualmente, a homens de negócio, assim como a quaisquer outros profissionais interessados em atualizar conhecimentos sobre a agenda internacional (negociações comerciais multilaterais e regionais, crises financeiras, temas globais) e sobre a diplomacia brasileira em particular.

Programa:
1. A ordem política mundial do início do século XXI e o Brasil
1.1. Segurança estratégica e equilíbrios geopolíticos: interesses do Brasil
1.2. Relações entre as grandes potências e conflitos regionais: a América do Sul
1.3. Cooperação política e militar nas zonas de conflitos: o Conselho de Segurança
2. A ordem econômica mundial e a inserção internacional do Brasil
2.1. Regulação cooperativa das relações econômicas internacionais
2.2. Assimetrias de desenvolvimento: crescimento e investimentos estrangeiros
2.3. Cooperação multilateral e Objetivos do Milênio
2.4. Recursos energéticos e padrões de sustentabilidade: o papel do Brasil
3. Economias emergentes no contexto mundial: desafios e perspectivas
3.1. Evolução recente das economias emergentes no contexto mundial
3.2. Acesso a mercados e negociações comerciais multilaterais
3.3. O Brasil no contexto das economias emergentes: desafios e limitações
4. O Brasil no contexto dos Brics: anatomia de um novo grupo
4.1. O que são, como evoluíram e o que pretendem os Brics
4.2. Impacto dos Brics na economia mundial e desta nos Brics
4.3. O Brasil e as implicações geoeconômicas e geostratégicas do novo grupo
5. O regionalismo sul-americano e o papel político-econômico do Brasil
5.1. Contexto político da América do Sul em perspectiva histórica
5.2 Os processos de integração regional e a evolução da posição do Brasil
5.3. Integração regional: origens e evolução do Mercosul, crise e estagnação
5.4. Desafios do Mercosul no contexto regional e mundial: perspectivas.

Palavras-chave para o mecanismo de consulta do site da ESPM: Relações econômicas internacionais, agenda política mundial, países emergentes, integração regional, América do Sul, política externa do Brasil.

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Paulo Roberto de Almeida
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domingo, 10 de maio de 2009

1095) Bacalhau de dia das maes (receita pessoal)

Bem, poderia ser de qualquer dia, na verdade, e eu já o fiz em outras ocasiões. Constitui, junto com risoto de camarões, um dos dois únicos pratos que me permito preparar, incapaz que sou de desenvolver as artes culinárias, embora eu seja muito mais um gourmand -- e, portanto, supostamente orientado para a cozinha -- do que um gourmet (mas sei apreciar as boas ofertas da haute gastronomie).
Vou apenas reproduzir o que fiz, sendo que os eventuais candidatos podem introduzir variações em suas tentativas respectivas, com outros elementos ou de outra forma.

Bacalhau, obviamente, de boa qualidade (e que não é barato): comprei quase dois quilos de filé de bacalhau numa casa especializada, e deve ter custado acima de 140 reais (sorry, sou distraido completamente em coisas de dinheiro, em várias outras coisas também).
Batatas, cebolas, pimentões (de várias cores, para ficar bonito), ovos, azeitona, temperos e, à parte, arroz e salada, sem esquecer azeite de oliva, um pouco na preparação e muito na hora de servir, individualmente.

Comecei deixando o bacalhau de molho 24 horas antes, trocando várias vezes a água, para retirar o excesso de sal.
Domingo de manhã (dá para fazer tudo sozinho em duas horas, mas comecei mais cedo, para fazer com calma, ler jornal no meio, consultar e-mails, etc), comecei por cozinhar o bacalhau num panelão fundo, sem me preocupar em contar o tempo, digamos por meia hora, pelo menos (deve ter uma maneira mais científica de se cozinhar um bacalhau, mas eu sou contra manuais de instruções). Depois deixei o bacalhau descansando, e esfriando, numa travessa e não me ocupei dele (ele não reclamou).

Cozinhei, separadamente (mas tem gente que recomenda cozinhar na própria água do bacalhau), batatas e pimentões. Enquanto isso chorei ao descascar as cebolas. Não fervi as cebolas na água, como da vez precedente, mas preferi fritá-las, em finas rodelas que foram se dissolvendo, numa grande frigideira (teflon, mas com um pouco de azeite e dois dentes de alho, apenas). Também cozinhei separadamente cinco ovos comuns, e mais sete ovos de codorna (estes para a salada).
Com o bacalhau já frio (mas no meio eu fui fazer outras coisas), separei todas as postas, em gomos e pedaços, retirando o que havia de espinhas, cartilagens e peles ainda remanescentes no que era um filé razoavelmente bom. Deixei os belos gomos para o prato principal e os pedaços irregulares para uma travessa complementar.

Bem, aí começa a montagem, muito simples, na verdade.
Cortei lascas finas, e transversais, de batata, que fui colocando numa grande travessa previamente untada de azeite de oliva. "Forrei" o fundo, se ouso dizer. Coloquei um pouco de cebola nos intersticios. Aí fui colocando os grandes gomos do bacalhau, e alguns pedaços nos intervalos. Coloquei pimentão alternado nas cores, ovo duro em fatias e azeitonas verdes sem caroço (tem quem prefira pretas), com temperos (basicamente orégano e manjericão, com um pouco de sal na batata e no pimentão).

Fiz nova camada de batatas, pimentão, e mais bacalhau em pedaços grandes, com mais ovo e azeitonas e um pouco de azeite de oliva. Voilà, a primeira travessa estava pronta.

A segunda travessa, um pouco menor, seguiu basicamente o mesmo ritual, com o acréscimo de tomates frescos em pedaços, pois nem todo mundo aprecia tomate no bacalhau. Na verdade, essa travessa ficou com pedaços menores de bacalhau, digamos orfã das grandes lascas branquinhas da travessa maior. Azeite por cima, mas não muito, azeitonas.

Tudo pronto, convidados chegados, comecei a fazer o arroz e a salada (na verdade pronta, combinação de dois tipos de alfaces, cenoura raspada e os ovos de codorna) e coloquei apenas a travessa maior no forno. A intenção seria fazer as duas, mas tivemos menos convivas do que o esperado (daí que coloquei na geladeira a segunda travessa, um estoque para os dias difíceis, digamos assim).
Em menos de vinte minutos, estava tudo pronto, mesa posta, música opcional.

Escolhi dois vinhos para desgustar, antes e durante, ambos chilenos: um Chardonnay Viñas del Mar (com perdão pela propaganda) e um Sauvignon Concha Y Toro (idem). Apenas o primeiro foi consumido, pois dois convivas, de ressaca da noite anterior, preferiram ficar no refrigerante (sem propaganda, desta vez). Tinha cerveja também (uma delas Heineken), que caii muito bem com bacalhau, mas ninguém quis.

Bem, não sei se estava realmente bom (pois sou muito exigente comigo mesmo), mas recebi elogios e todos comeram pelo menos duas vezes.

Sobremesas: um torta de dia das mães (de morango e creme, o que não faz exatamente o meu gosto, sobretudo o creme, mas aprecio o morango) e uvas tipo Red Globe. Espresso de máquina para quem pediu, e ninguém foi aos licores. Não tinha charuto, pois esta é uma casa tentativamente smoke free.

A travessa era grande, assim que ainda sobrou para a janta, para os mais famintos.
Ainda tem uma travessa inteira na geladeira, o que dispensará a empregada de fazer comida nesta segunda, e aí seremos "obrigados" a repetir o menu do domingo.
Acho que vou de cerveja, desta vez, mas se preferirem abro o Sauvignon para experimentar. Sobremesa, ainda torta e uvas, para não variar (e não desperdiçar).

Como visto, não há nada de especial na minha "receita", e qualquer ignaro em artes culinárias -- como eu mesmo -- pode se aventurar pela cozinha, poupando pelo menos as mães de fazer qualquer coisa no dia das mães. Sim, teve presentes, beijos e abraços.
Acrescentei às flores, compradas no próprio domingo de manhã, uma plaquetinha comprada nos EUA: "Missing: a cat and a husband; cat rewarded..."

Foi bom, simples, simpático e etílico (sim, não esquecer de fazer uma sesta, depois do almoço, sobretudo porque acordei cedo para preparar tudo). Agora vou terminar a leitura dos jornais e das revistas...

