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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

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sexta-feira, 29 de julho de 2011

L'Histoire, numero special: Le Bresil (n. 366, Juillet-Aout 2011)

Um número excepcional da revista L'Histoire, inteiramente dedicada ao Brasil.
Sumário resumido (link)
L'Histoire n°366
Sommaire
Pourquoi le Brésil est-il si grand ?
par THÉRY Hervé p. 6 - 15
Pourquoi le Brésil est-il resté uni ?
par SAINT-GEOURS Yves p. 12 - 13
La trouvaille
par BENNASSAR Bartolomé p. 18 - 19
Du bois et du sucre
par BENNASSAR Bartolomé p. 20 - 25
Les premiers habitants
par BENNASSAR Bartolomé p. 22 - 22
Le départ des Hollandais
par BENNASSAR Bartolomé p. 24 - 24
Le rêve brisé de Villegagnon
par THOMAS Olivier p. 26 - 27

Au sommaire de ce numéro
AU LECTEUR
Le Brésil et nous
SPÉCIAL BRÉSIL
Pourquoi le pays est-il si grand ? - Hervé Théry
Pourquoi le pays est-il resté uni ? - Entretien avec Yves Saint-Geours
Un pays-continent (VOIR PDF)
La trouvaille - Bartolomé Bennassar
Du bois et du sucre - Bartolomé Bennassar
Les premiers habitants - Bartolomé Bennassar
Le départ des Hollandais - Bartolomé Bennassar
Le rêve brisé de Villegagnon - Olivier Thomas
L'Indien et le Jésuite - Décio de Alencar Guzmán
L'or, enfin ! - Laurent Vidal
Le martyre de Tiradentes - Laurent Vidal
Une société esclavagiste - Entretien avec Luiz Felipe de Alencastro
Le « paradis des mulâtres » ? - Luiz Felipe de Alencastro Luiz Felipe de Alencastro
L'exaltation du métissage - Laura de Mello e Souza
L'invention de la samba - Anaïs Fléchet
Le Noir révolté - Anaïs Fléchet
Quotas ou pas ? - Anaïs Fléchet
« Fico » : je reste - Armelle Enders
Le monarque bourgeois
Paraguay, la grande guerre - Armelle Enders
La République des oligarques - Armelle Enders
Le pays où le positivisme est une religion - Armelle Enders
France-Brésil : destins croisés - Olivier Compagnon
Le « roi café » - Christian Grataloup
L'invention d'une culture moderne - Serge Gruzinski
La révolution Vargas - Maud Chirio
Un fascisme brésilien ?
Vingt ans de dictature militaire - Maud Chirio
Vous avez dit populisme ? - Entretien avec Olivier Dabène
Qui a peur de l'Église des pauvres ? - Richard Marin
40 millions d'évangélistes - Richard Marin
Bom Dia Brasilia ! - Laurent Vidal
Les années Lula : naissance d'un Grand - Entretien avec Alain Rouquié
Brésil : « Le pays anthropophage » - Entretien avec Yves Saint-Geours
Une histoire de cinq cents ans
D'Amazonie à Zumbi
POUR EN SAVOIR PLUS

Quer ficar rico? Venda para o governo: todos os precos possiveis....

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Consulte-nos, sem compromisso...
Pela Equipe Xxxxxxxxx


Bem, talvez tenha uma ou outra coisa exagerada aí encima, mas o resto se sustenta, e poderia entrar em qualquer programa do governo: PAC-I, PAC-II, PAC-III, PAC-IV e outros mais...

Pelas informações,
este seu criado
(desta vez agindo incógnito, por razões óbvias)

Back to the (constitutional) past: uma moda latino-americana?

A América Latina é, possivelmente, a região de mais alta "densidade constitucional" do mundo. Isso não quer dizer estabilidade política, e sim instabilidade institucional. O Brasil, por exemplo, está na sexta ou sétima constituição, dependendo de como se consideram algumas emendas abrangentes. O Equador deve ganhar na conta, e por aí vai.
O Peru inaugura o saudosismo constitucional: jurar por uma Constituição que já não está mais em vigor. Curioso retrocesso...
Paulo Roberto de Almeida

Perú: Ollanta Humala jura como presidente por la Constitución de 1979
Fernando Tuesta Soldevilla
Infolatam/Efe/Reuters
Lima, 18 de julio de 2011

Ollanta Humala: gobierno compartido y sin partido
(Especial para Infolatam).- “…. Ollanta Humala, por lo que ha buscado alianzas políticas, sobre todo con Perú Posible, para conseguir el control del Congreso. Por su lado, el partido de Alejandro Toledo ha ganado cargos ministeriales y seguramente otros en la Administración Pública. Es pues, de alguna manera, un gobierno compartido”

Ollanta Humala juró hoy como presidente de Perú por la Constitución de 1979 y no por la vigente de 1993 ante el titular del Congreso, Daniel Abugattás, en una sesión solemne del Parlamento sin la presencia del mandatario saliente, Alan García, que poco antes había entregado la banda presidencial en el Palacio de Gobierno al jefe de la casa militar.

El mandatario juró por la Constitución de 1979, previa a la carta de 1993 vigente firmada por el entonces presidente Alberto Fujimori, esto provocó una fuerte protesta de legisladores fujimoristas que gritaban “Que se vaya” apenas minutos después de que se le colocara la banda presidencial.

En su discurso Humala dijo que la Constitución del 1979 es “una verdadera inspiración de contenido democrático y libertad”, tratando de poner paños fríos al tema.

A continuación, Abugattás tomó el juramento de los vicepresidentes Marisol Espinoza y Omar Chehade, los cuales también invocaron la carta magna de 1979. Abugattás tuvo que pedir orden a los presentes, ante las demandas de los legisladores fujimoristas de que Humala y sus vicepresidentes juren por la actual Constitución.

A la toma de posesión de Humala asisten diecisiete representantes de Estados o Gobiernos, entre los que se encuentra el príncipe Felipe de Borbón, en nombre de España. Los principales ausentes en la ceremonia, además de García, fueron los gobernantes de Venezuela, Hugo Chávez, y de Paraguay, Fernando Lugo, por cuestiones de salud; y de Cuba, Raúl Castro, que envió a un vicepresidente.

Expansión con plan social
Ollanta Humala anunció la marcha de un ambicioso programa social que no ponga en riesgo el crecimiento económico, al tiempo que confirmó su intención de crear un impuesto a las ganancias extraordinarias de las pujantes mineras locales.

En su primer mensaje a la nación tras juramentar en el Congreso por cinco años en el cargo, Humala afirmó además que buscará diversificar la matriz energética del país promoviendo la explotación del gas y la construcción de hidroeléctricas.

Humala sorprendió hace unos días a los inversionistas al nombrar a dos respetados economistas adorados por Wall Street para manejar la economía de Perú, una país que registra un gran crecimiento pero cuya pobreza aún alcanza a un tercio de su población.

Junto a los reconocidos técnicos, el mandatario escogió un gabinete con fuerte presencia empresarial y expertos en busca de equilibrar sus promesas de campaña de mayor inclusión social con el modelo económico que ha tenido éxito en este país.

Respecto al sector clave minero, ratificó que las empresas deben contribuir en la lucha contra la pobreza, que alcanza a un tercio de los 29 millones de peruanos.

El presidente también anunció un aumento de 25 por ciento del sueldo mínimo a 750 soles (273 dólares) y un plan de pensiones focalizado para los mayores de 65 años.

Los programas sociales de Humala requieren de arranque al menos unos 4.300 millones de dólares, casi un 3 por ciento del valor del Producto Interior Bruto peruano, vital para atender las demandas en un país lleno de conflictos populares, según analistas.

Discurso del Presidente Ollanta Humala ante el Congreso
Humala propone una cumbre antidrogas

quinta-feira, 28 de julho de 2011

E por falar em juros... uma opiniao sensata - Alexandre Schwartsman

O debate, obviamente, é relevante, quer se goste dele ou não. Como escrevi em algum post abaixo, o Brasil não é um país normal. Longe disso.
Só de pensar que somos chamados de idiotas cada vez que vamos comprar algum durável ou semi-durável (por vezes até no supermercado, ou seja, para produtos absolutamente perecíveis), e que ouvimos como se fosse a coisas mais normal do mundo: "seis vezes sem juros"; ou então: "em quantas vezes você prefere?".
Inacreditável como as pessoas não se dão conta de que estão pagando, provavelmente, o dobro do que custa o bem em questão, e não se dão conta disso. Pagam dois e levam um para casa, e ainda acham que fizeram um grande negócio só porque entrou naquela mentira do "seis vezes sem juros".
O Brasil, decididamente, não é um país normal.
Como eu não gosto de ser chamado de idiota, recuso-me a entrar nessa conversa dos "seis vezes sem juros", mas o crime é que, quando você diz que quer pagar à vista, a vendedora diz que "é o mesmo preço!".
Aí você se recolhe à sua insignificância de mercado e à esquizofrenia econômica brasileira e aceita pagar 100% a mais, diluído nos "seis vezes sem juros". Juro que eu fico possesso, mas infelizmente não posso fazer nada, a não ser xingar as autoridades econômicas que não colocam um final nesse absurdo, ou pelo menos avisam a todos que estão sendo chamados de idiotas...
Enfim, isso para iniciar o debate abaixo transcrito, por motivos puramente intelectuais.
Paulo Roberto de Almeida

Os juros, a democracia e um e-mail de Alexandre Schwartsman
Reinaldo Azevedo, 28/07/2011

Escrevi ontem um post sobre a taxa de juros no Brasil, a valorização do real e as medidas sugeridas por especialistas, em reportagem da VEJA desta semana, para corrigir algumas distorções que estão em curso. Leiam lá. Fiz uma ironia: dadas as saídas apontadas, então precisamos de uma tirania virtuosa para aplicá-las porque os políticos não as adotarão — não, ao menos, se estiverem de olho nas urnas. É preciso um grande senso de dever para fazer a coisa certa, numa perspectiva de médio e longo prazos, mesmo correndo o risco da impopularidade no curto. Quem tem hoje esse senso de grandeza? Um dos economistas ouvidos é Alexandre Schwartsman, que tem um blog, como sabem, que recomendo: A Mão Visível. Ele me mandou o seguinte e-mail, que publico com a sua autorização. Trata-se, vocês lerão, de um pequeno artigo. Alexandre, concordem com ele ou não, tem uma virtude inegável entre muitas: é claro. Leiam.

Caro Reinaldo,

Como sempre gostei do seu artigo e aproveito para deixar claro que não acredito na incompatibilidade entre democracia e juros baixos. Só não acho que iremos convergir rapidamente para a taxa mundial de juros, como parecia ser a aposta de muitos dos meus colegas.

Para ser sincero, sou também simpático à tese da poupança; apenas não me parece razoável que esta explique toda a diferença entre o juro real brasileiro e o juro de países similares a nós.

Isso dito, no que tange à poupança, o principal entrave não aparenta vir do consumo das famílias (não muito distinto do consumo observado em outros países latino-americanos - embora esta ainda seja evidência insuficiente), mas sim do consumo público. No Brasil, o governo consome cerca de 20% do PIB. Este número, é bom dizer, não inclui as transferências feitas pelo governo às famílias (Previdência, Bolsa-Família, LOAS, RMV etc), mas apenas a parcela do produto apropriada pelo governo para seus próprios fins.

Em comparação, na média de Argentina, Chile, Colômbia e México, o consumo público roda em torno de 15% do PIB. A Colômbia, que apresentava consumo público próximo aos níveis brasileiros (até por conta de lutar uma guerra civil), conseguiu trazê-lo para valores mais em linha com os demais países da América Latina, o que sugere compatibilidade entre democracia e ajuste fiscal. Obviamente, compatibilidade não assegura o ajuste, mas, pelo menos, indica que não precisamos de um Pinochet para fazer nossa lição de casa.

