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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

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domingo, 12 de março de 2017

Stefan Zweig e o Brasil: guia sobre o escritor - Paulo Roberto de Almeida


“Stefan Zweig e o Brasil”, Brasília, 5 março 2017, 27 slides. Apresentação em Power Point para a palestra sobre Stefan Zweig, com a presença do ex-chanceler Celso Lafer, do editor Israel Beloch, e da tradutora Kristina Michahelles, da Casa Stefan Zweig (Petropolis, RJ), a ser realizada no Instituto Rio Branco, em 21 de março. Transformado em artigo em Word, para circulação mais ampla. Postado na plataforma Academia.edu (12/03/2017; link: http://www.academia.edu/31826161/Stefan_Zweig_e_o_Brasil) e em Research Gate (https://www.researchgate.net/publication/314720659_Stafan_Zweig_e_o_Brasil?ev=prf_pub).

Um pouco de informação sobre o escritor austríaco, em previsão do seminário abaixo: 
 

sábado, 11 de março de 2017

Palavras Sem Fronteiras – Emb. Sergio Correa da Costa

Depois do Rio de Janeiro e de São Paulo, Brasília receberá a exposição “Palavras Sem Fronteiras – mídias convergentes”, baseada em obra do Embaixador Sergio Corrêa da Costa.
Em 13 de março, às 19h, o Chanceler Aloysio Nunes Ferreira irá inaugurar no Palácio do Itamaraty a exposição multimídia “Palavras sem Fronteiras – mídias convergentes”, baseada em obra do Embaixador Sergio Corrêa da Costa. Antes de Brasília, a exposição foi realizada na Academia Brasileira de Letras, no Rio de Janeiro (em 2007), e no Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo (2009).

Com o apoio da Fundação Alexandre de Gusmão (FUNAG), em parceria com o Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais (IPRI), a exposição ficará aberta de segunda a sexta-feira, das 9hàs 19h, e nos sábados e domingos, das 9h às 17h, no período de 14 de março a 13 de abril de 2017. A entrada é franca. Sua inauguração coincidirá com a abertura da Semana da Francofonia - acontecimento anual, sempre no mês de março, em que são celebrados a língua francesa, diferentes formas de manifestações culturais nela veiculadas, a diversidade de culturas e o plurilinguismo. 

Em tal contexto, a FUNAG e o IPRI promoverão em Brasília, juntamente com a UNESCO e a Embaixada da França, duas mesas redondas, voltadas, sobretudo, para o público jovem, nas quais serão debatidos temas como a evolução da linguagem, no mundo digital, e a influência da linguagem digital nas mídias e no jornalismo.

Nesse par de mesas redondas, também será apresentada ao público de Brasília a obra do Embaixador Sergio Corrêa da Costa que inspirou a exposição. O livro contém um índice com três mil palavras e expressões, 16 mil exemplos do seu emprego, recolhidos durante 24 meses e em 15 países, de oito línguas, que refletem 46 idiomas. Trata-se de um verdadeiro vocabulário universal, que amplia continuamente e aproxima as culturas, memórias, tradições e valores.

A montagem da exposição no Palácio do Itamaraty busca integrar a proposta de uma mostra inovadora, em sua origem, com a concepção arquitetônica do palácio, de forma a compatibilizar expografia, conteúdos e tecnologias por meio de intervenções pontuais. Na área da exposição, será instalado um espaço midiático com equipamentos especiais para consulta por deficientes visuais e acesso interativo aos conteúdos, adaptados pela Fundação Dorina Nowill, especializada nessa modalidade de atendimento especial.

A primeira montagem da exposição, com recursos tecnológicos de última geração, foi realizada em 2007 no Rio de Janeiro, na biblioteca Rodolfo Garcia, da Academia Brasileira de Letras, umas das mais modernas e bem equipadas do País, alcançando expressivo de público. Dois anos depois, a mostra foi remontada no Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo. Lá, foi projetada em telas de plasma, a migração de diferentes palavras e suas trajetórias por diversos idiomas. Além da projeção da Mostra de Videoarte, com criações exclusivas de artistas contemporâneos que se vem notabilizando nessa modalidade de expressão.

O livro

Com prefácio de Maurice Druon, secretário perpétuo da Academia Francesa e ex-ministro da Cultura da França, o livro foi originalmente publicado na França sob o título Mots sans frontières. Recebeu, em 1999, o Grande Prêmio da Fundação Príncipe Louis de Polignac, do Principado de Mônaco. Um ano depois da premiação, a obra foi editada no Brasil pela editora Record.

Em 2005, Sérgio Corrêa da Costa foi agraciado com o Prêmio Richelieu-Senghor, distinção só concedida às personalidades que hajam prestado uma contribuição excepcional à Francofonia e à irradiação do idioma francês.