(Um dia ofereço uma receita de risoto de camarões, o único outro prato em que me arrisco, mas preciso de algum experimento antes).

1094) Um manifesto confuso-bolivariano

Transcrevo abaixo, a despeito de sua linguagem estapafúrdia, confusa, gramaticalmente deficiente, mas sobretudo preconceituosa, racialista, dotada de ódio de classe, enviesada ideologicamente, teor de mensagem que me foi enviada como comentário a meu post 1092 (vide abaixo, ou neste link), sobre as falácias acadêmicas.
Não publiquei este longo texto como comentário posto que não se trata absolutamente de um comentário, está claro, mas permito-me a liberdade de transcrevê-lo aqui em meu blog por razões puramente de "antropologia política", eu diria.
Desconheço seu autor, Antonio Jesus Silva, possivelmente um mero transmissor de idéias coletadas junto a um bizarro movimento "quilombolivariano", e a única coisa que eu poderia dizer sobre ele é que mereceria, em primeiro lugar, aulas de Português, de redação especificamente, e quem sabe até, aulas de lógica formal e, certamente, de história e de sociologia.
O manifesto abaixo, longe de expressar idéias políticas claras, traduz um confuso sentimento de despeito, preconceito e ódio contra o que poderíamos chamar de sociedade ocidental capitalista, mas não há propostas claras, a não ser um difuso sentimento ou desejo de vingança (inclusive, aparentemente, contra os judeus).
Transcrevo aqui apenas para que se possa dar conta de como o discurso chavista é, de fato, divisivo, confrontacionista, racialista (inclusive de forma equivocada) e absoltuamente deletério, nos planos político e econômico. Triste constatação, sem dúvida...

antonio jesus silva deixou um novo comentário sobre a sua postagem "1092) Falacias Academicas: a serie completa (até a...":

REVOLUÇÃO QUILOMBOLIVARIANA !
A COMUNIDADE NEGRA AFRO-LATINA BRASILEIRA
APOIA E É SOLIDARIA AO POVO PALESTINO.VIVA A PALESTINA!
Viva! Chàvez! Viva Che!Viva! Simon Bolívar! Viva! Zumbi!
Movimento Chàvista Brasileiro

Manifesto em solidariedade, liberdade e desenvolvimento dos povos afro-ameríndio latinos, no dia 01 de maio dia do trabalhador foi lançado o manifesto da Revolução Quilombolivariana fruto de inúmeras discussões que questionavam a situação dos negros, índios da América Latina, que apesar de estarmos no 3º milênio em pleno avanço tecnológico, o nosso coletivo se encontra a margem e marginalizados de todos de todos os benefícios da sociedade capitalista euro-americano, que em pese que esse grupo de países a pirâmide do topo da sociedade mundial e que ditam o que e certo e o que é errado, determinando as linhas de comportamento dos povos comandando pelo imperialismo norte-americano, que decide quem é do bem e quem do mal, quem é aliado e quem é inimigo, sendo que essas diretrizes da colonização do 3º Mundo, Ásia, África e em nosso caso América Latina, tendo como exemplo o nosso Brasil, que alias é uma força de expressão, pois quem nos domina é a elite associada à elite mundial é de conhecimento que no Brasil que hoje nos temos mais de 30 bilionários, sendo que a alguns destes dessas fortunas foram formadas como um passe de mágica em menos de trinta anos, e até casos de em menos de 10 anos, sendo que algumas dessas fortunas vieram do tempo da escravidão, e outras pessoas que fugidas do nazismo que vieram para cá sem nada, e hoje são donos deste país, ocupando posições estratégicas na sociedade civil e pública, tomando para si todos os canais de comunicação uma das mais perversas mediáticas do Mundo. A exclusão dos negros e a usurpação das terras indígenas criaram-se mais e 100 milhões de brasileiros sendo estes afro-ameríndios descendentes vivendo num patamar de escravidão, vivendo no desemprego e no subemprego com um dos piores salários mínimos do Mundo, e milhões vivendo abaixo da linha de pobreza, sendo as maiores vitimas da violência social, o sucateamento da saúde publica e o péssimo sistema de ensino, onde milhões de alunos tem dificuldades de uma simples soma ou leitura, dando argumentos demagógicos de sustentação a vários políticos que o problema do Brasil e a educação, sendo que na realidade o problema do Brasil são as péssimas condições de vida das dezenas de milhões dos excluídos e alienados pelo sistema capitalista oligárquico que faz da elite do Brasil tão poderosa quantos as do 1º Mundo. É inadmissível o salário dos professores, dos assistentes de saúde, até mesmo da policia e os trabalhadores de uma forma geral, vemos o surrealismo de dezenas de salários pagos pelos sistemas de televisão Globo, SBT e outros aos seus artistas, jornalistas, apresentadores e diretores e etc.
Manifesto da Revolução Quilombolivariana vem ocupar os nossos direito e anseios com os movimentos negros afro-ameríndios e simpatizantes para a grande tomada da conscientização que este país e os países irmãos não podem mais viver no inferno, sustentando o paraíso da elite dominante este manifesto Quilombolivariano é a unificação e redenção dos ideais do grande líder zumbi do Quilombo dos Palmares a 1º Republica feita por negros e índios iguais, sentimento este do grande líder libertador e construí dor Simon Bolívar que em sua luta de liberdade e justiça das Américas se tornou um mártir vivo dentro desses ideais e princípios vamos lutar pelos nossos direitos e resgatar a história dos nossos heróis mártires como Che Guevara, o Gigante Osvaldão líder da Guerrilha do Araguaia. São dezenas de histórias que o Imperialismo e Ditadura esconderam. Há mais de 160 anos houve o Massacre de Porongos os lanceiros negros da Farroupilha o que aconteceu com as mulheres da praça de 1º de maio? O que aconteceu com diversos povos indígenas da nossa América Latina, o que aconteceu com tantos homens e mulheres que foram martirizados, por desejarem liberdade e justiça? Existem muitas barreiras uma ocultas e outras declaradamente que nos excluem dos conhecimentos gerais infelizmente o negro brasileiro não conhece a riqueza cultural social de um irmão Colombiano, Uruguaio, Venezuelano, Argentino, Porto-Riquenho ou Cubano. Há uma presença física e espiritual em nossa história os mesmos que nos cerceiam de nossos valores são os mesmos que atacam os estadistas Hugo Chávez e Evo Morales Ayma,Rafael Correa, Fernando Lugo não admitem que esses lideres de origem nativa e afro-descendente busquem e tomem a autonomia para seus iguais, são esses mesmos que no discriminam e que nos oprime de nossa liberdade de nossas expressões que não seculares, e sim milenares. Neste 1º de maio de diversas capitais e centenas de cidades e milhares de pessoas em sua maioria jovem afro-ameríndio descendente e simpatizante leram o manifesto Revolução Quilombolivariana e bradaram Viva a,Viva Simon Bolívar Viva Zumbi, Viva Che, Viva Martin Luther King, Viva Osvaldão, Viva Mandela, Viva Chávez, Viva Evo Ayma, Viva a União dos Povos Latinos afro-ameríndios, Viva 1º de maio, Viva os Trabalhadores e Trabalhadoras dos Brasil e de todos os povos irmanados.
O.N.N.QUILOMBO –FUNDAÇÃO 20/11/1970
quilombonnq@bol.com.br

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Postado por antonio jesus silva no blog Diplomatizzando... em Domingo, Maio 10, 2009 7:11:00 PM

[Fim de transcrição]

sábado, 9 de maio de 2009

1093) O entendimento necessario entre os EUA e a China

O texto abaixo, reproduzido parcialmente (seguido de link para o texto completo), foi elaborado pelo Embaixador Amaury banhos Porto de Oliveira, um dos melhores especialistas brasileiros (se não o melhor) em temas da Ásia-Pacífico, bem como econômicos e tecnológicos.