De qualquer forma, minha opinião (que, diga-se, apenas tomei emprestado de economistas mais discretos) é que também a existência do crédito direcionado no volume que se observa no Brasil (praticamente um terço do total) pode explicar parcela grande da diferença entre nossa taxa de juros e a do resto do mundo. Aqui, eu diria que a democracia é obstáculo menor do que seria no caso do ajuste fiscal, até porque o crédito direcionado favorece apenas fração da população.

Mas não é por ser economista que sou ingênuo: minorias podem operar (e o fazem costumeiramente) para impor sua agenda como se fosse do interesse da população como um todo. Sempre digo que a estridência da Fiesp a cada reunião do Copom seria um choro bem-comportado perto do barulho que ouviremos quando (e se!) o CMN um dia ousar aumentar a TJLP. Ainda assim, creio que o balizamento do custo dos empréstimos do BNDES em torno da taxa de juros de (digamos) um título de 5 anos do Tesouro Nacional poderia fazer com que a Selic (e, portanto, a taxa de 5 anos) caísse. Não há como evitar um aumento nos custos do crédito direcionado, mas isso poderia ter efeitos benéficos sobre todo o resto.

Vai acontecer? Eu esperaria sentado, com um bom livro e uma pilha de DVDs, além de todas as amenidades possíveis, mas não acho que seja impossível (mesmo sendo difícil). Aliás, se acontecer, será antes do ajuste fiscal.

Abs,
Alex

Grave ameaca ao futuro da Humanidade: vamos pisar em ovos...

Eu sei que alguns humanos já têm cérebro de galinha, mas a ameaça é grave: vamos ser submergidos por um mar, oceanos de galináceos...
E vamos ter de andar miudinho....
Paulo Roberto de Almeida

Número de galinhas é três vezes maior do que o de humanos
Opinião e Notícia, 28/07/2011 (The Economist)

Chineses lideram rankings da ONU sobre criação de ovelhas, galinhas e porcos

De acordo com estatísticas da Organização de Alimentos e Agricultura das Nações Unidas, o número total de galinhas no mundo chega a 19 bilhões, o equivalente a três para cada ser humano. Bovinos têm uma população mundial de 1,4 bilhão. Ovelhas e porcos vêm em seguida, com um bilhão. O vasto apetite dos chineses faz do país o líder na criação de galinhas, porcos e ovelhas, enquanto os carnívoros brasileiros e os indianos lideram a criação de bovinos.

Na proporção de rebanho per capita, a Nova Zelândia mantém sua reputação e permanece como a maior pastora do planeta, com 7,5 ovelhas para cada habitante do país. O país também é, proporcionalmente, o segundo maior criador de gado bovino, com 2,3 vacas por pessoas, perdendo apenas para o Uruguai, com 3,7. No campo das galinhas, Brunei mantém os maiores índices, com 40 galinhas para cada cidadão.

Os gráficos abaixo apresentam o ranking dos números de quatro diferentes animais em diversos países.
Fontes: The Economist - "Counting chickens"

Ata do Copom: dançando sobre gelo fino

O Copom, coitado, gostaria de ter a colaboração do governo, na parte fiscal, para não ter de levar uma política monetária agressivamente restritiva, pois isso prejudica a atividade econômica, está claro.
Quem sabe se na próxima Ata (depois de 31 de agosto) ele não passa uns recados mais diretos aos malucos que estão no comando da economia?
A última Ata, como sempre, é bem educada. Talvez eles pudessem falar mais grosso da próxima vez.
Paulo Roberto de Almeida

160ª Reunião do Comitê de Política Monetária - Banco Central
Data: 19 e 20/7/2011
Local: Sala de reuniões do 8º andar (19/7) e do 20º andar (20/7) do Edifício-Sede do Banco Central do Brasil – Brasília – DF
Horário de início: 16h24 (19/7) e 16h15 (20/7)
Horário de término: 19h33 (19/7) e 18h47 (20/7)

Presentes:
Membros do Copom
Alexandre Antonio Tombini – Presidente
Aldo Luiz Mendes
Altamir Lopes
Anthero de Moraes Meirelles
Carlos Hamilton Vasconcelos Araújo
Luiz Awazu Pereira da Silva
Sidnei Corrêa Marques

Chefes de Departamento (presentes no dia 19)
Adriana Soares Sales – Departamento de Estudos e Pesquisas (também presente no dia 20)
Daso Maranhão Coimbra – Departamento de Operações Bancárias e de Sistema de Pagamentos
João Henrique de Paula Freitas Simão – Departamento de Operações do Mercado Aberto
Márcio Barreira de Ayrosa Moreira – Departamento de Operações das Reservas Internacionais
Renato Jansson Rosek – Departamento de Relacionamento com Investidores e Estudos Especiais
Tulio José Lenti Maciel – Departamento Econômico
Wagner Thomaz de Aquino Guerra Júnior – Departamento de Assuntos Internacionais

Demais participantes (presentes no dia 19)
Alexandre Pundek Rocha – Assessor do Gabinete do Presidente
André Minella – Consultor do Departamento de Estudos e Pesquisas
Emanuel Di Stefano Bezerra Freire – Chefe de Gabinete da Diretoria
Gustavo Paul Kurrle – Assessor de Imprensa
Nelson Ferreira Souza Sobrinho – Consultor do Departamento de Estudos e Pesquisas

Sumário
Evolução recente da economia
Avaliação prospectiva das tendências da inflação
Implementação da política monetária
Inflação
Atividade econômica
Expectativas e sondagens
Mercado de trabalho
Crédito e inadimplência
Ambiente externo
Comércio exterior e reservas internacionais
Mercado monetário e operações de mercado aberto

Os membros do Copom analisaram a evolução recente e as perspectivas para a economia brasileira e para a economia internacional, no contexto do regime de política monetária, cujo objetivo é atingir as metas fixadas pelo governo para a inflação.

Evolução recente da economia
1. A inflação medida pela variação mensal do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) situou-se em 0,15% em junho, após registrar alta de 0,47% em maio. Assim, a inflação acumulada em doze meses até junho alcançou 6,71% (6,55% em maio e 6,51% em abril), 1,87 ponto percentual (p.p.) acima da observada em igual período de 2010. O aumento da inflação nesse período reflete tanto o comportamento dos preços livres, que variaram 7,14% (5,11% em doze meses até junho de 2010), quanto o dos preços administrados, que se elevaram em 5,70% (4,21% no mesmo período de 2010). Especificamente sobre preços livres, cabe destacar que a variação dos preços dos bens comercializáveis alcançou 6,26% (2,98% em igual período de 2010), e a dos não comercializáveis, 7,89% (7,06% em igual período de 2010). A inflação no setor de serviços segue elevada, com variação mensal de 0,60% em junho, depois de alta de 0,59% em maio. No acumulado em doze meses até junho, a inflação de serviços atingiu 8,75% – maior nível desde setembro de 1997. Em síntese, o conjunto de informações disponíveis sugere persistência da alta de preços observada em 2010, processo liderado pelos preços livres, que, em parte, se reflete no fato de a inflação de serviços, que se caracteriza por inércia significativa, seguir em níveis elevados.

2. No primeiro semestre de 2011, o IPCA acumulou alta de 3,87%, 0,78 p.p. acima da inflação observada em igual período de 2010, com variação de 3,71% dos preços livres e de 4,25% dos administrados. Os grupos com maiores elevações foram Educação, Despesas pessoais e Vestuário, com variações de 7,45%, 5,10% e 4,36%, respectivamente, nos primeiros seis meses de 2011, ante 5,56%, 4,17% e 3,26%, respectivamente, em igual período de 2010. Esses grupos foram responsáveis por 1,35 p.p. da inflação plena no período. Já a alta de preços no grupo Alimentação e bebidas, de 3,11%, ficou 1,43 p.p. abaixo da observada no primeiro semestre de 2010. No acumulado em doze meses, entretanto, a trajetória dos preços desse grupo desempenha papel relevante na dinâmica da inflação plena, com variação de 8,90% em junho (8,20% em maio), refletindo, em parte, choques de oferta, domésticos e externos, potencializados pelo ambiente de elevada liquidez nos mercados financeiros internacionais e pelo aumento da demanda global.

3. As três principais medidas de inflação subjacente calculadas pelo Banco Central registraram evolução similar à da inflação plena: enquanto houve alta na variação acumulada em doze meses, a média das variações mensais recuou entre abril e junho. O núcleo do IPCA por médias aparadas com suavização deslocou-se de 0,60% em abril para 0,64% em maio e 0,54% em junho. O núcleo por dupla ponderação, após registrar 0,68% em abril, recuou para 0,59% em maio e para 0,42% em junho, enquanto o núcleo por exclusão passou de 0,52% em abril para 0,54% em maio, e para 0,56% em junho. Dessa forma, a média da variação dos três núcleos deslocou-se de 0,60% em abril para 0,59% em maio, recuando para 0,51% em junho. No acumulado em doze meses até junho, as três medidas de núcleo alcançaram 6,01%, 6,82% e 6,51%, respectivamente, ante 5,86%, 6,68% e 6,30% em maio, e 5,84%, 6,66% e 6,32% em abril. O índice de difusão do IPCA, que havia alcançado 59,38% em abril, aumentou para 64,84% em maio e recuou para 58,85% em junho, indicando, na margem, menor disseminação da alta de preços.

4. O Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) registrou deflação de 0,13% em junho, ante inflação de 0,01% em maio e de 0,50% em abril. No acumulado em doze meses até junho, a inflação, de acordo com esse índice, ficou em 8,63%, ante 5,07% em junho de 2010. Nesse critério, o índice vem desacelerando desde dezembro de 2010, quando registrou variação de 11,30%. O principal componente do indicador, o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), variou 9,61% em doze meses até junho, refletindo alta de 6,54% no IPA industrial e de 19,38% no IPA agrícola. Na desagregação segundo o estágio da produção, observou-se variação acumulada de 22,68% nos preços de matérias-primas brutas, 5,44% nos preços de bens intermediários e 4,58% nos preços de bens finais, na mesma base de comparação. Já a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPC), outro componente do IGP-DI, registrou alta de 6,40% no acumulado em doze meses até junho, superior aos 4,93% registrados nos doze meses até junho de 2010. Na mesma base de comparação, o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), componente de menor peso no IGP‑DI, variou 7,75% (6,48% em junho de 2010). Já o Índice de Preços ao Produtor/Indústria de Transformação (IPP/IT), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que mede o nível de preços na indústria excluindo o valor de fretes e impostos, registrou deflação de 0,55% em maio, após alta de 0,28% em abril e 0,39% em março. Em doze meses, a variação desse índice recuou para 5,60% em maio, de 6,68% em abril. Conforme destacado em Notas de reuniões anteriores, o Copom avalia que os efeitos do comportamento dos preços no atacado sobre os preços ao consumidor dependerão, entre outros fatores, das condições atuais e prospectivas da demanda, da exposição de cada setor à competição externa e interna e das expectativas dos formadores de preços em relação à trajetória futura da inflação.

5. O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) incorpora estimativa para a produção mensal dos três setores da economia, bem como para os impostos sobre produtos e, portanto, constitui importante indicador coincidente da atividade econômica. Considerando os dados ajustados sazonalmente, o IBC-Br apresentou crescimento de 0,2% em maio, após registrar elevações de 0,4% por três meses consecutivos (fevereiro a abril). Dessa forma, a taxa de crescimento no trimestre de março a maio, em relação ao trimestre anterior, foi de 1,3%. Persiste a tendência de moderação da taxa de crescimento do indicador no acumulado em doze meses, reduzindo-se de 5,7% em abril para 5,3% em maio. O Índice de Confiança de Serviços (ICS), da Fundação Getulio Vargas (FGV), recuou 1,4% em junho, após igual redução em maio e aumento de 3,0% em abril. O nível do indicador em junho ficou 0,1% acima do valor de junho de 2010, e 0,7% abaixo do nível médio de 2010.

