O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

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sábado, 4 de junho de 2016

Uniceub: Seminários Jurídicos Avançados - Brasili, DF, 27 a 30 junho de

Segue abaixo a divulgação a respeito dos seminários jurídicos avançados:

Aviso importante: Devem ser considerados os horários e datas dos seminários que constam nesta programação e não do link de inscrição.


Seminário 1  - Judicialização da Política no Brasil: Análise de atos internos do Congresso Nacional 9h

Professor: Dr. João Carlos Medeiros de Aragão

Datas: 27, 28 e 29 de junho

Horário: 19h às 22h

Local: Bloco 03 – sala 3006 


Seminário 2: Direito e Literatura - analogia e ironia – 9h

Professor: Dr. Ricardo Araújo

Datas: 27, 28 e 29 de junho

Horário: 19h às 22h

Local: Bloco 03 – sala 3008


Seminário 3New Frontiers in Public Policy Analysis  - 9h (ministrado em inglês)

Professor: Dr. Pierre René MAZZEGA CIAMP

Datas: 30 de junho01 de julho, às 18h30 às 21h30 e 02 de julho, das 9h às 12h

Local: Bloco 03 – sala 3014

 

 

Seminário 4Direito Concorrencial – 9h

Professor: Dr. Pedro de Abreu e Lima Florêncio

Datas: 29 de junho, das 9h às 12h e das 14h às 17h e 30 de junho, das 14h às 17h

Local: Bloco 03 – sala 3006

 

 

 

Seminário 5: Política Pública de Solução de Conflitos – 9h

Professor: Dr. Petrônio Calmon Alves Cardoso Filho

Datas: 28 de junho das 14h às 17h e 01 de julho das 9h às 12h e das 14h às 17h

Local: Bloco 03 – sala 3008

 

 

Seminário 6: Metódica de Precedentes Constitucionais– 9h

Professora: Dra. Christine Oliveira Peter da Silva

Datas: 27, 28 e 30 de junho

Horário: 9h às 12h

Local: Bloco 03 – sala 3006

 

 

Link para inscrição: https://www.uniceub.br/eventos-academicos/eventos-por-curso/1o-semestre-2016/semana-de-seminarios-juridicos-avancados.aspx

 

 

Informações adicionais:

 

- Para aproveitamento, de cada seminário são necessários 100% de presença e entregar resumo ou atividade que o professor definir (entrega até 01/08/2016); 

- Programas disponíveis no site

Informações: (61) 3966-1305

 

 

 

Atenciosamente,

 

 

Yuri Valente do Nascimento

Assistente Administrativo

Secretaria do Mestrado e Doutorado - UniCEUB

mestrado@uniceub.br

(61) 3966-1304/3966-1305     


sexta-feira, 3 de junho de 2016

Presidenta: devo pagar os 12 milhões? Sim, pode pagar...

Apenas para registro da história, uma história ordinária, suja, criminosa, mas que vai entrar nos autos de prisão...
Paulo Roberto de Almeida 

O acerto de R$ 12 milhões

Em acordo de delação, Marcelo Odebrecht revela que a presidente Dilma cobrou pessoalmente doação de campanha para pagar via caixa dois o marqueteiro João Santana e o PMDB em 2014

O diálogo que compromete Dilma

Entre o primeiro e o segundo turno da eleição de 2014, o tesoureiro da campanha de Dilma, Edinho Silva, cobrou de Marcelo Odebrecht uma doação “por fora” no valor de R$ 12 milhões para serem repassados ao marqueteiro João Santana e ao PMDB.  Marcelo se recusou a fazer o repasse, mas diante da insistência de Edinho disse que iria procurar Dilma.  Dias depois, em encontro pessoal, o empreiteiro e a presidente afastada mantiveram a conversa abaixo:

– Presidente, resolvi procurar a sra. para saber o seguinte: é mesmo para efetuar o pagamento exigido pelo Edinho?, perguntou Odebrecht.

