O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

Meu Twitter: https://twitter.com/PauloAlmeida53

Facebook: https://www.facebook.com/paulobooks

domingo, 30 de maio de 2010

Educacao no Brasil: salarios e desempenho dos professores

Mudar os professores ou mudar de professores
Artigo • Gustavo Ioschpe
Revista Veja, edição 2167 - 2 de junho de 2010

"A partir da década de 90, ocorreu um aumento substancial de salário nas regiões mais pobres do Brasil, mas não houve melhoria na qualidade do ensino"

Durante muito tempo, quando se falava dos problemas da educação no Brasil, havia uma resposta pronta e definitiva: é preciso aumentar o salário dos professores. Com salário baixo como seria o dos professores, não se poderiam exigir motivação e comprometimento. Nos anos recentes, essa teoria foi seriamente erodida por uma avalanche de fatos que mostram que o problema do professor brasileiro não é de motivação, mas de preparo, coisa que salário não muda.

Pesquisa da Unesco com amos-tra representativa dos nossos professores, publicada no livro O Perfil dos Professores Brasileiros, revela que apenas 12% se dizem insatisfeitos com a carreira. Quase a metade do total (48%), aliás, estava mais satisfeita no momento da pesquisa do que no início de sua carreira. Só 11% dos entrevistados gostariam de dedicar-se a outra profissão no futuro próximo. O segundo prego no caixão dos dinheiristas foi a própria experiência brasileira: a partir da década de 90, ocorreu um aumento substancial de salário nas regiões mais pobres do país através do Fundef, porém não houve melhoria na qualidade da educação. De fato, ela piorou: o Saeb, teste do MEC para aferir a qualidade do ensino básico, mostra que em 2007 estávamos pior do que em 1995. A experiência brasileira em nada difere daquilo que é observado no resto do mundo, aliás: há literalmente centenas de estudos medindo o impacto do salário dos professores sobre o aprendizado dos alunos, e a grande maioria não encontra relação significativa entre essas variáveis.

A inexistência da relação entre salário e aprendizagem, porém, não prejudicou os defensores da causa. Pelo contrário, agora eles vêm com hipótese ainda mais ambiciosa (e cara): os aumentos dados até hoje não surtiram efeito porque são mixurucas; para que deem o resultado esperado, precisam dobrar ou triplicar. Assim, a carreira de professor seria atraente e fisgaria estudantes que hoje pensam em ser médicos ou advogados. A lógica subjacente a essa visão é que os professores em exercício são tão despreparados e intelectualmente deficientes que não há muito que se possa esperar deles. Seria preciso fundar uma nova carreira, com novos candidatos, de outro gabarito. A bíblia dos proponentes dessa teoria é um estudo da consultoria McKinsey que mostra que nos sistemas educacionais de alta performance os professores recebem salário acima da média, tornando a carreira atraente para os melhores alunos.

Sou bastante cético em relação a essa lógica, por vários motivos. Em primeiro lugar, porque não há base empírica sólida. Consultoria não faz ciência; seus estudos não precisam passar pelo crivo da análise de árbitros-experts anônimos, como na publicação de artigos científicos. O estudo em questão sofre de um erro conceitual grave: não é possível determinar nenhuma relação de causa e efeito observando-se apenas aqueles que dão certo. É como se um antropólogo passasse dois anos estudando os hábitos dos 100 empresários mais exitosos do Brasil e concluísse que, para chegar lá, é preciso assistir a jogos de futebol aos domingos, pois a grande maioria dos empresários faz isso. O problema é que os peões das suas fábricas também o fazem, mas você só poderia descobrir que esse hábito é totalmente irrelevante se estudasse uma amostra aleatória de pessoas que representasse a totalidade da população. Quando isso é feito, nota-se que entre os países que mais gastam em educação, e que pagam os maiores salários aos professores, estão tanto países nórdicos de grande sucesso quan-to países da África Subsaariana que têm os piores índices de aprendizagem. Meu segundo problema com essa ideia é histórico: as grandes conquistas da humanidade, desde a existência da capacidade de linguagem até a criação da democracia, se deram através de processos evolutivos, e não revolucionários. São pouquíssimas as revoluções que deixaram saldo mais positivo. Em educação, não é diferente: os países que deram grandes saltos educacionais fizeram o feijão com arroz, de maneira tenaz, obstinada e contínua.

O terceiro obstáculo a essa ideia é conceitual: assim como não acredito que haja alunos que não podem aprender, não creio que haja professores que não podem ensinar. É claro que as pessoas têm habilidades diferentes e que a genética apresenta algumas barreiras intransponíveis, de modo que nem todo aluno ou professor pode ser um Einstein em sua área. Mas fazer o básico, transmitindo conhecimentos de forma eficiente e sistemática, desenvolvendo a capacidade de raciocínio e a curiosidade de seus alunos, está ao alcance de todo professor bem-intencionado. Basta que ele obtenha o preparo necessário.

Por fim, uma duplicação ou triplicação do salário dos professores brasileiros é simplesmente inexequível, dada a realidade fiscal brasileira. Hoje, segundo os dados mais recentes da OCDE, o Brasil gasta praticamente 70% de seu orçamento educacional apenas com a folha salarial. O artigo 212 da Constituição estipula que estados e municípios precisam gastar pelo menos 25% de sua receita com educação. Ora, 70% de 25% é 17,5%. Dobrar o salário de professores implicaria destinar 35% de toda a arrecadação de estados e municípios somente ao pagamento desses funcionários. Triplicar seus salários significaria consumir 52,5% de todo o orçamento. Não vejo como seria possível fazer isso sem quebrar as finanças do país ou solapar totalmente a oferta de outros serviços indispensáveis, como saúde, segurança, transporte.

Se essa fosse apenas uma questão acadêmica, seria só um desperdício de tempo. Mas não é: 3,5 milhões de alunos estão cursando a 1ª série atualmente; perder mais um ano em discussões estéreis significa forçar todo esse contingente a carregar para o resto da vida as marcas de uma educação deficiente.

Centenas de estudos, feitos ao longo de décadas, indicam que existem muitos caminhos baratos ou gratuitos para melhorar a aprendizagem das nossas crianças: a prescrição e correção de dever de casa, a utilização de testes constantes para medir a aprendizagem e corrigir erros, o uso de bons livros didáticos, o conhecimento aprofundado do professor sobre a matéria que ensina, a abolição de tarefas mecânicas, como a cópia de material do quadro-negro, propiciando utilização eficiente do tempo de sala de aula, e tantos outros. A existência dessas alternativas nos impõe a obrigação de tentá-las, antes de partir para soluções caras e incertas.

É uma discussão que me lembra uma passagem do escritor Amós Oz. Conta ele que sua avó sempre lhe dizia: "Não sei por que houve tantos séculos de brigas e perseguições entre judeus e cristãos. Nossa única diferença é que uns acreditam que o Messias já veio à Terra e os outros acreditam que ainda virá. Então basta apenas esperar que o Messias chegue para perguntar-lhe: você está vindo pela primeira vez ou pela segunda? Até lá, vivamos em paz". Poderíamos sugerir a mesma trégua para a discussão educacional: vamos começar com as soluções baratas e simples. Se elas não funcionarem, e somente se elas não funcionarem, é que passaremos a considerar as propostas mirabolantes e caras.

Politica Nuclear do Iran (12): o que era acordo virou "porta de entrada"

Pronto, acho que é final de uma discussão semântica (aliás, besta, se me permitem os participantes do triálogo) em torno do suposto acordo em torno do programa nuclear iraniano.
Muitos, a começar por pessoas responsáveis, defenderam o "acordo" dizendo que ele representava a paz, a vitória da diplomacia, o bloqueio a novas sanções, até mesmo a "desnecessidade" da guerra, seja lá o que isso queira dizer.
Bem, agora parece que o famoso acordo virou apenas uma "porta de entrada" para um possível entendimento.
Bem, não precisaríamos estar assistindo a toda essa patética discussão com subs de subs se os países mantivessem um tratamento objetivo da questão.

Para os que não acompanham o noticiário, ver o despacho da correspondente do Estadão em Washington, Patrícia Campos Mello, "Desmentido dos EUA irrita Itamaraty" (30.05.2010) neste link.

Sorry, nao deu para mascar tudo; nao sei o que fizeram com o resto...

Parece que os bolivianos não estão conseguindo mascar todas as folhas de coca que estão sendo produzidas com finalidades puramente domésticas, curativas, alimentares, religiosas, whatever, segundo o governo do vizinho país.
Parece que vão criar um programa para mascar mais rápido, ou introduzir a coca na merenda escolar.
Em todo caso, o governo não sabe o que estão fazendo com o excedente. Acho que a Polícia Federal do Brasil sabe. Curioso é que parece um ataque à dignidade e à soberania da Bolívia dizer que esse excedente está vindo para o Brasil...

PF avaliza visão de Serra sobre Bolívia
Itamaraty enviou relatório à Câmara que revela crescimento na produção de cocaína sob a gestão de Morales

JOSIAS DE SOUZA
DE BRASÍLIA
Folha de S.Paulo, 30.05.2010

Aumento é resultado de política que combate o tráfico, mas valoriza a produção da folha de coca, afirma ministério

Documentos oficiais produzidos pelo governo durante a gestão do presidente Lula reforçam a acusação de José Serra (PSDB) contra o governo da Bolívia.
O pré-candidato acusou o governo boliviano, na última quarta-feira, de ser "cúmplice" dos traficantes que enviam cocaína para o Brasil. Em reação, a rival petista Dilma Rousseff disse que Serra "demoniza" a Bolívia.
Dados colecionados pelo governo, porém, avalizam a versão do tucano.
Sob condição de anonimato, uma autoridade da Divisão de Controle de Produtos Químicos da Polícia Federal falou à Folha que, segundo relatórios oficiais da PF, 80% da cocaína distribuída no país vem da Bolívia -a maior parte na forma de "pasta". O refino é feito no Brasil.
Para a PF, a evolução do tráfico revela que há "leniência" do país vizinho. Serra usara uma expressão análoga: "corpo mole".
A PF atribui o fenômeno a aspectos culturais, pois o cultivo da folha de coca é legal na Bolívia. O produto é usado de rituais indígenas à produção de medicamentos. Seu excedente abastece o tráfico.

ITAMARATY
Num documento endereçado à Comissão de Relações Exteriores da Câmara, em 2007, o Itamaraty disse que, "entre 2005 e 2006, a área de produção de folha de coca na Bolívia cresceu de 24.400 para 27.500 hectares".
Também informa que, sob o governo de Evo Morales, adotou-se tanto uma política de combate ao narcotráfico quanto de "valorização" da folha de coca.
Segundo o Itamaraty, uma delegação de brasileiros e chilenos foi à Bolívia, em junho de 2007, para reunião com autoridades locais. "Sem resultado", diz o texto.
Sob Lula, realizou-se um esforço para reativar, sem sucesso, as comissões mistas antidrogas Brasil-Bolívia.
Em setembro de 2008, o Itamaraty enviou à Câmara uma atualização do relatório assinado pelo chanceler Celso Amorim. No tópico sobre drogas, ele afirma que a ONU "divulgou relatório que indica aumento na produção de coca na Bolívia pelo quinto ano consecutivo".
Em outubro de 2008, Morales expulsou da Bolívia cerca de 20 agentes do departamento antidrogas dos EUA que ajudavam no combate ao tráfico. O pretexto foi a acusação de que a DEA (agência americana antidrogas) realizava espionagem.
A Bolívia firmaria, dois meses depois, um acordo com o Brasil, segundo o qual a PF passaria a atuar na Bolívia no combate ao tráfico de cocaína e armas. Diz a PF que o acordo esbarra até hoje em entraves financeiros. La Paz deseja que Brasília arque com os custos.