O NECESSÁRIO E IMPRETERÍVEL ENTENDIMENTO EUA-CHINA
Amaury Porto de Oliveira

Em fins de janeiro, tive minha última reunião de trabalho com Gilberto Dupas. Ele me chamou ao IEEI, em São Paulo, para encontrar Clodoaldo Hugueney, recém-instalado na chefia da Embaixada do Brasil na China, e interessado em apoios acadêmicos para projetos de cooperação sino-brasileira. Hugueney mostrava-se impressionado com a amplitude e riqueza das análises da vida internacional, em curso na China, e com a seriedade e profissionalismo dos seus governantes, dando azo a que eu avançasse minha convicção de que a substância do jogo internacional, nas próximas duas ou três décadas, vai consistir num improrrogável entendimento entre americanos e chineses, em busca de novas definições para a ordem mundial. Dupas concordava com que uma dessas definições implicava em mudanças profundas na matriz energética da economia global.
Meu ponto de partida, nesta reflexão, é que o mundo está assistindo ao fim de quase três séculos de liderança anglo-americana, premido a encontrar novas soluções de valor paradigmático para as exigências sócio-econômicas do planeta. E o que distingue uma era, nesse nível, é antes de mais nada sua matriz energética. O governo Bush retardou perigosamente a aceitação, pelos EUA, da dura realidade de que a Terra está ameaçada no seu saudável funcionamento, em conseqüência das opções energéticas feitas na Idade Industrial. Pelos ingleses, inicialmente, com a queima do carvão fóssil para transporte e manufaturas e, mais tarde, a produção de eletricidade. Pelos americanos, no século XX, com o uso avassalante dos hidrocarbonetos na Sociedade do Motor. Na era que raia, a China vai-se tornando em termos absolutos (mercê da sua enorme população), um foco de poluição global ainda maior que Inglaterra ou EUA, embora em termos per capita os EUA sigam de longe imbatíveis. Mas o fato é que a China não tem escolha. Ou se resigna ao atraso ou adota os modelos dos anglo-americanos. Eles conceberam um sistema na medida das ambições de bem-estar deles próprios, sem deixar espaço para possíveis ambições do resto. A China tomou hoje a liderança desse resto, e não haverá saída efetiva para a crise que se abateu sobre o mundo, enquanto os EUA não abrirem espaço para a China e os emergentes.
(...)

para ver o texto completo, clique este link.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

1092) Falacias Academicas: a serie completa (até aqui)

Falácias acadêmicas: a série
(ensaios publicados e sugestões futuras)

Paulo Roberto de Almeida

Lista dos ensaios já elaborados e publicados:

1) Falácias acadêmicas, 1: o mito do neoliberalismo, Brasília, 26 julho 2008, 9 p. Considerações em torno de equívocos conceituais, históricos e empíricos de acadêmico selecionado para avaliação crítica. Espaço Acadêmico (n. 87, agosto 2008; arquivo em pdf); 1912.

2) Falácias acadêmicas, 2: o mito do Consenso de Washington, Brasília, 3 setembro 2008, 16 p. Considerações em torno dos equívocos conceituais, históricos e empíricos de setores acadêmicos com respeito ao CW. Espaço Acadêmico (n. 88, setembro 2008; arquivo em pdf); 1922.

3) Falácias acadêmicas, 3: o mito do marco teórico, Buenos Aires-Brasília, 30 setembro 2008, 6 p. Da série programada, com algumas criticas a filósofos famosos. Espaço Acadêmico (n. 89, outubro 2008; arquivo em pdf); 1931.

4) Falácias acadêmicas, 4: o mito do Estado corretor dos desequilíbrios de Mercado, Brasília, 15 novembro 2008, 12 p. Da série programada, com críticas a economistas keynesianos. Espaço Acadêmico (n. 91, dezembro 2008; arquivo em pdf); 1952.

5) Falácias acadêmicas, 5: o mito do complô dos países ricos contra o desenvolvimento dos países pobres, Brasília, 21 janeiro 2009, 11 p. Continuação da série, tratando desta vez das teses do economista Ha-Joon Chang. Espaço Acadêmico (n. 93, fevereiro 2009; arquivo em pdf); 1976

6) Falácias acadêmicas, 6: o mito da Revolução Cubana, Brasília, 1 de março de 2009, 17 p. Continuidade do exercício, tocando nos problemas do socialismo em Cuba. Espaço Acadêmico (n. 94, março 2009). 1986.

7) Falácias acadêmicas, 7: os mitos em torno do movimento militar de 1964, Brasília-Rio de Janeiro, 20 março 2009, 23 p. Continuidade do exercício, tocando no maniqueísmo construído em torno do golpe ou da revolução de 1964, condenando a historiografia simplista que converteu-se em referência nos manuais didáticos e paradidáticos. Espaço Acadêmico (n. 95, abril 2009; arquivo em pdf). 1990.

8) Falácias acadêmicas, 8: os mitos da utopia marxista, Brasília, 3 maio 2009, 15 p. Continuidade da série proposta, enfocando os principais equívocos do pensamento marxista nos campos do materialismo histórico e da análise econômica. Espaço Acadêmico (n. 96, maio 2009; arquivo em pdf). 2002.

9) (ainda não decidido; aceito sugestões...)


Proposta parcial de temas para ensaios a serem elaborados gradualmente:
(sem nenhuma ordem específica programada)

O mito da especulação
O mito da exploração
O mito da deterioração dos termos do intercâmbio
O mito do desenvolvimentismo
O mito da mão invisível do mercado
O mito da mão visível do Estado
O mito da volatilidade financeira
O mito da concentração capitalista
O mito das crises terminais do capitalismo
O mito da reforma agrária
O mito do distributivismo
O mito do igualitarismo
O mito da justiça social
O mito do freudismo
O mito da objetividade acadêmica
Uma teoria das falácias acadêmicas

(sugestões são sempre bem-vindas...)

Primeira elaboração desta lista de sugestões:
Buenos Aires, 30.09.2008

1091) E agora um pouco de diversao: do, re, mi...

Talvez preparada (certamente ensaiada), mas espontaneo em sua simplicidade, um video que vai surpreender, e agradar, gregos e goianos, ou melhor, belgas flamengos e valões, se este foi o caso:

Estação Central de Trens de Antuérpia, na Bélgica, em 23 de março de 2009:

http://www.youtube.com/watch?v=0UE3CNu_rtY

Divirtam-se...

sábado, 2 de maio de 2009

1090) Turismo (pouco) acadêmico (25 e final): uma pequena contabilidade de viagem

Sem tempo, agora, de fazer uma descrição completa da viagem, o que prometo fazer assim que possível, registro apenas alguns dados.
Aluguei um carro médio, muito confortável, seguro e rápido (ainda que americano), com a milhagem registrada em 11.504.
Acabo de devolver na locadora (sorry, não faço propaganda, mas foi muito barato) com o marcador em 18.120.
Foram, portanto, 6.616 milhas, precisamente, ou 10,647 kms de estradas e cidades.
Foram 18 dias em que fiquei quase 'parado', em cidades, como Urbana, lendo, ou como Chicago e New York, visitando, com um total de 372 milhas (ou, cerca de 20,6 por dia).
Nas estradas, foram 19 dias de viagens, num total de 6.273 mi, o que daria uma média de 330 milhas por dia, o que me parece razoável para o meu ritmo viajeiro.
Depois faço um relato pormenorizado.

1089) Turismo (quase) acadêmico (24): ultimas visitas culturais

Last visits in a big trip

De Nova York até Miami, nossa última grande etapa de viagem, seriam, segundo o Google directions, 1.286 milhas, em 19 horas e 59 minutos, segundo uma precisão surpreendente: nem um minuto mais (para arredondar para 20hs), nem um a menos, se por acaso o motorista for do tipo rápido, como eu (por isso mesmo tomei uma multa de velocidade logo no primeiro dia de Flórida, depois me comportei).
Na verdade, eu vim no meu ritmo particular, por vezes acelerando, por vezes parando num Starbucks para refazer a disposição...

Na verdade, no primeiro dia, depois de viajar por 12hs, fiz 716 milhas até Santee, na Carolina do Sul. Na manha seguinte, entramos em Savannah, a primeira cidade costeira da Georgia (aliás são poucas, pois espremaram a Georgia entre a CS e a Flórida, e lhe deixaram uma nesga de Atlântico. Savannah, como várias outras cidades do Sul escravista, tem uma arquitetura senhorial muito interessante, feita de casas de dois andares, com sacadas, um passado de supostas glórias na conquista da terra (contra os índios) e uma quase indiferença em relação aos escravos. Diferente de uma ou duas décadas atrás, o número de negros bem vestidos, com carros elegantes -- sem qualquer laivo de preconceito, aqui -- é bastante impressionante, pois denota um progresso real no que se acreditava ser ainda uma das características da paisagem social americana.
Fiz umas fotos do fundador da cidade, em estilo conquistador no seu pedestal marcado por uma longa declaração típica do passado colonial e século 19 (guerra contra os selvagens...).