– É para pagar, respondeu Dilma.

No acordo de delação premiada, firmado na última semana, o empreiteiro Marcelo Odebrecht fez uma revelação que, pela primeira vez, implica pessoalmente a presidente afastada Dilma Rousseff numa operação de caixa dois na eleição de 2014 – o que configura crime.  Aos procuradores da Lava Jato, o empresário afirmou que a mandatária exigiu R$ 12 milhões para a campanha durante encontro privado entre os dois. A conversa ocorreu depois do primeiro turno da disputa presidencial. O recurso, segundo Odebrecht, abasteceu o caixa paralelo de Dilma e serviu para pagar o marqueteiro João Santana e o PMDB. A história narrada pelo empreiteiro é devastadora para as pretensões de Dilma de regressar ao poder. Nela, Marcelo Odebrecht atesta que a presidente afastada não apenas sabia como atuou pessoalmente numa operação criminosa. Aos integrantes da força-tarefa da Lava Jato, o empreiteiro desfiou com riqueza de detalhes a ação da presidente. O empresário contou que durante o período eleitoral foi procurado pelo então tesoureiro da campanha, Edinho Silva.
( D.Bergamasco/ S.Pardellas )

Dilma, a inocente.

A nova diplomacia brasileira - Sergio Amaral (FSP)


SERGIO AMARAL
Uma diplomacia de modestos resultados
Folha de S. Paulo, 29/05/2016

José Serra, ao tomar posse como ministro das Relações Exteriores, definiu dez diretrizes para a política externa. Além de sinalizar um novo rumo para o Itamaraty, tais diretrizes buscam estimular uma reflexão interna na chancelaria e um debate com a sociedade que não passe pela difamação das pessoas ou pela rotulagem de suas ideias. Gramsci, o grande pensador político italiano, dizia que a pequena política é a dos homens; a grande, a das ideias.
A China tem dado uma demonstração da firmeza com que defende seus interesses e da indiferença pela qualificação de suas políticas. Não se trata apenas da frase famosa de Deng Xiaoping, de que não importa a cor do gato, se matar o rato.
O presidente chinês, Xi Jinping, em visita recente ao Brasil, declarou que a China não seria o que é se não fosse a liberalização e a abertura da economia. E olhem que ele é insuspeito de desvios neoliberais.
Os governos do PT, sobretudo no início, formularam algumas propostas generosas ou legítimas no plano externo. Como opor-se a uma campanha contra a fome em escala mundial? Como questionar a aspiração do Brasil a um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU ou a busca de resultado equitativo para a
Rodada de Doha? Como criticar a prioridade atribuída ao Mercosul e à integração sul-americana?
O problema é que essas prioridades resultaram em nada, ou quase nada. A campanha do Fome Zero foi lançada de improviso. Por solicitação do Itamaraty, ajudei a formular um projeto que consistia numa variante da taxa Tobin (imposto sobre movimentações financeiras) para alimentar um fundo, a ser gerido pela Unicef, com o objetivo de promover a nutrição de crianças.
O projeto foi aprovado, mas nunca mais se ouviu falar dele. O resultado do Fome Zero foi, de fato, zero.
O Brasil organizou a mais ampla e dispendiosa campanha diplomática de sua história para conquistar um lugar no Conselho de Segurança. Dobrou o número de embaixadas na África e as expandiu no Caribe. O resultado foi igualmente zero. Hoje estamos tão distantes, quanto antes, do Conselho de Segurança.
O Itamaraty empreendeu exaustivas negociações para a conclusão da Rodada de Doha. O acordo não foi, nem será concluído. Seria incorreto criticar a diplomacia do PT por mais esse fracasso. Mas a sua responsabilidade está em não ter negociado, em paralelo, acordos bilaterais e regionais de comércio, como fez a maioria dos países.
Por fim, a mais importante das prioridades, o fortalecimento do Mercosul, foi uma frustração. Em vez de avançar, o Mercosul retrocedeu. Em termos relativos, a participação do bloco no comércio exterior brasileiro regrediu.
A integração sul-americana transformou-se em fragmentação, pela atuação da Aliança Bolivariana e pela concorrência de um novo bloco, a Aliança para o Pacífico.
A Aliança Bolivariana, apoiada ao início pela diplomacia de Lula, é a mais forte evidência dos desacertos da política externa.
A benevolência para com o cerco da refinaria da Petrobras na Bolívia é injustificável. O tratamento preferencial dado à Venezuela, especialmente à adesão do país
ao Mercosul, sem cumprimento dos requisitos prévios, beira a irresponsabilidade.
As palavras certamente contam na diplomacia, mas não bastam. Em quaisquer dos planos em que seja exercido -o político, o cultural, o econômico-, o discurso tem que se traduzir em ações e resultados. Caso contrário, a política externa será apenas uma retórica vazia, ainda que bem-intencionada.
SERGIO AMARAL diplomata, foi secretário de Comunicação da Presidência da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (governo FHC)