=================

Para os que não acompanharam o início da polêmica, eis o que os governistas falaram do candidato José Serra em relação às suas declarações sobre a Bolívia:

Para Dilma, fala de Serra "demoniza" a Bolívia
Tucano reage, defende ação para frear contrabando e critica "trololó"

GRACILIANO ROCHA
ENVIADO ESPECIAL A GRAMADO (RS)
Folha de S.Paulo28 de maio de 2010

Petista diz que tucano foi "atabalhoado'; Serra afirma que preocupação com as drogas não pode ficar apenas no discurso

A pré-candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, acusou o rival José Serra (PSDB) de "demonizar" a Bolívia e agir de "forma atabalhoada" ao acusar o governo do país de ser "cúmplice" do tráfico de cocaína para o Brasil.
Pouco depois, Serra voltou a defender que a diplomacia brasileira pressione o governo Evo Morales a coibir o narcotráfico e insinuou que a preocupação da petista com o crack é só discurso para "comover pessoas" na TV.
A troca de farpas ocorreu em Gramado (115 km de Porto Alegre), onde os dois discursaram no Congresso Brasileiro de Secretarias Municipais de Saúde. Quando Serra chegou, Dilma já havia deixado o evento uma hora antes.
"Não é possível, de forma atabalhoada, a gente sair dizendo que um governo é isso ou aquilo. Não se faz isso em relações internacionais. Não é papel de estadista ou de quem quer ser um estadista", disse Dilma em entrevista.
A petista disse que Evo representou um avanço político por trazer estabilidade política à Bolívia, defendeu a política externa brasileira e fez críticas veladas às declarações de Serra sobre o vizinho, feitas anteontem, mas sem citá-lo nominalmente.
"Não podemos desprezar nossos vizinhos e olhar com soberba para países diferentes de nós. Essa é a política imperialista que leva à guerra, leva ao conflito, leva ao desprezo", afirmou Dilma.

TROLOLÓ
Questionado, Serra declarou não ter pedido "nenhuma intervenção" na Bolívia, e sim ação do país para reprimir o tráfico. "Essa preocupação [com as drogas] não pode ser só de discurso, de programa de televisão para comover as pessoas", disse.
"A maior parte da cocaína que entra no Brasil vem da Bolívia. Vocês já ouviram falar de algum controle do governo boliviano sobre esse contrabando?", questionou.
A referência foi ao comercial de TV do PT, estrelado por Dilma prometendo combater o crack. "É importante ter ação diplomática forte e pública para frear esse contrabando [de cocaína]. Do contrário, é trololó", disse.

Banqueiros centrais e construcao europeia: coloquio

Sou assinante de uma lista de difusão em História Política do século XX e acabo de receber um convite para um colóquio a que gostaria de comparecer, mas que não terei condições de ir. Em todo caso,fica o registro, para os nomes e temas.
Por acaso estou lendo o livro de Liaquat Ahamed (que deveria ter sido convidado para falar sobre o período de entre-guerras), Lords of Finance, sobre os banqueiros centrais dos EUA (Benjamin Strong), da Grã-Bretanha (Montagu Norman), da Alemanha (Hjalmar Schacht) e da França (Émile Moreau) na fase mais crucial da expansão do capitalismo na era moderna, entre a belle époque e a débâcle de 1929 e a crise dos anos 1930. Recomendo o livro, que já deve ter sido traduzido e está sendo publicado no Brasil.
Paulo Roberto de Almeida

COLLOQUE
Les banquiers centraux dans la construction européenne
Sanem (Gand Duché du Luxembourg)
4 juin 2010

La journée d’études « Les banquiers centraux dans la construction européenne » se propose d’étudier les banquiers centraux et les banques centrales telles qu’ils s’insèrent dans et exercent une influence sur les institutions européennes. Tout au long du XXe siècle, les Européens ont voulu retrouver la stabilité monétaire mythique du XIXe siècle. De cette recherche, les banquiers centraux ont tiré un statut et un rôle nouveaux, plus important, alors que l’Europe, finissant par s’organiser, a mis très progressivement en marche une union monétaire. Il est aujourd’hui utile de s’interroger sur ces banquiers centraux et sur leur rôle dans l’intégration européenne. Quelle est leur influence sur la mise en place de l’Euro ?

En abordant cette problématique, cette journée d’étude tâchera de répondre à certaines questions : comment les gouvernements choisissent-ils ou révoquent-ils un gouverneur ? La violence des débats sur la nomination du premier gouverneur de la Banque centrale européenne, qui a donné lieu à une solution hybride Wim Duisenberg, a dû promettre qu’il laisserait la place à Jean-Claude Trichet en cours de mandat montre l’enjeu que représente la désignation d’un gouverneur. Existe-t-il une « idéologie » des banquiers centraux ? Existe-t-il des valeurs communes aux banquiers centraux ou les divergences sont-elles plus importantes que les convergences ? Quelles sont les évolutions depuis 1919 ?

Il s’agit ainsi de savoir dans quelle mesure l’exercice du « métier » de banquier central forge une culture commune, malgré les différences nationales, dans le cadre d’un espace économique européen en construction permanente au cours du XXe siècle. Cet espace exerce une influence sur les banquiers centraux et les banques centrales. Cette influence est cependant croisée : les banquiers centraux agissent en retour sur l’émergence de cet espace et la manière dont est abordée la problématique monétaire.

Les banques centrales et les banquiers centraux seront analysés en tant que réseau en relation avec les grandes problématiques européennes. Existe-t-il une identité « monétaire » européenne ? L’Europe doit-elle être organisée ou libérale ? De nouvelles institutions doivent-elles être créées ou doit-on d’abord attendre une plus grande harmonisation des économies ? In fine, cette journée d’étude devra se pencher sur une dernière question : pourquoi l’euro ? Une monnaie unique n’était en aucun cas la seule possibilité. Depuis 1919, les Européens ont cherché la stabilité monétaire. Pour l’atteindre, ils auraient aussi pu choisir la coopération financière entre État ou le fonctionnement libre des mécanismes du marché des changes. Au début des années 1990, Barry Eichengreen pensait que l’euro était le résultat politique de la mise en place du marché unique prévu par l’Acte unique : une instabilité monétaire aurait pu susciter un mécontentement contre les institutions européennes. Les banquiers centraux étaient-ils en accord avec ce constat ?

Accueil (10h) - Marianne Backes (CVCE)
Introduction (10h15-10h45) - Olivier Feiertag (Université de Rouen) et Frédéric Clavert (CVCE)

Les banquiers centraux dans l’entre-deux-guerres / Central bankers in the interwar period (11h-12h30) -
Présidence et discussion : Piet Clement (BRI / BIS)

Frédéric Clavert (CVCE) – La fondation de la Banque des règlements internationaux / The creation of the Bank for international Settlements

Ileana Racianu (Université de Genève) – Le Gouverneur Burillianu et la prolongation de la mission de la Banque de France : l’indépendance de la Banque Nationale de Roumanie en question / The Governor Burillianu and the prolongation of the Banque de France’s mission: the independence of Roumania’s national bank in question

Les banquiers centraux dans la construction européenne depuis 1945 / Central bankers and the European integration since 1945 - Première partie
Présidence et discussion : Laurence Badel (Université de Strasbourg) (14h-15h45)

Elena Danescu (CVCE) – Le comité Werner : nouvelles archives / The Werner committe : new documents

Emmanuel Mourlon-Druol (Institut Universitaire Européen) – Les banquiers centraux de l'échec du plan Werner à la création du SME (1974-1979) / Central bankers from the Werner Plan failure to the creation of the EMS (1974-1979)

Vincent Duchaussoy (Mission historique de la Banque de France) – La Banque de France et la contrainte européenne en France (1979-1983) / The Banque de France and the European constraint in France (1979-1983)

Seconde partie - Présidence et discussion : Olivier Feiertag (Université de Rouen) (16h00-17h30)

Hanspeter K. Scheller (Anciennement de la Banque centrale européenne) - Le Comité des Gouverneurs et l'unification monétaire européenne/The Committee of Governors and European monetary unification

Robert Raymond (Ancien directeur général de l’Institut monétaire européen)

Sanem (Gand Duché du Luxembourg) (Château de Sanem, L-4992)
Frédéric Clavert (email)
Château de Sanem
L-4992 Sanem

Arquivos do final da era sovietica podem mudar a historia

Existem concepções muito otimistas sobre o final da era soviética, em grande parte entretidas pelos próprios ocidentais, que constroem uma história basicamente leniente em relação a Mikhail Gorbatchev e seus assessores, em fases cruciais da Perestrojka e da fase agônica da finada União Soviética. As revelações de arquivos copiados sem autorização podem mudar a interprestação que se tem sobre o papel "democrático" de Gorbatchev, bem como sobre o modo de funcionamento do Partido Comunista.
Um reparo em relação ao que diz Claire Berlinski, neste seu artigo do City Journal: os diários de Anatoly Chernyaev, um dos mais importantes assessores de Gorbatchev, já foram traduzidos e estão sendoi publicados no quadro do projeto Cold War History, do Woodrow Wilson International Center for Scholars.
Eu mesmo já publiquei um artigo referindo-me a estas fontes, que são importantes. Os dados desse artigo vão referidos ao final, para não atrapalhar a leitura deste importante artigo.
Paulo Roberto de Almeida

A Hidden History of Evil
Claire Berlinski
City Journal, vol. 20. n. 2, Spring 2010

Why doesn’t anyone care about the unread Soviet archives?
Though Mikhail Gorbachev is lionized in the West, the untranslated archives suggest a much darker figure.

In the world’s collective consciousness, the word “Nazi” is synonymous with evil. It is widely understood that the Nazis’ ideology—nationalism, anti-Semitism, the autarkic ethnic state, the Führer principle—led directly to the furnaces of Auschwitz. It is not nearly as well understood that Communism led just as inexorably, everywhere on the globe where it was applied, to starvation, torture, and slave-labor camps. Nor is it widely acknowledged that Communism was responsible for the deaths of some 150 million human beings during the twentieth century. The world remains inexplicably indifferent and uncurious about the deadliest ideology in history.

For evidence of this indifference, consider the unread Soviet archives. Pavel Stroilov, a Russian exile in London, has on his computer 50,000 unpublished, untranslated, top-secret Kremlin documents, mostly dating from the close of the Cold War. He stole them in 2003 and fled Russia. Within living memory, they would have been worth millions to the CIA; they surely tell a story about Communism and its collapse that the world needs to know. Yet he can’t get anyone to house them in a reputable library, publish them, or fund their translation. In fact, he can’t get anyone to take much interest in them at all.

Then there’s Soviet dissident Vladimir Bukovsky, who once spent 12 years in the USSR’s prisons, labor camps, and psikhushkas—political psychiatric hospitals—after being convicted of copying anti-Soviet literature. He, too, possesses a massive collection of stolen and smuggled papers from the archives of the Central Committee of the Communist Party, which, as he writes, “contain the beginnings and the ends of all the tragedies of our bloodstained century.” These documents are available online at bukovsky-archives.net, but most are not translated. They are unorganized; there are no summaries; there is no search or index function. “I offer them free of charge to the most influential newspapers and journals in the world, but nobody wants to print them,” Bukovsky writes. “Editors shrug indifferently: So what? Who cares?”

The originals of most of Stroilov’s documents remain in the Kremlin archives, where, like most of the Soviet Union’s top-secret documents from the post-Stalin era, they remain classified. They include, Stroilov says, transcripts of nearly every conversation between Gorbachev and his foreign counterparts—hundreds of them, a near-complete diplomatic record of the era, available nowhere else. There are notes from the Politburo taken by Georgy Shakhnazarov, an aide of Gorbachev’s, and by Politburo member Vadim Medvedev. There is the diary of Anatoly Chernyaev—Gorbachev’s principal aide and deputy chief of the body formerly known as the Comintern—which dates from 1972 to the collapse of the regime. There are reports, dating from the 1960s, by Vadim Zagladin, deputy chief of the Central Committee’s International Department until 1987 and then Gorbachev’s advisor until 1991. Zagladin was both envoy and spy, charged with gathering secrets, spreading disinformation, and advancing Soviet influence.