Depois foram mais 616 milhas até o hotel de Miami, onde pernoitamos.
Nesta sexta-feira, 1ro. de maio, que não é feriado nos EUA (como todos sabem), escapamos mais uma vez para o que seria o último passei: as Keys, no prolongamento da Flórida, entrando no Atlântico em direção de Cuba: foram mais 340 milhas, ida e volta, mas que valeram a pena.

Em Key West, onde a estrada número 1 acaba, por falta de mais terras (mas alguns pedaços são pontes no mar), visitamos a casa de Ernest Hemingway, que eu já conhecia, mas muito rapidamente, de um passeio precedente.
Ele viveu aqui nos anos 1930, mais exatamente de 1931 a 1939, com uma escapada no meio para acompanhar brevemente a guerra da Espanha.
Na sua casa de Key West, uma bela construção de um armador de navios de meados do século 19, Hemingway escreveu alguns de seus melhores romances, e dezenas de contos, convivendo com uma (ou duas) mulher(es) e muitos gatos.
Nosso guia, Stan (de Ohio), que talvez propositadamente manteve um look à la Hemingway (barba enbranquecida e chapéu), explicou que todos os 64 gatos que vivem tranquilamente na residência atualmente, estão devidamente identificados no site da casa na internet.
Ainda não tive tempo de conferir, mas os curiosos e os 'gatófilos' podem entrar no site para verificar: www.hemingwayhome.com.
Em todo caso, acreditei no nosso guia, que me parecia decididamente heminguiano: tinha até uma cartelinha de 'mojito' saindo do bolso da camisa, no que imaginei que fosse uma receita para se embebedar, como o personagem fazia, quando não estava escrevendo. Para conservar a atmosfera, acabei lhe pagando mais dois mojitos, quando ele estivesse precisando, claro.

Também revisitei o "Southernmost point of the United States", uma elevação de concreto, em forma de sino, marcando o ponto mais meridional dos EUA, a apenas 90 milhas de Cuba (o que deve interessar mais os cubanos candidatos a náufragos, do que propriamente os americanos). Ali por perto, os marketólogos aproveitam para anunciar "the Southernmost house of the USA", para fazer festas e casamentos, "the Southernmost hotel of the USA", para os fanáticos por geografia, e outras coisas mais. Como sempre, as lembranças são "made in China", mas tirei fotos e comprei um postal desse ponto apenas emblemático por causa da Guerra Fria: depois do fracasso da invasão da Baía dos Porcos pelos mercenários da CIA, em 1961, John Kennedy promoveu uma reunião com aliados da OTAN em Key West não apenas para acabar com a histeria de um confronto bipolar na região, como para demonstrar a solidariedade atlântica no momento mais tenso daquela era.

Em Key West também há um pequeno museu Truman (de quem ouvi a biografia em audio por David McCullough, na viagem), que costumava vir passar férias na base da Marinha (que agora leva o seu nome), mas não pudemos visitar o museu, porque tudo aqui fecha as 5hs da tarde (como se sabe, os americanos jantam as 6hs, e depois dormem com as galinhas, no horário das galinhas, quero dizer...).

A volta foi tranquila, sem mais necessidade de ficar parando para tirar fotos das paisagens marinhas e das pontes, que são realmente espetaculares (acho que muitos já viram um filme cujo nome agora me escapa, que se passa nessas autoestradas das Keys, com cenas hollywoodianas de perseguição em caros, helicópteros, foguetes e tudo o mais a que temos direito nesses crash-punk-bang da indústria cinematográfica americana).

Bem, agora vamos só terminar de arrumar as malas e verificar se o voo (sem acento agora) ainda existe... O avião vai ficar um bocado mais pesado com os os livros, sobretudo da Carmen Lícia: só espero que não me cobrem excesso, do contrário vai ultrapassar o alugue do carro, que foi até barato para tudo o que fizemos...

Bye bye Miami... (só amanha cedo).

quarta-feira, 29 de abril de 2009

1088) Turismo academico (23): Saying good-bye to New York: o inevitável Sinatra

No momento de deixar a cidade, e irrevocavelmente amoroso pela rádio digital Sinatra, sempre fixada no carro, não posso deixar de recorrer ao inevitável Frank, em sua glamorosa evocação da cidade:

New York, New York

Start spreading the news, I'm leaving today
I want to be a part of it - New York, New York
These vagabond shoes, are longing to stray
Right through the very heart of it - New York, New York

I want to wake up in that city, that doesn't sleep
And find I'm king of the hill - top of the heap

These little town blues, are melting away
I'll make a brand new start of it - in old New York
If I can make it there, I'll make it anywhere
It's up to you - New York, New York

New York, New York
I want to wake up, in that city that never sleeps
And find I'm A number 1, top of the list
King of the hill, A number 1
these little town blues, are melting away
I'm gonna make a brand new start of it, in old New York
and- If I can make it there, I'm gonna make it anywhere
It's up to you, New York- New York

terça-feira, 28 de abril de 2009

1087) Turismo academico (22): Mais museus de Nova York: duas boas supresas

Hoje, último dia inteiro em New York, aproveitamos para fazer mais dois museus nunca antes visitados:

Museum of the City of New York; Frick Collection

O Museu da Cidade de Nova York destina-se, obviamente, a contar a história da cidade e a exibir coleções temporárias e especiais sobre aspectos específicos da vida na cidade. Tem uma grande variedade de exposições temporárias, de moda, de pinturas, de objetos os mais diversos (jogos e brinquedos de crianças, por exemplo), mas o que mais reteve minha atenção foi a exposição especial sobre os 400 anos da fundação da cidade, feita em cooperação com diversos museus e coleções pertencentes aos Países Baixos, especificamente Amsterdam.
De fato, em 2009 comemoram-se 400 anos desde que o navegador inglês Henry Hudson, a serviço de uma companhia comercial holandesa, em busca de uma passagem setentrional para a Ásia (na competição com os portugueses e espanhóis, que se tinham reservado o monopólio das rotas e conhecimento geográfico sobre as rotas meridionais, ao sul da África e da América do Sul), chegou à foz do rio que depois levou o seu nome, dividindo o continente da ilha de Manhattan (que também só veio a ter esse nome tempos depois).
Em 1609, portanto, a serviço da Vereenigde Ost-Indische Compagnie -- a VOC, Companhia Unida das Indias Orientais, ou seja, da própria India, da China e das ilhas da Ásia oriental -- o navegador Henry Hudson, que já possuia experiência de outras viagens a serviço de comerciantes ingleses e holandeses, embarcou no Halve Maen (Meia Lua), um barco não maior do que setenta pés, e veio explorando a costa atlântica da América do Norte, até encontrar um lugar excepcionalmente frequentado por castores e outros animais que poderiam fornecer peles (um dos principais objetos do comércio nessa época).
Essa companhia foi a primeira multinacional estabelecida como tal (aliás, em 1602), com ações negociadas na bolsa de Amsterdam e um conselho empresarial muito ativo, dividido em câmaras, para admnistrar os seus muitos negócios em vários continentes,
Seus estatutos foram devidamente aprovados pelo governo, e em sua atividade monopolista conferida pelo governo das repúblicas unidas, essa companhia chegou a ter, no seu momento de maior poder, 30 mil empregados, enviando mais de 35 navios por ano aos mais diferentes portos do mundo, com um volume de negócios equivalente a 10 milhões de guilders (caberia fazer a conversão para valores correntes atuais).
Seus poderes era praticamente equivalentes ao de um Estado legitimamente constituído, pois que ela podia construir fortes, recrutar soldados e manter forças militares permanentes, e mesmo contrair tratados com poderes estrangeiros (desde um Estado até um bando de índios, como ocorreu na compra da ilha de Manhattan).
Henry Hudson não era exatamente um empregado da VOC, mas um contratado, e foi ele quem esteve na origem de New Amsterdam (ela, sim, administrada por por empregados da VOC).
Mais tarde, nos anos 1620, tendo em vista problemas com um monopólio tão extenso, foi constituída a WIC - a Geoctroyeerde West-Indisch Compagnie, a companhia registrada das Indias Ocidentais -- sob cuja administracao New Amsterdam passou a ser comissionada como um dos mais lucrativos entrepostos comerciais dos holandeses, a partir de 1621.
Não apenas a WIC passou a ter o monopólio do comércio atlântico, mas ela também constituiu um poderoso exército na luta contra espanhóis e portugueses, vindo daí a invasão do Nordeste brasileiro, a partir de 1624.
Foi a WIC quem comprou de uma tribo de indigenas, em 1626, o território no qual se instalou New Amsterdam, nada muito além do que seria hoje Wall Street, até no máximo o Chelsea. Aparentemente custou 60 guilders, segundo uma carta comunicada ao conselho da WIC, quando o comércio de peles rendia, anualmente, cerca de 45 mil guiders aos holandeses.
Esses monopólios nunca dão certo, pois comerciantes independentes se lançam também nos negócios e contestam judicialmente o poder exclusivo da companhia, o que também ocorreu com a multinacional em questão. Para defender seus direitos, a companhia contratou um "historiador" para apresentar o seu caso: Johannes de Laet faz, em 1844, a história da WIC, já relatando a invasão do Brasil pela companhia, como exemplo do "sucesso" da companhia na defesa dos interesses holandeses, contra os espanhóis e portugueses.
Esse sucesso não durou muito, pois que já em 1654, os holandeses tiveram de sair do Brasil.
Um documento existente nos arquivos municipais de NY (85-40, remetendo ao volume I do "Original Dutch Records", 1654-1656), relata o pedido feito à WIC para que os judeus luso-holandeses fugidos do Brasil pudessem estabelecer-se em New Amsterdam, os primeiros judeus a receberam tal autorização. Depois de muita relutância do governador da WIC, Peter Stuyvesant, eles foram autorizados a ali se instalarem (devem ter pago alguma coisa por fora, talvez, como provavelmente já vinham fazendo o mesmo nas suas relações comerciais com os portugueses do Brasil, colocados sob domínio holandês, durante praticamente duas décadas).
Essa parte da exposição, centrada sobre a figura do Hudson, foi a que mais me interessou, obviamente, pelas suas muitas conexões com o Brasil (alguns quadros de Eckout, com índios brasileiros, livros falando do Brasil) e com o comércio internacional. Mapas, globos (vários originais), objetos encontrados, fac-similes e reproduções, numa riqueza admirável para exposições desse gênero.
Havia vários holandeses visitando a exposição, visivelmente orgulhosos da semente que deixaram para os ingleses (que passaram a dominar a localidade desde a segunda guerra anglo-holandesa, em 1664). Aliás, foi o próprio Peter Stuyvesant quem teve de ceder o poder político aos novos mandantes ingleses, cuja força militar excedia várias vezes o poder de fogo de sua pequena milícia.
Uma outra exposição audio-visual, cheia de escolares e suas professoras, mostrava o desenvolvimento da cidade, das origens até o 11 de setembro de 2001.

The Frick Collection
Fui visitá-la, sob recomendação de um amigo, Georges Landau, e foi também um dos pontos altos desta minha estada em NY. Uma velha mansão aristocrática (ou burguesa, para não retomarmos a tradição européia), totalmente renovada, mas conservando o padrão original, e abrigando uma das mais fabulosas coleções de arte particulares já vistas em NY, provavelmente rivalizando com a coleção Morgan (que conheci anos atrás).
Impossível descrevê-la em sua riqueza. Os interessados podem fazer um tour virtual neste link: http://www.frick.org/virtual/index.htm

Acredito que gastei mais em parking para o carro do que nos tickets de entrada nos museus, descontando algum lanche e livros (inevitáveis) comprados em cada lojinha de museu.

Terminei o dia na loja da Apple, da 5a. Avenida, mas o excesso de gente, de equipamentos e de tudo deixa a gente desarmado. Acabei verificando minha correspondência, configurei um iPhone para a minha conta do Mac, mas finalmente não comprei esse pequeno objeto de desejo, posto que seu uso no Brasil corresponderia a um outro direito monopólico das poucas companhias autorizadas a operar o equipamento e o serviço, provavelmente a preços tão abusivos quanto os cobrados pelas antigas companhias mercantis holandesas do século 17.
Todo monopólio é um abuso...

Adieu New York (literalmente: o Novotel da Broadway está lotado de franceses...).
28.04.2009

1086) Por ocasiao do trabalho nr. 2000

Um balanço da produção e seu sentido...
reflexões livres por ocasião do trabalho nr. 2000
Paulo Roberto de Almeida

A título de introdução
Números redondos convidam a um balanço e, por vezes, a comemorações. Acabo de participar de um colóquio, na Universidade do Wisconsin em Madison, sobre os cem anos do ‘commencement speech’ escrito pelo Joaquim Nabuco, em 1909, e meu trabalho – sob o titulo de “The share of the United States and Brazil in the modern civilization: A centennial homage to Joaquim Nabuco’s commencement speech of 1909” (Urbana, 23 abril 2009, 15 p.; paper presented at the Symposium: Nabuco and Madison: A Centennial Celebration - Madison, WI: University of Wisconsin, April 24-25, 2009) – recebeu justamente o número 1999. Este texto, escrito em sua imediata seqüência, receberá, portanto, o número 2000, o que não deixa de provocar algum excitação, se este último termo se aplica, efetivamente.
Talvez, na medida em que são dois mil trabalhos que podem receber essa designação – isto é, textos acabados e completos, destinados ou não a publicação, mas em todo caso podendo corresponder a esse nome, posto que possuindo coerência intrínseca, tendo começo, meio e fim – ao longo de mais ou menos 40 anos de produção intelectual registrada. De fato, meu arquivo de originais, no momento de sua organização – em torno de 1986, aproximadamente –, registrava um primeiro trabalho escrito em maio de 1968, com cópia em carbono preservada: se tratava de um ensaio escrito sob pseudônimo para um concurso de trabalhos escolares: “001. ‘Quais os Fatores que Determinam uma Escolha Profissional Consciente?’ (São Paulo, Maio 1968, 9 pp. Trabalho escrito para concurso promovido pelo jornal Folha de São Paulo).” Mais tarde, graças a encontros com colegas do Ginásio Estadual Vocacional Osvaldo Aranha (Brooklin Paulista, na cidade de São Paulo, entre 1962 e 1964), vim a descobrir dois outros trabalhos escritos em 1964, que por enquanto não foram numerados, no aguardo de mais alguma pesquisa geológica ou arqueológica em fundos documentais onde sei existirem antigos trabalhos meus (jornal do Grêmio Estudantil do curso clássico, justamente, ou mais exemplares do jornal ginasial).
Se formos dividir o número total cronologicamente, daria mais ou menos 50 trabalhos por ano, mas é óbvio que o número se acelerou nos últimos anos, with a little help das tecnologias de processamento da informação e de comunicação. Antigamente, sem querer ser redundante, dava o maior trabalho fazer trabalhos. Era preciso preparar uma versão manuscrita mais ou menos organizada e depois começar a datilografia cuidadosamente nas folhas de papel, de preferência com carbono e folhas de seda atrás, pois as tecnologias de cópia eram de difícil acesso ou muito caras. Era preciso ficar cuidando das margens, das separações de palavras, das notas de rodapé, e sobretudo datilografar com cuidado, para evitar erros, rasuras, correções e outras imperfeições estilísticas, que poderiam comprometer a boa apresentação do “trabalho” (sim o termo se justifica, estrito e lato senso). Mesmo quando fiz a minha tese de doutoramento – dois pesados volumes com mais de 500 páginas no total – o trabalho permanecia quase o mesmo, ainda que contando com uma poderosa IBM elétrica, de esfera (inclusive uma exclusiva para itálicos, exigindo a troca a cada vez) e com copiadora própria, ambos um pesado investimento próprio, ainda mais que pagos num dos países mais caros do mundo, na Suíça. Conclusão: até hoje não disponho do teor da tese integramente em meu computador, assim como diversos outros trabalhos escritos antes de 1987 (data da compra de meu primeiro Macintosh).
Não pretendo aqui – ou neste momento, pelo menos – oferecer um balanço puramente contábil de minha produção, ainda que eu possa indicar, rapidamente, os números envolvidos (numa abordagem geográfico-quantitativa, ao final). Basta com dizer que os trabalhos só recebem número, data e local, quando são considerados terminados, arquivados sob esse número em pastas anuais, com listas cronológicas geralmente divididas por ano e local principal de residência naquele ano. Uma outra lista, necessariamente menor, apenas lista os trabalhos publicados, mas deixei de preservá-los em arquivos independentes em pastas próprias, pois representaria uma duplicação de arquivos (embora provavelmente útil, posto que alguns trabalhos publicados diferem ligeiramente, por diversas razões, dos originais registrados). Cópias físicas de originais e publicados foram feitas até o ano de 1998, ocorrendo aí, portanto, uma lacuna de mais de dez anos sem suporte físico completo (o que caberia providenciar em algum momento). Mas estas são preocupações secundárias neste momento de registro do trabalho número 2000.
Talvez seja mais útil tecer algumas considerações sobre o sentido da produção e minhas reflexões a esse respeito, inclusive porque, no momento da redação do trabalho número 1000 eu estava muito ocupado com trabalhos atrasados ou urgentes e deixei passar a oportunidade do devido registro comemorativo, o que cabe agora remediar. Não o faço por vaidade, ou egocentrismo (embora tais sentimentos possam ser justificados ou legítimos, em seu mérito próprio), mas apenas para responder a meu espírito de historiador improvisado. Acho que todo e qualquer esforço intelectual merece ser retraçado em suas origens e circunstâncias, já que esses trabalhos sempre responderam a alguma necessidade interna ou foram motivados pelo ambiente em que me encontrava vivendo e produzindo durante a sua elaboração.