quinta-feira, 2 de junho de 2016

Uma entrevista sobre as relacoes internacionais no (e do) Brasil - Paulo Roberto de Almeida (YouTube)

Alessandro Candeas, meu grande amigo, presta um ENORME serviço à comunidade brasileira da área ao produzir, dirigir e oferecer esta séria sobre as Relações Internacionais Em Pauta, e me fez um grande favor ao me convidar para falar, no último mês de maio.
A ementa: 
Publicado em 12 de mai de 2016
Ministro e Professor Paulo Roberto de Almeida é entrevistado pelo Ministro Alessandro Candeas, Diretor substituto do Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais (IPRI), da Fundação Alexandre de Gusmão (FUNAG), vinculada ao Ministério das Relações Exteriores.
O video: 

IPRI - Relações Internacionais em Pauta - Entrevista com o Ministro Paulo Roberto

O texto base que eu havia preparado para organizar minhas ideias em vista dessa entrevista, e que obviamente não li:
 
1227. “O Estudo das Relações Internacionais do Brasil”, Entrevista divulgada em 6/06/2016, link: https://www.youtube.com/watch?v=JtnuvVxQj4U). Notas para a entrevista do IPRI, no blog Diplomatizzando (30/04/2016; link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2016/04/o-estudo-das-relacoes-internacionais-do.html). Relação de Originais n. 2967.

PS., Correção importante: Na entrevista, pela brevidade do tempo total, cometi uma impropriedade de uma defasagem cronológica completa: eu queria me referia ao início da Rodada Uruguai do final dos anos 1980 e início dos anos 1990, e acabei jogando isso mais adiante, final dos anos 1990 e início dos 2000, o que um absurdo. Mil perdões pelo "revisionismo histórico", mas não era a intenção.