6. A atividade fabril apresentou alta em maio, com avanço de 1,3% na produção industrial, de acordo com a série geral dessazonalizada pelo IBGE, após registrar recuo de 1,2% em abril e avanço de 0,3% em março. Dessa forma, a produção industrial atingiu novo recorde em maio. A taxa de crescimento da média móvel trimestral ficou em 0,2% no período de março a maio, patamar inferior ao crescimento de 0,4% medido entre fevereiro e abril. Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, a produção apresentou avanço de 2,7% em maio, enquanto no acumulado em doze meses a produção industrial mostrou expansão de 4,5% em maio, ante 5,4% registrados em abril, continuando em processo de moderação do ritmo de crescimento. Na comparação com dezembro de 2008, mês de menor medição da produção industrial durante a crise de 2008/2009, o crescimento acumulado até maio foi de 26,8%. O faturamento real da indústria vem apresentando evolução similar. A dinâmica de recuperação pós-crise foi amparada, parcialmente, pelo crescimento do financiamento da atividade industrial por parte de instituições financeiras públicas.

7. Entre as categorias de uso da indústria, segundo dados dessazonalidados pelo IBGE, houve avanço de 1,7% na produção de bens de capital em maio, de 1,5% na produção de bens intermediários e de 2,7% na produção de bens de consumo duráveis, enquanto a produção de bens de consumo não duráveis e semiduráveis ficou estável. Já no acumulado em doze meses até maio, a produção de bens intermediários registrou expansão de 4,7%, a produção de bens de consumo duráveis, 2,4%, e a produção de bens não duráveis e semiduráveis avançou 2,3%. Na mesma base de comparação, o crescimento da atividade da indústria de bens de capital é o maior entre as categorias de uso, com expansão de 11,5%. Tal comportamento evidencia a robustez do investimento, fator relevante na retomada econômica do período pós-crise.

8. A taxa de desemprego nas seis regiões metropolitanas cobertas pela Pesquisa Mensal de Emprego (PME), sem ajuste sazonal, passou de 6,4% em maio para 6,2% em junho (7,0% em junho de 2010). Após registrar 9,0% em março de 2009, a taxa observada não apenas recuou significativamente, como também atingiu o mínimo histórico para o mês de junho, na série iniciada em março de 2002. A taxa de desocupação dessazonalizada registrou 6,1% em junho, com aumento de 0,1 p.p. comparativamente à de maio. O emprego, medido pelo número de ocupados nas seis maiores regiões metropolitanas, na comparação com o mesmo mês do ano anterior, apresentou elevação de 2,3% em junho, depois de ter expandido 2,5% em maio. Dados divulgados pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) indicam que houve criação de 215,4 mil postos de trabalho em junho (213,0 mil em junho de 2010), com expansão do número de empregos formais em todos os oito setores de atividade econômica. Os setores que mais contribuíram para o aumento do número de empregos formais, em junho, foram o agrícola e o de serviços. De acordo com a PME, o rendimento médio real habitual observado em junho avançou 0,5% em relação a maio e 4,0% em relação a junho de 2010. Como consequência, a taxa de crescimento da massa salarial real, considerando o rendimento médio real habitual da população ocupada remunerada nas seis regiões metropolitanas, atingiu 6,2% em junho, ante o mesmo mês de 2010, depois de registrar alta de 6,6% em maio, e permanece como fator-chave para a sustentação do crescimento da demanda doméstica.

9. De acordo com dados da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) divulgada pelo IBGE, o volume de vendas do comércio ampliado cresceu 12,8% em maio, na comparação com o mesmo mês do ano anterior, depois de registrar alta de 12% em abril e queda de 2,7% em março, na mesma base de comparação. Na série com ajuste sazonal, a variação mensal do volume de vendas do comércio ampliado foi de 1% em maio, após ter atingido altas de 1,2% em abril e de 1,9% em março. Note-se, ainda, que a taxa de crescimento acumulada em doze meses ficou em 10,5% em maio (ante 10,2% nos dois meses anteriores). No acumulado em doze meses, todos os dez segmentos pesquisados mostraram expansão no volume de vendas, com destaques, em termos de crescimento, para Móveis e eletrodomésticos (17,2%), Equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação (16,7%) e Materiais de construção (13,9%). Nos próximos meses, a trajetória do comércio continuará a ser influenciada pelas transferências governamentais, pelo ritmo de crescimento da massa salarial real, pela confiança dos consumidores e pela expansão do crédito.

10. O Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci) na indústria de transformação, calculado pela FGV, sem ajuste sazonal, permaneceu inalterado em junho (84,1%), em relação a maio. Esses valores de maio e de junho situam-se 0,5 p.p. e 1,0 p.p., respectivamente, abaixo dos valores observados no mesmo período de 2010. Com o ajuste sazonal, calculado pela FGV, o valor do Nuci recuou para 84,3% em junho (igual valor de março de 2011), após registrar 84,4% nos dois meses anteriores. A utilização de capacidade é maior no setor de materiais de construção (87,2%) e no de bens intermediários (86,3%). Na margem, o setor de materiais de construção manteve-se estável, o setor de bens intermediários apresentou elevação de 0,2 p.p., o de bens de consumo, de 0,3 p.p., enquanto o setor de bens de capital apresentou queda de 0,1 p.p. Segundo os dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI), dessazonalizados pelo Banco Central, o Nuci atingiu 82,4% em maio, ante 82,1% observados no mês de abril. De fato, as taxas de utilização da capacidade instalada têm se mostrado relativamente estáveis, em patamares elevados, refletindo a expansão recente da atividade econômica, cujos efeitos ainda não foram compensados totalmente pela maturação dos investimentos. A propósito, a absorção de bens de capital apresentou crescimento de 18,7% no acumulado em doze meses até maio, enquanto a produção de insumos para a construção civil cresceu 6,7%. Conforme assinalado em Notas anteriores das reuniões do Copom, a trajetória da inflação mantém estreita relação com os desenvolvimentos correntes e prospectivos no tocante à ampliação da oferta de bens e de serviços para o adequado atendimento da demanda.

11. O saldo da balança comercial acumulado em doze meses aumentou de US$23,1 bilhões em maio para US$25,3 bilhões em junho. Esse resultado adveio de exportações de US$231 bilhões e importações de US$205,8 bilhões, ou variações de 34,1% e 34,5%, respectivamente, no acumulado em doze meses até junho. O déficit em transações correntes acumulado em doze meses passou de US$48,9 bilhões em abril para US$51 bilhões em maio, equivalente a 2,29% do PIB. Por sua vez, os investimentos estrangeiros diretos totalizaram US$64,1 bilhões em doze meses até maio, equivalente a 2,88% do PIB, superando a necessidade de financiamento externo.

12. A recuperação da economia global segue em velocidades distintas e com pressões inflacionárias assimétricas. As evidências apontam moderação da atividade na margem, em parte refletindo o aumento da incerteza global, a perda de dinamismo da recuperação norte-americana, o elevado preço do petróleo, bem como os efeitos do aperto monetário em importantes economias emergentes. De fato, o indicador antecedente composto divulgado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), por exemplo, sinalizou continuidade da recuperação mundial em maio, mas com moderação, ainda que potencial, nas principais economias. Já o Purchasing Managers Index (PMI) para a economia global, um indicador do nível de atividade na indústria e no setor de serviços, passou de 52,7 em maio para 52,2 em junho, o que representa o segundo menor valor desde o início da recuperação mundial (agosto de 2009). Os indicadores PMI desagregados indicam menor dinamismo nos Estados Unidos da América (EUA) e na Zona do Euro (com contração da atividade na Itália e na Espanha). As perspectivas macroeconômicas para a Zona do Euro continuam apresentando fortes assimetrias, pois, enquanto algumas economias permanecem impactadas por riscos de insolvência e sujeitas a fortes ajustes fiscais, o ritmo da expansão continua sustentado em outras regiões, como na Alemanha. Em relação à reunião anterior do Copom, a percepção do mercado sobre a situação fiscal na Zona do Euro e, em particular, suas implicações sobre o sistema financeiro regional – mesmo após a divulgação dos testes de estresse – apresentaram deterioração relevante, e permanecem incertezas em relação a questões da dívida americana. No que se refere à política monetária, as economias maduras continuaram com posturas acomodatícias. Sobre inflação, apesar da aceleração recente, os núcleos persistem em níveis moderados no grupo de países do G3 (EUA, Zona do Euro e Japão). Nos países emergentes, observam-se pressões inflacionárias disseminadas e, desde a última reunião do Copom, houve continuidade dos apertos das condições monetárias em diversas economias. Em particular, o banco central chinês elevou novamente as taxas de referência para depósitos e empréstimos, totalizando, desde outubro de 2010, nove aumentos de requerimentos compulsórios e cinco elevações nas taxas de juros.

13. O preço do barril de petróleo do tipo Brent mostrou-se volátil e permanece acima de US$115. Esse nível de preços é consistente com um quadro de aparente fortalecimento da demanda global, bem como de elevada instabilidade política em alguns países do Oriente Médio e do norte da África, a despeito da intensidade decrescente dos conflitos. Cabe ressaltar que a complexidade geopolítica que envolve o setor do petróleo tende a acentuar o comportamento volátil dos preços, que é reflexo, também, da baixa previsibilidade de alguns componentes da demanda global e do fato de o crescimento da oferta depender de projetos de investimentos de longa maturação e de elevado risco. Em relação às demais commodities, destaca-se a moderação dos preços internacionais das agrícolas e metálicas, após sucessivos meses com elevações relevantes. Em particular, os preços a vista do minério de ferro negociado na China oscilaram em patamares semelhantes aos do início do ano. O Índice de Preços de Alimentos, calculado pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), que compreende 55 itens, vem apresentando certa estabilidade nos últimos meses, mas continua em patamares elevados. No passado recente, a alta volatilidade dos preços das commodities foi fortemente influenciada pela ampla liquidez global, em contexto no qual os mercados financeiros se ajustam às novas expectativas de crescimento da demanda e à volatilidade nos mercados de câmbio.

Avaliação prospectiva das tendências da inflação
14. Os choques identificados, e seus impactos, foram reavaliados de acordo com o novo conjunto de informações disponível. O cenário considerado nas simulações contempla as seguintes hipóteses:
a) a projeção de reajuste no preço da gasolina para o acumulado de 2011 permaneceu em 4,0%, considerados na reunião do Copom de junho, contemplando, portanto, reversão parcial da elevação de 6,1% ocorrida até junho; e a projeção para o reajuste no preço do gás de bujão, para o acumulado de 2011, foi mantida em 0%;
b) a projeção de reajuste das tarifas de telefonia fixa, para o acumulado em 2011, reduziu-se para 0,9%, ante 2,9% considerados na reunião de junho, enquanto a de eletricidade elevou-se para 4,1%, ante 2,8% considerados na reunião de junho;
c) a projeção de reajuste, construída item a item, para o conjunto de preços administrados por contrato e monitorados para o acumulado de 2011, segundo o cenário de referência, elevou-se para 4,9%, ante os 4,6% considerados na reunião de junho. Esse conjunto de preços, de acordo com os dados publicados pelo IBGE, correspondeu a 29,08% do total do IPCA de junho;
d) a projeção de reajustes para o conjunto de preços administrados por contrato e monitorados para o acumulado de 2012, conforme o cenário de referência, elevou-se para 4,4%, ante 4,3% considerados na reunião do Copom de junho. Essa projeção se baseia em modelos de determinação endógena de preços administrados, que consideram, entre outros, componentes sazonais, variações cambiais, inflação de preços livres e inflação medida pelo Índice Geral de Preços (IGP); e
e) a trajetória estimada para a taxa do swap pré-DI de 360 dias indica spread sobre a taxa Selic, no cenário de referência, de 44 pontos base (p.b.) e de -46 p.b. para o quarto trimestre de 2011 e de 2012, respectivamente.

15. Em relação à política fiscal, considera-se o cumprimento da meta de superávit primário de R$117,9 bilhões (ou cerca de 2,9% do PIB), sem ajustes, em 2011, conforme parâmetros constantes da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) – 2011. Além disso, admite-se, como hipótese de trabalho, superávit primário de R$139,8 bilhões (ou cerca de 3,1% do PIB) em 2012, conforme parâmetros constantes do Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) – 2012, inclusive no que se refere ao aumento projetado para o salário mínimo em 2012.