Da necessidade da escrita (e seu registro)
Desde quando comecei a ler, na “tardia” idade de sete anos, sempre fiz notas de livros e elaborei trabalhos em torno dessas leituras. Já não tenho certeza se foi no ‘quinto’ ano do primário ou no primeiro do ginasial que impressionei a professora com meu conhecimento de história ‘clássica’, que nessa época queria dizer Grécia e Roma antigas. Devo isto graças à leitura de Monteiro Lobato: não apenas História do Mundo para as Crianças, mas também O Minotauro e Os Doze Trabalhos de Hércules (bem, tive de deixar a Emília de lado, nesses relatos sérios, mas ela merecia ter feito parte do trabalho...).
Na partida para a Europa, tive de deixar muitos registros para trás, mas passei a acumular cadernos de leituras, alguns dos quais já foram resumidos em um post antigo em um dos meus blogs (ver: 17) Meus cadernos de leitura (1971-1983); link). Muitas leituras foram feitas a partir de uma pequena bibliografia de mais ou menos 500 livros, que eu tinha feito para ler sistematicamente (não devo ter chegado nem a 10% da lista, mas em compensação li muitos outros livros, provavelmente mais interessantes): os interessados em saber quais são, podem referir-se a outro post (34. Uma 'pequena' bibliografia para leitura e notas; link). De todas essas leituras, emergiram trabalhos acadêmicos ou artigos independentes, vários dos quais publicados, mas de forma não sistemática e muitas vezes sem o devido registro ou preservação de originais.
Minhas listas de trabalhos originais e de publicados podem ser conferidas no seguintes links respectivos de meu site pessoal (http://www.pralmeida.org/03Originais/00originais.html e http://www.pralmeida.org/02Publicacoes/00Publicacoes.html), uma construção muito posterior à organização desses arquivos e feita não por narcisismo e sim para atender a demandas de alunos por informações em torno de questões relativas à integração regional e ao Mercosul, portanto, com objetivos didáticos muito definidos.
E por que essa compulsão, quase uma obsessão pela escrita e eventual publicação de trabalhos? Confesso que não sei fornecer uma resposta única, exclusiva ou especificamente válida a esta pergunta: alguns podem achar que é por exibicionismo pessoal, o que provavelmente não explicaria a enorme diferença entre o número de originais e o dos trabalhos efetivamente publicados, o que indica que escrevo por necessidade interior, quase uma segunda natureza, ou inclinação natural. Comecei de maneira informal, mas como as notas e manuscritos se multiplicavam, com muitas cópias carbono feitas – muitas delas sem registro preciso quanto a local e data –, logo senti a necessidade colocar ordem na bagunça. Daí surgiram as listas seriadas e depois a organização dos originais em pastas de classificados, uma providência praticamente dispensada na era do computador e dos arquivos eletrônicos (nem sempre adequadamente preservados em back-ups regulares, o que é sempre um risco, como todos sabem).
Enfim, creio que não preciso justificar o ato da escrita, inerente a todos os que lêem intensamente – OK, nem todos – ou pelo menos no caso daqueles que também possuem uma preocupação didática, ainda que indireta, como é o meu caso (ou seja, não o faço por ser professor, pois apenas exerço a atividade por vontade própria, não por necessidade ou como ocupação principal, sempre em detrimento do lazer ou descanso pessoal). Poderia apenas parafrasear Descartes: “Leio, logo escrevo” (por favor, alguém versado em latim, me transcreva esta frase, para ficar bonita...).

O que o Brasil fez por mim (e o que eu, pretensamente, estou fazendo por ele)
Não sou dado a patriotismos, nem a chauvinismos ultrapassados e um pouco ridículos. A nacionalidade é um acidente geográfico, partindo do ponto de vista da unidade fundamental da espécie humana. Sou brasileiro, como poderia ter nascido esquimó ou hotentote, e ninguém seria responsável por esse acaso demográfico, nem mesmo meus pais, posto que ninguém ‘fabrica’ uma personalidade humana com base em especificações pré-determinadas. Somos em grande parte (mas provavelmente não a mais decisiva) o resultado da herança genética, em outra parte o resultado do meio e das influências que experimentamos em diversas etapas formativas, mas também (uma parte que espero substancial) o produto de nossa formação ativa, por meio dos estudos empreendidos e dos esforços que nós mesmos fazemos para moldar um estilo de vida e um padrão de pensamento com base em escolhas e preferências que foram adotadas ao longo de toda uma vida, especialmente em seu primeiro terço.
Tendo nascido no Brasil, de pais descendentes de imigrantes europeus analfabetos, ainda assim beneficiei-me da herança cultural européia, visivelmente dotada de maior densidade do que a média brasileira tradicional, ou seja, um substrato desprovido de maior sofisticação técnica ou instrumental em relação aos requisitos modernos de uma sociedade caracterizada por uma produtividade satisfatória. O que o Brasil meu deu, uma vez iniciado o processo de escolarização (entre meados dos anos 1950 e meados da década seguinte), foi uma escola pública de qualidade razoável para os padrões conhecidos ulteriormente (e certamente no período recente). Esse ensino, a cargo de professoras ‘normalistas’, foi complementado por uma freqüência regular e intensa a uma biblioteca pública infantil – depois batizada de Anne Frank, no Itaim-Bibi, bairro da zona sul de São Paulo – onde devo ter lido praticamente todos os livros interessantes, dos quais guardei enormes e boas lembranças: lia quase todas as tardes – quando não me desviavam para alguma pelada de esquina – e ainda levava um ou dois para ler em casa, noite adentro (a ausência de televisão ajudou-me enormemente, e não por escolha própria, pois no final da tarde íamos assistir National Kid ou o Patrulheiro Rodoviário na casa de um vizinho).
Na verdade, não sei dizer se foi o Brasil quem me deu a chance de ingressar numa faculdade pública de boa qualidade – o curso de Ciências Sociais da USP, a partir de 1969 – ou se foi o meu próprio esforço de leituras intensas, aliás alternadas com o trabalho desde muito jovem. Daí o meu hábito de ler em toda e qualquer circunstância, anteriormente em ônibus ou trem, ou andando, depois diretamente em bibliotecas e livrarias, ou até dirigindo (o que não recomendo a ninguém...). Acho que foi apenas isto que o Brasil de fato me deu, além, involuntariamente, de uma consciência aguda sobre problemas sociais, miséria, pobreza, desigualdades, políticas econômicas (e suas conseqüências sempre surpreendentes...) e as muitas soluções propostas para resolver esses problemas. A adesão à sociologia – a arte de resolver rapidamente os problemas do Brasil, segundo Mário de Andrade – e ao socialismo veio naturalmente, sem qualquer ânimo ‘religioso’, porém, posto que sempre li materiais de todas as escolas filosóficas e tendências políticas.
Dito isto, pode-se dizer que o que o Brasil não me deu foi um bom ambiente de debate intelectual sobre essas questões, já que a qualidade intelectual da ‘pesquisa’ – se é que ela existe, de fato – é precária, para dizer o mínimo, com muita bobagem passando por argumentação de qualidade. E o que eu estou tentando ‘devolver’ ao Brasil, se ouso dizer? Como valorizo tremendamente os estudos, e acredito que a sociedade brasileira, como um todo, foi capaz de oferecer-me, numa determinada época, uma educação de qualidade relativamente satisfatória, julgo-me no dever de ‘devolver’ à sociedade parte do que recebi, contribuindo para que outros jovens, em situação talvez similar à minha na mesma faixa etária possam dispor de condições adequadas para também disputar uma posição condizente com suas aspirações. Como fazer isso? Bem, talvez exercendo também atividades docentes, embora consciente de que não estou atingindo os mais necessitados: mas já terá sido uma contribuição boa se eu conseguir atuar em direção dos ‘multiplicadores’ de conhecimento, ou seja, pela formação dos formadores, posto que muitos dos meus alunos poderão se dirigir para o sistema de ensino de primeiro ou de segundo grau.