O projeto futuro é produzir cerca de mil cópias em DvD, contendo as projeções sincronizadas das palavras, os vídeos realizados para o projeto, as videoartes dos artistas convidados e informações sobre a vida e obra do escritor para distribuição gratuita em escolas, universidades, bibliotecas, centros de pesquisas e documentação. Além de representações diplomáticas no Brasil e no exterior.

O embaixador sem fronteiras

Diplomata, advogado e historiador, Sergio Corrêa da Costa nasceu no Rio de Janeiro em 19 de fevereiro de 1919 e faleceu, na mesma cidade, em 29 de setembro de 2005. Teve longa carreira a serviço do país. Com apenas 20 anos, recebeu sua primeira missão permanente no exterior, como Segundo Secretário na Embaixada em Buenos Aires. Em 1962, foi comissionado embaixador no Canadá, sendo depois promovido a Ministro de Primeira Classe.

No biênio 1967-1968, foi o Secretário-Geral do Itamaraty e exerceu inúmeras vezes, interinamente, o cargo de Ministro de Estado das Relações Exteriores. Ao deixar a Secretaria-Geral, foi removido para a Embaixada de Londres, onde serviu até 1975, quando foi designado Representante Permanente do Brasil junto às Nações Unidas em Nova Iorque. Em 1983, foi nomeado Embaixador nos Estados Unidos. Em agosto daquele mesmo ano, foi eleito para a cadeira de número sete da Academia Brasileira de Letras (ABL), que tem por patrono Castro Alves. Aposentou-se como diplomata em 1986, passando a residir em Paris.

Durante os anos em que viveu na França, trabalhou como advogado internacional e atuou ainda como árbitro, em litígios submetidos à apreciação da Câmara de Comércio Internacional. Foi igualmente o representante da Academia Brasileira de Letras junto à Academia Francesa, a instituição que serviu de modelo para a fundação da ABL em 1897.

Ministros da Fazenda da Mafia? Os proceres petralhas

Um leitor do Estadão faz uma observação pertinente e eu complemento por pertinente: de fato, a organização criminosa que era também um partido de tendências totalitárias, escolhia seus ministros da Fazenda essencialmente para cuidar de suas fazendas particulares, ou seja, para enriquecimento particular, necessariamente criminoso:

Delações

Ao tomarmos conhecimento de apenas parte das delações da Odebrecht, deparamos com nada menos que dois ministros da Fazenda, Antônio Palocci e Guido Mantega, dos governos Lula e Dilma. O que se pode esperar de um partido cujos mandatários escalam seus ministros como arrecadadores de propina? 

LUIZ ROBERTO SAVOLDELLI 

São Bernardo do Campo, SO

sexta-feira, 10 de março de 2017

Percursos Diplomaticos: Rubens Ricupero - Instituto Rio Branco, 17/03, 15hs


Convite para palestra-debate

Encontros IRBr-IPRI

 Percursos Diplomáticos: Rubens Ricupero

Auditório Embaixador João Augusto de Araújo Castro - IRBr

17/03/2017 – 15h.


A Fundação Alexandre de Gusmão – FUNAG, o Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais – IPRI – e o Instituto Rio Branco – IRBr –  têm o prazer de convidar para a palestra-debate “Percursos Diplomáticos: Rubens Ricupero”, a ser proferida pelo Embaixador Rubens Ricupero.
A palestra acontecerá no Auditório Embaixador João Augusto de Araújo Castro, no Instituto Rio Branco, no dia 17 de março às 15h00. 

Stalin e o genocídio ucraniano- Bloodlands

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Today's selection -- from Bloodlands: Europe Between Hitler and Stalin by Timothy Snyder. Joseph Stalin wanted to build his country and advance the cause of communism. Central to that was his desire to build industrial factories in cities. But to do that he needed to make a massive investment in large-scale machines, purchasing them in large part from more advanced countries. The only way to afford these machines was to sell surplus grain, which required collectivizing and squeezing a surplus from the primitive farming communities in the vast and fertile lands of the Ukraine. Over time, this effort led to the death of millions of Soviet citizens:

"[After an initial attempt at collectivization that failed,] Stalin maintained that the problem with collectivization was that it had been implemented with just a little too much enthusiasm. It had been a mistake, he now asserted, to force the peasants to join the collective farms. The latter now disappeared just as quickly as they had been created. In 1930, peasants in Ukraine harvested the winter wheat, and sowed the seeds for the autumn crops, just as if the land belonged to them. They could be forgiven for thinking that they had won.