When Gorbachev and his aides were ousted from the Kremlin, they took unauthorized copies of these documents with them. The documents were scanned and stored in the archives of the Gorbachev Foundation, one of the first independent think tanks in modern Russia, where a handful of friendly and vetted researchers were given limited access to them. Then, in 1999, the foundation opened a small part of the archive to independent researchers, including Stroilov. The key parts of the collection remained restricted; documents could be copied only with the written permission of the author, and Gorbachev refused to authorize any copies whatsoever. But there was a flaw in the foundation’s security, Stroilov explained to me. When things went wrong with the computers, as often they did, he was able to watch the network administrator typing the password that gave access to the foundation’s network. Slowly and secretly, Stroilov copied the archive and sent it to secure locations around the world.

When I first heard about Stroilov’s documents, I wondered if they were forgeries. But in 2006, having assessed the documents with the cooperation of prominent Soviet dissidents and Cold War spies, British judges concluded that Stroilov was credible and granted his asylum request. The Gorbachev Foundation itself has since acknowledged the documents’ authenticity.

Bukovsky’s story is similar. In 1992, President Boris Yeltsin’s government invited him to testify at the Constitutional Court of Russia in a case concerning the constitutionality of the Communist Party. The Russian State Archives granted Bukovsky access to its documents to prepare his testimony. Using a handheld scanner, he copied thousands of documents and smuggled them to the West.

The Russian state cannot sue Stroilov or Bukovsky for breach of copyright, since the material was created by the Communist Party and the Soviet Union, neither of which now exists. Had he remained in Russia, however, Stroilov believes that he could have been prosecuted for disclosure of state secrets or treason. The military historian Igor Sutyagin is now serving 15 years in a hard-labor camp for the crime of collecting newspaper clippings and other open-source materials and sending them to a British consulting firm. The danger that Stroilov and Bukovsky faced was real and grave; they both assumed, one imagines, that the world would take notice of what they had risked so much to acquire.

Stroilov claims that his documents “tell a completely new story about the end of the Cold War. The ‘commonly accepted’ version of history of that period consists of myths almost entirely. These documents are capable of ruining each of those myths.” Is this so? I couldn’t say. I don’t read Russian. Of Stroilov’s documents, I have seen only the few that have been translated into English. Certainly, they shouldn’t be taken at face value; they were, after all, written by Communists. But the possibility that Stroilov is right should surely compel keen curiosity.

For instance, the documents cast Gorbachev in a far darker light than the one in which he is generally regarded. In one document, he laughs with the Politburo about the USSR’s downing of Korean Airlines flight 007 in 1983—a crime that was not only monstrous but brought the world very near to nuclear Armageddon. These minutes from a Politburo meeting on October 4, 1989, are similarly disturbing:

Lukyanov reports that the real number of casualties on Tiananmen Square was 3,000.

Gorbachev: We must be realists. They, like us, have to defend themselves. Three thousands . . . So what?

And a transcript of Gorbachev’s conversation with Hans-Jochen Vogel, the leader of West Germany’s Social Democratic Party, shows Gorbachev defending Soviet troops’ April 9, 1989, massacre of peaceful protesters in Tbilisi.

Stroilov’s documents also contain transcripts of Gorbachev’s discussions with many Middle Eastern leaders. These suggest interesting connections between Soviet policy and contemporary trends in Russian foreign policy. Here is a fragment from a conversation reported to have taken place with Syrian president Hafez al-Assad on April 28, 1990:

H. ASSAD. To put pressure on Israel, Baghdad would need to get closer to Damascus, because Iraq has no common borders with Israel. . . .

M. S. GORBACHEV. I think so, too. . . .

H. ASSAD. Israel’s approach is different, because the Judaic religion itself states: the land of Israel spreads from Nile to Euphrates and its return is a divine predestination.

M. S. GORBACHEV. But this is racism, combined with Messianism!

H. ASSAD. This is the most dangerous form of racism.

One doesn’t need to be a fantasist to wonder whether these discussions might be relevant to our understanding of contemporary Russian policy in a region of some enduring strategic significance.

There are other ways in which the story that Stroilov’s and Bukovsky’s papers tell isn’t over. They suggest, for example, that the architects of the European integration project, as well as many of today’s senior leaders in the European Union, were far too close to the USSR for comfort. This raises important questions about the nature of contemporary Europe—questions that might be asked when Americans consider Europe as a model for social policy, or when they seek European diplomatic cooperation on key issues of national security.

According to Zagladin’s reports, for example, Kenneth Coates, who from 1989 to 1998 was a British member of the European Parliament, approached Zagladin on January 9, 1990, to discuss what amounted to a gradual merger of the European Parliament and the Supreme Soviet. Coates, says Zagladin, explained that “creating an infrastructure of cooperation between the two parliament[s] would help . . . to isolate the rightists in the European Parliament (and in Europe), those who are interested in the USSR’s collapse.” Coates served as chair of the European Parliament’s Subcommittee on Human Rights from 1992 to 1994. How did it come to pass that Europe was taking advice about human rights from a man who had apparently wished to “isolate” those interested in the USSR’s collapse and sought to extend Soviet influence in Europe?

Or consider a report on Francisco Fernández Ordóñez, who led Spain’s integration into the European Community as its foreign minister. On March 3, 1989, according to these documents, he explained to Gorbachev that “the success of perestroika means only one thing—the success of the socialist revolution in contemporary conditions. And that is exactly what the reactionaries don’t accept.” Eighteen months later, Ordóñez told Gorbachev: “I feel intellectual disgust when I have to read, for example, passages in the documents of ‘G7’ where the problems of democracy, freedom of human personality and ideology of market economy are set on the same level. As a socialist, I cannot accept such an equation.” Perhaps most shockingly, the Eastern European press has reported that Stroilov’s documents suggest that François Mitterrand was maneuvering with Gorbachev to ensure that Germany would unite as a neutral, socialist entity under a Franco-Soviet condominium.

Zagladin’s records also note that the former leader of the British Labour Party, Neil Kinnock, approached Gorbachev—unauthorized, while Kinnock was leader of the opposition—through a secret envoy to discuss the possibility of halting the United Kingdom’s Trident nuclear-missile program. The minutes of the meeting between Gorbachev and the envoy, MP Stuart Holland, read as follows:

In [Holland’s] opinion, Soviet Union should be very interested in liquidation of “Tridents” because, apart from other things, the West—meaning the US, Britain and France—would have a serious advantage over the Soviet Union after the completion of START treaty. That advantage will need to be eliminated. . . . At the same time Holland noted that, of course, we can seriously think about realisation of that idea only if the Labour comes to power. He said Thatcher . . . would never agree to any reduction of nuclear armaments.

Kinnock was vice president of the European Commission from 1999 to 2004, and his wife, Glenys, is now Britain’s minister for Europe. Gerard Batten, a member of the UK Independence Party, has noted the significance of the episode. “If the report given to Mr. Gorbachev is true, it means that Lord Kinnock approached one of Britain’s enemies in order to seek approval regarding his party’s defense policy and, had he been elected, Britain’s defense policy,” Batten said to the European Parliament in 2009. “If this report is true, then Lord Kinnock would be guilty of treason.”

Similarly, Baroness Catherine Ashton, who is now the European Union’s foreign minister, was treasurer of Britain’s Campaign for Nuclear Disarmament from 1980 to 1982. The papers offer evidence that this organization received “unidentified income” from the Soviet Union in the 1980s. Stroilov’s papers suggest as well that the government of the current Spanish EU commissioner for economic and monetary affairs, Joaquín Almunia, enthusiastically supported the Soviet project of gradually unifying Germany and Europe into a socialist “common European home” and strongly opposed the independence of the Baltic states and then of Ukraine.

Perhaps it doesn’t surprise you to read that prominent European politicians held these views. But why doesn’t it? It is impossible to imagine that figures who had enjoyed such close ties to the Nazi Party—or, for that matter, to the Ku Klux Klan or to South Africa’s apartheid regime—would enjoy top positions in Europe today. The rules are different, apparently, for Communist fellow travelers. “We now have the EU unelected socialist party running Europe,” Stroilov said to me. “Bet the KGB can’t believe it.”

And what of Zagladin’s description of his dealings with our own current vice president in 1979?

Unofficially, [Senator Joseph] Biden and [Senator Richard] Lugar said that, in the end of the day, they were not so much concerned with having a problem of this or that citizen solved as with showing to the American public that they do care for “human rights.” . . . In other words, the collocutors directly admitted that what is happening is a kind of a show, that they absolutely do not care for the fate of most so-called dissidents.

Remarkably, the world has shown little interest in the unread Soviet archives. That paragraph about Biden is a good example. Stroilov and Bukovsky coauthored a piece about it for the online magazine FrontPage on October 10, 2008; it passed without remark. Americans considered the episode so uninteresting that even Biden’s political opponents didn’t try to turn it into political capital. Imagine, if you can, what it must feel like to have spent the prime of your life in a Soviet psychiatric hospital, to know that Joe Biden is now vice president of the United States, and to know that no one gives a damn.

Bukovsky’s book about the story that these documents tell, Jugement à Moscou, has been published in French, Russian, and a few other Slavic languages, but not in English. Random House bought the manuscript and, in Bukovsky’s words, tried “to force me to rewrite the whole book from the liberal left political perspective.” Bukovsky replied that “due to certain peculiarities of my biography I am allergic to political censorship.” The contract was canceled, the book was never published in English, and no other publisher has shown interest in it. Neither has anyone wanted to publish EUSSR, a pamphlet by Stroilov and Bukovsky about the Soviet roots of European integration. In 2004, a very small British publisher did print an abbreviated version of the pamphlet; it, too, passed unnoticed.

Stroilov has a long list of complaints about journalists who have initially shown interest in the documents, only to tell him later that their editors have declared the story insignificant. In advance of Gorbachev’s visit to Germany for the celebration of the 20th anniversary of the fall of the Berlin Wall, Stroilov says, he offered the German press the documents depicting Gorbachev unflatteringly. There were no takers. In France, news about the documents showing Mitterrand’s and Gorbachev’s plans to turn Germany into a dependent socialist state prompted a few murmurs of curiosity, nothing more. Bukovsky’s vast collection about Soviet sponsorship of terrorism, Palestinian and otherwise, remains largely unpublished.

Stroilov says that he and Bukovsky approached Jonathan Brent of Yale University Press, which is leading a publishing project on the history of the Cold War. He claims that initially Brent was enthusiastic and asked him to write a book, based on the documents, about the first Gulf War. Stroilov says that he wrote the first six chapters, sent them off, and never heard from Brent again, despite sending him e-mail after e-mail. “I can only speculate what so much frightened him in that book,” Stroilov wrote to me.

I’ve also asked Brent and received no reply. This doesn’t mean anything; people are busy. I am less inclined to believe in complex attempts to suppress the truth than I am in indifference and preoccupation with other things. Stroilov sees in these events “a kind of a taboo, the vague common understanding in the Establishment that it is better to let sleeping dogs lie, not to throw stones in a house of glass, and not to mention a rope in the house of a hanged man.” I suspect it is something even more disturbing: no one much cares.

“I know the time will come,” Stroilov says, “when the world has to look at those documents very carefully. We just cannot escape this. We have no way forward until we face the truth about what happened to us in the twentieth century. Even now, no matter how hard we try to ignore history, all these questions come back to us time and again.”

The questions come back time and again, it is true, but few remember that they have been asked before, and few remember what the answer looked like. No one talks much about the victims of Communism. No one erects memorials to the throngs of people murdered by the Soviet state. (In his widely ignored book, A Century of Violence in Soviet Russia, Alexander Yakovlev, the architect of perestroika under Gorbachev, puts the number at 30 to 35 million.)

Indeed, many still subscribe to the essential tenets of Communist ideology. Politicians, academics, students, even the occasional autodidact taxi driver still stand opposed to private property. Many remain enthralled by schemes for central economic planning. Stalin, according to polls, is one of Russia’s most popular historical figures. No small number of young people in Istanbul, where I live, proudly describe themselves as Communists; I have met such people around the world, from Seattle to Calcutta.