OCDE: Argentina passa na frente do Brasil na aproximacao

Argentina OCDE

Argentina formaliza su interés por incorporarse a la OCDE

BRASILIA (BRASIL), 04/11/2015- EFE/Fernando Bizerra Jr.
El secretario general de la OCDE, Ángel Gurría, subrayó que la petición "ha sido muy bien recibida" por los países miembros.
Infolatam/Efe
París, 2 de junio de 2016
Argentina ha formalizado, con una carta presentada con ocasión de la reunión ministerial de la OCDE, su interés por convertirse en miembro para que eso sea tenido en cuenta en el debate que se va a mantener en los próximos meses sobre su ampliación.
El secretario general de la Organización para la Cooperación y el Desarrollo Económico (OCDE), el mexicano Ángel Gurría, precisó en conferencia de prensa el sentido de esa misiva argentina que, subrayó, “ha sido muy bien recibida” por los países miembros.
Gurría, que precisó que la solicitud, que no es todavía una demanda de adhesión, “será tomada en consideración” y analizada en los debates que están previstos sobre futuras ampliaciones en el conocido como el “Club de los países desarrollados”.
Hizo notar que esta semana han estado en la sede de la OCDE en París tanto la canciller, Susana Malcorra, como los ministros de Finanzas, Alfonso Prat Gray, y de Producción, Francisco Cabrera.
Gurría también recordó que cuando un país solicita el ingreso, los Estados miembros (ahora van a pasar a ser 35, con la incorporación de Letonia) analizan si puede ser considerado candidato, lo que da lugar a un intercambio de informaciones y al establecimiento de una hoja de ruta para la adaptación de sus normas y sus prácticas a los estándares de la organización.
El ministro chileno de Exteriores, Heraldo Muñoz, cuyo país ejerció este año la presidencia de la ministerial, consideró “muy importante” la carta de la canciller a la OCDE e hizo hincapié en que Chile apoya “plenamente” las intenciones de su vecino.
Malcorra dijo, tras entrevistarse el pasado lunes con Gurría, que confiaba en que el trabajo en común avanzara para poder formalizar una demanda de adhesión “en un par de meses máximo”.
Hay tres países en proceso de ingreso, Colombia -el que está en un estadio más avanzado-, Costa Rica y Lituania.

Deputados alemães reconhecem o genocídio dos armênios pela Turquia - BBC

German MPs recognise Armenian 'genocide' amid Turkish fury

BBC World Service, June 2, 2016

http://www.bbc.com/news/world-europe-36433114 

Armenian commemoration in Istanbul, 24 Apr 16
 Persecuted Armenian intellectuals were remembered at a ceremony in Istanbul in April

The German parliament has approved a resolution declaring that the mass killing of Armenians by Ottoman Turks during World War One was a "genocide".
Turkey is bitterly opposed to the Bundestag (lower house) resolution, and has warned that it could hurt ties.
Armenians say up to 1.5 million of their people died in the atrocities of 1915. Turkey says the toll was much lower and rejects the term "genocide".
The timing is awkward, as the EU needs Turkey to help stem the migrant influx.
More than 20 nations, including France and Russia, as well as Pope Francis, have recognised the 1915 killings as genocide.
Turkey denies that there was a systematic campaign to slaughter Armenians as an ethnic group during WW1. It also points out that many Turkish civilians died in the turmoil during the collapse of the Ottoman Empire.
Chancellor Angela Merkel was not in the Bundestag for the vote. Her Christian Democrats (CDU), their coalition partners the Social Democrats (SPD) and the Greens all supported the resolution. 
Turkish opposition
German MPs came under pressure from Turks in the run-up to the vote, including threatening and abusive e-mails, German ARD news reports.
Turkish Prime Minister Binali Yildirim said approval of the resolution would be "irrational". And Turkish President Recep Tayyip Erdogan phoned Mrs Merkel, warning her that ties would suffer "if (Germany) falls into such a game". 
The resolution uses the word "genocide" in the headline and text. It also says Germany - at the time an ally of the Ottomans - bears some guilt for doing nothing to stop the killings. 
Under a deal struck in March, Turkey agreed to take back migrants - including Syrians - arriving on the Greek islands, in return for EU aid and a pledge to give Turks visa-free travel to most of Europe. 
Germany accepted 1.1 million migrants last year - by far the highest influx in the EU.
German-Turkish relations were also strained this year by the case of comedian Jan Boehmermann, whose obscene poem about Mr Erdogan prompted a criminal complaint from the Turkish leader.
Last month a court in Hamburg ruled that Boehmermann's poem was satire, but banned him from repeating the sexual references in it, deeming them unacceptable. 
Germany plans to repeal a clause in the constitution prohibiting insults that target foreign leaders - the clause invoked by Turkey in the complaint.
Armenian genocide dispute
Boy victim of 1915 deportation of Armenians
■   Hundreds of thousands of Armenians died in 1915 at the hands of the Ottoman Turks, whose empire was disintegrating
■   Many of the victims were civilians deported to barren desert regions where they died of starvation and thirst. Thousands also died in massacres
■   Armenia says up to 1.5 million people were killed. Turkey says the number of deaths was much smaller
■   Most non-Turkish scholars of the events regard them as genocide - as do more than 20 states including France, Germany and Russia, and some international bodies such as the European Parliament
■   Turkey rejects the term "genocide", maintaining that many of the dead were killed in clashes during World War One, and that many ethnic Turks also suffered in the conflict