16. No conjunto das projeções, foram incorporados os efeitos estimados das alterações dos recolhimentos compulsórios anunciadas em dezembro de 2010.

17. Desde a última reunião do Copom, a mediana das projeções coletadas pelo Departamento de Relacionamento com Investidores e Estudos Especiais (Gerin) para a variação do IPCA em 2011 elevou-se para 6,31%, de 6,22%. Para 2012, a mediana das projeções de inflação se deslocou de 5,10% para 5,20%. Nos casos específicos de bancos, gestoras de recursos e demais instituições (empresas do setor real, distribuidoras, corretoras, consultorias e outras), a mediana das projeções para 2011 se deslocou de 6,21%, 6,22% e 6,27%, para 6,28%, 6,38% e 6,31%, respectivamente. Para 2012, a mediana das projeções se deslocou de 5,00%, 5,40% e 5,00%, para 5,01%, 5,40% e 5,05%, na mesma ordem.

18. O cenário de referência leva em conta as hipóteses de manutenção da taxa de câmbio em 1,60 R$/US$ e da taxa Selic em 12,25% ao ano (a.a.) em todo o horizonte relevante. Nesse cenário, a projeção para a inflação de 2011 se elevou ligeiramente em relação ao valor considerado na reunião do Copom de junho, e se encontra acima do valor central de 4,5% para a meta fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). No cenário de mercado, que leva em conta as trajetórias de câmbio e de juros coletadas pelo Gerin, com analistas de mercado, no período imediatamente anterior à reunião do Copom, a projeção de inflação para 2011 também se elevou ligeiramente e se encontra acima do valor central da meta para a inflação. Para 2012, a projeção se manteve estável no cenário de referência e no de mercado, acima do valor central da meta nos dois casos. No que se refere ao primeiro semestre de 2013, a projeção de inflação se elevou, no cenário de referência, e permaneceu estável, no cenário de mercado, posicionando-se ao redor do centro da meta em ambos os cenários. Em um cenário alternativo, que leva em conta a manutenção da taxa de câmbio, no horizonte relevante, em patamares semelhantes aos observados no passado recente; e a trajetória de juros coletada pelo Gerin, a projeção de inflação se encontra acima da meta para 2011 e para 2012, e em torno da meta no primeiro semestre de 2013.

Implementação da política monetária
19. O Copom avalia que a política monetária deve contribuir para a consolidação de um ambiente macroeconômico favorável em horizontes mais longos. Nesse sentido, reitera que, no regime de metas para a inflação, orienta suas decisões de acordo com os valores projetados para a inflação pelo Banco Central e com base na análise de cenários alternativos para a evolução das principais variáveis que determinam a dinâmica dos preços. O Comitê entende, também, que riscos baixos para a inflação subjacente no curto prazo tendem a reduzir incertezas em relação ao comportamento futuro da inflação plena, facilitam a avaliação de cenários por parte da autoridade monetária, assim como auxiliam no processo de coordenação de expectativas dos agentes econômicos, em particular, dos formadores de preços. Note-se, adicionalmente, que riscos baixos para a inflação subjacente no curto prazo tendem a potencializar os efeitos das ações de política monetária, fazendo com que elas possam afetar de forma mais duradoura a dinâmica da inflação plena no futuro. Embora reconheça que outras ações de política macroeconômica podem influenciar a trajetória dos preços, o Copom reafirma sua visão de que cabe especificamente à política monetária manter-se especialmente vigilante para garantir que pressões detectadas em horizontes mais curtos não se propaguem para horizontes mais longos.

20. A evidência internacional, no que é ratificada pela experiência brasileira, indica que taxas de inflação elevadas levam ao aumento dos prêmios de risco, tanto para o financiamento privado quanto para o público, e ao encurtamento dos horizontes de planejamento, tanto das famílias quanto das empresas. Consequentemente, taxas de inflação elevadas reduzem os investimentos e o potencial de crescimento da economia, além de terem efeitos regressivos sobre a distribuição de renda. De outra forma, taxas de inflação elevadas não trazem qualquer resultado duradouro em termos de crescimento da economia e do emprego, mas, em contrapartida, trazem prejuízos permanentes para essas variáveis no médio e no longo prazos. Assim, a estratégia adotada pelo Copom visa assegurar a convergência da inflação para a trajetória de metas, o que exige a pronta correção de eventuais desvios em relação a essa trajetória. Tal estratégia leva em conta as defasagens do mecanismo de transmissão e é a mais indicada para lidar com a incerteza inerente ao processo de formulação e de implementação da política monetária.

21. Como consequência da estabilização e da correção de desequilíbrios, as quais determinaram mudanças estruturais importantes, o processo de amadurecimento do regime de metas se encontra em estágio avançado, e isso se reflete favoravelmente na dinâmica da taxa de juros neutra e na potência da política monetária. Evidências a esse respeito são oferecidas, entre outros, pelo cumprimento das metas para a inflação nos últimos sete anos, ao mesmo tempo em que as taxas reais de juros recuaram. Progressos na estrutura dos mercados financeiros, redução do prêmio de risco cambial e do inflacionário, entre outros, parecem ter determinado redução significativa da taxa neutra. Também contribuiu para isso a geração de superávits primários consistentes com a manutenção de tendência decrescente para a relação entre dívida pública e PIB. Em outra perspectiva, alguns desses desenvolvimentos, combinados a outros, como o alargamento de prazo dos contratos, também sugerem que o poder da política monetária no Brasil vem aumentando ao longo dos últimos anos, não obstante a substancial incerteza que envolve o dimensionamento de variáveis não observáveis. O Comitê também pondera que há evidências de que a tração da política monetária aumentou no passado recente e, comparativamente ao que se observava há alguns anos, atualmente pressões inflacionárias são contidas com mais eficiência por meio de ações de política monetária.

22. O Copom observa que, desde sua última reunião, houve deterioração adicional dos mercados internacionais, com a volatilidade e a aversão ao risco se elevando, em grande parte, alimentadas por extraordinários níveis de liquidez e por incertezas crescentes quanto ao ritmo de recuperação da atividade global. Nesse período, aumentaram as preocupações com dívidas de países e de bancos europeus, inclusive de economias centrais, e com a possibilidade de desaceleração da atividade econômica na China. Observou-se recuo nos preços de importantes commodities, notadamente das agrícolas e, ao mesmo tempo, certa estabilidade na cotação da moeda norte‑americana. De modo geral, entretanto, as perspectivas para o financiamento externo da economia brasileira seguem favoráveis. Em outra frente, a trajetória dos índices de preços mostra clara disseminação de pressões inflacionárias nas principais economias.

23. O Copom pondera que, embora esteja em curso moderação da expansão da demanda doméstica, são favoráveis as perspectivas para a atividade econômica. Essa avaliação encontra suporte em sinais que, apesar de indicarem certo arrefecimento, apontam que a expansão da oferta de crédito tende a persistir tanto para pessoas físicas quanto para pessoas jurídicas; e no fato de a confiança de consumidores e de empresários se encontrar em níveis historicamente elevados, a despeito de acomodação na margem, entre outros fatores. O Comitê entende, adicionalmente, que o dinamismo da atividade doméstica continuará a ser favorecido pelo vigor do mercado de trabalho, que se reflete em taxas de desemprego historicamente baixas e em substancial crescimento dos salários.

24. O Copom entende que o cenário prospectivo para a inflação, desde sua última reunião, mostra sinais mais favoráveis. No último trimestre de 2010 e no primeiro deste ano, a inflação foi forte e negativamente influenciada por choques de oferta domésticos e externos. As evidências sugerem que os preços ao consumidor já incorporaram os efeitos diretos desses choques. Também foram relevantes efeitos diretos da concentração atípica de reajustes de preços administrados ocorrida no primeiro trimestre deste ano, que, em casos específicos, mostram sinais de reversão. O Comitê pondera que esses efeitos ainda deverão impactar indiretamente a dinâmica dos preços ao consumidor, entre outros mecanismos, via inércia. Ao mesmo tempo, avalia como relevantes os riscos derivados da persistência do descompasso entre as taxas de crescimento da oferta e da demanda, apesar dos sinais de que esse descompasso tende a diminuir. Destaca, além disso, a estreita margem de ociosidade dos fatores de produção, especialmente de mão de obra, e pondera que, em tais circunstâncias, um risco muito importante reside na possibilidade de concessão de aumentos de salários incompatíveis com o crescimento da produtividade e suas repercussões negativas sobre a dinâmica da inflação. No final do ano passado e início deste ano, os riscos associados à trajetória dos preços das commodities nos mercados internacionais foram chave para o cenário prospectivo, entretanto, desde abril esses preços mostram certa acomodação.

25. O Copom prevê dois momentos distintos para a trajetória de inflação, segundo o cenário central para 2011. Neste trimestre, a inflação acumulada em doze meses tende a permanecer em patamares superiores àquele observado no segundo trimestre. Isso, em grande parte, explica-se pela elevada inércia trazida de 2010, pela duração de choques que atingiram a economia no final do ano passado, que se estenderam para o primeiro trimestre deste ano, que se refletem no fato de as projeções de inflação para o bimestre julho/agosto de 2011 apontarem taxas médias mensais superiores às registradas no mesmo período de 2010. Entretanto, a partir do quarto trimestre, o cenário central indica tendência declinante para a inflação acumulada em doze meses, ou seja, deslocando-se na direção da trajetória de metas.

26. O Copom reafirma que o cenário central para a inflação leva em conta a materialização das trajetórias com as quais trabalha para as variáveis fiscais. Importa destacar que a geração de superávits primários compatíveis com as hipóteses de trabalho contempladas nas projeções de inflação, além de contribuir para arrefecer o descompasso entre as taxas de crescimento da demanda e da oferta, solidificará a tendência de redução da razão dívida pública sobre produto. A propósito, cabe enfatizar que, desde o início deste ano, importantes decisões foram tomadas e executadas, e reforçam a visão de que está em curso um processo de consolidação fiscal.

27. O Copom destaca que o cenário central também contempla moderação na expansão no mercado de crédito, para a qual contribuem ações macroprudenciais e ações convencionais de política monetária recentemente adotadas. Ainda sobre esse mercado, o Comitê considera oportuna a introdução de iniciativas no sentido de moderar concessões de subsídios por intermédio de operações de crédito.

28. Em suma, o Copom reconhece um ambiente econômico em que prevalece nível de incerteza crescente e acima do usual, e identifica riscos à concretização de um cenário em que a inflação convirja tempestivamente para o valor central da meta. Desde a última reunião, no âmbito externo, as evidências apontam moderação adicional no processo de recuperação em que se encontram as economias do G3 e, em outra perspectiva, ainda revelam influência ambígua sobre o comportamento da inflação doméstica. No âmbito interno, ações macroprudencias e, principalmente, ações convencionais de política monetária recentemente implementadas ainda terão seus efeitos incorporados à dinâmica dos preços, processo que tende a se acentuar neste semestre. Embora incertezas elevadas e crescentes que cercam o cenário global e, em escala marcadamente menor, o cenário doméstico, não permitam identificar com clareza o grau de perenidade de pressões inflacionárias recentes, o Comitê avalia que o cenário prospectivo para a inflação mostra sinais mais favoráveis.

29. Nesse contexto, avaliando o cenário prospectivo e o balanço de riscos para a inflação, o Copom decidiu, por unanimidade, neste momento, elevar a taxa Selic para 12,50% a.a., sem viés.

30. A demanda doméstica se apresenta robusta, em grande parte devido aos efeitos de fatores de estímulo, como o crescimento da renda e a expansão do crédito. Além disso, em que pese iniciativas recentes apontarem contenção das despesas do setor público no primeiro semestre, impulsos fiscais e creditícios haviam sido aplicados na economia anteriormente, e ainda deverão contribuir para a expansão da atividade e, consequentemente, para que o nível de ociosidade dos fatores se mantenha em patamares baixos. Aos efeitos desses estímulos, entretanto, contrapõem-se os efeitos da reversão de iniciativas tomadas durante a crise financeira de 2008/2009, os das recentes ações macroprudenciais e, principalmente, os das ações convencionais de política monetária implementadas neste ano. Esses elementos e os desenvolvimentos no âmbito fiscal e parafiscal são parte importante do contexto no qual decisões futuras de política monetária serão tomadas, com vistas a assegurar a convergência tempestiva da inflação para a trajetória de metas.