We rightly insisted upon total denazification; we rightly excoriate those who now attempt to revive the Nazis’ ideology. But the world exhibits a perilous failure to acknowledge the monstrous history of Communism. These documents should be translated. They should be housed in a reputable library, properly cataloged, and carefully assessed by scholars. Above all, they should be well-known to a public that seems to have forgotten what the Soviet Union was really about. If they contain what Stroilov and Bukovsky say—and all the evidence I’ve seen suggests that they do—this is the obligation of anyone who gives a damn about history, foreign policy, and the scores of millions dead.

Claire Berlinski, a contributing editor of City Journal, is an American journalist who lives in Istanbul. She is the author of There Is No Alternative: Why Margaret Thatcher Matters.

City Journal
A quarterly magazine of urban affairs, published by the Manhattan Institute, edited by Brian C. Anderson.

===============

Artigo de Paulo Roberto de Almeida:
Outro mundo possível: alternativas históricas da Alemanha, antes e depois do muro de Berlim
Revista Espaço Acadêmico (ano 9, n. 102, Novembro 2009, ISSN: 1519-6196, p. 25-39);
Revista digital Espaço da Sophia (ano 3, n. 32, novembro 2009; ISSN: 1981-318X);
Publicado em quatro partes, sob o titulo genérico de “Muro de Berlim, 20 anos depois”, Via Política (1. “Berlim e Alemanha no centro da história contemporânea”, 3.11.09; 2. “Guerra Fria: Berlim de volta ao centro da história contemporânea”, 11.11.09; 3. “O que poderia ter ocorrido com Berlim e com a Alemanha, e que não ocorreu?”, 23.11.09; 4. “O que poderá ocorrer com a nova Alemanha, e que ainda não ocorreu?”, 30.11.2009).
Relação de Originais n. 2048.

The Trilemma of Civilization - Dani Rodrik

Greek Lessons for the World Economy
Dani Rodrik
Project Syndicate, May 11, 2010

CAMBRIDGE – The $140 billion support package that the Greek government has finally received from its European Union partners and the International Monetary Fund gives it the breathing space needed to undertake the difficult job of putting its finances in order. The package may or may not prevent Spain and Portugal from becoming undone in a similar fashion, or indeed even head off an eventual Greek default. Whatever the outcome, it is clear that the Greek debacle has given the EU a black eye.

Deep down, the crisis is yet another manifestation of what I call “the political trilemma of the world economy”: economic globalization, political democracy, and the nation-state are mutually irreconcilable. We can have at most two at one time. Democracy is compatible with national sovereignty only if we restrict globalization. If we push for globalization while retaining the nation-state, we must jettison democracy. And if we want democracy along with globalization, we must shove the nation-state aside and strive for greater international governance.

The history of the world economy shows the trilemma at work. The first era of globalization, which lasted until 1914, was a success as long as economic and monetary policies remained insulated from domestic political pressures. These policies could then be entirely subjugated to the demands of the gold standard and free capital mobility. But once the political franchise was enlarged, the working class got organized, and mass politics became the norm, domestic economic objectives began to compete with (and overwhelm) external rules and constraints.

The classic case is Britain’s short-lived return to gold in the interwar period. The attempt to reconstitute the pre-World War I model of globalization collapsed in 1931, when domestic politics forced the British government to choose domestic reflation over the gold standard.

The architects of the Bretton Woods regime kept this lesson in mind when they redesigned the world’s monetary system in 1944. They understood that democratic countries would need the space to conduct independent monetary and fiscal policies. So they contemplated only a “thin” globalization, with capital flows restricted largely to long-term lending and borrowing. John Maynard Keynes, who wrote the rules along with Harry Dexter White, viewed capital controls not as a temporary expedient but as a permanent feature of the global economy.

The Bretton Woods regime collapsed in the 1970’s as a result of the inability or unwillingness – it is not entirely clear which – of leading governments to manage the growing tide of capital flows.

The third path identified by the trilemma is to do away with national sovereignty altogether. In this case, economic integration can be married with democracy through political union among states. The loss in national sovereignty is then compensated by the “internationalization” of democratic politics. Think of this as a global version of federalism.

The United States, for example, created a unified national market once its federal government wrested sufficient political control from individual states. This was far from a smooth process, as the American Civil War amply demonstrates.

The EU’s difficulties stem from the fact that the global financial crisis caught Europe midway through a similar process. European leaders always understood that economic union needs to have a political leg to stand on. Even though some, such as the British, wished to give the Union as little power as possible, the force of the argument was with those who pressed for political integration alongside economic integration. Still, the European political project fell far short of the economic one.

Greece benefited from a common currency, unified capital markets, and free trade with other EU member states. But it does not have automatic access to a European lender of last resort. Its citizens do not receive unemployment checks from Brussels the way that, say, Californians do from Washington, DC, when California experiences a recession. Nor, given linguistic and cultural barriers, can unemployed Greeks move just as easily across the border to a more prosperous European state. And Greek banks and firms lose their creditworthiness alongside their government if markets perceive the latter to be insolvent.

The German and French governments, for their part, have had little say over Greece’s budget policies. They could not stop the Greek government from borrowing (indirectly) from the European Central Bank (ECB) as long as credit rating agencies deemed Greek debt creditworthy. If Greece chooses default, they cannot enforce their banks’ claims on Greek borrowers or seize Greek assets. Nor can they prevent Greece from leaving the eurozone.

What all this means is that the financial crisis has turned out to be a lot deeper and its resolution considerably messier than necessary. The French and German governments have grudgingly come up with a major loan package, but only after considerable delay and with the IMF standing at their side. The ECB has lowered the threshold of creditworthiness that Greek government securities must meet in order to allow continued Greek borrowing.

The success of the rescue is far from assured, in view of the magnitude of belt-tightening that it calls for and the hostility that it has aroused on the part of Greek workers. When push comes to shove, domestic politics trumps foreign creditors.

The crisis has revealed how demanding globalization’s political prerequisites are. It shows how much European institutions must still evolve to underpin a healthy single market. The choice that the EU faces is the same in other parts of the world: either integrate politically, or ease up on economic unification.

Before the crisis, Europe looked like the most likely candidate to make a successful transition to the first equilibrium – greater political unification. Now its economic project lies in tatters while the leadership needed to rekindle political integration is nowhere to be seen.

The best that can be said is that Europe will no longer be able to delay making the choice that the Greek affair has laid bare. If you are an optimist, you might even conclude that Europe will therefore ultimately emerge stronger.

Copyright: Project Syndicate, 2010.
www.project-syndicate.org
For a podcast of this commentary in English, please use this link.
You might also like to read more from Dani Rodrik or return to our home page.

sábado, 29 de maio de 2010

Assessor da Presidencia nega problemas com a Argentina

Não se esperava outra coisa...

Brasil minimiza divergencias comerciales con Argentina y niega represalias
Leila Yatim
EFE – 28/05/2010

El asesor de la Presidencia brasileña para Asuntos Internacionales, Marco Aurelio García, minimizó hoy las divergencias comerciales con Argentina y negó que el Gobierno de Brasil pretenda tomar represalias si se restringe la importación de alimentos en ese país.

“No hay clima para represalias. La pelea entre Brasil y Argentina sólo tiene consistencia en el fútbol”, afirmó el asesor de Lula en declaraciones a periodistas en Río de Janeiro después de participar en la apertura del Foro Brasil-Unión Europea.

García agregó que Lula tuvo el pasado lunes una “calurosa reunión” en Buenos Aires con la presidenta argentina, Cristina Fernández, durante las celebraciones del Bicentenario de la independencia de es país.

“Si mañana tienen un nuevo encuentro, evidentemente abordarán ese asunto pero sin ningún ánimo de represalia”, agregó al referirse al viaje que hará Fernández el viernes a Río de Janeiro para participar, junto con Lula y otros mandatarios, en el III Foro de la Alianza de las Civilizaciones.

El funcionario también minimizó las declaraciones de la víspera del secretario de Comercio del Ministerio de Desarrollo, Industria y Comercio de Brasil, Welber Barral, quien advirtió que el Gobierno brasileño puede responder con acciones similares a las posibles medidas de Argentina para restringir la importación de alimentos.

“El principio del Gobierno brasileño en sus relaciones internacionales es la reciprocidad. Brasil también tiene un mecanismo electrónico de control de importaciones”, dijo Barral al ser consultado sobre las medidas que Argentina podría adoptar, que oficialmente no han sido anunciadas.

Según versiones de presa, el Gobierno de Argentina estudia restringir el ingreso en su país de alimentos que compitan con la producción local, incluyendo los procedentes de sus socios del Mercosur (Brasil, Paraguay y Uruguay).

El asesor de Lula dijo que Argentina puede retrasar la concesión de algunas licencias de importación, pero eso “no configura una guerrilla y mucho menos una guerra de posiciones”.

“Países que tienen una relación como la que tenemos Argentina y Brasil difícilmente van a enfrentar una crisis por esa situación. Por eso no hay ninguna preocupación”, aseguró.

Acesso em: 28/05/2010.

A fraude da medicina socialista

Recebo muitos comentários, alguns até impublicáveis, outros que não mereceriam publicação mas que acabo concedendo mais em deferência ao comentarista (geralmente anônimo, mas que se deu ao trabalho de ler algum post meu, dedilhar alguma mensagem no teclando e clicar send), do que em respeito ao leitor inteligente que frequenta estas páginas e que talvez não mereceria ler certas coisas (mas, finalmente, um comentário é como essas notas de rodapé que em certos livros em lugar de estar no rodapé, ficam no final do livro, e assim dá preguiça ir buscar para ler).
Enfim, tudo isso para dizer que, algum tempo atrás, já nem lembro quem ou por que (ou seja, em relação a qual post exatamente), alguém me escreveu mencionando um filme de Michael Moore para atacar os EUA (claro, quem é que, sendo brasileiro universitário médio, não gosta de atacar os EUA?; com Bush ou sem Bush...).
Acho que já escrevi que considero Moore um dos grandes idiotas americanos, mais que isso, um gigantesco idiota, um mentiroso, um fraudador, um sujeito de profunda má-fé que eu sequer mencionaria se alguém não o mencionasse neste espaço.
Pois bem, já vi um outro documentário dele, com profundo desgosto, devo dizer, não que eu tenha pago para ver, mas devo ter "caído" distraidamente em algum deles zappeando na TV. Disgusting, pois quem é inteligente e bem informado sabe que o sujeitinho está mentindo deslavadamente.
Bem, encurtando a história, vou deixar vocês com um post do Janer Cristaldo, um gaucho iconoclasta que escreve muito melhor do que 90 por cento dos jornalistas brasileiros (que me perdõem os que eu conheço), que além de escreverem mal, são em geral ignorantes, quando não de má fé (talvez por idiotice aprendida nas Faculdades medíocres de jornalismo).
Ele fala melhor do que eu do maior idiota americano, que ganha longe de George Bush...
Paulo Roberto de Almeida

HAJA PANACAS NESTE MUNDO!
Janer Cristaldo
Sexta-feira, Maio 28, 2010

Quando mais jovem, jamais me preocupei com seguro saúde em minhas viagens. O que é uma imprevidência, confesso. Mesmo que você tenha boa saúde, acidentes acontecem. Foi o que ocorreu comigo em janeiro de 1990, quando fui a Berlim quebrar os cacos que ainda restavam do muro. Tinha um problema crônico de menisco e volta e meia me acometia a tal de água no joelho. Claro que não faltaram as más línguas a aventar a hipótese de uísque no joelho. A bem da verdade, aquele líquido tinha uma certa cor de bom scotch. Sabe-se lá!

Parti rumo ao muro, sem lenço nem documento, como se diz. Em Paris, escorreguei e a perna começou a inchar. Pensei ir ao médico, mas desisti. Sabia qual era o tratamento. Ele faria uma punção no joelho, extrairia o líquido sinovial e me ordenaria repouso. Se é para ficar de molho, pensei, fico em Berlim, mais perto do muro. Embarquei.