"Stalin's withdrawal was tactical. Given time to think, Stalin and the politburo found more effective means to subordinate the peasantry to the state. In the countryside the following year, Soviet policy preceded with much greater deftness. In 1931, collectivization would come because peasants would no longer see a choice. The lower cadres of the Ukrainian branch of the Soviet communist party were purged, to ensure that those working within the villages would be true to their purpose, and understand what would await them if they were not. The independent farmer was taxed until the collective farm became the only refuge. As the collective farms slowly regrouped, they were granted indirect coercive power over neighboring independent farmers. They were allowed, for example, to vote to take the seed grain away from independent farmers. The seed grain, what is kept from one crop to plant the next, is indispensible to any working farm. The selection and preservation of the seed grain is the basis of agriculture. For most of human history, eating the seed grain has been synonymous with utter desperation. An individual who lost control of the seed grain to the collective lost the ability to live from his or her own labor.


Starved peasants on a street in Kharkiv, 1933

"Deportations resumed, and collectivization proceeded. In late 1930 and early 1931, some 32,127 more households were deported from Soviet Ukraine, about the same number of people as had been removed during the first wave of deportations a year before. Peasants thought that they would die either of exhaustion in the Gulag or of hunger close to home, and preferred the latter. Letters from exiled friends and family occasionally escaped the censor; one included the following advice: 'No matter what, don't come. We are dying here. Better to hide, better to die there, but no matter what, don't come here,' Ukrainian peasants who yielded to collectivization chose, as one party activist understood, 'to face starvation at home rather than banishment to the unknown.' Because collectivization came more slowly in 1931, family by family rather than whole villages at once, it was harder to resist. There was no sudden attack to provoke a desperate defense. By the end of the year, the new approach had succeeded. About seventy percent of the farmland in Soviet Ukraine was now collectivized. The levels of March 1930 had been reached again, and this time durably. ...

"By autumn 1931 the failure of the first collectivized harvest was obvious. The reasons were many: the weather was poor; pests were a problem; animal power was limited because peasants had sold or slaughtered livestock; the production of tractors was far less than anticipated; the best farmers had been deported; sowing and reaping were disrupted by collectivization; and peasants who had lost their land saw no reason to work very hard. ...

"More than half of the (nonspoiled) harvest was removed from Soviet Ukraine in 1931. Many collective farms met their requisition targets only by handing over their seed grain. Stalin ordered on 5 December that collective farms that had not yet fulfilled their annual requirements must surrender their seed grain. Stalin perhaps believed that peasants were hiding food, and thought that the threat of taking the seed grain would motivate them to hand over what they had. But by this time many of them truly had nothing. By the end of 1931, many peasants were already going hungry. With no land of their own and with little ability to resist requisitions, they simply had no way to ensure that a sufficient number of calories reached their households. Then in early 1932 they had no seed grain with which to plant the fall crop. The Ukrainian party leadership asked for seed grain in March 1932, but by that time the planting was already delayed, meaning that the harvest that fall would be poor.

"In early 1932 people asked for help. Ukrainian communists requested that their superiors in the Ukrainian party ask Stalin to call in the Red Cross. ... Ukrainian party members bypassed [General Secretary Stanislav] Kosior and wrote directly to Stalin, taking an angry tone: 'How can we construct the socialist economy when we are all doomed to death by hunger?'

"The threat of mass starvation was utterly clear to Soviet Ukrainian authorities, and it became so to Stalin. Party activists and secret police officers filed countless reports of death by starvation. In June 1932 the head of the party in the Kharkiv region wrote to Kosior that starvation had been reported in every single district of his region. Kosior received a letter from a member of the Young Communists dated 18 June 1932, with a graphic description that was probably, by then, all too familiar: 'Collective farm members go into the fields and disappear. After a few days their corpses are found and, entirely without emotion, as though this were normal, buried in graves. The next day one can already find the body of someone who had just been digging graves for others.'...

"That Stalin's own policy of collectivization could cause mass starvation was also clear. By summer 1932, as Stalin knew, more than a million people had already starved to death in Soviet Kazakhstan. ... Stalin, a master of personal politics, presented the Ukrainian famine in personal terms. His first impulse, and his lasting tendency, was to see the starvation of Ukrainian peasants as a betrayal by members of the Ukrainian communist party."
Bloodlands: Europe Between Hitler and Stalin
Publisher: Basic Books
Copyright 2010 by Timothy Snyder
Pages 32-35

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quarta-feira, 8 de março de 2017

Politica externa, Itamaraty, discurso de posse do novo chanceler: Aloysio Nunes Ferreira (7/03/2017)

Este é o "texto base". Ficaram faltando as inúmeras improvisações ao longo do discurso, inclusive a mais importante: a referência à política "Que floreçam as cem flores", de Mao Tsé-tung, na segunda metade dos anos 1950. Parece que floreceram demais...
Paulo Roberto de Almeida


Texto-base para o discurso de posse do Ministro de Estado das Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira – Palácio Itamaraty, 7 de março de 2017
Nota 62
07 de Março de 2017 - 19:30