31. Ao final da reunião, foi registrado que o Comitê voltará a se reunir em 30 de agosto de 2011, para as apresentações técnicas, e no dia seguinte, para deliberar sobre a política monetária, conforme estabelecido pelo Comunicado nº 20.223, de 15 de outubro de 2010.

SUMÁRIO DOS DADOS ANALISADOS PELO COPOM
Inflação
32. O IPCA variou 0,15% em junho, ante 0,47% em maio, de acordo com os dados divulgados pelo IBGE. No primeiro semestre do ano, o IPCA acumulou variação de 3,87%, ante 3,09% em igual período de 2010. No acumulado em doze meses até junho, o índice variou 6,71%, comparativamente a 6,55% até maio. A variação dos preços livres recuou de 0,44% em maio para 0,26% em junho, refletindo desaceleração tanto nos preços de comercializáveis, de 0,36% para 0,19%, quanto nos de não comercializáveis, de 0,50% para 0,32%. Os preços monitorados variaram 0,12% em junho, ante 0,55% em maio, influenciados, principalmente, pela redução de 3,94% no item gasolina. Os grupos Transportes e Alimentação e bebidas foram os principais responsáveis pela desaceleração do índice no mês, com contribuições respectivas de -0,12 p.p. e -0,06 p.p. O índice de difusão situou-se em 58,85% em junho, ante 64,84% em maio.

33. Os preços livres aumentaram 7,14% no acumulado em doze meses até junho, ante 6,80% em maio, enquanto os monitorados apresentaram desaceleração de 5,96% para 5,70% nos períodos considerados. Entre os preços livres, a variação em doze meses de produtos comercializáveis acelerou de 5,96% em maio, para 6,26% em junho, e a de produtos não comercializáveis, de 7,53% para 7,89%. Os preços do segmento de serviços, que apresentam maior grau de persistência, aumentaram 8,75% em junho, ante 8,54% em maio e 6,82% em junho do ano anterior.

34. As três medidas de núcleo do IPCA calculadas pelo Banco Central registraram aceleração no acumulado de doze meses encerrado em junho, na comparação com o mês anterior. Na comparação mensal, entretanto, apenas o núcleo por exclusão, que exclui dez itens de alimentação no domicílio e combustíveis, registrou elevação, atingindo 0,56% em junho, ante 0,54% em maio, e acumulando elevação de 6,51% nos doze meses até junho, ante 6,30% no mês anterior. O núcleo pelo critério de médias aparadas com suavização variou 0,54% em junho, ante 0,64% em maio, acumulando 6,01% em doze meses, contra 5,86% em maio. O núcleo de dupla ponderação cresceu 0,42% em junho, contra 0,59% em maio, tendo acumulado 6,82% em doze meses, ante 6,68% no mês anterior.

35. O IGP-DI variou -0,13% em junho, após alta de 0,01% em maio, acumulando elevações de 2,95% no ano e de 8,63% nos últimos doze meses, comparativamente a 9,14% em maio, de acordo com a FGV. No mês, a queda do IGP-DI refletiu as variações negativas do IPC e do IPA e a desaceleração do INCC.

36. O IPA apresentou variação de -0,19% no mês, após -0,63% em maio, acumulando variações de 2,22% no ano e de 9,61% em doze meses. Os preços dos produtos agropecuários variaram -1,11% em junho, após variação de -3,19% em maio, acumulando aumento de 0,51% no ano e de 19,38% em doze meses. Os preços dos produtos industriais apresentaram elevação de 0,13% no mês, ante 0,32% em maio, acumulando altas de 2,84% no ano e de 6,54% em doze meses. Relativamente aos produtos agropecuários, a retração no mês foi mais fortemente influenciada pelas quedas dos preços da laranja, -16,20% em junho, ante -22,47% em maio; e de suínos, aves e bovinos, -12,57%, -4,93% e -2,17% em junho, respectivamente, ante -5,49%, -5,22% e -2,33% no mês anterior. Entre os produtos industriais, as principais contribuições para a desaceleração da inflação foram carnes, produtos de carnes e pescados, -0,10 p.p., e açúcar, -0,07 p.p.

37. O IPC variou -0,18% em junho, após elevação de 0,51% em maio, acumulando 3,80% no ano e 6,40% em doze meses. No mês, os grupos alimentação e transportes foram os responsáveis pela queda do índice, com contribuições de -0,30 p.p. e -0,14 p.p., respectivamente. O INCC variou 0,37% no mês, ante 2,94% em maio, consequência da desaceleração do aumento dos preços de mão de obra, de 5,48% em maio para 0,36% em junho, e de materiais, equipamentos e serviços, de 0,51% para 0,38%, na mesma base comparativa. O INCC acumulou variações de 5,60% no ano e de 7,75% em doze meses.

38. O IPP/IT recuou -0,55% em maio, ante alta de 0,28% em abril, acumulando aumento de 1,13% no ano e de 5,60% nos doze encerrados em maio, 6,68% no mês anterior. O resultado do mês foi influenciado pela contração dos preços nos setores de alimentos e de produção de derivados de petróleo, coque e biocombustíveis, que contribuíram com variações de -0,36 p.p. e -0,23 p.p., respectivamente, para o IPP/IT no mês. No acumulado do ano, a variação do índice refletiu especialmente a queda dos preços de alimentos, com contribuição de -0,66 p.p ao indicador.

39. O Índice de Commodities Brasil (IC-Br) recuou 1,56% em junho, terceiro mês consecutivo de desvalorização, em meio aos recuos respectivos de 1,25%, 3,55% e 0,15% dos subíndices referentes aos segmentos agropecuária, metal e energia. No trimestre encerrado em junho, houve variação negativa de 7,51%, com retrações de 10,43%, 7,08% e 0,44% em agropecuária, metal e energia, respectivamente. No ano e em doze meses, o índice acumula aumentos de 1,43% e 31,65%, na ordem.

Atividade econômica
40. O IBC-Br cresceu 0,2% em maio ante abril, considerados dados dessazonalizados. Pela série observada, o IBC-Br aumentou 4,2% em relação a maio de 2010, acumulando elevações de 4% no ano e de 5,3% em doze meses.

41. As vendas do comércio ampliado, que inclui veículos e materiais de construção, aumentaram 1% em maio em relação a abril, segundo dados dessazonalizados da PMC, do IBGE, após elevação de 1,2% em abril. Em consequência, a média do trimestre encerrado em maio cresceu 2,7% relativamente ao trimestre encerrado em fevereiro. Na comparação mensal, houve alta em oito dos dez segmentos pesquisados, com ênfase na expansão de 11,6% em Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação. O volume de vendas do comércio varejista cresceu 0,6% em maio, comparativamente ao mês anterior, na série com ajuste sazonal, após contração de 0,2% em abril, enquanto a média trimestral registrou elevação de 1,6% em relação ao trimestre finalizado em fevereiro.

42. Considerados os dados observados, as vendas do comércio ampliado apresentaram aumento interanual de 12,8% em maio, influenciadas principalmente pelos aumentos de 25,9% nas vendas de Veículos e motos, partes e peças, e de 20,4% nas de Móveis e eletrodomésticos. No acumulado de doze meses, o comércio ampliado registrou crescimento de 10,5%, favorecido pela elevação das vendas nos segmentos relativos a Móveis e eletrodomésticos, 17,2%, Equipamento e material para escritório, informática e comunicação, 16,7%, e Material de construção, 13,9%.

43. As vendas de autoveículos pelas concessionárias, incluindo automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus, registraram aumento mensal de 1% em junho, de acordo com dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), dessazonalizados pelo Banco Central, acumulando queda de 1,3% no segundo trimestre, em comparação com o primeiro. As vendas de autoveículos aumentaram 10% no acumulado do ano, influenciadas pelas altas em ônibus, 23,7%, comerciais leves, 18,7%, caminhões, 17%, e automóveis, 7,2%. No acumulado nos doze meses encerrados em junho, foi registrada elevação de 12,3%, com ênfase no crescimento de 26,4% em caminhões, de 23,7% em comerciais leves e de 22,5% em ônibus.

44. O índice de quantum das importações de bens de capital, divulgado pela Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex) e ajustado sazonalmente pelo Banco Central, registrou retração de 1,8% em junho, ante maio. A análise dos dados observados indicou crescimento de 17,8% na comparação com junho de 2010, de 26% no acumulado do ano até junho e de 39,2% no acumulado em doze meses.

45. A produção de bens de capital registrou expansão de 1,7% em maio, acumulando alta de 4,4% no trimestre, relativamente ao finalizado em fevereiro, de acordo com dados dessazonalizados da Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física (PIM-PF), do IBGE. O resultado mensal foi influenciado principalmente pelas elevações de 10,1% na produção de bens de capital para o setor agrícola e de 8% para construção, enquanto as maiores contrações foram registradas nos segmentos de equipamentos para fins industriais não seriados, -5%, e para o setor de energia elétrica, -4%. A produção de bens de capital cresceu 7,1% na comparação com maio de 2010, acumulando aumentos de 6,4% no ano e de 11,5% no período de doze meses encerrados em maio.

46. A produção de insumos típicos da construção civil cresceu 3,6% em maio, ante abril, e recuou 0,2% no trimestre encerrado em maio, em relação ao finalizado em fevereiro, pela série com ajuste sazonal. O segmento registrou elevação de 3,9% em relação a maio de 2010, acumulando aumentos de 3,5% no ano e de 6,7% nos últimos doze meses.

47. Os desembolsos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) somaram R$166,5 bilhões no acumulado dos últimos doze meses encerrados em abril, aumento de 13,8% em relação a igual período de 2010, com ênfase na expansão de 26,1% dos recursos direcionados à indústria de transformação e de 5,23% naqueles direcionados ao setor de comércio e serviços. No primeiro quadrimestre do ano, os desembolsos decresceram 5,4% na comparação com igual período de 2010, com 40% do valor total destinado ao setor de infraestrutura, seguido por indústria, 31%, comércio e serviços, 20%, e agropecuária, 9%.

48. A produção da indústria geral cresceu 1,3% em maio em relação ao mês anterior, pela série com ajuste sazonal da PIM-PF, do IBGE, com ênfase para a expansão de 2,7% em bens de consumo duráveis. Em relação a maio de 2010, a produção da indústria apresentou expansão de 2,7%, destacando-se o aumento de 7,1% em bens de capital. As elevações no acumulado do ano e no período de doze meses encerrado em maio alcançaram 1,8% e 4,5%, respectivamente, em relação a iguais períodos do ano anterior, sobressaindo os aumentos da indústria de bens de capital, de 6,4% e de 11,5%, nas mesmas bases de comparação.

49. O Nuci da indústria de transformação, calculado pela FGV, recuou 0,1 p.p. em junho ante maio, para 84,3%, segundo dados dessazonalizados. O resultado refletiu elevação de 0,2 p.p. em bens intermediários, estabilidade em material de construção e retrações de 0,3 p.p., 0,2 p.p. e 0,1 p.p. em bens de consumo duráveis, não duráveis e em bens de capital, respectivamente, na comparação mensal. Considerada a série observada, o Nuci recuou 1 p.p. em relação a junho de 2010, influenciado pelas quedas nos indicadores das indústrias de material de construção, -3 p.p., e de bens de consumo, -2 p.p., e considerados os aumentos de 1,4 p.p. em bens de capital e de 0,1 p.p. em bens intermediários.

50. A produção de autoveículos atingiu 295,6 mil unidades em junho, de acordo com dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), representando expansão de 0,6% em relação a maio, considerados dados dessazonalizados pelo Banco Central. A produção do setor aumentou 4,1% em relação a junho de 2010 e 3,8% no acumulado do ano.