No trem, desastre. A perna foi inchando a ponto de mal caber na perna da calça. Eu viajava com uma amiga, que seria minha anfitriã. Nem deu para ir à casa dela. Ela telefonou para o hospital e do trem fui direto para lá. Onde já me esperavam dois médicos, com uma maca na recepção.

Não, não quero falar das atribulações de meu menisco. Ocorre que as aventuras de minha perna me proporcionaram uma oportuna comparação entre a medicina capitalista e socialista. Estava em Berlim ocidental bem entendido, a reunificação só ocorreria mais adiante, em outubro. Aconteceu o previsto. Extraíram o líquido e me mandaram ficar em repouso. Quando perguntei quanto pagaria, riram na minha cara. Que deixasse um endereço e depois enviariam a conta. Nunca enviaram.

Mas o muro estava ali, quase a meu lado, esperando meu martelo. Mal me equilibrei nas pernas, fui lá tirar meus cacos. Caminhava devagar, sem forçar o joelho. Deu certo. Fui então para Praga. Ora, Praga é uma cidade belíssima, concebida para pedestres. Impossível não caminhar. Foi quando me acometeu de novo a praga, sem trocadilhos. A perna começou a intumescer e tive de procurar hospital.

O hospital, uma espécie de pátio de milagres, gente doente atirada no chão, em colchões espalhados pelos corredores. Eu, tentando achar um médico. Falava em inglês, os funcionários me entendiam. O problema é que respondiam em checo. Lá perto de meio-dia, descobri que havia uma ala diplomática no hospital. Fui para lá. Consegui me comunicar.

Nossa! O panorama mudou. Muita limpeza, muita higiene, não vi mais gente deitada nos corredores. Me atendeu uma médica que fizera estágio em Cuba e falava espanhol. Bonitaça, ela aproximou seu rosto do meu, começou a queixar-se de sua vida, me confessou suas mais íntimas angústias. Eu, que não sabia se voltaria ao Brasil com uma perna ou duas, não percebi naquele momento que a moça estava me insinuando outros serviços que não os médicos. Por uns vinte dólares, eu talvez até tivesse esquecido o inchume de meu joelho. Seja como for, a ala diplomática era limpa e abordável. Com acesso aos serviços VIP da doutora.

Acabei sendo atendido pelo Dr. Dvorjak. Que me pôs uma tala de isopor na perna e me prescreveu um remédio que, soube mais tarde, se prescreve para cavalos. Voei entalado para Paris e não tive remédio senão voltar ao Brasil. (Mas pelo menos com os cacos do muro). Apesar da fama de gratuidade da medicina socialista, acabei pagando mais de cem dólares. Por uma tala de isopor. Mais o preço do remédio para cavalos.

Em São Paulo, conversando com jornalista que foi correspondente em Moscou, ele me dizia que, no mundo socialista, toda profissional liberal era uma prostituta potencial. Devia saber do que falava. Ganhar em meia hora o salário de um mês é uma tentação à qual dificilmente uma brava mulher socialista resiste. Debilitado e desinformado sobre as práticas das camaradas, eu havia perdido uma adorável e loura checa em Praga.

Tudo isto, como introdução a um filme muito safado, que vi hoje na madrugada, Sicko, do agitprop ianque Michael Moore. Vi com atraso. O filme é de 2007 e se pretende documentário. No fundo, uma defesa inverossímil da medicina cubana. Moore começa expondo os altos custos da medicina americana, no que não vai nada de novo. Depois se transporta para o Canadá, França e Inglaterra, onde a saúde é subsidiada pelo Estado. Mostra americanos felizes morando em Paris e Londres, como se estivessem no paraíso. No Canadá, há até mesmo americanas casando com canadenses, por um seguro saúde.

O “documentarista” é tão fiel aos fatos que chega a mostrar um cidadão que se fere em Londres, no momento em que atravessa uma rua plantando bananeira e logo após suas démarches junto aos serviços de saúde. Documentarista bom é isso mesmo, pega a história desde o início. Moore estava no exato instante do acidente, para depois acompanhar a história toda. Mas o filme não tem por objetivo mostrar as excelências dos serviços de saúde da Europa. E sim dos de Cuba, o paraíso do Caribe.

Moore descobre que em Guantánamo os prisioneiros lá encarcerados têm assistência médica total e gratuita. E reúne vários americanos em dois barcos, três deles com seqüelas decorrentes do socorro às vítimas do atentado às torres gêmeas. Aproxima-se da prisão, pelo mar, e pede internação de seus passageiros na prisão americana. Como se Guantánamo fosse um hospital público. Na verdade, Moore fala apenas para seu câmera. Fala de longe, em pleno mar, sem ao menos usar um megafone. Claro que não recebe resposta alguma.

O agitprop pega então sua turma e dirige-se ao paraíso. Em Cuba, como se fosse a coisa mais normal do mundo chegar a um país para receber tratamento médico, todos são bem recebidos em um hospital de primeira linha. Com cuidados personalizados. Voltam curados para casa. Sem pagar nada ou quase nada. Por remédios que custam U$ 120 nos Estados Unidos, os americanos pagam 0,5 cents em Havana. Por tratamentos que custam de 7 mil a 15 mil dólares, pagam zero dólar em Cuba. Porque é assim? – pergunta o cineasta à Aleida Guevara, filha de um dos mais operosos assassinos do continente. “Porque nós podemos e vocês não” – responde Aleida.

Resposta definitiva. Incontestável. Ingênuos no Brasil é o que não falta para acreditar que a saúde é um direito de todo cidadão na Disneylândia das esquerdas. Em 2008, lia-se na Folha de São Paulo, numa espécie de repercussão ao filme de Moore:

Regime de Fidel cerceou democracia e direitos
humanos, mas melhorou qualidade de vida

Dizia o texto:

Em quase meio século como líder de Cuba, Fidel Castro escreveu uma história pontuada por grandes conquistas e perdas significativas. Se educação, saúde, redução de miséria e emprego são áreas em que é impressionante a evolução do país após a revolução, em categorias como direitos humanos, liberdade de expressão, democracia e acesso a bens de consumo Cuba consta como um contra-exemplo no cenário mundial.

Melhoras na saúde? Como podem existir melhoras na saúde em um país que vive à beira da fome? Onde os gêneros alimentícios são racionados por uma libreta? Onde carne e pescados são reservados aos turistas que pagam em moeda forte? Onde o cubano vive de massas e açúcar? Onde um médico recebe 15 dólares por mês? Onde é melhor ser taxista trabalhando com turistas que médico formado? Onde os médicos estão migrando para o Brasil – e mesmo para a Venezuela de Chávez – em busca de salário decente? No país das jineteras, onde prostituição se tornou mercadoria corrente? Onde pais e maridos oferecem suas filhas e mulheres aos turistas numa boa? Como pode uma ilhota que vive em regime de miséria oferecer medicina gratuita a americanos?

Que milagre é esse? Estamos diante de um novo Cristo, que faz não a multiplicação dos peixes, mas dos remédios? É de perguntar-se porque todos os americanos, em peso, ainda não migraram para Cuba. O que vemos é cubanos, aos milhares, arriscando a vida – e mesmo morrendo – na tentativa de chegar a Miami. Cá em São Paulo, não passa mês sem que eu encontre uma petista que me jura de pés juntos que Cuba chegou a um atendimento gratuito e universal em termos de saúde.

No entanto, o filme de Moore fez fortuna. Haja panacas neste nosso mundinho.

- Enviado por Janer @ 7:25 PM

Paquistao: um pais profundamente ferido pelo terrorismo sectario

O Paquistão já é, de certa forma, um Estado falido, incapaz de assegurar a segurança de sua própria população, inclusive porque o próprio Estado faz distinção entre os seus cidadãos, como demonstra esta matéria sobre o mais recente ataque terrorista contra "infiéis" muçulmanos...
A prova de que o Paquistão se aproxima de um Estado falido é fornecido pela matéria seguinte, no mesmo jornal, que indica que os EUA poderão atacar unilateralmente regiões do país se ficar provada alguma conexão com ataques terroristas nos EUA.

Militants attack two Ahmadi mosques in Pakistan; 80 killed
By Rizwan Mohammed and Karin Brulliard
Washington Post, Saturday, May 29, 2010

Dozens killed in attack on Pakistan mosques
As Friday prayers ended on May 28, 2010, as many as 10 militants armed with grenades, high-powered rifles and suicide vests opened fire on two mosques in Lahore.

LAHORE, PAKISTAN -- Militants staged coordinated attacks in this eastern city Friday on two mosques of a minority Muslim sect, taking hostages and killing at least 80 people.

The attacks, which began minutes apart, targeted places of worship belonging to the Ahmadi sect, each of which was packed with at least 1,500 people, according to Ahmadi representatives in the United States. At least seven men armed with grenades, high-powered rifles and suicide vests stormed the mosques as Friday prayers ended.

A group identifying itself as the Punjab provincial chapter of the Pakistani Taliban, an amorphous Sunni Muslim organization based in the country's mountainous tribal regions, asserted responsibility for the attack, according to the Geo television network. The Taliban has carried out bombings across Pakistan over the past three years, increasingly allying with like-minded groups in the country's heartland.

Friday's attacks, which wounded at least 78 people, demonstrated the continued ability of the Taliban and its associates to strike forcefully in urban centers and pointed to rising sectarian tensions in Sunni-majority Pakistan.

Ahmadis consider themselves Muslim, but Pakistani law does not recognize them as such. Sunni conservatives have led a recent campaign to ostracize them, and Sunni extremists have made Ahmadis, as well as Shiites, the target of violence. But neither minority sect has previously been the target of a large-scale, coordinated assault.

At one mosque, in the elite neighborhood of Model Town, four gunmen opened fire and tossed grenades at security and police guards, then at worshipers. At least 19 people were killed before police regained control, said Sajjad Bhutta, the deputy commissioner of Lahore.

Near the city's main railway station in the district of Garhi Shahu, a team of about three men besieged another mosque, taking several hundred people hostage. A standoff ensued as police and fighters exchanged gunfire. The militants then detonated explosives, killing scores, Bhutta said.

"When the gunmen entered the premises firing, the imam said aloud, 'Everyone on the ground!' " said Luqman, 27, a shopkeeper who declined to give his full name. "I ran out, along with 25 to 30 people, as the gunmen sprayed bullets on us from behind. Many fell. I was lucky."

An estimated 2 million to 5 million Ahmadis live in Pakistan. They believe their founder was a savior sent by God, an idea considered blasphemous under Pakistani law and anti-Muslim to many fundamentalist Islamists. That makes the Ahmadis a valid target in the eyes of radicals.

On Thursday night, unidentified gunmen ambushed and killed three Ahmadi businessmen in Faisalabad, an industrial city about 100 miles west of Lahore. Faisalabad Police Chief Sadiq Dogar said it appeared to be a sectarian slaying.

Elsewhere in Pakistan on Friday, a suspected U.S. drone-fired missile struck a Taliban compound in the South Waziristan tribal area, killing eight, according to two officials in the region.

Mohammed is a special correspondent. Brulliard reported from Kabul.

================

Options studied for a possible Pakistan strike
By Greg Miller
Washington Post Staff Writer
Saturday, May 29, 2010; A01

The U.S. military is reviewing options for a unilateral strike in Pakistan in the event that a successful attack on American soil is traced to the country's tribal areas, according to senior military officials.

Ties between the alleged Times Square bomber, Faisal Shahzad, and elements of the Pakistani Taliban have sharpened the Obama administration's need for retaliatory options, the officials said. They stressed that a U.S. reprisal would be contemplated only under extreme circumstances, such as a catastrophic attack that leaves President Obama convinced that the ongoing campaign of CIA drone strikes is insufficient.

"Planning has been reinvigorated in the wake of Times Square," one of the officials said.