Find out more about what happened

Fim da política externa da canalhice - Augusto Nunes


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Colunista de VEJA.com, colaborador da edição impressa e apresentador do Roda Viva. Foi redator-chefe de VEJA e diretor de redação das revistas Época e Forbes e dos jornais O Estado de S. Paulo, Jornal do Brasil e Zero Hora. Autor do livro 'Minha Razão de Viver - Memórias de Samuel Wainer'.

Com o fim da política externa da canalhice, o Itamaraty recuperou a vergonha e o Brasil se livrou do papel de grandalhão idiota subordinado aos anões bolivarianos
A drástica mudança de rota anunciada pelo chanceler José Serra implodiu a opção preferencial pela infâmia que envergonhou o país decente por mais de 13 anos

Augusto Nunes 20/05/2016

Lula com o iraniano Ahmadinejad em 21 de novembro de 2009 e Dilma Rousseff com o venezuelano Maduro em 9 de maio de 2013
O pedido de socorro remetido por Dilma Rousseff à comunidade internacional foi ouvido por cinco países da série D ─ Cuba, Nicarágua, Bolívia, Venezuela e Equador ─ e duas organizações regionais: Alba e Unasul. A isso se resumiu a aliança com a qual a presidente de férias no Palácio da Alvorada pretendia neutralizar o golpe imaginário e voltar ao emprego: uma ditadura caribenha, uma irrelevância centro-americana, três vizinhos bolivarianos e duas siglas inúteis. Sete anões. Com a adesão de El Salvador, segundo baixinho da América Central a meter-se em assunto de gente grande, os sete viraram oito. Ou sete e meio.
Dilma viu no punhado de pigmeus insolentes a perfeita tradução da "indignação internacional diante da farsa aqui montada". Governantes de nações civilizadas, que têm mais o que fazer, só conseguiram ver um tedioso esperneio de cúmplices da nulidade demitida com a aplicação de normas constitucionais. O ministro das Relações Exteriores, José Serra, viu um bando de embusteiros insones com a suspeita de que uma das primeiras vítimas da troca de governo seria a política externa da cafajestagem. E decidiu mostrar com quantas palavras se desfaz um desfile de bravatas.
Bastaram duas notas oficiais e meia dúzia de declarações para calar o coro dos cucarachas. Nesta quarta-feira, em seu discurso de posse, o chanceler concluiu o desmonte da usina de falsidades. Como constatou o comentário de 1 minuto para o site de VEJA, o país que presta não vai mais envergonhar-se com a submissão do Itamaraty aos velhacos da seita lulopetista e aos matusaléns do Foro de São Paulo. "A política externa será regida pelos valores do Estado e da nação, não do governo e jamais de um partido", resumiu Serra ao anunciar a prioridade número 1.
A prioridade número 2 formalizou a retomada da defesa sistemática dos direitos humanos, da democracia e da liberdade "em qualquer país e qualquer regime político". Que se cuidem, portanto, os gigolôs da diplomacia do cinismo, nascida do acalamento incestuoso de stalinistas farofeiros do PT e nacionalistas de gafieira do Itamaraty — uns e outros ainda sonhando com a Segunda Guerra Fria que destruirá para sempre o imperialismo ianque. Em janeiro de 2003, acampado na cabeça baldia de Lula, o aleijão que pariram subiu a rampa do Planalto.
Nos oito anos seguintes, fantasiado de potência emergente, o Brasil acanalhado pela revogação de valores morais eternos não perderia nenhuma chance de reafirmar a opção preferencial pela infâmia. O governo Lula acoelhou-se com exigências descabidas do Paraguai e do Equador, suportou com passividade bovina bofetadas desferidas pela Argentina, hostilizou a Colômbia democrática para afagar os narcoterroristas das FARC, meteu o rabo entre as pernas quando a Bolívia confiscou ativos da Petrobras e rasgou o acordo para o fornecimento de gás.