51. O licenciamento de autoveículos nacionais registrou crescimento de 0,5% em junho, ante maio, pela série dessazonalizada pelo Banco Central, e de 8,6% em relação a junho de 2010. As exportações apresentaram variações de 4,2% e de -10,9% nas mesmas bases de comparação. No acumulado do ano e em doze meses, o licenciamento aumentou 3,9% e 7,3%, enquanto as exportações variaram 2,8% e 12,1%, respectivamente.

52. O Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) do IBGE, referente ao mês de junho, projetou safra de grãos para 2011 de 161,5 milhões de toneladas, 8% superior à registrada em 2010. Considerando-se as três principais culturas, estimam-se elevações de 18,1% na safra de arroz, de 9,3% na de soja e de 3,2% na de milho.

Expectativas e sondagens
53. O Índice de Confiança do Consumidor (ICC), considerados dados dessazonalizados da Sondagem de Expectativas do Consumidor, da FGV, de abrangência nacional, elevou-se 2,3% em junho, situando-se em 118 pontos, revertendo tendência de queda observada nos últimos três meses. O resultado mensal decorreu de elevações de 1% no Índice da Situação Atual (ISA) e de 3,2% no Índice de Expectativas (IE). Na comparação interanual, o ICC apresentou recuo de 1,1% em relação a junho de 2010, influenciado pelo declínio de 4,9% no IE, enquanto o ISA cresceu 4,9%.

54. O Índice de Confiança da Indústria (ICI), considerados dados dessazonalizados da Sondagem Conjuntural da Indústria de Transformação, da FGV, declinou 2,5% em junho, atingindo 107,1 pontos. O resultado foi influenciado pelas quedas de 3,5% no ISA e de 1,7% no IE. O ICI apresentou desempenho desfavorável pelo sexto mês consecutivo na comparação interanual, com recuo de 7,3% em relação a junho de 2010, resultado de variações de -9,8% no ISA e de -4,6% no IE.

55. O ICS, da FGV, registrou retração mensal de 1,4% em junho, dados livres de influência sazonal, mesmo desempenho do mês anterior, refletindo reduções de 2,8% no ISA e de 0,3% no IE. O ICS apresentou elevação de 0,1% em relação a junho de 2010, resultado de queda de 3,3% no ISA e de expansão de 2,9% no IE.

Mercado de trabalho
56. Segundo dados divulgados pelo Cadastro Geral dos Empregados e Desempregados (Caged) do MTE, foram criados 215,4 mil empregos formais em junho, representando expansão de 0,4% em relação a maio, considerados dados dessazonalizados. Desse total, 75,2 mil postos foram criados na agropecuária, 53,5 mil no setor de serviços, 30,5 mil na construção civil, 30 mil no comércio e 22,6 mil na indústria. No acumulado no ano, o saldo atingiu 1,3 milhão de postos, ante 1,5 milhão de vagas geradas em igual período de 2010. Consideradas as estatísticas acumuladas em doze meses até junho, foram abertos 1,9 milhão de empregos formais, comparativamente a 2 milhões de postos acumulados até março.

57. A taxa de desemprego aberto recuou 0,2 p.p. em relação a maio, atingindo 6,2%, a menor taxa histórica para o mês, e 0,8 p.p. menor que a taxa registrada no mesmo mês do ano anterior, resultado de quedas de 0,2% na ocupação e de 0,4% na População Economicamente Ativa (PEA), de acordo com os dados da PME do IBGE, realizada nas seis principais regiões metropolitanas do país. Considerando dados dessazonalizados, o desemprego situou-se em 6,1%, 0,1 p.p. acima do resultado do mês anterior. Segundo a mesma pesquisa, o rendimento médio real habitualmente recebido pelos trabalhadores registrou aumentos de 0,5% em relação ao mês anterior, de 4% comparativamente a junho de 2010 e de 3,8% no acumulado do ano. Em consequência, a massa salarial, calculada pelo produto entre rendimento real e população ocupada, apresentou variações de 0,4% no mês, de 6,4% na comparação com mesmo mês do ano anterior e de 6,2% no acumulado do ano.

Crédito e inadimplência
58. O saldo dos empréstimos do sistema financeiro totalizou R$1.804,5 bilhões em maio, correspondendo a 46,9% do PIB, com elevações de 1,6% no mês, de 5,8% no ano e de 20,4% em doze meses. A carteira de recursos livres registrou aumentos de 1,6%, de 5,7% e de 18,1%, respectivamente, nas mesmas bases de comparação, refletindo expansões respectivas de 1,7%, de 5,9% e de 18,4% no saldo das operações com pessoas físicas, e de 1,4%, de 5,5% e de 17,8% no relativo a operações com pessoas jurídicas. Os financiamentos com recursos direcionados cresceram 1,6% no mês, 6% no ano e 25,1% em doze meses, com destaque para os acréscimos de 3,5%, de 15,5% e de 48,2% nos financiamentos habitacionais, nas mesmas bases de comparação.

59. A taxa média anual de juros incidente sobre as operações de crédito referencial aumentou 0,1 p.p. em maio, para 40%. As taxas relativas ao segmento de pessoas jurídicas atingiram 31,1%, variação 0,1 p.p. em relação a abril, enquanto as relativas ao segmento de pessoas físicas permaneceram estáveis, em 46,8%.

60. O prazo médio das operações de crédito referencial permaneceu estável em 476 dias em maio, na comparação com o mês anterior. O prazo relativo ao segmento de pessoas jurídicas apresentou redução de três dias, enquanto o referente ao de pessoas físicas aumentou três dias, sempre considerado o período comparativo, atingindo 388 dias e 570 dias, respectivamente.

61. A taxa de inadimplência nas operações de crédito referencial, correspondente a atrasos superiores a noventa dias, cresceu 0,2 p.p., atingindo 5,1% em maio. As taxas relativas às operações com pessoas jurídicas aumentaram 0,2 p.p. e as referentes às operações com pessoas físicas, 0,3 p.p., alcançando 3,9% e 6,4%, nessa ordem.

Ambiente externo
62. Com a inflação ainda impactando negativamente o poder de compra das famílias e com perda de tração nos setores manufatureiro e de serviços em nível mundial, o PMI global continuou indicando desaceleração da atividade econômica ao término do segundo trimestre. O índice de encomendas também apresenta desaceleração, indicando aumento de incerteza com relação às perspectivas de recuperação da atividade. Nos EUA, não obstante a revisão do PIB do primeiro trimestre, de 1,8% para 1,9%, o mercado de trabalho permanece fraco, com a criação de postos de trabalho abaixo das expectativas de mercado por dois meses consecutivos. Em junho, houve criação de apenas 18 mil vagas, com taxa de desemprego avançando para 9,2%. De forma distinta, as economias asiáticas voltam a mostrar sinais de recuperação. No Japão, onde as linhas de fornecimento de peças voltam rapidamente à normalidade, a produção industrial cresceu pelo segundo mês, 5,7% em maio na comparação com abril. A pesquisa Tankan do Banco do Japão (BoJ) apontou revisão positiva nos planos de investimento em bens de capital em praticamente todos os segmentos empresariais, enquanto sete das nove regiões do país apresentaram melhora em investimento, produção e consumo. Nesse ambiente, a taxa de desemprego recuou para 4,5% em maio, com vendas no varejo elevando-se 2,4% no mês. Na China, a variação trimestral anualizada do PIB do segundo trimestre indicou crescimento de 9,1%, frente a 8,7% no trimestre anterior.

63. Desde a última reunião do Copom, os mercados financeiros refletiram o agravamento da crise grega, e seus impactos na Europa e os receios sobre o ritmo da recuperação nos EUA. Após melhora decorrente da aprovação de novas medidas fiscais na Grécia, os rebaixamentos nos ratings de crédito de Portugal e Irlanda devolveram volatilidade aos mercados, provocando aumento da aversão ao risco, elevação dos prêmios soberanos dos países europeus com problemas fiscais a patamares recordes, e valorização do dólar. Nos mercados de commodities, os preços internacionais seguiram em tendência declinante, ainda que em ritmo mais moderado, em meio ao aumento da oferta, à continuidade da desaceleração da economia mundial e à elevação da aversão ao risco nos mercados financeiros. Em especial, o recuo nas cotações das commodities agropecuárias refletiu condições climáticas mais favoráveis no Hemisfério Norte e divulgação de dados melhores que o esperado para estoques e área plantada na safra dos EUA.

64. Ainda refletindo a forte alta dos preços de commodities registrada até abril do corrente ano, alguns índices anuais de inflação seguem pressionados, a exemplo dos IPCs nos EUA, Reino Unido, Área do Euro e China, que, em junho, atingiram, pela ordem, 3,6%, 4,2%, 2,7% e 6,4%. Os núcleos dos índices de preço mantiveram-se em níveis relativamente confortáveis, inclusive no Reino Unido, onde desacelerou pelo segundo mês consecutivo, para 2,7%. Nas economias emergentes da América Latina, a inflação permaneceu em trajetória de alta moderada no Chile e na Colômbia, mas registrou recuo no Peru e manteve tendência de redução no México. Na Ásia emergente, destaque-se a acentuada desaceleração da inflação na Indonésia.

65. Nesse cenário, enquanto as autoridades monetárias dos EUA, Japão e Reino Unido mantiveram inalteradas suas respectivas taxas básicas de juros em julho, o Banco Central Europeu promoveu novo ajuste das condições de liquidez, aumentando a taxa de refinanciamento em 0,25 p.p., para 1,5% a.a., e o banco central chinês efetuou a terceira elevação no ano da taxa de empréstimo, situando-a em 6,56% a.a. Nas demais economias emergentes, houve continuidade do movimento de normalização gradual da política monetária, com elevações dos juros básicos no Chile, Colômbia, Polônia, Índia e Tailândia.

Comércio exterior e reservas internacionais
66. A balança comercial brasileira registrou superávit de US$4,4 bilhões em junho. As exportações somaram US$23,7 bilhões e as importações, US$19,3 bilhões. O saldo acumulado no semestre alcançou US$13 bilhões, 63,1% superior ao registrado em igual período de 2010, pelo critério de média diária, refletindo aumentos de 31,6% nas exportações e de 28,5% nas importações. A corrente de comércio cresceu 30,1% no acumulado do ano, somando US$223,6 bilhões, comparativamente a US$170,5 bilhões em igual período de 2010.

67. As reservas internacionais atingiram US$335,8 bilhões em junho, US$2,8 bilhões acima da posição de maio e US$47,2 bilhões superiores ao estoque registrado em dezembro de 2010. As compras líquidas do Banco Central, no mercado a vista de câmbio, totalizaram US$2,3 bilhões no mês.

Mercado monetário e operações de mercado aberto
68. Desde a reunião do Copom de junho, a curva de juros doméstica apresentou elevação em toda a sua extensão. No âmbito doméstico, esse movimento foi influenciado pela perspectiva de um ciclo mais prolongado de ajuste na meta para a taxa Selic, pela divulgação de índices de inflação corrente próximos aos tetos das estimativas e pelo aumento das expectativas inflacionárias. O cenário externo, permeado por grandes incertezas, contribuiu para a oscilação das taxas ao longo de toda a curva de juros. Entre 6 de junho e 18 de julho, as taxas de juros de um, de três e de seis meses elevaram-se em 0,24 p.p., 0,19 p.p. e 0,14 p.p., respectivamente. As taxas para os prazos de um, de dois e de três anos subiram 0,10 p.p., 0,15 p.p. e 0,19 p.p., respectivamente. A taxa real de juros, medida pelo quociente entre a taxa nominal de um ano e a expectativa de inflação (suavizada) para os próximos doze meses, recuou de 7,10%, em 6 de junho, para 6,84%, em 18 de julho, resultado, principalmente, do ajuste para cima na expectativa de inflação doze meses à frente.