Onde pretendo chegar com tantos trabalhos?
Boa pergunta, mas não sei responder, sinceramente. Certamente não estou em nenhum concurso quantitativo, nem sei se existe algum Guinness para volume de originais, o que aliás importa pouco. O mais relevante é aprender com as leituras, sintetizar o que se aprende nos livros – e não observação direta da realidade – e transmitir o conhecimento adquirido em linguagem adaptada aos novos receptores, provavelmente jovens que não tiveram acesso ao volume de livros e de informações (em diversas línguas) de que disponho em virtude de circunstâncias excepcionais.
Provavelmente preciso fazer um balanço qualitativo da minha produção e passar a trabalhar menos – ou em menor velocidade de escrita – e melhor, com trabalhos mais focados sobre aspectos específicos das carências didáticas já identificadas. Talvez, organizando um plano para trabalhos seriais que depois possam ser unificados em obras de divulgação mais ampla – necessariamente sob a forma de livros – em lugar dos muitos trabalhos dispersos e erráticos que respondem a demandas de terceiros para veículos eletrônicos nem sempre estáveis ou bem administrados. O excesso pode prejudicar a reflexão de maior densidade analítica, com pesquisa bem fundamentada e dados empíricos controláveis, para evitar polêmicas inúteis em torno de argumentos principistas.
De fato, está na hora de fazer um plano de trabalho e segui-lo de forma sistemática, de maneira a deixar uma obra caracterizada pela permanência, e não apenas uma coleção infindável de escritos dispersos, divulgados em suportes precários como podem ser os muitos sites e blogs de nossa era dominada pela facilidade da informação e da comunicação. Tenho alguns livros no pipeline – aliás, as minhas pastas de ‘working files’, ou seja, trabalhos em preparação, são provavelmente mais numerosas e mais dispersivas ainda do que os trabalhos concluídos e numerados – e caberia organizar, doravante, um roteiro-calendário para um esforço dirigido melhor organizado.

Uma palavra final, comemorativa (finalmente)
Bem, este é o trabalho número 2000. Como não comemorei o número 1000, não sei bem o que fazer com este, a não ser tê-lo como registro pessoal de um balanço parcial de minhas atividades de escrevinhador compulsivo. Não consigo sequer comprar um bolo com velinhas para festejar o evento, estando atualmente num hotel de Nova York. Vou apenas dizer a mim mesmo: parabéns, legitimamente, mas seja menos prolífico e mais focado, a partir de agora.
Ok, nem vou tentar fazer a contabilidade da produtividade escrevinhadora neste momento, apenas registrar um resumo das listas de originais, como abaixo. Vou precisar reorganizar o meu site – sou um desastre em matéria de web-design, aliás, não tenho a menor idéia de como se desenha um site – em função de grandes áreas de pesquisa ou de interesse, de maneira a poder fazer esse planejamento mais focado em resultados qualitativos, do que em volume aritmético de trabalhos.
Não tenho idéia do efeito que meus trabalhos – e livros e artigos publicados – possam estar tendo sobre o público visado: tipicamente os jovens universitários brasileiros, a não ser raramente, por meio de contatos ocasionais através do formulário do site (e de alguns pedidos de ajuda por e-mail). Suspeito que algo de bom possa resultar desse volume apreciável de trabalhos divulgados voluntariamente, ainda que muitos deles devem despertar reações negativas em vários dos supostos destinatários, tendo em vista o ambiente universitário típico no Brasil, atualmente. Não me importo muito com as críticas, aliás muitos dos trabalhos são suficientemente provocadores para provocar críticas, justamente. O que seria mais relevante seria um ambiente adequado para um bom debate intelectual no Brasil, o que infelizmente ocorre muito raramente hoje em dia.
Esperando que esse ambiente possa surgir e se desenvolver, continuarei a colaborar da forma que sempre fiz: lendo, sintetizando, escrevendo e divulgando meus trabalhos e os de terceiros (em meus escritos ou nos blogs dedicados a tais finalidades). Uma ultima palavra quanto aos curiosos quanto a minhas atuais posições políticas ou filosóficas: não me considero absolutamente nada, ou seja, não me filio a nenhuma escola determinada de pensamento ou a qualquer tendência ou movimento político. Considero-me absolutamente livre, e por isso mesmo recuso filiações ou adesões a qualquer entidade ou organização que possua regras ou ‘filosofias’ determinadas.
Meus únicos princípios poderiam ser resumidos em duas expressões: racionalismo moderado – posto que sentimentos sempre fazem parte das ações e intenções humanas – e ceticismo sadio, ou seja, desconfiança de tudo o que não vem suportado em evidências alcançados por meio de dados empíricos, da experiência prática, da lógica formal. Uma coisa não pode ser simplesmente aceitável por conveniência ou por relativismo cultural: neste ponto, é preciso ter coragem de defender suas convicções, a despeito de frustrações eventuais, derivadas do meio ambiente em que se vive ou trabalha. As pessoas são em geral acomodadas, o que não creio que seja o meu caso, pois estou sempre aceitando novos desafios.
Por fim, quanto ao método de trabalho, creio que ele pode ser resumido numa única expressão: honestidade intelectual, e isso não requer nenhum tipo de explicação complementar. Voilà: creio que o meu trabalho 2000 está agora completo e posso me despedir de meus poucos leitores...

Paulo Roberto de Almeida
New York, 2000, 28.04.2009

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Anexo:
Paulo Roberto de Almeida
Uma informação quantitativa da produção acumulada
(a partir das 23 listas de trabalhos seriados)
(listas de originais e publicados disponíveis no site pessoal: www.pralmeida.org)

1) São Paulo, 1968; Bruxelas, 1976: do nº 001 ao nº 041
2) São Paulo, 1977; Brasília, 1978-79; Berna, 1980-82; Belgrado, 1982-84; Bruxelas, 1984: do nº 042 ao nº 093
3) Brasília, 1985-1987: do nº 095 ao nº 149
4) Genebra, 1987-1990: do nº 150 ao nº 184
5) Montevidéu, 1990-1992: do nº 185 ao nº 223
6) Brasília: 1992-1993: do nº 224 ao nº 383
7) Paris, 1993-1995: do nº 384 ao nº 503
8) Brasília, 1996: do nº 504 ao nº 545
9) Brasília, 1997: do nº 546 ao nº 600
10) Brasília, 1998: do nº 601 ao nº 650
11) Brasília, 1999: do nº 651 ao nº 708
12) Washington, 1999: do nº 709 ao nº 718
13) Washington, 2000: do n. 719 ao n. 764
14) Washington, 2001: do n. 765 ao n. 843
15) Washington, 2002: do n. 844 ao n. 993
16) Washington, 2003: do n. 994 ao n. 1136
17) Brasília, 2003: do n. 1137 ao n. 1168
18) Brasília, 2004: do n. 1169 ao n. 1368
19) Brasília, 2005: do n. 1369 ao n. 1518
20) Brasília, 2006: do nº 1519 ao nº 1706
21) Brasília, 2007: do nº 1707 ao nº 1847
22) Brasília, 2008: do nº 1848 ao nº 1969
23) Brasília, 2009: do nº 1970 ao nº 2---