Querido amigo José Serra, mais uma vez nos encontramos nesta mesma longa estrada de vida pública que desde jovens decidimos trilhar, e a cujo percurso sempre dedicamos o melhor de nossas energias.
Você é, sem dúvida, um dos mais destacados líderes políticos de nossa geração. Tive a honra de trabalhar sob sua direção na Prefeitura de São Paulo e no Governo de nosso Estado, e testemunhei de perto, até com sacrifício de minhas rotinas domésticas, a sua devoção à causa pública, o rigor na administração, sua capacidade de reunir e entusiasmar as equipes ao seu redor e a solidariedade fraterna com que você sempre distinguiu a todos, e a mim pessoalmente.
Agora, no Ministério das Relações Exteriores, eu vou entrando e você vai saindo. Mas deixa aqui um legado que constituiu uma base sólida para o cumprimento da missão que me foi atribuída pelo presidente Temer. Você acaba de produzir uma prestação de contas que demonstra cabalmente o sentido da reorientação do Itamaraty nessa nova fase da vida brasileira e das relações internacionais do nosso País. Não preciso insistir sobre isso: minha ação, à frente do ministério, na sequência e na atualização de sua orientação, falarão mais do que eu poderia dizer nesse discurso de transmissão do cargo. O que é certo é que, com o mesmo denodo que você, tratarei de assegurar que nossa política externa esteja sempre alinhada com os reais valores e os legítimos interesses nacionais.
Cada vez mais está presente na consciência dos cidadãos brasileiros a ideia da inseparabilidade entre política externa e política interna. Sempre foi assim. Sem me alongar sobre o tema, permito-me uma lembrança da nossa história e recorro a dois autores que, entre outros, assinalaram claramente essa conexão, Synésio Sampaio Góis e Gabriela Nunes Ferreira. A definição do “corpo da Pátria”, o que ele contém, quais os seus limites, onde ele termina e onde começa o dos seus vizinhos, essa definição que garantiu foros de legitimidade à ação multissecular de bandeirantes, religiosos, soldados e povoadores foi obra de diplomatas e dos condutores da nossa política externa. Uma ação levada a cabo com energia e paciência, e que foi inseparável da própria consolidação do Estado Nacional. Os setores mais informados da opinião, no início da República, compreendiam bem a conexão entre esses dois processos: é o que explica, penso eu, em grande parte, a imensa popularidade de que desfrutou o Barão do Rio Branco.
Volto aos dias recentes e evoco a última campanha presidencial da qual tive a honra de ser candidato a vice-presidente, ao lado de Aécio Neves, esse extraordinário líder político, a quem sou ligado por amizade e admiração que só fizeram crescer de lá para cá. No calor dos debates, na imprensa, no Congresso, onde quer que se reunissem eleitores nessa campanha apaixonante, despontava sempre a discussão sobre temas que, a rigor, dizem respeito à política externa. Como promover uma nova inserção, mais competitiva, nos grande fluxos de comércio, de investimentos e de intercâmbio tecnológicos no mundo globalizado? Como revigorar o Mercosul, afirmar seu propósito inicial de se constituir uma área de livre comércio, multiplicar seus acordos com outros países e blocos? Como valorizar, aos olhos do mundo e aos nossos próprios olhos, o fato de sermos uma grande potencia agroindustrial, nossas conquistas ambientais e esse extraordinário passaporte que é a cultura brasileira? De que forma poderemos fazer da nossa política externa um instrumento para buscar novas oportunidades para o desenvolvimento material de nosso país? Trata-se de uma exigência de sempre, mas particularmente premente, para superarmos a atual crise que nos assola e que impõe mais do que nunca a distinção entre nossos interesses permanentes e os alinhamentos partidários e ideológicos contingentes. Reafirmo o que tem sido dito desde o início do governo Temer: a política externa tem que estar a serviço do País e não dos objetivos de um partido, qualquer que seja ele. Não posso deixar de lembrar a preocupação, cada vez mais presente, com a escalada autoritária do governo venezuelano, que nos últimos anos esteve presente entre os grandes temas em debate. A nossa posição frente à Venezuela é emblemática do papel que queremos desempenhar na América Latina e no mundo. Nossa solidariedade irrestrita com aqueles que lutam pela liberdade nesse país irmão é a reafirmação do princípio constitucional da prevalência dos direitos humanos nas relações internacionais do Brasil democrático.
As preocupações que acabo de mencionar, presentes também em um amplo espectro de opiniões políticas, proporciona –espero- uma base para o entendimento entre os atores políticos, que ultrapassa os limites das atuais situação e oposição. Essa é, aliás, uma das lições que tiro de minha participação na Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional.
Agradeço ao Presidente Michel Temer a confiança que, mais uma vez, deposita em mim. Depois da liderança do governo no Senado, agora para ajudá-lo a conduzir a política externa do Brasil.
Conheci Michel Temer em 1963 quando entrei na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco. Nunca o perdi de vista. Somos colegas na Procuradoria Geral do Estado de São Paulo e vim a conviver com ele, mais de perto, já no governo Montoro. Fui seu colega na Câmara, seu companheiro nas fileiras do PMDB. Michel Temer nunca mudou de lado no seu compromisso com a democracia, com a ordem jurídica e com a justiça em todas as suas dimensões. É uma honra estar ao seu lado nesse momento em que, com constância, sem ceder às tentações fáceis do populismo, vem dando rumo ao Brasil, de modo a superarmos a crise e entregarmos em 2018 um País mais organizado institucionalmente, mais próspero, voltando a gerar empregos e respeitado na área internacional.