69. Entre 7 de junho e 18 de julho, o Banco Central realizou três leilões de contratos de swap cambial reverso, sendo que o leilão de 28 de junho foi destinado à rolagem dos contratos de vencimento em 1º de julho. Essas operações totalizaram o equivalente a US$2,3 bilhões em valor nocional.

70. Na administração da liquidez do mercado de reservas bancárias, o Banco Central realizou, semanalmente, de 7 de junho a 18 de julho, operações compromissadas com prazo de seis meses, tomando recursos no valor total de R$48,4 bilhões. Com isso, o saldo diário médio do estoque das operações de longo prazo subiu para R$166,9 bilhões. No mesmo período, realizou operações compromissadas com prazos entre 13 e 29 dias úteis, elevando o saldo diário médio das operações tomadoras de curto prazo para R$160,7 bilhões. O Banco Central atuou, ainda, em trinta oportunidades como tomador de recursos por meio de operações compromissadas de curtíssimo prazo. Essas operações, incluídas as de nivelamento, tiveram saldo diário médio tomador de R$65,0 bilhões no período. O saldo diário médio do estoque total dos compromissos de recompra do Banco Central subiu de R$361,3 bilhões, entre 19 de abril e 6 de junho, para R$392,6 bilhões, entre 7 de junho e 18 de julho. Considerando-se o período mais recente, houve elevação do saldo dos compromissos de recompra em R$92,0 bilhões, com o estoque total passando de R$351,4 bilhões, em 6 de junho, para R$443,4 bilhões em 18 de julho. O principal fator condicionante para a expansão da liquidez no período foi o resgate líquido de títulos pelo Tesouro Nacional.

71. Entre 7 de junho e 18 de julho, as emissões de títulos pelo Tesouro Nacional, decorrentes dos leilões tradicionais, somaram R$52,3 bilhões. A venda de títulos com remuneração prefixada alcançou R$33,4 bilhões, sendo R$29,6 bilhões em Letras do Tesouro Nacional (LTN) com vencimentos em 2011, 2012, 2013, 2014 e 2015, e R$3,8 bilhões em Notas do Tesouro Nacional – Série F (NTN-F) com vencimentos em 2017 e 2021. As vendas de Letras Financeiras do Tesouro (LFT) totalizaram R$5,5 bilhões, com emissão de títulos com vencimentos em 2017 e 2018. Nos leilões de Notas do Tesouro Nacional – Série B (NTN-B), foram vendidos títulos com vencimentos em 2014, 2016, 2020, 2030, 2040 e 2050, em montante total de R$13,4 bilhões.

Enrolacao cambial: governo repete as mesmas bobagens de sempre...

Alguém acredita que as recentes medidas do governo, anunciadas como a "salvação da lavoura" pelo ministro Mantega, serão capazes de corrigir os problemas estruturais da defasagem cambial brasileira?
Se alguém acredita, meus parabéns, já temos candidatos ao ingênuo da semana...
Mil perdões se ofendo alguém, sobretudo nossas autoridades tão preclaras, mas as razões de por que eu acho que o governo está enxugando gelo são muito simples, mas o governo não parece perceber.
Existe um problema de desvalorização do dólar? Claro que existe: quando o governo americano despeja bilhões de dólares nos mercados, ele está empurrando a crise para os demais países, ou seja, dividindo o prejuízo com todos aqueles que usam o dólar. Isso é normal, e já foi feito antes, com acordo ou sem acordo no âmbito do G7, do G20, do FMI, seja lá onde for, o governo americano conduz um processo de desvalorização administrada do dólar, para ganhar competitividade e reduzir sua exposição internacional (ainda que sob risco de ver outros países se afastarem do dólar, um risco mínimo estima ele).
Existe um problema de manipulação cambial por parte da China? Claro que existe, mas a China apenas faz aquilo que o Brasil ou outros países já fizeram dezenas de vezes no passado, no presente e que continuarão fazendo cada vez que tiverem necessidade de preservar empregos industriais, competitividade exportadora, ainda que sob risco de deixar sua população mais pobre, relativamente. Mas os efeitos emprego são julgados mais importantes do que os de renda.
Existe um problema de VALORIZAÇÃO DO REAL? Claro que existe, e ele é causado inteiramente por nossas (minhas não, deles) políticas, não tendo nada a ver com a desvalorização do dólar ou com a manipulação do yuan. Essa valorização é feita aqui, made in Brazil, e deriva inteiramente de nossa política fiscal esquizofrênica, mais do que nossa política monetária de flutuação, e não manipulação, como gostariam alguns malucos universitários.
Enquanto os juros no Brasil forem quatro a cinco vezes maiores do que no resto do mundo, ou do que nos principais países exportadores de capitais, pelo menos, a nossa moeda vai continuar se valorizando.
Existe alguma maneira de coibir, inverter, corrigir esse ciclo ascendente?
CLARO QUE EXISTE. Basta o governo PARAR de gastar mais do que deve, mais do que arrecada, ser um extrator líquido da poupança privada, ser um despoupador contumaz e um gastador inveterado. E também parar de arrecadar nesses níveis de país rico, para uma renda de país pobre.
O governo é sempre o culpado, não procurem outro responsável.
Repito para ficar bem claro: O GOVERNO TEM TODA A CULPA DA VALORIZAÇÃO CAMBIAL.
Os empresários que ainda não perceberam isto ou são ingênuos, ou são desinformados, ou são estúpidos, por vezes todos os três, ao mesmo tempo.
Sorry, empresários: parem de cultivar governos esquizofrênicos...
Paulo Roberto de Almeida

Bastidores Líderes
boletim do Forum dos Líderes, 28/07/2011

Na sexta-feira da semana passada, Dilma garantiu que o governo não tomaria mais medidas cambiais até que o cenário externo ficasse mais claro.

Na segunda-feira, Guido Mantega "desautorizou" a presidente e disse que tinha medidas duras no bolso e alertou: "Podem se preparar".

O ministro tinha razão.

Ontem o governo soltou uma série de medidas que podem afetar o câmbio. A que traz novidades é uma só, as demais são remendos nos furos dos diques de medidas anteriores. É a que introduz um IOF de 1% nos contratos de câmbio do mercado futuro - e autoriza o governo a aumentar o imposto para até 25%, caso o mercado não se comporte como ele quer.

A idéia é conter a especulação dos que apostam na desvalorização contínua do dólar e tentar segurar a valorização do real.

Como todas as ideias que surgem da cabeça de Mantega - se bem que essa, parece, foi dada ao ministro pelo economista Roberto Gianetti da Fonseca, diretor de Comércio Exterior da Fiesp - a nova taxação também é polêmica.

Primeiro, em relação à sua eficácia. Achando que foi um tiro de canhão para matar uma formiga, o mercado acha que é questão de dias para se encontrar brechas para driblar a taxação.

Sempre elegante, o ex-ministro da Fazenda Marcílio Marques Moreira deixa no ar a insinuação de que Mantega talvez não saiba, mas o mercado financeiro hoje é global. O que é proibido ou caro aqui, se faz ali. E diz que a medida pode ser um tiro no pé.

Gustavo Loyola, ex-presidente do Banco Central, é mais direto: a medida é "péssima" e "desesperada". Concorda com Marcílio que ela tende a diminuir a liquidez no Brasil e aumentá-la no Exterior. Trocando em miúdos: as operações com dólar futuro saem da BM&FBovespa e vão para a Bolsa de Mercadorias de Chicago. "É contra o Brasil", diz Loyola.

Se você acha que Loyola pegou pesado demais, veja o que disse Tony Volpon, chefe de pesquisas para mercados emergentes da Nomura Securities em Nova York: "É uma insanidade, uma medida sem noção, pois vai destruir o mercado de hedge no Brasil".

Para o economista Roberto Troster, ex-Febraban, a medida é "como jogar uma xícara de água em uma fogueira". Amaina um pouco na hora e logo o fogo volta com toda a força.

A maioria dos analistas concorda que, para conter a valorização do real, é preciso fazer aquilo que o governo nem quer ouvir falar: cortar gastos, para poder reduzir juros.

O presidente da Abimaq, Mário Bernardini, sintetiza: "O que precisa é parar de pagar juros quatro, cinco vezes maiores do que em outros países. O resto é quebra-galho".

Joelmir Beting acha que a medida pode ser suficiente não para manter o dólar flutuando acima de R$ 1,60, mas para evitar que flutue abaixo de R$ 1,50.

Alguns jornais manchetaram que o dólar teve ontem a maior alta em um ano, 1,3%, em decorrência das providências governamentais. É mais ou menos verdade. Esqueceram de dizer que o dólar subiu no mundo todo. E "a maior alta em um ano" corresponde a exatos e minguados três centavos.

Aumenta a sensação nos Estados Unidos que não se chegará a um acordo no Congresso sobre a elevação do teto da dívida e que o calote virá. O governo já está trabalhando em um plano para o day after, para ver o que vai deixar de pagar, se não houver acordo.

Mohamed El-Erian, executivo-chefe da Pimco, um dos maiores investidores globais, acha que o acordo acontecerá, mas não evitará que os Estados Unidos percam a nota triple A, a mais alta das agências de classificação de riscos. O que, além das consequências internas, causará turbulências não previsíveis no mercado financeiro global.

Ainda sobre a medida de Mantega, Tutty Vasquez diz que não se fala em outra coisa nos pontos de ônibus. Uma passageira sintetiza a opinião do povão: "Tudo isso é muito relativo".

Boa leitura.

Teodoro G. Meissner
Editor

Ao Anônimo Desconhecido: conte ate DEZ antes de postar...

O título é uma contradição nos termos, uma "contradictio in adjecto", como diriam os latinistas, mas se existem soldados desconhecidos, por que não existem "anônimos desconhecidos"?

Pois bem, a razão é simples.
Existem anônimos "conhecidos" que frequentam regularmente este espaço, com a regularidade de um cometa mais rapidinho...
Mas existem também aqueles que entram, lêem, não gostam do que leram, e logo postam algum comentário negativo, para satisfazer sua necessidade de demonstrar descontentamento com o que leram.
Geralmente eles apenas disparam contra este humildo "post-man", este emissor de notícias ruins e menos ruins, que apenas retratam a realidade que vai pelo mundo.
Como isso não se encaixa nos cânones mentais de certos leitores, eles logo disparam uma acusação contra o posteiro que sou, me chamando de algum nome qualquer, sem ter coragem de assumir uma postura pública ou sequer sem condições de postar algum comentário coerente, indo ao "crux of the matter", em lugar de apenas demonstrar raiva ou decepção com o que leram.

Eu teria duas recomendações a comentaristas anônimos que assim procedem:
1) Pense duas vezes, conte até dez, antes de postar seu comentário subjetivo, impressionista, acusatório, sem se deter no fundamento do problema, apenas atirando neste mensageiro que sou eu.
2) Abra um blog seu, para veicular frustrações pessoais, ou então para elogiar aquelas autoridades que você acha que estão desenvolvendo uma política excepcional, benéfica ao país, que finalmente se libertou da exploração imperialista, defende sua soberania e coisa e tal. Você pode se sentir bem melhor tendo o seu próprio espaço, em lugar de ficar com raiva frequentando espaços iconoclastas como este aqui...

Assim é, caro leitor, alguns comentaristas anônimos são muito apressadinhos. Se pudessem, matariam logo de vez este blogueiro, apenas para não ter de ler certas coisas que não se encaixam no seu universo mental.

Bom dia...
Paulo Roberto de Almeida

Caro consumidor: pense tres vezes antes de comprar a prazo...