At the same time, the administration is trying to deepen ties to Pakistan's intelligence officials in a bid to head off any attack by militant groups. The United States and Pakistan have recently established a joint military intelligence center on the outskirts of the northwestern city of Peshawar, and are in negotiations to set up another one near Quetta, the Pakistani city where the Afghan Taliban is based, according to the U.S. military officials. They and other officials spoke on the condition of anonymity because of the sensitivity surrounding U.S. military and intelligence activities in Pakistan.

The "fusion centers" are meant to bolster Pakistani military operations by providing direct access to U.S. intelligence, including real-time video surveillance from drones controlled by the U.S. Special Operations Command, the officials said. But in an acknowledgment of the continuing mistrust between the two governments, the officials added that both sides also see the centers as a way to keep a closer eye on one another, as well as to monitor military operations and intelligence activities in insurgent areas.

Obama said during his campaign for the presidency that he would be willing to order strikes in Pakistan, and Secretary of State Hillary Rodham Clinton said in a television interview after the Times Square attempt that "if, heaven forbid, an attack like this that we can trace back to Pakistan were to have been successful, there would be very severe consequences."

Obama dispatched his national security adviser, James L. Jones, and CIA Director Leon Panetta to Islamabad this month to deliver a similar message to Pakistani officials, including President Asif Ali Zardari and the military chief, Gen. Ashfaq Kiyani.

Jones and Panetta also presented evidence gathered by U.S. law enforcement and intelligence agencies that Shahzad received significant support from the Pakistani Taliban.

The U.S. options for potential retaliatory action rely mainly on air and missile strikes, but could also employ small teams of U.S. Special Operations troops already positioned along the border with Afghanistan. One of the senior military officials said plans for military strikes in Pakistan have been revised significantly over the past several years, moving away from a "large, punitive response" to more measured plans meant to deliver retaliatory blows against specific militant groups.

The official added that there is a broad consensus in the U.S. military that airstrikes would at best erode the threat posed by al-Qaeda and its affiliates, and risk an irreparable rupture in the U.S. relationship with Pakistan.

"The general feeling is that we need to be circumspect in how we respond so we don't destroy the relationships we've built" with the Pakistani military, the second official said.

U.S. Special Operations teams in Afghanistan have pushed for years to have wider latitude to carry out raids across the border, arguing that CIA drone strikes do not yield prisoners or other opportunities to gather intelligence. But a 2008 U.S. helicopter raid against a target in Pakistan prompted protests from officials in Islamabad who oppose allowing U.S. soldiers to operate within their country.

The CIA has the authority to designate and strike targets in Pakistan without case-by-case approval from the White House. U.S. military forces are currently authorized to carry out unilateral strikes in Pakistan only if solid intelligence were to surface on any of three high-value targets: al-Qaeda leaders Osama bin Laden and Ayman al-Zawahiri, or Taliban chief Mohammad Omar. But even in those cases, the military would need higher-level approval.

"The bottom line is you have to have information about targets to do something [and] we have a process that remains cumbersome," said one of the senior military officials. "If something happens, we have to confirm who did it and where it came from. People want to be as precise as possible to be punitive."

U.S. spy agencies have engaged in a major buildup inside Pakistan over the past year. The CIA has increased the pace of drone strikes against al-Qaeda affiliates, a campaign supported by the arrival of new surveillance and eavesdropping technology deployed by the National Security Agency.

The fusion centers are part of a parallel U.S. military effort to intensify the pressure on the Taliban and other groups accused of directing insurgent attacks in Afghanistan. U.S. officials said that the sharing of intelligence goes both ways and that targets are monitored in both Afghanistan and Pakistan.

In the Peshawar fusion cell, which was set up within the last several months, Pakistanis have access to "full-motion video from different platforms," including unarmed surveillance drones, one official said.

The fusion centers also serve a broader U.S. aim: making the Pakistanis more dependent on U.S. intelligence, and less likely to curtail Predator drone patrols or other programs that draw significant public opposition.

To Pakistan, the fusion centers offer a glimpse of U.S. capabilities, as well as the ability to monitor U.S. military operations across the border. "They find out much more about what we know," one of the senior U.S. military officials said. "What we get is physical presence -- to see what they are actually doing versus what they say they're doing."

That delicate arrangement will be tested if the two sides reach agreement on the fusion center near Quetta. The city has served for nearly a decade as a sanctuary for Taliban leaders who fled Afghanistan in 2001 and have long-standing ties to Pakistan's powerful Inter-Services Intelligence directorate.

U.S. officials said that the two sides have done preliminary work searching for a suitable site for the center but that the effort is proceeding at a pace that one official described as "typical Pakistani glacial speed." Despite the increased cooperation, U.S. officials say they continue to be frustrated over Pakistan's slow pace in issuing visas to American military and civilian officials.

One senior U.S. military official said the center would be used to track the Afghan Taliban leadership council, known as the Quetta shura. But other officials said the main mission would be to support the U.S. military effort across the border in Kandahar, Afghanistan, where a major U.S. military push is planned.

Staff writers Greg Jaffe and Karen DeYoung contributed to this report.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Escondendo a farsa - Miriam Leitao

A tubulação
Miriam Leitão
O Globo, 28/05/2010

Quem vê o reluzente superávit primário do setor público pode concluir que está tudo tranquilo com as contas públicas. Infelizmente, não está. O governo teve déficit primário dois meses seguidos, a melhora ocorreu pelo crescimento do PIB. Há sinais apavorantes nas contas públicas, entre elas o que o professor Rogério Werneck define como "tubulação ligada entre o Tesouro e o BNDES".

Há vários sinais de preocupação.

O governo tem aumentado seus gastos acima do crescimento do PIB e isso, a médio e longo prazo, é insustentável. O Brasil já tem uma carga tributária exagerada, impostos mal distribuídos e alíquotas que se transformam em barreira ao crescimento sustentado.

Não há austeridade fiscal, nem controle de gastos. O superávit só aconteceu em abril porque a receita está subindo. A arrecadação em abril aumentou 22%.

— O governo brasileiro é uma máquina de gastar e tem contornado todas as formas de controle. O regime fiscal está montado para funcionar com a receita crescendo sempre o dobro do PIB, o tempo todo. Se fosse cauteloso, o governo deveria aproveitar o excesso de arrecadação para baixar as alíquotas.

Essas alíquotas altas foram criadas numa época em que o sistema de arrecadação era mais ineficiente.

Agora, tem se tornado mais e mais eficiente. Houve uma crise na receita, mas ela foi superada, o país está crescendo.

Tudo isso levou ao resultado positivo, mas o governo afirma que está sendo austero por ter resultado positivo.

Na verdade, está aumentando os gastos de forma irreversível, aproveitando a elevação da arrecadação.

Desta forma vamos para uma carga de 40% do PIB — diz o professor da PUC-Rio Rogério Werneck, especialista em contas públicas.

O que mais preocupa o economista é a tubulação ligando o Tesouro ao BNDES.

— De tudo o que mais me preocupa é o BNDES. Ele tem recebido recursos de fora do orçamento, centenas de bilhões de reais de emissão de dívida pública para a concessão de crédito subsidiado. O governo descobriu essa forma e pensa que ela é mágica. Por essa tubulação podem agora passar quantos bilhões forem necessários para obras faraônicas, para financiar Belo Monte a 30 anos e 4% de juros, para fazer o trem bala. Tem dinheiro para tudo.

É uma gambiarra que na prática é emissão de dívida — diz Rogério.

Esse dinheiro contorna tudo, até a contabilidade da dívida pública líquida, porque o governo registra como ativo o dinheiro emprestado ao BNDES. Assim, ele dá a impressão de austeridade.

— Nada acontece com a dívida líquida, mas essa estatística não faz mais sentido de tanta gambiarra feita pelo governo. Ele está bombeando dinheiro para o BNDES e pouca gente fala disso porque o empresariado foi todo cooptado. Antes havia dinheiro para alguns, e os outros reclamavam.

Agora parece haver dinheiro para todos e ninguém quer apontar o problema — diz o economista.

Essa despesa além de não ser mensurável encontra um bloqueio de informações por parte do governo.

O "Estado de S. Paulo" passou um mês pedindo ao Tesouro e ao BNDES informações sobre as condições dos "empréstimos" concedidos, e eles se negaram a fornecer detalhes. Só em abril foram R$ 80 bilhões de empréstimos, e com juros ainda mais baixos e prazos superiores a 30 anos. Em um único mês, a dívida cresceu 6,6% por causa dessa operação. A Controladoria Geral da União (CGU) também procurou saber as condições dessas operações financeiras para executar seu trabalho de fiscalização.

O BNDES alegou à CGU que não pode dar detalhes porque é uma instituição financeira e esses detalhes, se tornados públicos, representariam quebra de sigilo fiscal e bancário.

O banco recebe dinheiro de endividamento público — dívida que será paga por todos nós — em condições sigilosas e com esse dinheiro financia as empresas com um enorme subsídio. A CGU pede informações e o banco diz que isso quebra seu sigilo bancário. Curiosa alegação, já que o BNDES não é banco comercial e sim uma instituição pública financiada por recursos públicos.

O caso BNDES é apenas um dos problemas que os reluzentes números escondem.

Há 20 anos a carga tributária cresce no Brasil e tende a crescer nos próximos anos porque o governo Lula criou uma armadilha: ele aproveitou o aumento da receita nos anos anteriores à crise para aumentar gastos que não poderão ser comprimidos na época das vacas magras.

No ano passado, a pretexto de combater a crise, ele reduziu drasticamente o superávit primário e consumiu esses recursos em gastos de custeio. O investimento aumentou apenas de 5% para 6% da Receita Corrente Líquida. Esse aumento da máquina pode ter, em vários casos, boas justificativas como a necessidade de pessoal qualificado em áreas de atuação exclusiva do Estado, nos quais havia falta de pessoal ou a idade média é elevada. O problema é que essa renovação do pessoal teria que ter sido precedida de novas regras administrativas e previdenciárias para dar mais flexibilidade ao Estado quando a conjuntura mudar.

O Tesouro tem drenos pelos quais escorre para centros de gastos o dinheiro que é recolhido de todos os brasileiros. Por isso, o assunto nos diz respeito.

Desmontando a farsa - Rogério L. F. Werneck

A volta do Capitão Palocci
Rogério L. F. Werneck
O Estado de S. Paulo, 28/05/2010

Está em curso mais uma emocionante história de metamorfose no PT. Oito anos se passaram desde que o bravo Capitão Palocci cumpriu com admirável sucesso o que então parecia uma missão impossível: convencer o País de que a cúpula do PT havia adotado um discurso econômico ponderado, completamente distinto da pregação tresloucada que se viu nas eleições municipais de 2000. O novo desafio com que agora se defronta Palocci é parecido com o anterior: convencer o País de que a ex-ministra Dilma Rousseff já não é mais o que mostrou ser nos últimos cinco anos e que, de repente, suas ideias sobre política econômica passaram a ser equilibradas e perfeitamente defensáveis.

Na semana passada, a candidata foi cuidadosamente preparada para deixar boa impressão junto a investidores em Nova York. O que se viu foi uma Dilma quase irreconhecível, totalmente remodelada. Novo penteado, nova estampa e ideias novas em folha. No evento de que participou, a candidata fez várias menções a seu conhecido alinhamento com as posições de Palocci. Evitando qualquer referência ao ministro Guido Mantega, ressaltou a importância que sempre atribuiu à condução prudente da política fiscal. Externou ainda seu reconhecimento ao excelente trabalho que vem sendo prestado ao País por Henrique Meirelles. E sublinhou seu inarredável compromisso com metas de inflação cadentes e a manutenção da autonomia operacional do Banco Central (BC).

Quem quer que tenha acompanhado as posições defendidas por Dilma Rousseff ao longo dos últimos cinco anos deve ter ficado boquiaberto diante do recém-estreado discurso da candidata. Há uma mudança impressionante, por exemplo, em relação ao que se viu no final de 2005, quando a já então ministra-chefe da Casa Civil, sem deixar margem a dúvidas sobre a real extensão de seu compromisso com a estabilidade de preços, permitiu-se declarar que melhor seria ter inflação de 15% ao ano e recursos mais fartos para investimento.