É uma honra assumir a chefia do Itamaraty, instituição que tem dado ao país, ao longo da história, contribuição valiosa que a nação brasileira reconhece e respeita. Essa instituição é animada pela convicção de que uma boa política externa deve conciliar a primazia do interesse nacional com o papel que cabe a um País da estatura do Brasil, por suas dimensões, seu peso, sua história, como membro da comunidade internacional.
O Brasil anseia por seu desenvolvimento pleno e os brasileiros demandam a aceleração desse processo. Encaramos a interação com os demais povos e com as economias de todo o mundo como veículo para o nosso progresso. Estamos, pois, determinados a ampliar e aprofundar nossa participação integrada na economia mundial, por meio de negociações que produzam resultados equilibrados e atendam aos interesses de todas as partes. Não podemos, porém, fazer prova de ingenuidade voluntarista e de curto prazo das concessões unilaterais: a regra do jogo é e deve continuar a ser a da reciprocidade – particularmente, mas não somente, na frente econômico-comercial.
Ainda nesse terreno, a intensificação do trabalho de promoção comercial e promoção de investimentos, reforçado pela vinculação da APEX ao Itamaraty, foi uma prioridade central da gestão de José Serra que tenciono manter intacta e levar adiante com todo empenho.
Os sinais de melhora na economia e a força parlamentar do governo abrem oportunidades para uma ação externa mais vigorosa; uma política externa que projeta, sem rodeios ou hesitações, um País cuja solidez institucional foi testada e aprovada na recente crise do impeachment, um povo que hoje recupera sua confiança em si e anseia por parcerias que nos ajudem na retomada do crescimento e na busca da prosperidade.
Pretendo reunir-me com as chefias do ministério, de todas as áreas, para uma conversa aberta, uma desinibida circulação de ideias sobre os desafios que enfrentamos e sobre o que se vem fazendo e terá de ser feito. Precisamos partir de um entendimento objetivo e cuidadosamente refletido da conjuntura internacional. Há muitas incertezas no horizonte, tendências preocupantes que se acumulam: o protecionismo repaginado, o aumento da retórica anti-imigração, a atribuição a causas externas de problemas cuja solução, na verdade, depende muitas vezes de remédios de natureza e aplicação local. 
O Brasil não deve se acanhar – ou, ao contrário, se abespinhar – diante dessa conjuntura. Possuímos inquestionáveis ativos de caráter permanente: grande território e população, uma das maiores economias do mundo, recursos naturais e ambientais estratégicos, indústria diversificada, agricultura moderna e possante, imenso mercado interno, oportunidades atraentes de investimento.
Somos a um só tempo uma potência agrícola, que ajuda a alimentar o mundo, e um dos países com maior cobertura florestal e de matriz energética mais limpa e diversificada, com participação de cerca de 40% de fontes renováveis. Esses atributos conferem ao Brasil papel de relevo no encaminhamento das questões de meio ambiente, de mudança do clima e de desenvolvimento sustentável.
Temos tradição e credibilidade nos organismos multilaterais e na diplomacia bilateral. Nas Nações Unidas, o Brasil sempre foi apreciado e respeitado pela qualidade substantiva, pelo sentido agregador e construtivo de sua atuação. Continuaremos a buscar que a ONU, ainda que com atraso, reflita em suas instâncias centrais, particularmente no Conselho de Segurança, a realidade do mundo em que vivemos hoje. O Secretário-Geral António Guterres sabe que conta com o apoio do Brasil.
Na OMC, da mesma forma, onde o embaixador Roberto Azevêdo acaba de ser reconduzido para mais um mandato de quatro anos como Diretor-Geral, também temos sido um ator-chave. O Sistema Multilateral de Comércio continua a ser um dos pilares centrais da ordem econômica mundial. Não interessa a ninguém retroceder aos tempos da lei da selva.     
Devemos também reforçar nossa atuação – a defesa de nossos interesses e a promoção de nossas ideias e valores – em foros como o G-20, onde se gestaram depois da crise de 2008 importantes ajustes na governança das instituições financeiras internacionais, assim como no BRICS e no IBAS (Índia, Brasil e África do Sul).
Encontraremos as oportunidades e criaremos os espaços que melhor atendam às nossas aspirações, valores e interesses, na região e além dela, com a consciência de que o Brasil é um ator global que continuará a assumir suas responsabilidades sem titubeios.
Continuaremos a dar a necessária prioridade ao nosso relacionamento com as nações da América do Sul, da América Central, do conjunto da América Latina e do Caribe. 
Amanhã mesmo viajarei a Buenos Aires para um encontro com os chanceleres da Argentina, Paraguai e Uruguai. Manterei, assim, a boa tradição de que logo ao assumir os chanceleres brasileiros visitem a vizinha nação irmã, parceira maior e prioritária do Brasil. Em nossa região, a coincidência de visões políticas e de práticas econômicas favorece uma ampliação significativa de nosso intercâmbio comercial e de investimentos. Enseja uma imprescindível renovação do Mercosul.
Quero dar seguimento às ações de maior aproximação entre o Mercosul e os países da Aliança do Pacífico. Está marcado para o começo de abril um encontro nosso com os chanceleres de Chile, Colômbia, México e Peru.
A situação na Venezuela continua a nos preocupar. Queremos uma Venezuela próspera e democrática, sem presos políticos e com respeito à independência dos poderes, um país irmão capaz de reencontrar o caminho do progresso para o bem de sua gente.
As ações com nossos vizinhos para garantir a segurança e o desenvolvimento na faixa de fronteira são uma das importantes iniciativas do ministro Serra. A explosão de violência criminosa em nossas cidades, em nossos presídios, está intimamente ligada ao que se passa – literalmente – ao que passa por nossas fronteiras, nos dois sentidos. Amanhã me reunirei com o ministro da Defesa, Raul Jungmann, para debatermos formas de aprofundar a cooperação entre o Itamaraty e o Ministério da Defesa. Se o crime é crescentemente transnacional, também o combate que lhe damos há de sê-lo.