Confrontado com bifurcações ou encruzilhadas, nunca fez a escolha certa. E frequentemente se curvou a imposições de parceiros vigaristas. Quando o Congresso de Honduras, com o aval da Suprema Corte, destituiu legalmente o presidente Manuel Zelaya, o Brasil se dobrou às vontades de Hugo Chávez. Decidido a reinstalar no poder o canastrão que combinava um chapelão branco com o bigode preto-graúna, convertido ao bolivarianismo pelos petrodólares venezuelanos, Chávez obrigou Lula a transformar a embaixada brasileira em Tegucigalpa na Pensão do Zelaya.
Para afagar Fidel Castro, o governo deportou os pugilistas Erislandy Lara e Guillermo Rigondeaux, capturados pela Polícia Federal quando tentavam fugir para a Alemanha pela rota do Rio. Entre a civilização e a barbárie, o fundador do Brasil Maravilha invariavelmente cravou a segunda opção. Com derramamentos de galã mexicano, prestou vassalagem a figuras repulsivas como o faraó de opereta Hosni Mubarak, o psicopata líbio Muammar Kadafi, o genocida africano Omar al-Bashir, o iraniano atômico Mahmoud Ahmadinejad e o ladrão angolano José Eduardo dos Santos.
Coerentemente, o último ato do mitômano que se julgava capaz de liquidar com conversas de botequim os antagonismos milenares do Oriente Médio foi promover a asilado político o assassino italiano Cesare Battisti. Herdeira desse prodígio de sordidez, Dilma manteve o país de joelhos e reincidiu em parcerias abjetas. Entre o governo constitucional paraguaio e o presidente deposto Fernando Lugo, ficou com o reprodutor de batina. Juntou-se à conspiração que afastou o Paraguai do Mercosul para forçar a entrada da Venezuela. Rebaixou-se a mucama de Chávez até a morte do bolívar-de-hospício que virou passarinho. Para adiar a derrocada de Nicolás Maduro, arranjou-lhe até papel higiênico.
Ao preservar a política obscena legada pelo padrinho, a afilhada permitiu-lhe que cobrasse a conta dos negócios suspeitíssimos que facilitou quando presidente, sempre em benefício de governantes amigos e empresas brasileiras bancadas por financiamentos do BNDES. Disfarçado de palestrante, o camelô de empreiteiras que se tornariam casos de polícia com a descoberta do Petrolão ganhou pilhas de dólares, um buquê de imóveis e a gratidão paga em espécie dos países que tiveram perdoadas suas dívidas com o Brasil. Fora o resto.
Enquanto Lula fazia acertos multimilionários em Cuba, Dilma transformava a Granja do Torto na casa de campo de Raúl Castro, também presenteado com o superporto que o Brasil não tem. Ela avançava no flerte com os companheiros degoladores do Estado Islâmico quando a Operação Lava Jato começou. Potencializada pela crise econômica, a maior roubalheira da história apressou a demissão da mais bisonha governante do mundo.
Os crápulas que controlavam o Itamaraty hoje descem ao lado da chefe a ladeira que conduz ao esquecimento. "O Brasil vai perder o protagonismo e a relevância mundial", miou Dilma nesta quinta-feira. O que o país perdeu foi o papel que desempenhou desde 2003: o de grandalhão idiota e obediente aos anões da vizinhança. A recuperação da altivez há tanto tempo sumida vai antecipar a colisão entre o Brasil e os populistas larápios, os ditadores assumidos e os tiranos ainda no armário que prendem quem discorda, assassinam oposicionistas e sonham com a erradicação do Estado de Direito.
O compadrio vergonhoso acabou. Os incomodados que se queixem ao bispo. Ou a Dilma, caso a desterrada do Alvorada esteja por lá. Ou a Lula, se o parteiro da Era da Canalhiceainda estiver em liberdade