Há também contraste gritante com a forma aguerrida com que, também em 2005, a ex-ministra comandou o torpedeamento da proposta de contenção da expansão de gastos correntes feita pelo então ministro Antonio Palocci. Ou ainda com suas declarações do final de 2007, quando afirmou que qualquer esforço de contenção de gastos seria deixado para o próximo mandato presidencial, que "o popular choque de gestão não leva(va) a nada" e que o grande mérito do PAC era ter feito o País romper com a tradição de contenção fiscal.

No afã de romper com essa suposta tradição, a ex-ministra deu amplo respaldo ao Ministério da Fazenda, no seu meticuloso trabalho de demolição institucional do arcabouço de condução de política econômica que, a duras penas, foi construído no País ao longo de duas décadas. Foi esse bota-abaixo que permitiu, por exemplo, que hoje esteja em operação, à luz do dia, um bilionário e grotesco esquema de concessão de crédito subsidiado pelo BNDES, direta e fartamente abastecido pelo Tesouro com recursos provenientes da emissão de dívida pública. Trata-se de involução lamentável, que viola a separação de contas dos segmentos não-financeiro e financeiro do setor público, fundamental para a manutenção do controle fiscal no País.

Causam também surpresa os elogios tardios, em falseta, à condução da política monetária, vindos da parte de quem jamais deixou de mostrar hostilidade escancarada à atuação de Meirelles no BC.

Graças a Antonio Palocci, o PT convenceu o País, em 2002, de que havia abandonado seu discurso econômico inconsequente e passado a dizer coisa com coisa. Mas os efeitos dessa injeção de credibilidade se dissiparam no segundo mandato do presidente Lula, quando, já não podendo contar com Palocci, o governo abriu espaço para figuras como Dilma Rousseff, Guido Mantega e Luciano Coutinho. É desanimador que, com nova eleição pela frente, o PT se veja obrigado a recorrer mais uma vez aos poderes do Capitão Palocci para tentar revalidar a credibilidade do seu discurso econômico.

Como salvar os paises dos mercados irracionais, dos especuladores gananciosos e desse louco mundo capitalista

De como ajudar povos mais infelizes do que o nosso...

O Brasil, como não nos deixa esquecer o presidente, passou incólume (bem, ele não usaria esta palavra) pela crise, e, se ela não foi a marolinha prevista, pelo menos fomos os "últimos a entrar na crise e os primeiros a dela sair" (enfim, tiramos da jogada a China, a India e vários outros mais, que não ouviram falar da crise, e vamos em frente).
Tudo isso graças à nossa preclara (Dicionário, presidente) política econômica (que começou em 2003, como todo mundo sabe), graças, SOBRETUDO (bota TUDO nisso) à ousadia de nossos sábios dirigentes (que investiram pesadamente na manutenção da demanda agregada, contratando um bocado de gente no serviço público, dando aumentos, enfim, colaborando com o consumo e a atividade industrial) e graças, também, não se pode olvidar (dicionário de sinônimos...), àquela que vai suceder o "nuncaantesneste...", pela sua clarividência e antevisão, já fazendo dois PACs de uma vez, com bilhões de reais (dos outros) para vencer a malvada crise.
Nem todo mundo no mundo é assim inteligente, e tem país que entra em crise sem nem saber como e por que (mas só pode ser devido às loucuras cometidas por esses brancos de olhos azuis que ficam especulando em mercados desregulados).
Pois aqui estamos nós, prontos a ajudá-los com nossa tecnologia econômica salvadora, nossos mecanismos inovadores e nosso nou-rau desenvolvimentista absolutamente genial.

Apresento em primeiro lugar a contribuição impagável (isso porque ele não estipulou um preço para sua consultoria brilhante dada graciosamente ao governo de Sua Majestade) do Adolfo Sachsida, um economista da Católica de Brasília comprometido com as boas causas (e como...).

Mas, não apenas os ingleses, pois os gregos também merecem igual ajuda ou talvez ainda maior. Não é porque eles são mediterrâneos, moreninhos, adeptos de um sol e de uma praia, acostumados com emprego público, que eles devem morrer na praia, sem desfrutar das benesses de nossa tecnologia de combate às crises. O pessoal da Trilha Liberal, um blog dedicado à "Liberdade Individual, Liberdade de Mercado e Liberdade de Expressão", se encarrega de mandar uma equipe inteira de especialistas brasileiros para resgatar a Grécia de sua desgraça atual.
Vale ler com atenção esses dois manuais de ajuda emergencial, pois aprendendo a coisa, você também poderá fazer parte de uma dessas operações de salvamento e integrar uma brigada ligeira tupiniquim especializada em resgate de países que se deixaram tentar pelo neoliberalismo e foram para o brejo.
Com inteligências assim, não temos por que nos preocupar.
Ou não???!!!
Paulo Roberto de Almeida

Sachsida Ajuda o Reino Unido
Blog Adolfo Sachsida - Opiniões
segunda-feira, 3 de maio de 2010

O Reino Unido, outrora berço do liberalismo econômico, é hoje um baluarte das regulações, intervenções do governo e impostos. Evidentemente um local como esse não pode prosperar, e logo se vê envolto em problemas econômicos. Essa é exatamente a situação atual dessa outrora majestosa ilha. A recente crise financeira ainda não mostrou o pior de sua face nas terras de sua majestade, mas isso logo logo irá ocorrer. Sabendo desse problema crônico, o parlamento britânico acaba de me pedir ajuda. Abaixo segue, em primeira mão para os meus leitores, o Plano Sachsida para o resgate do Reino Unido.

1ª Parte: Torrar o dinheiro público
O resgate do Reino Unido começa com um maciço pacote de gastos do governo. Se gastar uma libra é bom para estimular a demanda, então gastar 10 bilhões deve ser melhor ainda. O fundamental é gastar muito, mas ao mesmo tempo devemos retirar da contabilidade os gastos emergenciais, os gastos prioritários, os gastos com saúde, os gastos com educação, os gastos militares, os gastos com infra-estrutura, e os gastos com pagamento de juros. Após isso, o Reino Unido (apesar de executar gastos monstruosos) apresentará ao público uma aparência impecável de responsabilidade fiscal.

2ª Parte: Inundar o mercado com crédito barato
Usando a experiência de sucesso do BNDES brasileiro, criaremos no Reino Unido o BNDES inglês. Sua principal tarefa seria captar compulsoriamente recursos dos trabalhadores e destiná-los a projetos gigantescos, que por alguma miopia de mercado não encontra financiadores no setor privado. Ao mesmo tempo o BNDES inglês faria operações de empréstimo junto ao Tesouro britânico (similar ao que já ocorre no Brasil), visando aumentar ainda mais os recursos (com juros subsidiados) postos a disposição de projetos ousados que necessitam de ajuda estatal (afinal os empresários privados não estão preparados para terem lucros apenas no longo prazo).

3ª Parte: Criação da Caixa Econômica Federal da Inglaterra
Para dinamizar o mercado imobiliário iremos criar um banco com o objetivo de usar recursos do Tesouro, e dos trabalhadores, para expandir o crédito subsidiado para a compra de imóveis. Crédito que será usado também para financiar pessoas que não tem condição de pagar tal empréstimo. Campanhas como “Imóvel nunca perde valor” e “Imóvel é 100% seguro” serão vinculadas na mídia para estimular a demanda por imóveis. Bancos privados serão pressionados a extender crédito imobiliário a todos, sob ameaça de processos judiciais.

4ª Parte: A contribuição das Organizações Não-Governamentais
Atenderemos todas as demandas das organizações não-governamentais referentes ao meio ambiente. Isto é, limitaremos ao extremo a quantidade de terrenos livres para a construção. E limitaremos também o tamanho das construções. Essa medida preserva a beleza arquitetônica do Reino, ao custo de aumentar o preço dos imóveis. Tal medida irá requerer ainda mais crédito para a compra de imóveis.

5ª Parte: Banco Central sem medo do desenvolvimento econômico
Não podemos ter um Banco Central com medo do desenvolvimento econômico. Assim, as taxas de juros serão mantidas artificialmente baixas durante todo o período (independentemente das enormes pressões por mais crédito).

Seguindo esse plano simples teremos, em uns 4 ou 5 anos, uma bolha imobiliária gigantesca no Reino Unido, aliada a enormes fragilidades no setor financeiro, e uma situação fiscal insustentável. Assim que o caos se instalar, basta o primeiro ministro fazer o seguinte pronunciamento: “O mercado mostrou sua verdadeira face... confiamos demais no liberalismo econômico e agora estamos arruinados. Isso é culpa dos ganaciosos especuladores. Ou o FMI, o Banco Mundial, os EUA, o Japão, a Alemanha e a Comunidade Européia nos ajudam, ou teremos uma crise financeira de proporções mundiais, com o temível efeito contágio levando todo o mundo civilizado para a ruína”. Após 3 dias de intensos debates, sem ouvir os contribuintes, o resto do mundo decide enviar uma ajuda emergencial de 10 trilhões de euros para o Reino Unido para evitar o colapso financeiro a nível mundial.

Com os 10 trilhões de euros, coletados do resto do mundo, sanearemos as finanças inglesas, daremos casas ao pobres, pagaremos enormes dividendos aos ricos, melhoraremos a infra-estrutura inglesa e diminuiremos os impostos cobrados da classe média. Ai esta o resultado do Plano Sachsida: após 4 anos de farra na Inglaterra o resto do mundo paga pelo ajuste. Claro que em alguns anos outros países irão a bancarrota, mas isso não é problema inglês.... quem mandou não serem fiscalmente responsáveis?

=================

Pacote de ajuda brasileira para a Grécia
Trilha Liberal
7 de maio de 2010

Está embarcando hoje para Atenas uma delegação de especialistas brasileiros, enviados como cortesia pelo Itamaraty. Economistas do IPEA estão preparando apresentações ao governo Grego provando que o gasto público grego é da mais alta qualidade, e que a produtividade do servidor público grego é mais alta do que a do setor privado, o que garantirá taxas de crescimento do PIB acima da expectativa do mercado, e resolverá supostos problemas fiscais. 'O problema são os juros', concluirá o palestrante.

O adjunto econômico da UNASUL acompará a delegação brasileira e fará uma apresentação expondo as experiências do Instituto Nacional de Estatísticas da Argentina, em sua constante missão de esclarecer alguns numeros mal-entendidos e mal-interpretados pelo mercado, usando estatísticas macroeconômicas socialmente responsáveis e da mais alta qualidade.

Especialistas da FGV irão fazer uma apresentação mostrando que o endividamento grego, embora relativamente alto, é apenas uma consequência do modelo de estado escolhido democraticamente pelos gregos que, afinal, inventaram essa estória toda, logo sabem o que estão fazendo e merecem respeito.

Portando, os especialistas brasileiros mostrarão com seus estudos econométricos precisos que o mercado está redondamente enganado sobre uma suposta deterioração nas contas públicas gregas.

Técnicos do BNDES vão apontar para a Grécia o caminho brasileiro, comprovadamente uma invenção tupiniquim como a palavra saudade e a jabuticaba. A receita brasileira diz que em tempos de crise, é essencial que o estado tome a liderança dos investimentos tanto no setor público quanto privado. E em épocas sem crise, com mais motivos ainda é necessário que o estado faça o mesmo.

Através dos recursos espontaneamente recolhidos dos trabalhadores pelo Fundo de amparo ao trabalhador português, irlandês e grego (FAT PIG) os brasileiros demonstrarão que investimentos estatais em grandes empresas européias garantirão um sólido crescimento para estes países e para a Europa como um todo.

O BNDES também já anunciou o interesse brasileiro em investimentos em parceria no setor de azeite de oliva, desde que a tecnologia seja compartilhada com o Brasil. A Petrobrás anunciou o interesse de investir no azeite de oliva como um combustível alternativo bastante econômico.