As relações com os Estados Unidos também podem ampliar-se de forma expressiva, em bases mutuamente benéficas. Nossos governos e nossas comunidades empresariais têm claro interesse na expansão de investimentos recíprocos, na facilitação de comércio, no aumento da cooperação cientifica e tecnológica, nos projetos comuns em energia, na indústria de defesa. O desafio está em fazer andar acordos e projetos desenhados há anos, mas que só agora começam a ser implementados.
Nosso relacionamento com a Europa está prestes, espero, a adquirir uma nova dimensão. O acordo entre o Mercosul e a União Europeia está na ordem do dia e poderá propiciar um salto qualitativo nas nossas relações com a Europa e que, por isso mesmo, não pode ser visto apenas como a desgravação de algumas linhas tarifárias. Ao falar de Europa, não podemos deixar de mencionar o leste europeu e a Rússia, um parceiro tradicional que continuaremos a valorizar.
Fato novo e relevante, nas últimas décadas, tem sido o extraordinário aumento do comércio e dos investimentos com a Ásia, particularmente com o Japão, também com a Coreia, e muito acentuadamente com a China. O avanço foi grande e o potencial, com esses e outros países da região, tais como a Índia e a Indonésia, evidentemente ainda maior. Precisamos conhecer melhor e fazer mais com esses parceiros. As relações com a China merecem uma atenção condizente com a escala e a natureza singular do intercâmbio, inclusive com vistas à identificação e estruturação de novas áreas de cooperação. Com o Japão, nosso parceiro mais tradicional na Ásia, temos o desafio de renovar sempre um relacionamento que já deu e continuará dando muitos e bons frutos. 
Não devemos esquecer o compromisso histórico e o interesse cada vez maior pelas relações com nossos parceiros no mundo em desenvolvimento. Sem descuidar das convergências que temos entre nós, é hora de concretizar as muitas oportunidades para um comércio ampliado, para investimentos recíprocos e para parcerias empresariais.
O caso da África é uma ilustração deste fato. O continente africano cresceu nas últimas décadas quase o dobro do que a América Latina. As mais expressivas lideranças africanas têm deixado claro que não buscam compaixão assistencial, mas investimentos e parcerias empresariais e tecnológicas. Como potência agrícola, o Brasil está pronto a compartilhar sua tecnologia agrícola, por exemplo, com parceiros e amigos mediante arranjos inovadores, maior cooperação entre entidades de pesquisa, intercâmbio de especialistas, investimentos e parcerias empresariais. Pretendo visitar países da África ainda neste semestre.
São fortes e conhecidos, também, nossos laços históricos, humanos, econômico-comerciais com países do Oriente Médio, que devem ser – e serão – objeto de esforço contínuo de aproximação nesses e em todos os campos.
Senhoras e senhores,
O Itamaraty continuará a dar atenção prioritária ao apoio às comunidades de brasileiros que vivem no exterior – é uma responsabilidade fundamental do Itamaraty para com nossos compatriotas emigrados.
A propósito, ressalto que o Brasil continuará a ser um país aberto aos estrangeiros e mais ainda, porque a nova Lei de Imigração, de minha iniciativa, que revoga dispositivos herdados do período autoritário  coloca o País na vanguarda do direito humanitário.
Assim como o Serra, passei anos da minha vida no exilio sob a proteção do alto comissariado das Nações Unidas para os Refugiados e Apátridas, assim como do direito dos países que nos abrigaram. Nos orgulhamos de que o Brasil seja uma terra de asilo, dotado de um estatuto dos refugiados, de cuja elaboração tive a honra de participar como deputado federal ao tempo do governo de Fernando Henrique, e que e um dos mais generosos do mundo.
Trataremos igualmente de aprimorar práticas destinadas a facilitar a vida de quem nos quer visitar, como faremos ainda este ano com a implantação do visto eletrônico para nacionais de alguns países que exigem vistos de cidadãos brasileiros. Conciliar o princípio fundamental da reciprocidade com o primado da eficiência sempre foi algo que a diplomacia brasileira quis e soube fazer, nos mais diversos campos. 
Quero concluir com uma mensagem de compromisso ao corpo de servidores do Itamaraty. Ao longo dos últimos nove meses, tive o gosto de apoiar José Serra – inclusive como presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado – na tarefa que ele cumpriu de restabelecer as condições de espaço político e disponibilidade de recursos para que este ministério pudesse voltar a ocupar o lugar que sempre lhe coube no centro das decisões e das políticas mais estratégicas do Brasil. isso não será revertido, muito pelo contrário: o Itamaraty continuará a ser um ministério central na defesa e promoção dos interesses nacionais.
Contem com meu empenho para valorizar as carreiras do Serviço Exterior Brasileiro, bem como as demais categorias de servidores do ministério, nos limites angustiantes das atuais restrições orçamentárias.  Vou dar atenção especial a questões da administração do Itamaraty. Estou determinado a assegurar os meios adequados para que o Ministério possa cumprir suas obrigações com eficiência e para tanto conto com o mesmo respaldo que o Ministro teve de seus, agora meus colegas na Esplanada.
Política externa é política pública. Política pública estratégica e prioritária, da qual o Brasil irá necessitar cada vez mais. É uma politica cuja execução exige cada vez mais a integração do Itamaraty com outras áreas do governo e especialmente, no que tange ao comércio exterior, com o Ministério da Indústria Comercio e Desenvolvimento. Sempre sob a alta direção do presidente da República.
Política externa é o honroso ofício dos servidores do Itamaraty e, a partir de hoje, também o meu.