quarta-feira, 1 de junho de 2016

Mario Vargas Llosa: 80 anos de liberdade - Instituto Palavra Aberta

Um escritor inteligente (nem todos são), liberal (a maior parte não é), agradável de ouvir (nem todos são), possuidor de certa ironia sutil (raros os que tem...), sem qualquer embevecimento...
Paulo Roberto de Almeida 

Vídeo da palestra Mario Vargas Llosa – 80 anos: histórias de liberdade

Mario Vargas Llosa

 Assista o vídeo da palestra Mario Vargas Llosa – 80 anos: histórias de liberdade, realizada recentemente no auditório do Insper, em São Paulo, que ficou completamente lotado de fãs e convidados.

Assista o vídeo!

O futuro da China - David Shambaugh (NYT)

Uma entrevista com um professor sensato, sobre um país insensato, mas grande demais para ser ignorado...
Paulo Roberto de Almeida

Asia Pacific

Q. and A.: David Shambaugh on ‘China’s Future’

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Paramilitary police on guard in Tiananmen Square, Beijing, on May 16. Credit Kim Kyung-Hoon/Reuters
David Shambaugh is a professor of political science and international affairs at George Washington University and the author or editor of more than 30 books on China, covering its military, foreign relations, the Communist Party and portraits of Chinese leaders. His latest book, “China’s Future,” is a short but provocative look at events that could determine China’s direction. In an interview, he discussed China’s internal weaknesses, its parallels with other Leninist states and the reasons behind a growing disenchantment with China among American policy makers and analysts.
Q. Since Napoleon, the world has been awash with predictions about China. Do we need another?
A. Nobody has a crystal ball, but China specialists should at least try to unpack and understand these dynamics. It is particularly important at this juncture in China’s development, as there are so many uncertainties and unprecedented challenges.
Q. Would it be fair to say that you believe that Leninist parties are incapable of maintaining power in the long run? It seems that either they hold power through repression, as in the Soviet Union, and thus settle into terminal decline, or they open up and end up reforming themselves out of existence, as in Taiwan.
A. I believe that the record shows that Leninist regimes possess fewer sources of legitimacy, power and longevity than liberal states. Moreover, as you note, the only Leninist-type regime that reached the status of a newly industrialized economy that China has today was Taiwan in the 1980s. Taiwan politically liberalized and democratized — as did South Korea and other Asian authoritarian states — and it powered the island’s economy to a fully developed level. That is precisely China’s challenge today: politically liberalize and become a developed economy or remain stuck in “hard authoritarianism” and stagnate economically.
Q. Does this mean foreign countries needn’t worry too much about China’s rise? Perhaps all they need is a bit of military and foreign policy vigilance to prevent adventurism and the Chinese Communist Party system will do itself in in the long run?
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David Shambaugh Credit David Shambaugh
A. That’s correct. I argued in my last book [“China Goes Global”] that China is a “partial power” — lacking in many categories of national power. That book looked at China externally, whereas this new book looks at China primarily internally. When one carefully examines China’s sources of power, I find multiple weaknesses instead of strengths. As a result, I have been uncomfortable for some time with the “China rise” narrative, because I think it falsely exaggerates China’s strengths and underplays its weaknesses.
Q. The Communist Party appears to be intensely aware of the Soviet Union’s history and initially tried to reform to avoid stagnation and decline. When did this period of reform begin and end?
A. I argue in this book, as well as a previous one, “China’s Communist Party: Atrophy and Adaptation,” that political decline is an inevitable and protracted process in Leninist regimes. It took the Soviet Union 27 years of decline after Brezhnev overthrew Khrushchev in 1964 before it finally collapsed altogether in 1991. Khrushchev had been trying to reform the Stalinist system, but Brezhnev led the country back into a period of protracted bureaucratic stagnation. By the time Gorbachev tried to initiate reforms again, it was too late.