Caro leitor-consumidor,
Quando você vai a uma loja de departamentos, na verdade qualquer grande superfície de compras -- e provavelmente em qualquer boteco da esquina também -- e a gentil vendedora lhe diz que aquele bem, aquele produto (geralmente durável ou semi-durável) custa x reais, mas que é "seis vezes sem juros" (não raro DEZ vezes sem juros), a palavra mágica, caro contribuinte explorado, é o "sem juros".
Você então diz, possivelmente, que preferia pagar à vista, para ver se consegue um preço melhor.
Ela então lhe diz que é o mesmo preço, e que você "pode pagar em x vezes SEM JUROS".
Você então se conforma e aceita, e ainda acha, talvez, que está fazendo um grande negócio, pois pagará em suaves prestações mensais, um valor alto que talvez não coubesse no seu orçamento mensal. Compra, assina, e vai embora.
SEIS VEZES SEM JUROS...
Você acha que isso existe, caro leitor?
O vendedor está lhe chamando (sem querer, claro) de idiota consumado.
NÃO EXISTE essa coisa de "x vezes sem juros".
O preço que você está pagando já embute um juro altíssimo sobre o custo do capital, ou do financiamento.
O que menos importa, na verdade, em sua compra, é o produto. Pode ser qualquer coisa, pode ser até coisa alguma. O que você paga, na verdade, é o financiamento.
Você acaba de adquirir um financiamento altíssimo, em seis ou dez vezes, que vai fazer com que você forneça um lucro extraordinário ao sistema financeiro, que vive disso.
Aliás, as lojas de departamento vivem disso e poderiam alegremente vender qualquer coisa, desde que seja financiada.
O governo também pensa que somos todos idiotas, e talvez acerte. Assim como NENHUM PRODUTO -- salvo certas faturas de serviços -- contém o valor dos impostos discriminado, nada do que compramos nas lojas possuem os preços "saído das fábricas" acrescidos do custo dos juros.
Se fosse assim, muitos consumidores cairiam para trás, pois os juros do financiamento correspondem a um valor maior do que o custo do produto.
Caro leitor, você está pagando DOIS TELEVISORES, mas levando só um para casa..
Pense nisso, e veja o que recolhi hoje num desses boletins financeiros, abaixo:

OPERAÇÕES COM RECURSOS LIVRES - CRÉDITO REFERENCIAL PARA TAXA DE JUROS. Nas modalidades destinadas a pessoas físicas, destaca-se o arrefecimento dos financiamentos para aquisição de veículos, cujo saldo, R$158,1 bilhões, acumulou crescimento semestral de 12,6% até junho, comparativamente a expansões de 18,2% e de 26,2% no primeiro e no segundo semestres de 2010. Nessa modalidade, a média diária das concessões no primeiro semestre de 2011 foi 24,8% inferior à observada no semestre antecedente. Entre as modalidades destinadas às empresas, sobressaíram os empréstimos de capital de giro, com crescimento de 6,2% em seis meses, alcançando R$282,7 bilhões. Nas modalidades com recursos externos, as operações de adiantamentos sobre contratos de câmbio (ACC), após crescimento expressivo desde o início do ano, apresentaram redução de 2,2% no mês, ao atingirem R$36 bilhões. A taxa média de juros referente ao crédito referencial situou-se em 39,5% a.a. em junho, com decréscimo de 0,5 p.p. no mês e alta de 4,9 p.p. relativamente a junho de 2010.

Já viu isso caro leitor?
As financiadoras obtém um capital a 5 ou 6% no exterior e o colocam aqui a 40%, gerando um lucro extrardinário, qualquer que seja o nível de impostos do governo.
Você está pagando isso caro leitor-consumidor...
E não adianta chorar: você não conseguirá escapar do "seis vezes sem juros" da próxima vez que for às compras...

O Brasil, definitivamente, não é um país normal.
Somos o protótipo da teoria da jabuticaba.

Paulo Roberto de Almeida

PS.: Desculpe estragar o seu dia, caro leitor...

Venezuela: un modelo económico irracional (y II) - LUIS ESTEBAN G. MANRIQUE

Continuidade do post iniciado com data de 26/07/2011

Venezuela: un modelo económico irracional (y II)
Por LUIS ESTEBAN G. MANRIQUE
Infolatam, 27 julio 2011

Madrid - Chávez firmó, cuando estaba en La Habana, una ley para autorizar emisiones de deuda por valor de 10.400 millones de dólares en 2011 para financiar el gasto público con vistas a las elecciones y pagar los intereses de la deuda. Los bonos venezolanos pagan un 15% anual. La petrolera estatal PDVSA, por su parte, ha emitido 6.100 millones de dólares este año en deuda corporativa, la mayor parte de la cual ha sido adquirida por el Banco Central de Venezual (BCV).

PDVSA tiene una deuda acumulada de 27.500 millones de dólares, por la que paga entre 12,7 y 16% de intereses, una cifra cercana a la calificación de bonos “basura”. Mientras el precio medio de la cesta de crudo venezolana subió un 27% el año pasado, la economía se contrajo un 1,9%. Por su parte, la deuda externa aumentó en 11.000 millones, equivalentes al 5% del PIB y las reservas internacionales cayeron en 5.000 millones, hasta los 30.300 millones.

Desde 1998 el crecimiento medio de la economía ha sido del 2,3% anual, frente al 3,2% de la siete mayores economías de la región. En ese lapso, la economía venezolana se contrajo en cinco años, con una caída media del 5,6%, y durante siete años el crecimiento fue positivo, con una expansión media del 8,4%. En parte ello se debe a la caída de la producción petrolera.

Las cifras demuestran que Venezuela no tiene riesgos de caer en la insolvencia. En los próximos dos años, tendrá que dedicar un 12% de sus ingresos por exportaciones al servicio de la deuda. Pero tras haber recibido los frutos de una de las mayores bonanzas petroleras de las últimas décadas, el fracaso de la gestión económica de Chávez es inocultable a pesar de los avances en la reducción de la pobreza.

Los problemas provienen de un modelo económico basado en el monocultivo petrolero. El sistema de control de cambios, que priva de insumos a los importadores, y un tipo de cambio sobrevalorado han provocado una desindustrialización masiva que ha hecho desaparecer a la industria exportadora no petrolera.

Venezuela es un caso paradigmático de la maldición del oro negro. La economía venezolana es estructuralmente inflacionaria (su capacidad de compra supera su capacidad de producción), generando una cultura rentista, en la que mucha gente piensa que tiene derecho a todo y no está obligada a nada. De ahí la paradoja de que el país con mayor nivel de producción y consumo de energía per cápita de la región esté racionando la electricidad.


El propio Chávez ha declarado que PDVSA subsidia el 90% del precio de sus productos refinados, estimando el subsidio en unos 1.500 millones de dólares anuales.
El propio Chávez ha declarado que PDVSA subsidia el 90% del precio de sus productos refinados, estimando el subsidio en unos 1.500 millones de dólares anuales. Pero si tiene en cuenta el precio de exportación, la devaluación del bolívar, la subida de los precios del crudo y el constante aumento del consumo, esa cifra es inmensamente mayor.

La preocupación por la salud de Chávez se extiende a la larga lista de los gobiernos clientes, satélites o aliados de Chávez: Cuba, Ecuador, Bolivia, Nicaragua y otros países centroamericanos y caribeños. Caracas es de lejos el principal donante y/o financista de la región. Venezuela ha entregado, por ejemplo, unos 500 millones de dólares en ayudas a Nicaragua durante los últimos tres años, lo que ha permitido al gobierno de Daniel Ortega financiar iniciativas para aliviar la pobreza y fortalecer sus posibilidades de ser reelegido el próximo noviembre.

Nicaragua y República Dominicana reciben 30.000 barriles de petróleo diarios de Venezuela. El gobierno dominicano refina el crudo venezolano que recibe y luego vende los productos refinados a precios de mercado. Por esas operaciones, Santo Domingo obtendrá este año 450 millones de dólares. Los subsidios a Nicaragua alcanzan un cifra similar.

En Bolivia, según la según la agencia estatal ABI, los fondos de Venezuela han financiado 4.000 obras de infraestructura (escuelas, hospitales, instalaciones deportivas…) en 338 municipios entre 2006 y 2010 por valor de 290 millones de dólares.

Si algo le pasase a Chávez, el cordón umbilical que une a Venezuela con Cuba se rompería, lo que podría enfrentar al régimen de La Habana con una crisis tan o más grave que el “periodo especial” que sufrió la isla tras la disolución de la Unión Soviética y que produjo la caída de un 40% del PIB en los tres años posteriores a 1991.

En otros países centroamericanos y caribeños, PDVSA financia el 50% del valor de sus importaciones petroleras en condiciones preferentes: créditos de 17 a 25 años con un interés anual del 1% y un periodo de gracia de uno o dos años. Para Venezuela esas condiciones representarán pérdidas por valor de 6.200 millones de dólares este año y de 6.600 millones en 2012, según estimaciones de Barclay’s Capital. No es extraño que Bengoa haya urgido a los dominicanos a “rezar” por la salud de Chávez.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Liberdade Economica no Mundo: recuando, ligeiramente - Cato Institute

Foi recentemente publicado o último relatório sobre a liberdade econômica no mundo.
Em resumo: liberdade recuando, ainda que ligeiramente...
Abaixo a versão em espanhol da nota de publicação.
Paulo Roberto de Almeida

Libertad económica en el mundo: Informe Anual 2010
Cato Institute, 6 de julio de 2011
La edición en español de este Informe ha sido co-publicado por ElCato.org, el Fraser Institute y El Economista (España).

El informe de este año muestra que la libertad económica mundial sufrió su primer retroceso en décadas. La libertad económica promedio aumentó de 5,55 (de un puntaje máximo de 10) en 1980 a 6,70 en 2007, pero se redujo a 6,67 en 2008, el año más reciente para el cual hubo información disponible. De los 123 países con puntajes en 2007 y 2008, 88 mostraron una reducción y solamente 35 registraron un aumento en su puntaje. En el índice de este año, Hong Kong sigue obteniendo el puntaje más alto en libertad económica, 9,05 de 10, seguido por Singapur, Nueva Zelanda, Suiza, Chile, EE.UU., Canadá, Australia, Mauritania y el Reino Unido.

El informe de este año también contiene una investigación nueva que demuestra el impacto de la libertad económica sobre las tasas de desempleo y homocidio. De acuerdo a Horst Feldmann, más libertad económica parece reducir el desempleo y la magnitud de este impacto parece ser sustancial, especialmente entre la gente jóven. Edward Peter Stringham y John Levendis examinan el efecto de la libertad económica sobre las tasas de homicidio en Venezuela, Colombia, Sudáfrica, Letonia y Lituania. Los resultados sugieren que aumentos en la libertad económica conducen a una reducción de homicidios.

El primer informe de Libertad económica en el mundo fue publicado en 1996 y fue el resultado de una década de investigaciones por parte de un equipo que incluyó varios Premios Nobel y más de 60 académicos destacados en un amplio rango de áreas de estudio, desde la economía hasta las ciencias políticas, y desde el derecho a la filosofía. Esta es la edición No. 14 de Libertad económica en el mundo y la publicación de este año comprende 141 naciones para 2008, el año más reciente para el cual hubo información disponible.

Libertad económica en el mundo utiliza 42 criterios distintos para crear un índice que califica a los países alrededor del mundo en base a sus políticas promotoras de la libertad económica. La libertad económica está compuesta por cinco áreas distintas: (1) el tamaño del Estado; (2) estructura jurídica y garantía de los derechos de propiedad; (3) acceso a una moneda sana; (4) la libertad de comercio internacional; y (5) la regulación crediticia, laboral y de la empresa.

Libertad económica en el mundo es elaborado por el profesor James Gwartney, académico de Florida State University, Robert Lawson, profesor asociado de Finanzas en Auburn University y Joshua C. Hall, profesor adjunto del Departamento de Economía y Administración de Empresas del Beloit College.

Aquí puede accesar el mapa interactivo de libertad económica.
Aquí puede obtener el texto completo del Informe en formato PDF:

Índice; Agradecimientos y Resumen ejecutivo

Capítulo 1: Libertad Económica en el Mundo, 2008

Capítulo 2: Tablas de datos por países

Capítulo 3: ¿Cómo están interrelacionadas las instituciones?

Capítulo 4: Volatilidad macroeconómica y libertad económica, un análisis preliminar

Capítulo 5: Libertad económica y desempleo

Capítulo 6: Relación entre la libertad económica y los homicidios

Apéndice, agradecimientos, autores, colaboradores, miembros de la Red de Libertad Económica