Sobre a campanha das "cem flores", da Wikipedia: 
The movement was in part a response to the demoralization of intellectuals, who felt estranged from The Communist Party. After this brief period of liberalization, Mao abruptly changed course. The crackdown continued through 1957 as an Anti-Rightist Campaign against those who were critical of the regime and its ideology. Those targeted were publicly criticized and condemned to prison labor camps.
The ideological crackdown following the campaign's failure re-imposed Maoist orthodoxy in public expression, and catalyzed the Anti-Rightist Movement.

Quem seria capaz de assinar um manifesto a favor de um criminoso?

Infelizmente, para minha constatação lamentável, centenas, milhares de cidadãos alfabetizados, medianamente educados, portanto, a maioria até com curso superior, muitos com doutorado, vários exercendo cargos públicos na JUSTIÇA, mas que não se pejam, não sentem nenhuma vergonha, não encontram nenhuma restrição moral, sequer mental, em assinar um manifesto EM FAVOR de um criminoso identificado.
Será que sou eu a ter de sentir vergonha por viver num país em que tantos cidadãos aparentemente normais se mobilizam para apoiar um bandido declarado, um mafioso reconhecido?
Paulo Roberto de Almeida 

quarta-feira, 8 de março de 2017

O amigo é Lula 

 
- O Estado de S. Paulo
 
Marcelo Odebrecht confirmou identidade do ‘amigo'
 
Marcelo Odebrecht confirmou nos depoimentos que integram sua delação premiada que o “amigo” ou “amigo de EO” que aparece em trocas de e-mails e planilhas do grupo é mesmo Luiz Inácio Lula da Silva. Procuradores que acompanharam a colaboração atestam: as revelações de Odebrecht são “arrasadoras” para o petista – o que ajuda a explicar a pressa em lançar sua candidatura à Presidência em 2018.
 
Apesar do extraordinário crescimento que o grupo experimentou nos governos do PT, Odebrecht descreve a amizade entre o pai, Emílio, e o ex-presidente como um estorvo. Se queixa de que o pai cedia demais aos pedidos de Lula, o que obrigava a empresa a fazer investimentos desvantajosos.
 
A delação do herdeiro é fulminante também para duas outras figuras de proa do petismo: Antonio Palocci e Guido Mantega. “Os dois morrem”, resume um integrante do Ministério Público, segundo o qual “não restará outra possibilidade de defesa” para o “Italiano” que não seja propor colaboração judicial para entregar a cadeia de comando dos favores que prestou e do dinheiro que distribuiu.
 