Deng Xiaoping understood this, and that is what he, Zhao Ziyang and Hu Yaobang were trying to fix in the 1980s. It wasn’t until 1998 that the reformers began again — a period of reform that lasted a decade until 2008-09, when the regime abandoned relative liberalization. Since then, atrophy has accelerated. This does not mean China is about to collapse. But it does mean that China is now stagnating, relatively speaking.
Q. So it ended before Xi Jinping took power? If so, why is he often portrayed as the boogeyman?
A. It definitely began before Xi assumed the top positions in 2012. Of course, he was part of the senior leadership that decided in 2008-9 to end the decade-long managed political opening. Since 2012, however, we have witnessed Xi intensifying controls at all levels and across all sectors, while concentrating power in himself.
Q. You noted early on that Xi wasn’t likely to be a reformer. What led you to that conclusion?
A. It had to do with my understanding of Chinese bureaucratic politics more than of Xi Jinping himself. But I also had the sense that Xi himself had no liberal genes in his DNA. That his intellectual and political orientation harked back to an earlier era, rather than the 21st century. There has been a theory circulating in China-watching circles that Xi is cracking down before he opens up, but I don’t buy it. There are certainly many frustrated reformers within the party apparatus and government. But Xi and the leadership remain deeply insecure and convinced that opening up is a certain path to the system’s demise.
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Q. There seems to be a general disenchantment with China among American China-watchers.
A. China is simply not turning out as many had expected and have worked so long and hard to realize — a liberal China. That has been, I would argue, the underlying operative assumption of American policy ever since the 1980s. It sounds simplistic, perhaps naïve, but the United States has been working towards that end for several decades.
There are many other reasons for the recent disenchantment as well: problems that the foreign business community is experiencing, China’s expanding military power, island-building and militarization in the South China Sea, its diplomatic truculence, crackdown on NGOs and religion, pressure on Hong Kong and other negative trends. Taken together with the illiberal orientation of the regime, this has caused a real disenchantment with China in the U.S.
Q. You’ve been coming to China every year since 1979. What period of time is the current period closest to?
A. I’ve been experiencing China firsthand for 37 consecutive years and have lived there several times as well. Many of these were very good years, particularly during the 1980s. The situation in China today is definitely similar to 1989-92, right after Tiananmen [the 1989 military crackdown on protests in Beijing]. But it’s not as bad as it was then. I lived in Beijing then. The city was under martial law, and the repression was far greater than now. But it is trending in that direction today.
Q. Could one then also hope for a big reform push now, as with Deng’s 1992 “Southern Tour” to revive economic liberalization?
A. That is exactly what China needs now, but I do not anticipate it happening. The massive reform package unveiled at the Third Plenum in 2013 is largely stillborn. There are various reasons for this. Unlike 1992, the regime cannot just flick a switch and unleash a new wave of economic reforms. That is going to require political reform — significant and sustained political reform and liberalization. Unless the Communist Party does this — and I see near-zero possibility as long as Xi Jinping is in power — the qualitative economic reforms outlined at the Third Plenum will never be achieved.
The key variable in China’s future is political. The Communist Party must learn how to share power in order to maintain its power. Political hegemony is a certain recipe for relative economic stagnation, increasingly acute social stresses and accelerated political decline of the regime and system.