1085) Noticias economicas do imperio: uma lenta recuperacao

As estatísticas econômicas que estou lendo na imprensa americana (uma média ponderada de dezenas de estimativas feitas por instituições públicas, privadas, professores universitários e agências de avaliação de risco) permitem um otimismo cauteloso sobre os desenvolvimentos da crise atual.
Segundo esses dados, a evolução será a seguinte para alguns indicadores:

Dado Q1-2009 Q2-2009 (...) Q2-2010
PIB -5,0% -2,0% 2,6%
Juros Fed 0% 0% 0,38%
Inflação -0,4% -1,1% 1,7%
T-bonds 10y 2,71% 2,9% 3,41%
Desemprego 8,5% 9,0% 9,5%
Petroleo $43 $50 $63

O dado mais espetacular é a percepção do ambiente de negócios, que guia os investimentos dos empresários: o indicador (cuja natureza deve ser uma pesquisa qualitativa, diretamente com grandes empresas da Forbes) sai de -24,4$ de queda, neste primeiro trimestre de 2009, para 3,3% no segundo trimestre de 2010.
Ou seja, os catastrofistas podem ser desmentidos antes que publiquem seus primeiros livros sobre o declínio do capitalismo...

Post scriptum em 28.04.2009: Os catastrofistas ainda ganham por um a zero. Os resultados publicados nesta data revelam uma queda do PIB americano ainda mais severa do que a prevista acima: PIB dos EUA tem retração de 6,1% no 1º trimestre.
Parece que a situação ainda vai exigir um pouco de paciência até melhorar...

1084) Turismo academico (21): Museus de Nova York, os novos sao os melhores

Nova York tem tanta coisa para se fazer, que é virtualmente impossível se contemplar todas as possibilidades. Assim, decidi deixar de lado os museus mais conhecidos (Moma, Guggenheim, Natural History e Planetarium) e fazer um tour das novidades.

Novos museus em New York
Começamos a segunda-feira (um dia, aliás, no qual a maior parte dos museus estão fechados) por uma visita à coleção Rubin de arte himalaia, situado no Chelsea, rua 17. Incrivel como esse tipo de iniciativa prospera nos EUA: um casal de judeus, sem nenhuma vinculação especial com a Ásia ou sua cultura, começa, muitos anos atrás, a colecionar peças de arte himalaia, por puro gosto pessoal. A coleção cresce, começa a ocupar toda a casa, e daí surge a idéia de fazer um museu, com a ajuda dos amigos (que nunca falham) e de outras instituições.
Ai, basta encontrar uma palacete em NY (o que não é muito dificil), derrubar tudo por dentro, deixando a fachada, com a ajuda de algum arquiteto judeu que não cobra nada por isso, e zut, voilà, surge um novo museu, espetacular, inteiramente dedicado à arte himalaia (sobretudo Nepal e Tibete, mas tambem India e Paquistão, o que é inevitável), com peças inacreditáveis, que "aparecem" não se sabe bem como, mas que não são vistas nos museus de arte asiática tradicional (em todo caso, vi peças que nunca tinha visto iguais no Guimet de Paris, ou na Sackler e Freer de Washington).
Recomendo, absolutamente, inclusive porque além das coleções permanentes, sempre estão apresentando exibições especiais e temporárias, com peças coletadas em outros museus ou, o que é mais importante, em coleções particulares (e que portanto nunca serão mais vistas, a não ser em casos de doações, o que aliás ocorre muito frequentemente nos EUA).

Jewish Museum (Quinta Avenida, não muito longe do Museu of Design e da Guggenheim)
Outro museu espetacular, imperdível, construído (sempre totalmente renovado por dentro) dentro do antigo palacete dos Warburg (uma dessas familias de banqueiros riquíssimos da belle époque), e que abriga não apenas peças de coleções, mas toda uma exibição didática, com todos os recursos de mídia, sobre alguns milhares de anos da história do povo judeu. Imperdível, também, sobretudo porque eles reconstroem a experiência do povo judeu através das eras em diferentes continentes e nas três grandes divisões do povo judeu depois da diáspora: os que ficarem na terra de Israel, os de tradição sefardita (que foram para a Espanha, e depois se espalharam pelo mundo ocidental e oriental, depois do Edito de Expulsão, de 1492), e os askenazi (concentrados na Europa do norte, da Alemanha à Rússia, os que mais sofreram perseguições).
Convido os interessados a visitarem o museu pelo seu site online, pois não saberia descrever com fidelidade tudo o que vi durante algumas horas.
Sim, apenas uma lembrança (que já tinha me surpreendido anos atrás, quando soube desse atraso espanhol de quatro séculos): apenas em 1966 foi introduzida uma emenda ao Fuero de los Españoles, que deu liberdade religiosa aos judeus e revogou o édito de expulsão de 1492. Demorados esses espanhóis...

As lojinhas de museus também são excelentes e não apenas para lembrancinhas, para livros de qualidade também. Além dos catálogos próprios e das exposições especiais, fiquei lendo o prefácio e a introdução de um livro de um historiador americano-luxemburguês, Arno J. Meyer, que conheci anos atrás em Paris, autor de um excelente livro de revisionismo histórico sobre a Europa da belle époque, The Persistence of Old Regime (já traduzido e publicado no Brasil). Seu livro mais recente é uma história progressista do Estado de Israel: From Plougshares to Swords: From Zionism to Israel (London; Verso, 2008).
Não comprei porque já não tenho mais onde colocar um hardcover, não porque custa 34 dólares (embora pretenda comprá-lo por 6 ou 8 dólares dentre em breve, na abebooks.com) e escrever ao autor, que é emérito de Princeton.

Bem, acho que seria preciso um ano de NY, apenas para fazer as novidades, não o que já existe catalogado nos guias turísticos. Vou precisar de um sabático inteiro...

New York, 27 de abril de 2009

segunda-feira, 27 de abril de 2009

1083) Fontes para o estudo da historia do Brasil: Guias

Reproduzo abaixo um post antigo postado por mim em outro blog (Vivendo com Livros), mas que pode apresentar interesse continuado para pesquisadores da história do Brasil.

Domingo, Março 04, 2007
10) Arquivos históricos sobre o Brasil no exterior

Existem, obviamente, muitos arquivos relevantes para o estudo da história do Brasil no exterior, a começar pelos arquivos portugueses, que compõem a mais ampla coleção de documentos primários da era colonial.
Todos esses arquivos foram devidamente catalogados e encontram-se disponíveis no Brasil, por meio de publicações especializadas feitas no quadro do Projeto Resgate Barão do Rio Branco, sob a direção técnica da arquivista e historiadora Esther Caldas Bertoletti.
Quando eu me encontrava trabalhando na Embaixada do Brasil em Washington tive a preocupação de tentar reproduzir esse esforço para os muitos arquivos existentes nos EUA, a começar pelos National Archives, mas também compilando informações sobre outros arquivos relevantes.
O "Guia dos Arquivos Americanos sobre o Brasil" foi compilado em 2003 e encontra-se em fase de publicação impressa. Os interessados podem consultá-lo nesta cópia em pdf:
http://www.pralmeida.org/01Livros/2FramesBooks/59GuiaArquivosEUA.pdf

Mais tarde, sob o mesmo modelo, sob iniciativa de meu colega Luis Claudio Villafane Gomes Santos, que havia trabalhado comigo e depois foi removido para Montevidéu, foi composto um volume cobrindo os arquivos uruguaios.
Ele pode ser consultado neste link: http://www.brasmont.org.uy/home/home/index.php?t=noticias&id=65&secc=127

Nota em 27.04.2009: Não tenho certeza de que este último link esteja ainda funcionando, pois não controlei. O Guia americano está em meu próprio provedor.