(coluna de Vera Magalhães)

quarta-feira, 8 de março de 2017

Delator: Lula é o ‘amigo’ em planilha da corrupção 

 
Na lista de codinomes que aparecem nas planilhas de propina da Odebrecht, o ex-presidente Lula é o “amigo”, informou o ex-diretor da empreiteira Hilberto Mascarenhas ao TSE. Na planilha, consta que o “amigo” recebeu R$ 23 milhões. Segundo o delator, o setor de propinas da empreiteira movimentou US$ 3,4 bi em 8 anos.
 
‘Amigo’ em planilha da propina é Lula, diz delator
 
Hilberto Mascarenhas afirma que pagamentos ilegais da Odebrecht somaram US$ 3,4 bi, em oito anos
 
Jailton de Carvalho e Simone Iglesias | O Globo
 
-BRASÍLIA- O executivo Hilberto Mascarenhas disse que o Departamento de Operações Estruturadas da Odebrecht, o chamado banco da propina da empreiteira, movimentou US$ 3,4 bilhões entre 2006 e 2014 para abastecer caixa 2 de campanhas eleitorais no Brasil e pagar propinas no país e no exterior. O executivo disse ainda que desse total, aproximadamente US$ 500 milhões foram despejados em acertos com políticos no Brasil, segundo disse ao GLOBO uma fonte vinculada ao caso.

Em depoimento ao ministro Herman Benjamin, do Tribunal Superior Eleitoral, Mascarenhas citou que, entre os nomes listados em planilha de pagamentos da Odebrecht, a indicação “amigo” se referia ao ex-presidente Lula. Mascarenhas fez as declarações na noite de segunda-feira. Ele foi interrogado numa ação que pode resultar na cassação da chapa da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e do presidente Michel Temer (PMDB). Ele fez a revelação quando explicava a quem e como eram repassados recursos de propina a políticos e partidos. Ao dizer que não lembrava o codinome de todos os políticos listados nas planilhas, Hilberto observou que Lula era chamado de amigo pela relação próxima com Emílio Odebrecht, pai de Marcelo.
 
O executivo disse que o volume de desembolso para pagamentos supostamente ilegais cresceram ao longo do segundo mandato do ex-presidente Lula e do primeiro governo da ex-presidente Dilma. Foram pagamentos da ordem US$ 60 milhões, em 2006; de US$ 80 milhões, em 2007; de US$ 120 milhões, em 2008; e de US$ 260 milhões, em 2009. Ainda em escalada, o setor liberou mais US$ 420 milhões, em 2010, US$ 520 milhões, em 2011; US$ 730 milhões, em 2012. Em 2013, nada menos que US$ 750 milhões. Em 2014, em pleno curso da Operação Lava-Jato, o departamento fez pagamentos de mais US$ 450 milhões.
 
TEMER: APOIO FINANCEIRO
O ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht Cláudio Melo Filho, que também prestou depoimento, confirmou que participou de um jantar com o presidente Michel Temer, em 2014, no qual o peemedebista pediu apoio financeiro às campanhas do partido nas eleições daquele ano. Em sua oitava, que durou cerca de 40 minutos, o ex-executivo disse que o encontro ocorreu no Palácio do Jaburu. Além dele e de Temer, participaram o então presidente da empreiteira, Marcelo Odebrecht, o ministro Eliseu Padilha, entre outros peemedebistas. A assessoria da Presidência da República afirmou que o presidente não tratou de valores com ninguém durante o jantar. Temer informou ontem à noite que Padilha volta ao governo dentro de uma semana.
 
Em nota, Lula disse que já teve seus sigilos fiscais e telefônicos quebrados, foi alvo de busca e apreensão e 68 testemunhas foram ouvidas “e não foi encontrado nenhum recurso indevido”. “Lula jamais solicitou qualquer recurso indevido para a Odebrecht ou qualquer outra empresa. O ex-presidente jamais teve o apelido de “amigo”, informou a nota.
 
O codinome “Amigo”, que consta na planilha da Odebrecht, é dono de um saldo de 23.000, que corresponderia a R$ 23 milhões na contabilidade paralela da empreiteira. Deste total, R$ 8 milhões teriam sido pagos entre novembro de 2012 e setembro de 2013, restando ainda na planilha R$ 15 milhões de saldo.
 
Anteontem, “Italiano” foi identificado por Fernando Barbosa, executivo da Odebrecht, como sendo o ex-ministro Antonio Palocci. A defesa de Palocci nega. Na semana passada, em depoimento ao TSE, Marcelo Odebrecht teria confirmado também que “pós-Itália” era o ex-ministro Guido Mantega. O empresário teria dito que, juntos, Itália e pos-Itália teriam recebido R$ 300 milhões.