Uma delegação da JBS-Friboi acompanhá os representantes brasileiros para conhecer técnicas de preparo do churrasco grego, e sondar um possível investimento em uma unidade de processamento de alimentos, com o aval do banco, para produzir churrasco grego usando picanha 100% brasileira.

A Caixa Econômica Federal mostrará seus planos de habitação no Brasil para os próximos anos, que de acordo com a Caixa e o governo, formam a estratégia ótima para sair da crise. Todos precisam de casas para morar, e é evidente que o sonho da casa própria gera um ciclo virtuoso na economia, gerando empregos e renda. Portanto, é extremamente necessário que o setor de habitação tenha juros mais baixos, para que os gregos deixem para trás suas casinhas brancas nos morros, e passem a morar em habitações de qualidade.

Para não atrair a atenção dos repórteres, que não o deixam em paz um minuto sequer após sua consagração como grande líder internacional, a delegação brasileira transportará o presidente Luís Inácio Lula da Silva dentro do compartimento executivo de um cavalo gigante de madeira.

O presidente explicará, em termos simples, que nunca antes na história da Grécia houve tanto progresso quanto nos últimos anos, e que todos estes problemas não passam de especulação dos mercados e da imprensa européia que não aceitam que os países mais pobres da Europa possam ter direito a ter uma vida digna.

============

Se depois dessas, gregos e goianos, ops, ingleses, não se recuperarem, não é por culpa das brigadas de salvamento, e sim do complô neoliberal, que continua a rondar esses países, com espiões do FMI, de Wall Street, até da PUC-Rio...
Atenção aos traidores, moçada, vamos chamar o pessoal do Ipea, da Unicamp e da UFRJ para expulsar os vendilhões do templo...
Paulo Roberto de Almeida

Epa!: Amantes Unidas Jamais Serao Vencidas? (mesmo contra o papa?)

Sem comentários...
PS: a carta das senhoras dos padres, ou amantes (whatever), pode ser lida num site inglês chamado "Alugue um Padre" (no kidding), mas eu já a transcrevi para os mais curiosos in fine...

Des maîtresses de prêtres catholiques écrivent au pape
Le Monde, 28.05.2010

Des dizaines d'Italiennes, ayant eu des relations avec des prêtres catholiques, ont écrit une lettre ouverte au pape pour lui demander d'abolir la règle du célibat des prêtres, rapporte The Guardian. Elles estiment qu'un prêtre "a besoin de vivre avec ses semblables, de faire l'expérience de ses sentiments, d'aimer et d'être aimé".

Cette question a été à l'ordre du jour de l'agenda du Vatican en mars quand un conseiller de Benoît XVI, le cardinal Christoph Schönborn, archevêque de Vienne, a déclaré que l'abolition de la règle du célibat pourrait permettre de limiter les abus sexuels. Une suggestion qu'il a retirée précipitamment après que Benoît XVI a rappelé son attachement au "principe sacré du célibat".

Les auteures de la lettre ont décidé de prendre la parole en réponse à cette réplique du pape. Elles estiment que Benoït XVI affirme "le caractère sacré de quelque chose qui ne l'est pas" et qui a été inventé par l'homme. Il existe en effet plusieurs exemples de prêtres mariés dans les premiers siècles du christianisme.

Selon une des signataires, Stefania Salomone, 42 ans, la lettre a été signée par près de quarante femmes. Le sujet étant extrêmement sensible, seules trois ont accepté de dévoiler leur nom.

En savoir plus :
- la lettre a d'abord été publiée par le journal en ligne chrétien Il Dialogo. Lire une version en anglais sur le blog Rent a priest.

================

The Priests' Women Speak Out
Rent a Priest
Tuesday, May 18, 2010

This is an open letter from a group of Italian women who are involved with priests to the Pope about celibacy. The letter was first published in Italian on Il Dialogo on March 28, 2010. It has recently been translated into Spanish and posted on Atrio. We now bring it to you in English.

This letter is signed by Antonella Carisio, Maria Grazia Filippucci, Stefania Salomone … together with others … and in the name of all who are suffering because of this unjust law.

The starting point is the news a few days ago, one of many statements following a real explosion of pedophilia scandals in the ranks of the clergy.

THE POPE: Celibacy is a Sacred Value

"The horizon of the ontological belonging to God also constitutes the proper framework for understanding and reaffirming, in our day too, the value of sacred celibacy which in the Latin Church is a charism required for Sacred Orders and is held in very great consideration in the Eastern Churches," said the Pontiff to the Conference on "Faithfulness of Christ, Faithfulness of the Priest".

"It is an authentic prophecy of the Kingdom, a sign of consecration with undivided heart to the Lord and to "the affairs of the Lord", the expression of their gift of self to God and to others. The priest's vocation is thus most exalted and remains a great mystery, even to us who have received it as a gift. Our limitations and weaknesses must prompt us to live out and preserve with deep faith this precious gift with which Christ has configured us to him, making us sharers in his saving Mission."

To Pope Benedict XVI:

This is written by a group of women from all parts of Italy, who have lived or are still living in a relationship with a priest or religious. We are used to living in anonymity those few moments the priest manages to give us and we live daily with the doubts, fears and insecurities of our men, supplementing their affective deficiency and suffering the consequences of obligatory celibacy.

Ours is a voice that can no longer continue to be ignored, from the moment we heard the reaffirmation of the sacredness of what is not sacred in the least, of a law that is being maintained without addressing the fundamental rights of people. The contempt with which they have attempted for centuries and in recent statements to silence the cry of men and women who have suffered in the already tattered shroud of mandatory celibacy hurts us.

We are trying to reaffirm -- although many Christians already know it -- that this discipline has nothing to do either with the Scriptures in general, or with the Gospels in particular, or with Jesus, who never spoke about it.

Quite the contrary. As far as we know, He liked to surround Himself with disciples, almost all married, and women. You would say to us that Jesus also lived as a bachelor and the priest is simply matching Him with his choice. A choice is good. But a rule can never be a choice, if not forcing its meaning. If, moreover, it is defined as a charism, it can not therefore be imposed or required, much less by the Lord, who wants us to be free, because love is freedom, always.

Is it therefore reasonable to assume that He would intend to deny certain expressions of love and freedom to some of His disciples?

The reasons that, over time, prompted the church hierarchy to introduce this discipline in the canonical legal system itself are commonly known: economic interest and expediency. Then, over the centuries, everything has been marinated in a certain amount of misogyny and hostility toward the body, psychological drives and its primary needs.

It is therefore a "human" law in the broadest sense of the term. And we must start from this evidence, to question whether, as with all human laws, in a certain historical moment, it might not be necessary to rethink and modify it or even, as we would like, to eliminate it altogether.

To do this, much humility, much courage is needed to disengage from the logic of power to come down with sincerity to the world of men to which, like it or not, the priest also belongs.

We quote from Eugen Drewermann (“Kleriker: Psychogramm eines Ideals”, 1989),:

"According to theological ideology the persona of the individual cleric looks like a bucket of water: it is necessary to fully empty its contents to fill it to the brim again with everything that seems desirable to ecclesiastical superiors. In this way the entire sphere of human feelings is neutralized in favor of the decisions of power. Of all the range of possible human relationships, only one type of relationship survives: the one of order and submission, the ritual of master and servant, the abstraction and reduction of life to the formalism of observance of certain instructions."

It is not a matter of having more time to devote to others, as the most repeated of the innumerable expressions they use that affirm that the cleric should not and cannot have a female companion states, rather a rejection of the idea that he can enjoy a more intimate and personal presence, even friendships themselves.

In fact, Drewermann continues:

"The identification required by the professional role does not allow him to live as a person, and therefore he has no choice but to feign human warmth, emotional closeness, pastoral understanding, empathy, simulating instead of living in authentic way."

According to this institutionalized view, the priest fulfills himself through his ministry, through the holy orders, only as a single person and for a lifetime. But the presumably free decision of a young man, enthusiastic about the proposal he thinks he has received does not imply that his deep attachment to the message of Jesus can not grow, mature, change and even better express itself, to a certain point, through a married priesthood. This is simply what happens, what cannot be foreseen or fully evaluated.

A choice of this type can not be immutable, and it is neither a betrayal, much less a failing or an infraction, because love is not against love. And the priest, like any human being, needs to live with his fellow beings, to have feelings, to love and be loved and to face the other deeply, something which he is hardly willing to do for fear of being exposed to danger.

Behind the curtain of what is said and unsaid, that is what we are experiencing. And it's as if the church system, with its rules, manages to imprison the healthiest part of us all.

What happens, in fact, if a priest falls in love? He can choose:

1. Sacrifice his own needs and feelings, as well as the woman's, for a "greater good" (what?) 2. Live out the relationship in hiding, with the help and complicity of the superiors themselves sometimes; it is sufficient that it does not come to be known and does not leave traces (ie, children) 3. Throw away the cassock, the usual expression that defines the choice of someone who can't take it any more, that is to say, a traitor. Each of these options causes great pain to the people involved who, things going as they do, have much to lose.

And what are the woman's options?

1. Sacrifice her own needs and feelings in favor of "a greater good" (in this case, the good of the priest) 2. Live out the relationship in secret, spending the rest of her life waiting for the priest to be able to spend a pinch of time with her, stolen moments, sacrificing the dream of a relationship with a "normal" man. 3. Bear the burden of being the one who forced the priest to "throw away the cassock", in addition to sharing the burden of his alleged "failure." A priest who leaves is considered to be "the one who failed to go ahead with the great renunciation required," and is therefore somewhat cast aside. And this is a difficult thing to bear, for one who believes he is "a chosen one, someone who received a special call," an Alter Christus, who with only a gesture of consecrated hands, transforms the nature of things ... who forgives, who saves!

Is it possible to give up all that? And for what?

For the normal life of a couple, that sounds like a trivial matter compared to the powers the "staff member of God" can wield through holy orders.

And yet, one of the most recurring statements of priests to their "companions", sums it up in a few words: "I need you in order to be who I am", that is, a priest.

Don't be shocked, Your Holiness! In order to become effective witnesses to the need for love, they need to embody it and experience it fully, in the way their nature demands it. Is it a sick nature? A transgressing one?

If understood, this expression shows the urgency of also being part of a world of two, of being able to exercise that fundamental natural right that the institutional church at least talks about in solemn Latin encyclicals, clearly reserved only for lay people and denied to the clergy, who become so supernatural, so separated from everyone else, that they are unable even to distinguish what's around them.

But is it possible that you are not able to see that the priest is a painfully lonely being? He has a lot of things to do, that fill his day and empty his heart. Sometimes he doesn't even realize it, caught up as he is with the liturgies and duties of his job. And it may happen that among his acquaintances there is a person, someone special who seems, at first sight, specifically made to warm his heart, completing and enriching the ministry too. And this is simply what happens frequently.

But the church discipline tells him: "No, you have been chosen for something much greater." And he feels guilty, because he is unable to imagine anything greater than what he is experiencing. But he trusts the obedience he promised, thinking that it represents the will of God, His plan for him and those like him. The celibate hero returns to the stage of an institution that designed it like this and has already prepared a promotion in exchange for the necessary separation.

And all this destruction in the name of what love?

The one that makes us hide, the one that makes us renounce, the one that hurts us. That is not the love of the Father. Let us finally quote a conclusion from Drewermann:

"The God that Jesus spoke about wants precisely what the Catholic Church today fears more than anything: free, happy and mature human life, which is not born of anguish, but of obedient trust and which is free from the limitations of the tyranny of a traditional theology that prefers to seek the truth of God in sacred scripture rather than in the sanctity of human life."

==============

Comentando:
Se a Igreja tiver de distribuir heranças, pensões, bolsas de estudo, auxílio-mamadeira, auxílio-creche e ainda pagar a universidade dos bambini, ela vai ficar um pouco mais pobre... Aliás, ela ficou rica assim mesmo: obrigando os pobres padrecos a viver no celibato (mas não na inocência como provam todos esses casos de filhos, pedofilia, homossexualismo, sodomia, zoologia, botânica, e sabe-se lá o que mais...)